Os Crimes Contra a Humanidade não prescrevem! Não podem prescrever! Não podem prescrever porque são as pessoas que justificam a existência social e sustentam economias, políticas e culturas e, nesse sentido, nada justifica a perseguição sem tréguas, a tortura e a morte dos que, por expressarem uma opinião diferente ou por, simplesmente, estarem expostos à determinação do poder abusivo, são vítimas de um poder abusivo que se legitima com o silêncio e a extinção dos adversários e dos excluídos que, sem culpa formada, servem de bode expiatório à diversidade das formas de autoritarismo. É, por isso, extremamente importante relembrar as vítimas e esclarecer os processos colectivos desta criminalidade, particularmente em contextos em que a realidade económica multiplica as taxas de desemprego, de pobreza, de empobrecimento e, justamente, da contestação social, dado o risco de endurecimento da intervenção policial e, quiçá!, a ascensão ao poder de ideologias cada vez menos democráticas (a actualidade dos casos da Grécia e da Itália, com a nomeação dos governos não eleitos, é uma realidade a que deveriamos dar muito mais e melhor atenção!!!). E se a Espanha deu um extraordinário exemplo (que, apesar de ter feito vítimas, todos tentaram relativizar vendo o particular sem atender à essência da questão e remetendo o facto para o capítulo dos "fait-divers" culturais e patrimoniais) com a abertura da investigação das valas comuns das vítimas do regime franquista (ler aqui) e a criação do processo Memória Histórica (ler aqui), é agora o Brasil, através da Presidente Dilma Rousseff, que institucionaliza a investigação dos crimes da ditadura militar brasileira entre 1946 e 1988, com a criação da Comissão da Verdade (ler aqui). A iniciativa mereceu, justamente!, o elogio das Nações Unidas (ler aqui).
(Imagem: Monumento Contra a Tortura, Cidade de Recife, Brasil)
O Brasil é o único pais da América do Sul que ainda nao tinha começado a investigar o seu passado ditatorial. Espero que esta investigação va para a frente.
ResponderEliminarExcelente texto
ResponderEliminarExcelente imagem
Esperemos que sim, Bruno. Obrigado por nos lembrar que a América do Sul se tem esforçado por não esquecer...
ResponderEliminarUm abraço.
Obrigado, Rogério... muito obrigado!
ResponderEliminarUm abraço.
Caríssima amiga Ana Paula Fitas,
ResponderEliminarA Europa está definitivamente em declínio Civilizacional com o processo de instauração de democracias tecnocráticas, em que a soberania popular é cada vez mais relegada para os pormenores acessórios da vida colectiva. Com o agravamento da crise da Zona Euro e a intransigência da chancelarina A. Merkel em aceitar a intervenção do BCE os técnicos da troika e do FMI impõem governos na Grécia e em Itália da sua confiança com programas de austeridade cega que estão "surdos" à voz dos povos. A Europa está, como a Ana bem nos apresenta neste texto, cada vez mais afastada do pleno respeito pelos Direitos Humanos, em particular pela liberdade de expressão e de manifestação da soberania nacional. Neste momento, a soberania na Europa em vez de vir de baixo para cima, vem de fora para dentro. Lamentável esta tendência...
O Brasil, pelo contrário, pela mão do Partido Trabalhista, em processo de plena ascensão, mostra-nos como se devem respeitar os Direitos Humanos, sem se branquearem os crimes das ditaduras.
Saudações cordiais e fraternas, Nuno Sotto Mayor Ferrão
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