quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Outras Faces da Engenharia Política Europeia...


Se é certo que a Comissão Europeia tem de agir de forma a evitar males maiores (tal como exemplifica o caso a que me referi aqui), não pode, contudo, adiar "ad aeternum" a tomada de posições claras que as situações socio-económicas e financeiras dos diferentes Estados-membros e do espaço comunitário requerem, recorrendo a ambiguidades que reflectem, por um lado, a persistência das práticas económico-financeiras neoliberais e que, por outro lado, procuram afirmar uma hegemonia socio-política que está cada vez mais frágil. A questão suscitada pela discriminação dos cidadãos ciganos em França foi contornada, para efeitos de continuidade de legitimação do princípio da não-discriminação e da aparente sintonia europeia relativamente a princípios de igualdade de oportunidades para todos, pelo recurso à figura da insuficiente transposição da directiva sobre a livre circulação de pessoas; contudo, continuam por definir as políticas respeitantes aos processos migratórios que caracterizam a contemporaneidade, deixando margem para que, em relação aos emigrantes, a xenofobia possa até vir a assumir o rosto de reserva face a questões que se prendem com o acolhimento de refugiados. De igual modo, a pronúncia de aprovação sobre os orçamentos de Estado nacionais ou a aprovação de PEC's pela Comissão Europeia denota o mesmo "princípio de fuga" face ao confronto com questões delicadas mas, essenciais!, que se prendem com a arquitectura de uma desejada Europa social. Vejamos: os critérios de convergência e observância das linhas deficitárias consentidas entre os Estados-membros não atende às conjunturas nacionais ou sequer aos condicionalismos culturais que, no caso português, determinam um grau de maturidade da gestão democrática, configurado por representações sociais que, próximas do funcionamento rural que caracterizava o país que eramos há 40 anos, tem enfrentado sérias dificuldades (pouco estudadas - até porque problematizariam a própria classe política) na adaptação às mudanças sociais vertigionosas que caracterizaram as últimas décadas. De facto, de uma sociedade rural, pobre, destituída de conhecimento e condições tecnológicas passamos a uma sociedade a que hoje, face aos efeitos da crise, podemos chamar "sociedade de abundância" (leia-se: de consumo) para a qual nos disponibilizámos sem reservas, apesar de não termos criado as condições endógenas adequadas ao efeito (foi o caso da adesão à Comunidade Económica Europeia)... e se houve a possibilidade de equacionar um período de transição, não foi prevista com objectividade a dificuldade acrescida do funcionamento socio-cultural da população e, consequentemente, das suas "elites" políticas, económicas e financeiras. É essa a "factura" que estamos hoje a pagar e a que se soma, de forma agravante, a intransigência da ideologia neoliberal em termos económico-financeiros que domina a filosofia da UE... Por isso e porque o problema é demasiado multifacetado e complexo para um simples post, direi apenas que é urgente mais e melhor pedagogia política na transposição das regras económicas comunitárias para os Estados-membros, sob pena da Europa passar de uma "sociedade de abundância" para uma sociedade em que a pobreza e o desemprego serão o seu símbolo identitário para as (muitas) próximas décadas.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Orçamentar a Austeridade...

Foram hoje conhecidas as linhas de força do Orçamento de Estado que o Governo propõe para 2011. Corajosas, arrojadas e tecnicamente bem pensadas, as medidas anunciadas pelo Primeiro-Ministro, José Sócrates e pelo Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, confirmaram aos portugueses os seus piores receios: a crise não está a acabar, estamos a meio das mais drásticas medidas de austeridade, a vida dos cidadãos vai ser mais difícil e, há que dizê-lo, mais próxima da insustentabilidade que os desempregados e trabalhadores precários sentem arrastar-se e agravar-se de há muito. A verdade porém, é que, mau-grado o nosso comum descontentamento, toda a oposição, da esquerda à direita, reivindicou de uma ou de outra forma, esparsa e não concomitantemente, as medidas agora assumidas pelo Executivo governamental que decorrem de uma situação económico-financeira reconhecida por todos como gravissima. E é, também por isso, que nas receitas escolhidas para o seu combate, deveria ser assumida com humildade e solidariedade a responsabilidade de todos, ainda que pudessem e devessem apresentar alternativas concretas, objectivas e viáveis a estas propostas. Porque o que está em causa, assuma-se de vez!, não é a solução para a economia nacional mas a eficácia imediata de medidas que afastem o cenário de afundamento internacional do país.

Faces da Engenharia Política na Comissão Europeia


Para evitar o precedente socio-político da legitimação dos atentados contra os direitos, liberdades e garantias entre os Estados-membros da UE, a Comissão Europeia optou por aplicar à França um processo de infracção por "insuficiente transposição da directiva da livre circulação" ao invés do processo de infracção por discriminação contra os ciganos equacionado pela a própria Comissária da Justiça e dos Direitos Humanos, Viviane Reding (ler Aqui). A opção denota os graves desafios com que se confronta a Europa comunitária em que vivemos, onde a grave crise económica e, em paticular, o problema do desemprego, associado à violência social e à emergência da extrema-direita justificam a necessidade de afirmar, pública e simbolicamente, a prioridade dos valores éticos e sociais da democracia. Contudo, perante uma das informações relativas ao processo de expulsão dos ciganos do território francês, designadamente, a ordem relativa à prioridade de desmantelamento dos seus acampamentos, vale a pena reflectir no que, no nosso próprio país acontece... porque, em grande parte do nosso território havia e provavelmente ainda há, talvez não "de jure" mas "de factu", territórios concelhios interditos à instalação de ciganos nómadas... e se esta realidade é praticamente desconhecida não é por não existir mas, isso si, por se tratar de uma matéria a que sociologicamente chamamos "invisível" uma vez que a sua falta de visibilidade se deve à falta de percepção socio-política do problema e a representações culturais que ainda não interiorizaram os princípios da valorização da diversidade e da não-discriminação.

Cidadania e Ética, segundo Quino!


Mafalda, a inesquecível personagem de Quino que institucionalizou a capacidade crítica da sociedade civil através da expressão de uma criança de seis anos, celebra hoje 46 anos de trabalho ao serviço de um público que, inteligentemente, a tornou mundialmente conhecida e reconhecida ... e porque a sua mensagem é sempre testemunho de uma perplexidade que não abdica da esperança e a Mafaldinha é praticamente da minha idade, fica o recado da própria, que faço meu e vos dedico:

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A União...

... faz a Força - diz-se, com razão... mas, hoje, pode também dizer-se, num misto de consciência e esperança que: a União faz a Cidadania!... por isso, vale a pena ler o texto de João Rodrigues publicado AQUI.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Qualificações, Desenvolvimento e Produtividade


A propósito da referência à necessidade de desenvolver e reforçar o aparelho produtivo nacional a que aludi aqui, um dos comentários centrou-se na problemática das qualificações dos portugueses, fazendo com que a questão me colocasse uma série de interrogações paralelas que passo a expôr em duas vertentes. Por um lado, cabe aferir se existe, em Portugal, um plano nacional de qualificações, se as qualificações criadas e disponibilizadas aos portugueses respondem às necessidades do país e se a sua conceptualização visa, de modo integrado, a revitalização sustentada do aparelho produtivo nacional. Por outro lado, cabe verificar se as qualificações disponíveis se reduzem à oferta do mercado de trabalho actual, se o grau de empregabilidade obtido com tais qualificações é sustentado e se tais qualificações têm permitido aumentar o número de empregos, contribuindo para a diminuição do desemprego. Apesar da insistência de todos na importância vital do incentivo e do investimento nas qualificações, os seus resultados objectivos não têm, até ao momento e independentemente dos bons exemplos que possam ser contrapostos a esta argumentação, reflexos concretos na melhoria da situação económica do país que continua a ver subir a taxa de desemprego e o endividamento público. O facto de sermos um país destituído de um aparelho produtivo consistente e sustentável, que insiste em vocacionar estudos e qualificações para um mercado profissional praticamente reduzido ao sector terciário, não pode ser ignorado ou sequer minimizado no equacionar das dificuldades de desenvolvimento da sociedade portuguesa. Na realidade, a desvalorização das actividades económicas produtivas, designadamente, na agricultura e na indústria transformadora, que resultou da rejeição de uma sociedade rural, tradicional e pobre por parte das gerações que, em meados dos anos 70 e mais concretamente a partir dos anos 80, pensaram a ascensão social associando-a à vida urbana e aos serviços, tornou-se um preconceito cultural fundamentado pela imagem televisiva de um mundo de estereotipos da modernidade. Por isso, neste momento, vivemos uma sociedade cujas representações sociais do trabalho estão profundamente inquinadas não só aos nível das famílias mas, também, ao nível das instituições, da educação e instrução escolares e da política que, dependendo, em última análise, de preocupações economicistas e financeiras, escamoteia a matéria-prima e a causa primeira da sua própria existência: a qualidade de vida das pessoas. Por tudo isto, não podemos esperar que a produtividade e a competitividade cresçam, num país onde o aparelho produtivo decaiu drasticamente sem ter sido reformado ou renovado e onde as qualificações nem sequer o equacionam como objectivo primeiro... porque, a verdade é que se qualifica para que os cidadãos encontrem desempenhos profissionais imediatos que rapidamente se volatilizam no quadro de uma precariedade económica que não permite a criação da riqueza. Contudo e porque temos mais de dois terços do território em processo de desertificação física e humana, não estamos perante a falta de recursos básicos para a criação de condições efectivas para a revitalização inovadora e sustentada das capacidades de produção de que carecemos; estamos, isso sim, perante representações e práticas políticas que não equacionam articuladamente planos de desenvolvimento sustentado no médio e no longo prazo, associando qualificações e trabalho produtivo nomeadamente no plano das negociações com o mercado de investidores.

domingo, 26 de setembro de 2010

Alentejo que Canta e Faz Chorar...


Descobri há dias o talento de António Zambujo... e hoje encontrei este tema que não resisti a reproduzir e que aqui partilho, pela evidência com que uma sonoridade reflecte nitidamente a identidade cultural reconhecida por todos de forma inequívoca - como o requer, por definição, a própria natureza identitária. Reproduzindo perfeitamente uma melodia tradicional, a voz de António Zambujo soa refrescante e límpida, como o correr das fontes no silêncio quente da planície quando a noite descansa sobre o branco do casario... e o vídeo que ilustra este cantar, percorrendo os 3 distritos com que se faz o Alentejo, evoca os símbolos visíveis de um espaço e de uma cultura que se faz de cal e oca, de terra e pedra, de flores, rostos e caminhos... Do Guadiana à Pedra dos Namorados e ao Templo Romano de Évora, do casario e do castelo de Portalegre às igrejas e ao Museu de Beja, o Alentejo comove sempre porque, enquanto canta, chora de ternura por um futuro que receia eternamente adiado...

(O tema chama-se "Trago Alentejo na Voz" e encontrei-o no A Carta a Garcia a quem aproveito para agradecer a sua divulgação.)

Leituras Cruzadas...

Enquanto a economia mundial continua a sua saga de impasses e dificuldades, enredada na opaca discursividade institucional que, felizmente, alguns economistas persistem em desnudar (leia-se o texto de Nuno Teles no Ladrões de Bicicletas cuja versão integral connosco partilha João Rodrigues no Arrastão), as notícias sobre o futuro económico português continuam a suscitar sérias interrogações (leia-se o texto de Jorge Fliscorno no Aventar) numa sociedade em que o panorama político, marcado pela guerrilha retórica (a que bem alude M.Ferrer no Homem ao Mar e que é magistralmente exemplificada no post de Paulo Guinote no A Educação do Meu Umbigo), relativiza a discussão filosófico-ideológica da dinâmica socio-política (leia-se o texto de Nuno Ramos de Almeida no Cinco Dias) e o sentido de responsabilidade cívica e humana que deveria caracterizar os representantes partidários em quem os portugueses depositam o que lhes resta da confiança e/ou da teimosia em defender projectos de construção social que consideram, uns e outros, por múltiplas razões e motivações, adequados a Portugal (leia-se ou melhor, ouça-se, o que Jose Carlos Molina selecciona no seu Hacia un Mundo Nuevo).... tudo isto, apesar das amargamente tristes experiências que a demagogia tem deixado registadas na história (de que é exemplo, no nosso país, o que Joana Lopes refere no seu Entre as Brumas da Memória) e que muitos persistem em propagandear, confundindo conceitos e escrevendo assertivamente pseudo-juízos sob a capa de informação/opinião (leia-se o texto de Helena Matos no Blasfémias) ou afirmando tudo e o seu contrário numa insólita negligência intelectual que mais parece a a desorientação insegura de quem se habituou a pedir, sem grandes critérios, patrocínios por todo o lado (leia-se o texto de T.Mike no Vermelho Cor de Alface). Felizmente, ainda há, no mundo, povos e cidadãos que não desistem de reiterar a esperança e as convicções em projectos sociais capazes de não minimizar os desafios da pobreza, da violência e da tradicional assimetria económica que recai sempre, com todos os custos, sobre quem trabalha e assim continua a sobreviver, empobrecendo (leia-se o texto de Osvaldo Castro no A Carta a Garcia)... é por isso que, para além da discussão economicista e financeira a que tentam reduzir-nos a realidade, vale a pena continuar a chamar a atenção para o que, apesar de menos visível, é, de facto, essencial e determinante para a coesão solidária do futuro (leia-se o post de Eduardo Graça no Absorto) e para a arte com que temos de continuar a olhar o presente e o futuro (a propósito de arte, leia-se e veja-se o post de Rogério Pereira no Conversa Avinagrada)...

Da Arte como Mediação entre o Presente e a Eternidade...


Antropólogo, autor de obras como "Heranças - Estrutura Agrária e Sistema de Parentesco numa Aldeia da Beira-Baixa" (ed. Dom Quixote, 1992) ou "Antropologia do Parentesco e da Família" (ed. Piaget, 2006), Armindo dos Santos é, também, Pintor.
De Paris para Portugal, Armindo dos Santos pinta episódios de um itinerário evocativo da interiorização da realidade, devolvida à vida e ao reconhecimento sob a forma de quadros que, da aguarela ao pastel, nos reeditam o prazer da pintura como arte do tempo, impressa em registos que dá a ver e a aprender.
Vale a pena visitar Aqui a sua Galeria de Arte ou aceder-lhe através da Artelista.

sábado, 25 de setembro de 2010

Sonoridades


António Zambujo,"Nem às paredes confesso"

Uma voz alentejana com reconhecimento nacional e brasileiro, designadamente por parte de, entre outros, Caetano Veloso e Vanessa da Mata.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Da Guerrilha Orçamental...

Conhecida que é a situação económica do país e o respectivo impacto na rede dos mercados internacionais, com plena consciência das dificuldades socio-económicas da população atingida por uma taxa de desemprego que, segundo algumas fontes, ultrapassa já as 700.000 pessoas e cuja relação entre salários e custo de vida se encontra em progressiva quebra, o debate entre os partidos da oposição e o Governo mais parece a encenação de uma guerilha pseudo-ideológica que os portugueses têm cada vez menos paciência para ouvir. De facto, os argumentos são a repetição das velhas receitas que, da esquerda à direita, denotam a incapacidade de se adequar à contemporaneidade dos problemas. Não está, naturalmente!, em causa, a legitimidade do debate mas, isso sim, a justeza do seu conteúdo e a verdade é que as críticas retóricas a que constantemente assistimos, se limitam a propagandear juízos de natureza macro assente em projectos socio-políticos ideologicamente diferenciados que esperam frutificar sobre o descontentamento social. Contudo, mais sábio do que a propaganda antiquada do antagonismo gratuito, o discernimento dos cidadãos não reconhece nessas alegações, a objectividade e a clareza de soluções que o rigor dos tempos impõe... não será por isso de estranhar que o senso comum vá repetindo baixinho: "p'ra pior já basta assim!"... apesar do oportunismo gratuito da persistente aparência de preocupação social com que a guerrilha se vai apresentando, cujo sentido se revê na sintomática evocação: "o rei vai nu".

(Observação: leia-se a este propósito o texto de hoje de Eduardo Pitta no Da Literatura.)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Breves sobre a complexidade económica nacional

É o próprio FMI que afirma que, por ora, nada tem previsto no sentido de intervir em Portugal... de qualquer modo, como bem alertou hoje Luciano Amaral no jornal gratuito "Metro", mesmo que viesse, a sua intervenção não teria o efeito salvífico que muitos lhe pretendem atribuir porque um dos seus instrumentos de eleição reside na desvalorização das moedas nacionais - realidade que não pode aplicar-se aos Estados da Zona Euro, por motivos óbvios. Deixemos-nos, por isso, de acenar com fantasmas e pensemos antes como compatibilizar duas realidades anacrónicas e de difícil gestão conjunta cuja necessidade de recurso se nos colocam, em confronto e em paralelo: se, por um lado, a abertura do mercado português às economias em expansão (como é o caso da economia chinesa) pode significar receitas e emprego de curto prazo, tal opção reduz incontestavelmente a capacidade de salvaguardar direitos dos trabalhadores e adia a única sustentabilidade viável para o médio e longo prazo: reforçar e desenvolver o aparelho produtivo nacional... A questão é pertinente e de urgente reflexão e resposta não apenas no plano do puro debate ideológico mas, no plano incontornável da economia enquanto ferramenta vital da sociedade.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Reciprocidades :)


... desculpem se me repito... prometo que é só hoje... mas, de facto, esta é a melhor maneira de agradecer a todas as pessoas amigas a quem ainda não pude responder pelos bons comentários e as felicitações :)
... os dias, convosco, são sempre Melhores!
Obrigado.
Aquele Abraço :)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

RTP - ERA UMA VEZ...O PLANETA TERRA

RTP - ERA UMA VEZ...O PLANETA TERRA ... um trabalho notável de pedagogia sobre o mundo em que vivemos, demonstrativo da capacidade de transmissão do património natural, histórico e cultural que uma sociedade responsável pode assumir para, geracionalmente, contribuir para a construção e o reforço da ética cívica a partir da infância! Foi fascinante, nas duas semanas anteriores em que o tempo de lazer proporcionado por um curto período de férias, descobrir esta série transmitida de manhã na RTP2... vale, de facto!, a pena, ver com atenção!... Todos, independentemente da idade, vão gostar e aprender!... Oxalá a RTP repita, por exemplo!, os extraordinários episódios sobre a igualdade de género e as energias alternativas... seria aliás um bom serviço público divulgar em horário nobre este programa de entretenimento de que todos, grandes e pequenos, precisamos! ... Tentem ver! Vão, seguramente, gostar! ... É pena não ter encontrado disponível um vídeo que permitisse motivar os interessados... mas, confiem nos meus votos de felizes manhãs com os melhores desenhos animados que já vi e que dignificam a nossa consciente, criativa e bondosa condição humana e ganhem mais um reforço para a esperança.

Leituras Cruzadas...

Depois do sol e do mar com que se recarregam energias ou com que, pelo menos, se reforça e se dilata a nossa paciência para os paradoxos e impasses com que vemos o poder gastar o tempo enquanto os cidadãos prolongam a sua capacidade de sobrevivência e resistência, eis que regressamos de forma a resgatar, pouco a pouco, os intervalos comunicativos e as sempre saudáveis e estimulantes pontes do pensar e do dizer, sob a égide de uma bondade que emana da amizade que subjaz à interacção desinteressada e autêntica que torna os dias mais belos e mais ricos. E neste regresso, hoje, ao invés de cruzar, limito-me apenas a enunciar alguns dos textos que me despertaram a atenção e cujo sentido se cruzará, seguramente, sob o olhar da sensibilidade e da mente de todos nós, seus leitores:
Levantando a Voz Contra a Fome in Sustentabilidade é Acção;
A Consciência de Participar in Outros Cadernos de Saramago;
Para os que não querem que a Europa continue a medina-carreirar in Ladrões de Bicicletas;
Histórias que não se Repetem? in Arrastão;
Artigo 13º da Constituição da República in Câmara Corporativa;
27 de Maio in Duas ou Três Coisas;
Homilias Dominicais (citando Saramago) - 7 in Conversa Avinagrada;
O Regresso da Política Industrial in Ladrões de Bicicletas;
Absolvido no Tribunal da Televisão in Delito de Opinião.

domingo, 19 de setembro de 2010

Corporativismo tácito, inútil e infeliz na A.R.

Talvez não surpreenda muitos... mas, surpreende sempre alguns que não serão tão poucos como possam imaginar os que pensam que a relativização da realidade, reduz, de facto, a existência e a essência dos factos... e, mais que a surpresa, certo é que indigna, entristece e, porque não dizê-lo?, choca!... Refiro-me à expressão parlamentar do PS no que à votação da proposta do BE, PCP e Verdes contra a expulsão de cidadãos europeus, de etnia cigana, de um país-membro da própria União Europeia, diz respeito. Votar contra?... desculpem lá mas, com que fundamento maior que os valores, ditos europeus!, da igualdade de tratamento e de oportunidades ou dos direitos de livre circulação e mobilidade das pessoas no espaço europeu e dos princípios da não-discriminação e da valorização da diversidade?... o argumento dos interesses de Estado pode interpretar um corporativismo igual a tantos outros!... no caso, designadamente, porque Sarkozy, Berlusconi e a própria Merkel não são legítimos representantes da Europa Social já que representam, isso sim!, a Europa economicista, próxima da alta finança e do mais feroz neo-liberalismo encapotado de um nacionalismo dissimulado capaz de defender duas velocidades para o estatuto e o papel político dos Estados-membros da UE, protagonizando um populismo europeu ideologicamente próximo da mesma direita que tem agravado as leis mercado pela insistência em eixos de convergência assentes numa competitividade que não temos capacidade de defrontar como iguais e que nos torna, a todos!, reféns de uma instabilidade social depressiva que tem o seu mais negro rosto no número desmesurado do desemprego que o próprio FMI reconhece como insustentável... haveria necessidade de Portugal baixar a defesa íntegra dos princípios democráticos para condescender ao apoio tácito de países que nos fazem pagar uma crise por eles próprios criada?... felizmente, houve um voto contra e algumas - poucas, é certo! mas, honrosas - abstenções... contudo, perante tão pouca expressividade na coerência entre alegados princípios e efectivas práticas, há, de facto, margem para, triste mas adequadamente, se colocar a questão: Esperança? Confiança? - como, senhores?.. como?...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ainda as prioridades...



Mamma África, Chico César

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A maior de todas as urgências...

É urgente... é imperioso... é assustador... é real!
No mundo há 925 milhões de pessoas com fome e 210 milhões de desempregados!...
Há dias, em Oslo, na conferência internacional que, pela primeira vez, conjuntamente, FMI e OIT (respectivamente, Fundo Monetário Internacional e Organização Internacional do Trabalho), foi o próprio Presidente do FMI quem disse ser calamitosa a situação internacional do mundo laboral e anunciou que é necessário criar, nos próximos 10 anos, 440 milhões de empregos!
... por cá, no nosso país, para além das instituições de solidariedade social de que é exemplo a Caritas assegurarem que a situação de apoio social a pessoas e famílias carenciadas se está a tornar uma tarefa cada vez mais difícil e incompleta pelo constante acréscimo da procura e a não proporcionalidade dos meio disponíveis para lhe responder, é o próprio Presidente do Instituto da Segurança Social e Coordenador do Ano Europeu Contra a Pobreza, Edmundo Martinho, quem afirma que a luta contra a pobreza em Portugal não tem surtido o efeito desejado por não atender "(...) àquilo que é a dimensão da construção familiar(...)" (in DN de 12-09-2010). De facto, a incapacidade de sucesso do combate à pobreza decorre da complexidade do fenómeno que requer uma dupla intervenção: por um lado, persistir e reforçar os meios assistencialistas disponíveis (que são manifestamente insuficientes apesar do que proclamam os arautos das fiscalizações, das penalizações e outras estratégias menores e eticamente medíocres de combate à dívida pública) e, por outro lado, desenvolver medidas direccionadas para as causas estruturais da reprodução da pobreza e para a inversão das dinâmicas sociais que acentuam o fenómeno (desemprego, inércia social, formação profissional desadequada e por aí adiante...)...
Nota: obrigado a todos os amigos e comentadores que aqui continuam a reforçar o trabalho da Nossa Candeia que, sem vocês, iluminaria muitissimo menos... no domingo começarei a responder-vos... até lá: um abraço redondinho de saudades e Saravah, meus amigos... em nome da vida!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"Sei de um Rio", Camané

Responsabilidade Cívica e Educativa - CMElvas e CM Seixal




Em início de ano lectivo, com o Presidente da Associação de Pais a falar em redução de apoios socio-educativos para famílias carenciadas e a Ministra da Educação, Isabel Alçada a garantir hoje de manhã, na RTP, que tudo vai continuar igual no que a tais apoios se refere, vale a pena destacar o trabalho autárquico que, de modo diferente, as autarquias de Elvas e do Seixal estão a desenvolver. Em Elvas, por razões que decorrem da capacidade orçamental do município e provavelmente em função do número de beneficiários em causa, a Câmara Municipal distribuíu a 600 famílias carenciadas material didáctico novo, completo, para as suas crianças que, de outra forma, começariam de forma deficitária o ano lectivo. No caso do Seixal, de forma pedagógica, criativa e solidária, a Biblioteca Municipal tem em curso um projecto chamado "Dar de Volta" que consiste no empréstimo anual gratuito de todos os manuais escolares às suas crianças, permitindo a rotatividade dos livros, a economia de custos e o desenvolvimento da responsabilidade solidária entre autarquia, famílias e crianças.

sábado, 11 de setembro de 2010

11 de Setembro - Nove anos de um impacto ainda em curso

Faz hoje 9 anos que, nas Twin Towers do coração de Nova Iorque, deflagrou a tragédia que ficou conhecida pela sua data de occorrência: 11 de Setembro! Nove anos depois do horrível incidente que fez vítimas em grande parte da América e do mundo e que assustou para sempre a comunidade internacional perante a capacidade de intervenção do terrorismo e a vulnerabilidade da segurança dos povos, para além da desestruturação do mundo financeiro que geria o Ocidente e condicionava o planeta, verificamos um decréscimo acentuado no trabalho e na intervenção pública no que se refere ao diálogo inter-cultural e inter -religioso que caracterizara os anos 90, denotando-se uma vez mais que a política, nas suas dimensões educativa, de lazer ou informativa minimiza, de facto, a importância pedagógica da prevenção da intolerância e da valorização da não-violência... assim, neste 9º aniversário de uma ameaça que nos tocou e toca a todos, continuamos a assistir à insistência fundamentalista com rostos cada vez mais assertivos e perigosos de que são claras evidências os três exemplos que considero dever destacar: a) as lapidações em sociedades de cultura árabe expostas à dominação política de ditadores e movimentos radicais; b) as ameaças irresponsáveis e insensatas de um pastor evangélico que, nos EUA, fez furor nas televisões, suscitando reacções de repúdio em todo o mundo, ao proclamar que iria proceder à queima de exemplares do Corão numa reedição da má-memória do que, nas culturas católicas conhecemos como próprio da Inquisição e que, entre outras culturas, se identifica com práticas correntes em regimes ditatoriais sangrentos (da China à ex-URSS, por exemplo); c) e, de modo algum em último lugar mas, talvez até em primeiro, a abominável cultura doentia da violência e do ódio que Israel continua a praticar, sem tréguas, sobre os palestinianos!

De Manuel Alegre, hoje, no CCB, às Presidenciais de 2011


As Presidenciais que se avizinham surgem quase desinteressantes a cerca de 4 meses da sua realização... a par de Cavaco Silva que conta com uma máquina de propaganda a rodar intensamente de há, pelo menos!, dois anos a esta parte, assegurando nichos de mercado em que outros candidatos dificilmente penetrarão e cuja mais recente expressão esteve na visita de Silva Peneda ao PR com preocupações sociais expressas de uma forma tecnocrática que se torna ridícula quando comparada com o discurso simultaneamente humanista e científico do anterior Presidente do Conselho Económico Social, Alfredo Bruto da Costa... a não ser que os restantes candidatos encontrem o tom e o teor exacto de um equilíbrio justo, harmonioso e viável para o país que temos, para além de toda a demagogia, do "politicamente correcto" e do mero sentido de oportunidade que em nada nos engrandece e apenas alimenta o "status quo" desta desalentosa falta de expectativa e desta triste insustentabilidade económico-social onde os cidadãos vão praticando, como aprendizes de trapézio, as regras comuns da sobrevivência. É por isso que o encontro que hoje, às 18.30h, Manuel Alegre, vai realizar no CCB, com mandatários e apoiantes é importante! Participe!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Futuro Europeu?!...


Desculpem a brevidade comunicativa mas, a rede é fraca e não me tem permitido escrever tanto como gostaria... como dizia em comentário uma amiga, espero ir renovada e capaz de recuperar o tempo que só não é perdido por haver, por aqui, tanto mar... por isso, fica a imagem de uma manifestação ocorrida o ano passado em Portugal e que este ano, há dias, se reviu na manifestação mundial que ocorreu em Paris... os cidadãos não podem continuar a pagar a crise desta maneira...

sábado, 4 de setembro de 2010

Leituras Cruzadas...

O mais mediático e longo processo judicial que a sociedade portuguesa conheceu, teve ontem um desenvolvimento que marca e altera a constante suspeição sobre a Justiça portuguesa de que muitos diziam nada esperar... apesar do número de recursos suspender a prisão efectiva dos condenados e de, como o Bastonário da Ordem dos Advogados dizia ontem na Figueira da Foz, este facto poder resultar na prescrição dos processos e de ser este um dos rostos que distingue a justiça para mais e menos pobres, esta sentença do colectivo de Juízes do Tribunal de 1ª Instância mereceu textos que vale a pena destacar:
Casa Pia - de JMCorreia-Pinto in Politeia;
Finalmente - de Artur Costa in Sine Die;
Leituras e Democracia - de Paulo Dá Mesquita in Sine Die;
O Acórdão - de Eduardo Pitta in Da Literatura;
Casa Pia - de Sofia Loureiro dos Santos in Defender o Quadrado;
Quando Portugal Perdeu a Inocência - de Daniel Oliveira in Arrastão...
... mas, porque hoje, em Portugal, nas cidades de Lisboa e Porto, é dia de Solidariedade com a População Cigana, vale a pena ler dois textos publicados ontem e um publicado hoje:
Amanhã também sou um Cigano Expulso - de T.Mike in Vermelho Cor de Alface;
Ciganos: Manifestações em Lisboa e Porto... - de Osvaldo Castro in A Carta a Garcia;
Uma Canção de Mouloudji... - de Miguel Serras Pereira in Vias de Facto;
... a terminar as propostas de Leituras Cruzadas de hoje, ficam alguns interessantes e ricos apontamentos para a reflexão sobre algumas perspectivas actuais relativas à origem do universo:
Contradições de um Cientista - de Weber in Mainstreet;
Líderes Religiosos criticam Hawking... - de T.Mike in Vermelho Cor de Alface.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Do (quase) interminável Processo "Casa Pia"

Hoje é um dia importante para a justiça portuguesa... exactamente 9 anos depois da denúncia que deu origem a um processo que durou 8 longos anos, foi hoje lido o Acórdão do interminável processo da Casa Pia.
Excerto da leitura do Acórdão referente a Carlos Silvino:

Excerto do Acórdão referente a Carlos Cruz:

Excerto do Acórdão referente a Jorge Ritto:

Excerto do Acórdão referente a Manuel Abrantes:

... a notícia do dia pode também ser lida AQUI, AQUI e AQUI.
(Este post foi actualizado, para efeitos de informação complementar, no dia seguinte ao da sua publicação)

Moçambique - A Pergunta...


Se no Ocidente, por cá, na Europa, tal como por acolá, nos EUA, vivemos numa espécie de "limite", a sentir que atravessamos uma débil ponte de corda sobre o rio que corre em desfiladeiros indiferentes à nossa apreensão, ao nosso medo e às nossas expectativas... o que dizer ou esperar de Moçambique, um dos mais pobres países do mundo (ler aqui e aqui)?... nada? ... tudo?... seguramente, ambos os termos respondem aos nossos medos... e, por isso, o melhor é ajudar para que o recurso à corrupção, ao tráfico de influências e à suspeição determinada contra potenciais acusados, se não transforme, passando de "catártico saudosismo" a uma simples, pura e autêntica cumplicidade que, sob a forma de manutenção de uma forma de vida claramente desigual, caracteriza os pobres que choram e mendigam todos os dias.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A Cidadania Europeia também é Cigana!



A problemática da integração e da cidadania europeia está na ordem do dia por razões que prolongam a prática da discriminação contra a população de etnia cigana que, entre nós, é constituída por 80.000 portugueses e que, na União Europeia, ronda os 12 milhões de pessoas (ler aqui)... isto apesar das preocupações teóricas de índole política que, nos últimos anos, motivaram a emergência de uma quantidade de eventos de alto nível no sentido de combater estereotipos e preconceitos (ler aqui, aqui e aqui) agora ignorados por alguns dos Estados-membros com maior poder e protagonismo na UE e pela própria Comissão Europeia que se remeteu a um incómodo e suspeito silêncio. Por isso, é importante saber, divulgar e participar na

CONCENTRAÇÃO CONTRA AS EXPULSÕES DE CIGANOS

Sábado, dia 4 de Setembro, às 15h

(frente à) Embaixada de França em Lisboa

A concentração é convocada por uma plataforma de organizações de defesa dos Direitos Humanos e conta já com os seguintes apoios: Associação de Estudos Ciganos, Associação Cigana de Coimbra, APODEC, SOS Racismo, Associação Olho Vivo e Ciganos d'Ouro.

Barack Obama e o Fim da Guerra no Iraque


Na minha opinião, a retirada americana do Iraque não tem sido noticiada ou elogiada devidamente. Compreende-se que a Administração de Barack Obama tem permanentemente "em mãos" dossiers muito quentes de que vale a pena destacar o ainda não resolvido problema de Guantanamo... contudo, a retirada americana do Iraque é, de facto, uma boa notícia não só porque a tão famigerada guerra acaba com a retirada das forças ocupantes ou porque o Presidente Obama cumpriu, no prazo que definira para o efeito, essa retirada mas, acima de tudo, porque o Iraque fica mais livre para procurar internamente as melhores soluções para a sua reconstrução. É verdade que o estado calamitoso em que ficou o país, sete anos depois de uma guerra sangrenta, dificilmente compreensível e menos ainda aceitável para quem a viveu e sentiu como demolição da vida, torna o momento presente simultaneamente angustiante e arriscado... os conflitos internos, a tentação do poder e a crise transversalmente grave com que a sociedade iraquiana fica confrontada são agora um desafio de desfecho imprevisível relativamente ao qual os EUA não poderão, perante a História, ser desresponsabilizados. Contudo, o fim da guerra é o fim da guerra na sua dimensão de desocupação de forças externas beligerantes... e Obama não invocou benefícios, não clamou vitória nem sequer falou em "missão cumprida" denotando o realismo e o sentido de responsabilidade que é urgente assumir na gestão das relações internacionais no século XXI onde a manutenção da paz e o fim da guerra deverão ser a prioridade, sobrepondo-se a qualquer vaidade ou sobranceria que, tradicionalmente, tem servido para justificar a necessidade demagógica de "cantar vitória" sobre os dramas que ficam instalados nos cenários de guerra.