segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Dia do Trabalhador em Tempos de Desemprego...

Amanhã, às 14.30h, no Martim Moniz, em Lisboa, a manifestação do 1º de Maio subirá de novo a avenida Almirante Reis, até à Alameda... porque, mais do que nunca, se justifica o reforço de uma luta fundamental para todos: o direito ao trabalho e à dignidade das condições laborais!
Em 1886, em Chicago, uma manifestação de trabalhadores reivindicou pela primeira vez a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e deu origem à primeira greve geral nos EUA. Poucos anos depois, em 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista decidiu a organização anual de uma manifestação com o objectivo de conquistar o direito às 8 horas de trabalho diário e a data escolhida para o efeito recaiu sobre o 1º de Maio, em homenagem às lutas sindicais de Chicago... porém, no dia 1º de Maio de 1891, no norte de França, tal manifestação resultou na morte de 10 manifestantes e foi esse trágico acontecimento que, meses depois, levou a Internacional Socialista de Bruxelas a proclamar este dia como símbolo da reivindicação da melhoria das condições laborais. Sem tréguas, a luta continuou mas, foi apenas em 1919 que a França ratificou as 8 h de trabalho e proclamou o 1º de Maio como dia feriado... seguiu-se a Rússia em 1920 e, sucessivamente, muitos e muitos países... Amanhã, 1º de Maio de 2012, celebra-se o Dia Internacional do Trabalhador, num momento em que a própria Organização Internacional do Trabalho (OIT) anuncia que 202 milhões de pessoas vão ficar desempregadas dentro de 1 ano...  é por isso que o facto dos hipermercados portugueses não irem respeitar o significado deste dia, torna ainda mais assustadora a vertigem da realidade que vivemos na Europa e, em particular, no nosso país... por tudo isto e tudo o que se não diz mas que se sabe: Todos ao 1º de Maio!

Dos Direitos de Manifestação e de Trabalho...


"COMUNICADO DE IMPRENSA
 
Um membro do Movimento Sem Emprego foi constituído arguido sendo-lhe imputado o crime de desobediência por alegadamente ter "convocado uma manifestação sem autorização". Resta dizer que a dita manifestação se compunha de 4 pessoas e consistiu numa acção de divulgação do movimento frente ao Centro de Emprego do Conde de Redondo.

Unidos pelo Direito ao Trabalho e à Dignidade!"

domingo, 29 de abril de 2012

Miguel Portas... um olhar mediterrânico...

O Mediterrâneo somos nós... a luz do céu, o brilho do sol e a azul atmosfera ardente e fria que nos envolve e em que nos envolvemos, quer de noite, quer de dia, com as diferenças a aproximar-nos mais do que aparentam as formas irrequietas e inquietantes que nos traz o deslizar, silencioso e rápido, do passar das horas com que se veio construindo o muro que nos distrai da essência do que sentimos e queremos ou partilhamos... e enquanto pela História avança o sentido dos sinais que nos distinguem, uma quietude mansa cresce por dentro de cada um, assumindo no todo colectivo, clandestinamente, um consciente desejo de paz que se não vê mas se deseja... até, sem se saber como, ser alcançado pela capacidade de ultrapassagem deste tempo  sem idade e já sem donos...

sábado, 28 de abril de 2012

Associações Improváveis - a um olhar ocidental...


A ES.COL.A da Fontinha...

O movimento ES.COL.A da Fontinha é um exemplo flagrante dos tempos que correm. Partindo de uma iniciativa cívica que devolveu a vida a um imóvel desocupado, cujo estado, progressivamente degradado,  ameaçava reduzir-se a mais um sinal público da deterioração patrimonial, a ES.COL.A da Fontinha tornou-se o centro de um conjunto de actividades que vão da música ao teatro e do yoga ao apoio social e até alimentar, num bairro problemático do Porto... e hoje, crianças e adultos, são unânimes em reconhecer o interesse público desta realização, demonstrando o seu apoio aos dinamizadores do movimento que, intitulados como Okupas, deram um exemplo da capacidade de construção de uma obra social, laica e de mérito... e se dúvidas houvesse sobre a adequação da iniciativa às necessidades dos cidadãos, testemunho inequívoco do seu sucesso cívico é o facto do ataque que contra ela foi desencadeado pelas autoridades ter obtido, por parte da população, uma extraordinária adesão mobilizadora que emociona e surpreende o país pela sua persistente tenacidade, fundada na razão. Por isso, a agressividade policial e a grosseria das atitudes que despejaram para a rua as roupas, pertences e móveis do movimento associativo que protagoniza esta realização da sociedade civil, mais não é do que a expressão de uma total incapacidade institucional relativamente à compreensão dos direitos das pessoas e de uma inflexibilidade dos procedimentos burocráticos que apenas reforça e evidencia a profunda divergência entre a eventualmente alegada "ordem pública" e o bem-comum... 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Presos Políticos...


Há 38 anos, a partir das últimas horas de dia 26 e durante o dia 27 de Abril de 1974, foram, finalmente!, libertados os 116 homens e mulheres que o fascismo encarcerou... por motivos políticos! A não esquecer!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

"Fernando Pessoa - Uma Quase Auto-biografia"...

... hoje, na Casa Fernando Pessoa, José Paulo Cavalcanti Filho apresentou o seu livro "Fernando Pessoa, Quase uma Autobiografia", testemunho inequívoco do mérito da etno-literatura e da etno-psicanálise... José Paulo Cavalcanti Filho trabalhou na investigação agora publicada pela Porto Editora, durante 8 anos... e por ela recebeu o Prémio da Academia das Ciências do Brasil. Justamente!... porque é inédita a leitura que aqui nos apresenta e pela qual realiza a desconstrução de um mito, para que, enfim!, se assuma a grandeza da condição humana, mais humilde e mais fantástica do que o pode supor toda a ficção... e eu que, regra geral!, nem sequer gosto de ler comentadores, comovi-me pelo contributo que o século XXI agradece a Cavalcanti -autor que teve, além do mais, a pedagógica gentileza de oferecer 600 exemplares às escolas e bibliotecas portuguesas!

Miguel Portas, uma vaga de emoções


O Parlamento Europeu cumpriu 1 minuto de silêncio numa sentida e sincera homenagem a Miguel Portas... considerado por todos os seus colegas como um homem de grandes convicções, foi particularmente gratificante ouvir o Presidente do PE, Martin Schulz, referir o seu carácter e a sua honestidade, ao mesmo tempo que se confessava impressionado e emocionado com a "vaga de emoções" suscitada pela notícia da sua partida (ler aqui)... Não é de estranhar... num meio onde a política se faz, regra geral, à revelia da cultura e em que a ideologia se caracteriza por pequenos e grandes corporativismos, um cidadão como Miguel Portas faz/fez, seguramente!, a diferença. Felizmente, o facto da emoção ter percorrido a diversidade das pessoas e dos grupos que o conheceram, denota que a qualidade e o mérito são, ainda!, reconhecidos - e, quiçá, perspectivados com uma espécie de nostalgia comum em que se pressente (com mais ou menos gosto e com mais ou menos consciência) que, afinal!, estamos todos muito mais perto do que parece... entretanto, por cá, Manuel Alegre disse:

É triste ver partir alguém com tanta capacidade na plenitude da vida
24-04-2012 sic notícias

Em primeiro lugar penso no homem, na pessoa: um homem na plenitude da vida, que gostava de viver, tinha uma grande curiosidade, uma grande cultura, um homem inteligente, muito afável, politicamente muito empenhado, de grandes convicções mas que tinha uma grande capacidade de diálogo. Recordo sobretudo a forma como me acompanhou na última campanha presidencial, ele já estava doente mas era muito discreto e estava sempre bem disposto, com alegria, com empenho. Foi fundador do Bloco de Esquerda mas foi sobretudo um homem que se empenhou muito em estabelecer pontes para a convergência com outras forças de esquerda. E mostrou também grande coragem na maneira como enfrentou a doença. É uma grande perda não só para o seu partido mas para a democracia portuguesa. É triste ver partir alguém com tanta capacidade e tão grande potencial praticamente na plenitude da vida."
Manuel Alegre in Manuel Alegre

De Duran Clemente, Capitão de Abril...

"CLARIFICAÇÃO NECESSÁRIA DE UM CAPITÃO DE ABRIL

Sempre estive de acordo com o texto, Manifesto da A25A.Não estou de acordo com a tomada de posição de não ir ao Parlamento e há mais associados(militares de Abril)que acham uma acção voluntarista.Porquê?O Parlamento não é a casa do Governo.É... a casa que o fiscaliza.Estão lá Partidos que não estão de acordo com este liberal e governo de direita( o mais, desde sempre).A direita sempre tentou acabar com as cerimónias do 25 de Abril no Parlamento.Parece-me pois este grito de protesto,compreensível e legitimo,mas a atitude perigosa,delicada.Nós os capitães de Abril não temos que sair da A.R.Quem deve de lá deve sair é quem não tem dignidade para lá estar nem na AR nem no Governo,quem mentiu em eleições...quem teima em empobrecer os portugueses e mudar o paradigma do espírito da Revolução de 1974/75 e tudo quanto se conquistou como direitos fundamentais (não confundir com direitos adquiridos...porque dá jeito a alguns).Hoje dia 25 de Abril, esses deviam ser confrontados com os representantes de 25 de ABRIL,olhos nos olhos...para terem vergonha e pesar-lhes ainda mais na consciência o serem coveiros da LIBERDADE,IGUALDADE E FRATERNIDADE.Outra forma de protesto seria a A25A promover um Congresso com personalidades e entidades que pressionasse este PR a tomar uma atitude e desse ensinamentos a estes imaturos que efectivamente não têm nem experiência nem competência para gerir a gravidade do momento Português e Europeu."

 (MANUEL DURAN CLEMENTE no Facebook, com a devida autorização do autor a quem agradeço, sincera e sentidamente, a partilha)

quarta-feira, 25 de abril de 2012

"Não há inevitabilidades... há sempre alternativas!"

... a frase é de Manuel Alegre e foi proferida hoje, no desfile do 25 de Abril: "Não há inevitabilidades... há sempre alternativas"... é este o princípio, inquestionável, da Esperança! Viva o 25 de Abril! Sempre!

25 de Abril de 1974 - 25 de Abril de 2012...


... porque lutar e reagir pelos Direitos é um Dever! Sempre! ... hoje, 25 de Abril de 2012, enquanto os Capitães de Abril sairam à rua com todos os democratas que desfilaram até ao Rossio, na Assembleia da República reproduziram-se, ao vivo e pela primeira vez, as senhas que, neste dia, em 1974, abriram Portugal à mudança... e se é simbólico o facto de, quer os Capitães de Abril, quer Manuel Alegre e Mário Soares, não terem estado presentes nas cerimónias oficiais que assinalam o Dia da Liberdade, simbólico é, também, o facto da Presidente da República, Assunção Esteves, ter escolhido ilustrar estas cerimónias (em que participaram, além dos deputados de todos os grupos parlamentares e entre outros, Jorge Sampaio e António Costa) com a audição, ao vivo, de "E Depois do Adeus" e "Grândola Vila Morena"... O 25 de Abril é e continuará a ser o nosso Dia Maior, o Dia da Liberdade!

Leituras Cruzadas...

... 25 textos... no 38º aniversário do 25 de Abril de 1974:


Luís Moreira no Pegada
Kaos no We Have Kaos in the Garden
Ricardo Santos Pinto no Aventar
Carlos Barbosa de Oliveira no Crónicas do Rochedo
Galopim de Carvalho no Sopas de Pedra
Francisco Seixas da Costa no Duas ou Três Coisas
Osvaldo Castro no A Carta a Garcia
Rodrigo Henriques no Folha Seca
Ricardo Alves no Esquerda Republicana
Joana Lopes no Entre as Brumas da Memória
Eduardo Graça no Absorto
Manuela Freitas no Light
Porfírio Silva no Machina Speculatrix
Mariana Vieira da Silva no Jugular
Miguel e Tiago Mota Saraiva no Cinco Dias
Weber no Mainstreet
Ferreira no On The Road
Leonor Barros e Patrícia Reis no Delito de Opinião
Miguel Serras Pereira no Vias de Facto
Cont(R)a Corrente no Cont(R)a Corrente

25 de Abril, Sempre!


25 de Abril - entre a Memória e a (Re)Criação...


... hoje, no 38º aniversário do 25 de Abril de 1974... reproduzir é criar!

terça-feira, 24 de abril de 2012

"Alerta"...


... para os que se lembram... e para os que nem imaginam!... porque o 25 de Abril foi, além de tudo o mais, um estado de espírito!... e é essa a dimensão da eternidade da Revolução de Cravos que a História continuará a celebrar e que nos cabe preservar e transmitir!... em todos os seus múltiplos rostos e tonalidades! ... 25 de Abril, Sempre!

Abril Não Desarma...


... comunicado da Associação 25 de Abril no 38º aniversário da "Revolução dos Cravos".

Miguel Portas, Politika e o esforço da renovação...

... no início da construção dos caminhos!... diversos... mas, constantes!

Miguel Portas, uma morte à beira da Madrugada...

Homenagem a Miguel Portas... 25 de Abril, Sempre!

A noite queimada e fria...

... Zeca Afonso, em 1969, cantava assim "Era de noite e levaram" no albúm "Contos Velhos, Rumos Novos"...

Em Abril, a propósito do Dia e da Feira do Livro...

... pelo reconhecimento e a valorização que é preciso devolver à Literatura (dita) Infantil, enquanto caminho da serena construção do pensar e do ser, evoco aqui "O Bosque Mágico" de Maurice Genevoix... um livro que, através da coexistência aparentemente antagónica mas, afinal!, rigorosamente complementar, do Geniozinho do Dia e do Geniozinho da Noite, ensina a compreender o reino maravilhoso da diversidade que, da natureza à cultura, caracteriza a existência e educa o olhar... um dia depois do Dia do Livro e no dia em que começa a Feira do Livro em Lisboa... porque, a poucas horas da celebração do 38º aniversário do 25 de Abril em que, pela primeira vez, os Capitães de Abril não estarão presentes na cerimónia evocativa com que a Assembleia da República assinala a Revolução que instaurou o regime democrático em Portugal, convém lembrar que a cultura é sempre o melhor caminho para manter a lucidez crítica da firmeza e o discernimento indispensável à tomada de decisões que configura o presente e o futuro.  

domingo, 22 de abril de 2012

Da vitória de Hollande ao futuro da economia europeia...

Com uma escassa diferença de votos em relação a Sarkozy, François Hollande venceu hoje a 1ª volta das eleições francesas com 28.7% dos votos... Sarkozy, apesar do desgaste de anos de exercício do poder em contextos económico-políticos marcados pela austeridade e pelo autoritarismo rendido aos interesses alemães e dos mercados, alcançou 27% do sufrágio - enquanto a extrema-direita consolidou 19% da confiança eleitoral (facto que já levou a comunicação social a afirmar que 1 em cada 5 cidadãos desta França que outrora representou a vanguarda revolucionária da intervenção cívica e política, defende o radicalismo representado pelos Le Pen)... o cenário não denota motivos de regozijo para a Europa!... nomeadamente porque, apesar das notícias que promovem uma espécie de "marketing de charme", a verdade é que os mercados continuam a pressionar a União Europeia e o FMI é cada vez mais cauteloso na manifestação dos seus pareceres e avisos!... Neste contexto, vale a pena chamar a atenção para o facto de, no que se refere a Portugal, os mercados continuarem a afirmar que o país precisa de mais dinheiro - ao ponto do próprio lobby bancário internacional já ter avisado o Governo nacional, reiterando essa outra chamada de atenção que chega de vários interlocutores e que diz: "os exageros da austeridade prejudicam o crescimento"... malgré tout!...

Todos... pela Terra!


(via Diário de Notícias onde, em Portugal, tem estreia mundial este vídeo feito em simultâneo por anónimos de todo o mundo para assinalar o dia que hoje, 22 de Abril, se celebra: o Dia da Terra)

sábado, 21 de abril de 2012

Etno-Psiquiatria da Cultura, Economia e Sociedade

A persistente lógica de gestão das dinâmicas económicas a que assistimos (e de que, indiscutivelmente!, somos sistemáticas vítimas), decorre da prioridade concedida ao lucro como objectivo primeiro e último do envolvimento dos detentores de todas as formas de propriedade do capital... axiomático, este princípio revela a profunda ausência de cultura e de responsabilidade social dos agentes financeiros e evidencia um incontestável equívoco na formulação ideológica das teorias económicas em que, alegada e prepotentemente, o colectivo anónimo em que se agregam interesses corporativos, pretende fundamentar valores, juízos e práticas. Vale a pena repetir o que todos sabemos: a soma dos interesses individuais não tem como resultado o interesse do bem-comum mas, apenas, o que é comum ao grupo que o promove. Neste sentido, o antagonismo societário entre dominantes e dominados continua sem alterações substanciais desde sempre, nomeadamente porque, em situações de crise, assistimos ao radicalizar de atitudes que comprovam a vulnerabilidade de todo o aparelho conceptual (e legislativo) construido a propósito dos Direitos Humanos - que apenas os que não protagonizam o exercício real do poder político e económico continuam a defender, intransigentemente e sem reservas. A verdade é que a disfuncionalidade entre a opção pela prática concreta de métodos que acelerem a aproximação à efectiva melhoria da qualidade de vida para todos e a opção pelo aguardar que o ritmo dos mercados se auto-regule no sentido de proporcionar esta melhoria se não pode, em rigor, atribuir a diferenças estruturais de carácter orgânico porque solidariedade e corporativismo são potencialidades que o meio desenvolve nos seres, em função da correlação de influências que nele se desenvolvem. Assim sendo, que justificação poderemos encontrar para a avaliação societária que permite, mental e moralmente, a desigualdade económica e social no exercício dos direitos humanos, colectivos e individuais, a não ser uma concepção cultural e filosófica sustentada por uma ideologia legitimadora dessa desigualdade?... Vale a pena referir que estamos a falar da gestão internacional da política e da economia e que não subjaz a estes considerandos qualquer ironia velada - designadamente porque, se pensarmos na estreita relação entre o pensamento religioso e ideológico, rapidamente se percebe que os promotores/legitimadores desta gestão das desigualdades percepcionam esta realidade como inerente à existência humana, invocando o facto de serem praticamente uma constante ao longo da História (apesar da culpa que sentem necessidade de sublimar e que, em última análise, reitera uma espécie de consciência desresponsabilizadora do seu papel de dirigentes e configuradores do futuro)... Neste contexto, propomos, a título de contributo explicativo, uma breve incursão pela história do conhecimento que nos conduzirá a uma pequena mas assustadora percepção do fenómeno... De facto, há menos de 20 anos, a comunidade científica discutia ainda, com preocupações que se assumiram como legítimas, a questão dos coeficientes de inteligência associada às características genéticas... para dizer e promover a ideia de que as competências de raciocínio decorriam da hereditariedade e da pertença a grupos específicos, tornando o investimento laboratorial em opções cromossomáticas muito próximo das considerações que, durante o século XX, continuavam a afirmar que as "raças" e/ou etnias detinham diferentes potenciais de inteligência. Foi com base nestes pressupostos que muita produção livresca (de que se destacou a publicação, em 1994, do livro "A Curva de Bell") continuou a contaminar a opinião pública com afirmações insidiosas que induziam o reforço do pensamento discriminatório, generalizando preconceitos profundamente erróneos e infundados... como os que, nos anos 50 e 60, levavam o senso comum a dizer da população negra o que hoje muitos dizem da população cigana... e que outros tantos dizem da população árabe... ou latina!
Moral da história: é a ignorância científica e a consequente ausência de valores ética e cívicamente responsáveis e justos que sustenta, em pleno século XXI, a injustiça, a crueldade e a profunda assimetria das condições de vida das pessoas... como é a falta de coragem em assumir os paradigmas do conhecimento por parte dos líderes das instituições internacionais que alimenta a desumanidade que tem permitido a fome e a guerra por mais de 2/3 do planeta... e que, agora, investe no empobrecimento dos países até há pouco se afastavam da miséria!... está à vista: a configuração cultural das mentalidades é um factor decisivo para o desenvolvimento... em particular, quando constatamos que, afinal!, vivemos, como disse Erich Fromm, em sociedades doentes.           

Há Portas Que Se Não Cerram...

... sinceramente!, vale a pena ver, ler e ouvir... até ao fim!

Da Essência à Política...


... este é o olhar sobre a essência que justifica o esforço necessário da nossa atenção sobre essa outra paisagem, triste e quiçá sórdida!, de uma certa forma de estar, humana!, em que se inscrevem a ambição, o etnocentrismo e a política... com o fim último de preservar o melhor da inteligência universal: a natureza, a bondade e o amor!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

quarta-feira, 18 de abril de 2012

terça-feira, 17 de abril de 2012

Ciganofobia? ... e os Direitos Humanos, senhores?


A chamada de atenção é do antropólogo José Gabriel Pereira Bastos: "Reconhecer o casamento cigano efectuado na Lei Cigana seria um acto de inteligência nas relações inter-étnicas, uma prova de respeito por uma cultura diferenciada incluída na pluri-culturalidade de Portugal, um passo em frente para longe da Ciganofobia que exige a assimilação completa (que aliás não deseja), uma forma de genocídio cultural impensável no século XXI..." (in Facebook)... Nada acrescentarei... porque subscrevo, na íntegra e sem reservas, a afirmação!... e, sinceramente, para quem pretende levar a sério, "de jure" e "de facto", a questão do exercício dos Direitos Humanos, vale a pena ver/ouvir com atenção este vídeo... para reflectir... e agir!

Ser - entre Saber e Agir...

... ou, como disse J.P.Sartre nessa obra magistral intitulada "O Ser e o Nada": "Conhecer é Realizar".

Das Pequenas Coisas...


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Histórias... do Paraíso


... apesar de não se encontrar traduzido para língua portuguesa, vale a pena... por nos fazer sorrir :)) (via Rosa Monteiro no FB)

domingo, 15 de abril de 2012

"Nada Está Escrito" - Manuel Alegre...

"NADA ESTÁ ESCRITO" é o título do novo livro de Manuel Alegre, cuja apresentação vai decorrer esta 2ªfeira, dia 16, na  Livraria Leya - Bucholz, pelas 18.30h. Pela Poesia e por tudo o que de melhor lhe associamos, vale a pena estar presente! Estamos todos convidados... e, já agora, como diria o Zeca, "traz um amigo, também"!

Lições...

(via Vitor Duarte no Facebook)

Da Pedagogia e da Política como Forma de Dizer...



É preciso sonhar mais alto...

(via Rui Nuno no Facebook)

sábado, 14 de abril de 2012

Abraço a Tengarrinha...


... algumas declarações do Homenageado que hoje foi agraciado com a Medalha de Mérito Municipal da Cidade de Lisboa e de alguns dos mais conhecidos participantes neste "Abraço a Tengarrinha", cujos testemunhos AQUI partilhamos.

Coração Azul - Contra o Tráfico de Seres Humanos

"Coração Azul" é o nome da campanha das Nações Unidas que visa a promoção de um combate conjunto ao tráfico de seres humanos. Portugal aderiu oficialmente a esta campanha na iniciativa que, de forma sucinta mas efectivamente esclarecedora, vale a pena ver AQUI... Entretanto, porquanto o único vídeo disponível no Youtube se apresenta em língua inglesa, reproduzimo-lo com a confiança de que todos perceberão o sentido de uma inequívoca causa promotora dos Direitos Humanos que mobiliza internacionalmente contra uma das maiores formas de crime organizado...

Do Engenho e da Arte...

"Piano House" é o nome das instalações do Centro de Estudos Musicais da Universidade de Huainan City, na província de Hui, na China...
(via O Bosque de Berkana no Facebook)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O Beijo...


... da autoria de Anthony Micallef (via Maria João Fitas no Facebook)

Afinidades políticas - um sintoma ou uma ideia peregrina?

A notícia sobre a pergunta lançada por um "organismo" sobre identificação de "afinidades políticas" (ler aqui) é, acima de tudo, reveladora da mentalidade ética e política dos seus "criadores"... e, salvo melhor entendimento, mais do que uma "ideia peregrina", reflecte, como um sintoma, a gravidade dos efeitos culturais do autoritarismo e da transferência das violências que a ditadura das "crises" e das "austeridades" tende a reforçar... Até quando estará a democracia participativa refém deste tipo de suspeitos e perigosos "voluntarismos" é a pergunta que se impõe... até porque, ao contrário do que seria útil e adequado, em tempos de crise, a atenção cívica pode ser descuidada - tantas são as matérias que requerem o concentrar de energias...

Coexistir...

(via Maria Albertina Silva no Facebook)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sonoridades...

(via Maria Leonor Balesteros no Facebook)

Leituras Cruzadas...

JMCorreia Pinto no Politeia
Manuela Araújo no Sustentabilidade é Acção
António Salvado e Luís Moreira no Pegada
Ana Gomes no Causa Nossa
João Abel de Freitas no Puxa Palavra
Osvaldo Castro no A Carta a Garcia
Joana Lopes no Entre as Brumas da Memória
Eduardo Marculino no História Viva
Conta Corrente no Cont(R)a Corrente

Penalizar a Longevidade...

O discurso da representante do FMI que veio falar sobre o "peso" das reformas no PIB enquanto risco para a economia e a sustentabilidade financeira, decorrente do "erro de cálculo" no que se refere ao aumento da longevididade dos cidadãos é, no mínimo, vergonhoso!... Disse a senhora que, equacionado tal "peso" (de 50% para as economias ditas "desenvolvidas" e 25% para as economias emergentes), ou são tomadas, de imediato, medidas nesse sentido ou serão "perturbadores" os efeitos do adiar de decisões no que a esta matéria se refere!!!... A forma como este discurso é apresentado mais parece um lamento e, porque não dizê-lo?!, o anúncio de um cataclismo pelo facto de, actualmente, as pessoas viverem mais tempo!!!... e se dúvidas havia, torna-se assim inequívoca a disposição inamovível das instituições internacionais persistirem na defesa das actuais lógicas "de mercado" - quem diz internacionais, diz, consequente e naturalmente, nacionais!... Certo é que a opção assumida da ideologia dita "de mercado" não passa de uma cruel desumanidade!... Num tempo em que o conhecimento global e a ciência deveriam ser o cerne da orientação do planeamento humano, este discurso, mais do que obscurantista é, acima de tudo, testemunho de uma prepotência inominável e de uma absurda ignorância que faz "tábua rasa", de forma radical, do fundamento da organização societária, nomeadamente em termos económico-financeiros - ou seja, do interesse público que tem rosto, corpo e alma de Pessoas!... depois disto, nem quero pensar no tipo de políticas que, no futuro, serão legitimadas e, quiçá?, promovidas... 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

terça-feira, 10 de abril de 2012

Da "Maternidade Alfredo da Costa" ao Absurdo...

O anunciado encerramento da Maternidade Alfredo da Costa, símbolo das políticas materno-infantis em Portugal, é o rosto da inconsistência e da insustentabilidade subjacentes à tomada de decisões que, precipitadamente (?!), trocam o essencial pelo efémero... Erros trágicos que podem comprometer, muito para além das conjunturas políticas, o desenvolvimento de um país onde, além do endividamento, perdemos, a passos largos, as estruturas que nos têm permitido um estádio menos desesperado de sobrevivência do que o que caracteriza as Roménias e as Albânias da Europa onde ainda nos integramos económica e politicamente. O preço social que a História nos cobrará é fácil de prever e será difícil de pagar... porque num país com a mais alta taxa de envelhecimento da Europa e onde o Serviço Nacional de Saúde perde a toda a hora competências e qualidade, fechar as instituições que podem apoiar as efectivas políticas de crescimento que é preciso estimular e promover, não pode, de forma alguma, ser compreendido a não ser como um evidente prejuízo para os cidadãos.     

domingo, 8 de abril de 2012

Homenagem a Todas as Crianças Ciganas...


"Bela e Sebastião", da autoria de Cécile Aubry, é uma extraordinária peça de literatura cujo profundissimo conteúdo cívico e pedagógico, merece a sua consideração como obra de excelência da literatura infanto-juvenil. Testemunho disso mesmo é o facto de, nos anos 60, ter sido produzida e realizada a série francesa com o mesmo nome que, no final dessa década, passou, como em muitos países europeus, num inesquecível registo a preto e branco, na RTP. Quanto à 1ª tradução do livro em língua portuguesa surgiu pela mão da editora Aster, em 1968, com uma capa que reproduzia a imagem do menino cigano, protagonista de uma história que, mais tarde, originou uma série de desenhos animados, cuja adaptação, infelizmente!, perdeu o essencial da narrativa... Das muitas histórias que li, vi e conheço penso que não erro ao dizer que nenhuma alcança, nem de perto, nem de longe, o poder e a qualidade de "Bela e Sebastião" na edição e produção originais.... hoje, Dia Internacional dos Ciganos, fica o registo da minha homenagem à dignidade dos seus Povos, através deste imenso e terno abraço que daqui segue para a Ana, a sua Família e para todas as crianças ciganas que tive a honra de conhecer, Homens e Mulheres de 1ª Água, de que destaco, além da Ana, a Elisabete e o Joaquim:

Bem-hajam!

Ciganos -entre a perseguição e a democracia....


Ciganos é a designação de um conjunto de populações nómades de origem indiana, cujas migrações ultrapassam os 1.000 anos de história... Perseguidos, escravizados, excluídos, discriminados e mal-tratados, de forma sistemática, ao longo do tempo e por todos os territórios onde passaram e onde se encontram sedentarizados, os Ciganos foram deportados e, às mãos dos nazis, foram vítimas silenciosas do Holocausto... O genocídio do povo cigano que o regime nazi levou a cabo, assassinando entre 200 e 500.000 pessoas (homens, mulheres e crianças), só foi reconhecido a partir de 1970 (ler aqui) e tem, em língua Rom, a designação de PORAJMOS (que significa "devorar"). De Auschwitz -onde, finalmente!, se reservou um espaço em homenagem à sua memória- aos nossos dias, a perseguição continua (disso é exemplo o que podemos ler aqui). Por isso, vale sempre a pena registar o testemunho de Mirian Batuli, representante oficial do povo cigano no Brasil, na cerimónia em Homenagem às Vítimas do Holocausto... porque enquanto os Povos Ciganos não usufruirem plenamente da igualdade de oportunidades que as sociedades contemporâneas dizem disponibilizar aos cidadãos e enquanto se registarem práticas e representações sociais colectivas de natureza discriminatória e xenófoba, a Democracia não será mais do que, apenas, uma Utopia!

Dia Internacional dos Ciganos


Hoje, 8 de Abril, é Dia Internacional dos Ciganos, a maior e mais antiga minoria étnica da Europa que integra cerca de 8 milhões de cidadãos de todas as nacionalidades (ler aqui)... A proclamação do dia 8 de Abril como Dia Internacional dos Ciganos foi feita pelas Nações Unidas em 1971, na sequência da grande campanha protagonizada para o efeito pelo actor Yul Brynner, cuja ligação com a etnia podemos ler aqui.

José Tengarrinha, pela Construção da Unidade Democrática, Sempre!

A propósito da Homenagem a José Tengarrinha que irá decorrer no Restaurante Espaço Tejo (Junqueira-Lisboa), no próximo sábado, dia 14, por ocasião do seu 80º aniversário, divulgamos um texto escrito por 3 professoras universitárias (Ana Carita, Lurdes Silva e Manuela Esteves) que a grande organizadora do evento e Amiga, Helena Pato, nos disponibilizou. A ilustrar o testemunho da qualidade humana do Professor José Tengarrinha, temos ainda a honra de disponibilizar uma sua fotografia (única!), num almoço de trabalho do MDP/CDE! As inscrições para o almoço estão a terminar mas, vale sempre a pena tentar, via oitentatengarrinha@gmail.com ... e não perder este momento que promete ser um comovente e convicto momento de reencontro dos protagonistas da Democracia (com D grande!!) em Portugal.  

" PARABÉNS ZÉ TENGARRINHA!
Conhecemos o Zé Tengarrinha no MDP/CDE, logo a seguir ao 25 de ABRIL. A recordação que guardamos desses tempos, e que até hoje não se alterou, é a de uma relação feita de cordialidade, de respeito, é a de uma direcção política que estimulava a apresentação de pontos de vista que tranquilamente dialogavam, que educadamente se contrapunham. O discorrer dos argumentos, o ouvir com atenção o outro, o opor serenamente outro modo de pensar, parece-nos ser um traço do modo de proceder e de ser do Zé Tengarrinha. Nunca a exacerbação tomou o lugar da exposição paciente de factos, de razões para agir assim e não diferentemente, sem nunca perder de vista a necessária unidade.
A unidade, unir a esquerda, foi uma ideia muito forte vinda também desses tempos, talvez nem sempre posta em prática. Saber que a unidade tem fundamento na diversidade, que é necessário o esforço para unir justamente porque não pensamos todos o mesmo acerca das mesmas coisas, foi uma aprendizagem que então aí iniciámos.

São ideias e valores que ainda hoje partilhamos e que nos movem e mobilizam. Recordar que foi no MDP/CDE, no convívio com amigos como o Zé Tengarrinha, na vivência que esses homens e mulheres resistentes dos tempos de antes nos proporcionaram que também se fez a nossa formação política, é obrigar-nos a dizer hoje ao Zé Tengarrinha que ainda bem que o conhecemos. Foi um prazer, Professor."
Ana Carita
Lurdes Silva
Manuela Esteves

sábado, 7 de abril de 2012

Da Crise à Irresponsabilidade Política...

As tétricas e expressivas notícias que nos chegaram da Grécia, a propósito de um cidadão que, aos 77 anos de idade, reformado e endividado, recusou a mendicidade e optou pelo suicício, fazendo da sua decisão um acto público e assumidamente político (ler aqui), são o símbolo de uma guerra sem tréguas lançada pelos mecanismos financeiros internacionais, com o apoio dos governantes europeus, contra as populações. Porque a verdade é que o caso grego não é um caso isolado (não só por configurar o desenvolvimento da dinâmica social da Grécia denunciada pelo Wall Street Journal em Setembro de 2011 e que aqui destaquei mas, também, porque da Irlanda há notícias que denotam o mesmo padrão de comportamento e porque, por toda a Europa mas, em particular no nosso país, aumenta o número de problemas mentais - depressões e psicoses entre adultos e, cada vez mais, entre jovens) e, apesar disso, continuamos a assistir ao recurso persistente nos métodos, exigências e medidas que as instâncias político-financeiras continuam a defender (ler aqui). Como se tudo isto não fosse, só por si, absurdo, as previsões dos países em maiores dificuldades, mesmo depois de terem recebido as "ajudas externas" que, em última análise, reforçaram os respetivos endividamentos externos, são constantemente alteradas, reforçando a ideia de que a sua divulgação mais não é do que simples propaganda. Estamos, indiscutivelmente, a viver em democracias nominais insustentáveis por pura incapacidade política de adopção de políticas económicas que salvaguardem os direitos das pessoas e a coesão socio-territorial dos povos e dos países tal como os conhecemos... A mudança está, por isso, à vista e não promete nada de bom uma vez que, além de tudo o que foi dito, as forças partidárias da chamada democracia representativa insistem, também elas, em reproduzir métodos e técnicas ultrapassadas de fazer política que se limitam a querer garantir a sua permanência no poder, no quadro da alternância, que, há décadas, conhecemos, com os resultados que sabemos... A irresponsabilidade política com que a crise económica e financeira está a ser gerida, promove a um ritmo vertiginoso a degradação da credibilidade da democracia e enquanto não percebemos se tal resultado é ou não intencional, resta saber até quando vão os cidadãos continuar, de forma mais ou menos pacífica, a não reagir ao que se começa a configurar como uma prática política violenta e assumida contra os direitos humanos!

Pensar bem...

(via Fernando Pinto no Facebook)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Da Violência Escolar aos Mercados...



Segundo o Observatório de Segurança em Meio Escolar (OSME), registaram-se 1121 casos de alegada violência escolar, a maior parte dos quais decorre de agressões verbais, ofensivas e lesivas da dignidade, da auto-estima e do bom nome a que têm direito não só os mais velhos mas, também, os mais jovens. Preocupante, o fenómeno assenta na problemática mais alargada da violência social sobre a qual deve, efectivamente, incidir a reflexão social, comunitária e institucional. Na verdade, o que actualmente se dramatiza em nome da "violência escolar", inscreve-se no contexto de um sem-número de outras manifestações correntes na vida quotidiana das sociedades, a que as gerações mais jovens não podem, de forma alguma, escapar. É o caso da violência no namoro, do bulling, do cyberbulling ou dos extraordinariamente violentos jogos de computador massivamente disseminados entre crianças e jovens, cujo acesso deveria ser, senão bloqueado, pelo menos, triplamente controlado pela legislação comercial, pela responsabilidade social das empresas e pelas famílias. Neste sentido, a violência que se verifica em meio escolar contra professores, funcionários e colegas, deveria ser perspectivada com a seriedade que merece e não com a demagogia sensacionalista que lhe dá visibilidade... porque enquanto as relações humanas se desenvolverem em sociedades marcadas pelas desigualdades, onde o recurso à violência se sobrepõe à comunicação e ao diálogo e os interesses do mercado têm proteção legislativa no que respeita à sua total liberalização, secundarizando sistematicamente as questões sociais, continuará a existir espaço para o agravamento da violência e para a demagogia desculpabilizadora das políticas que apenas garante a continuidade dos problemas (cada vez mais complexos, dada a sofisticação e a diversidade tecnológica dos instrumentos de lazer) e a completa ineficácia de uma sua alegada prevenção. (ler aqui,aqui, aqui, e aqui)

A caminho do reforço do endividamento...

A insistência na alegada necessidade imperiosa de, ainda em 2012, se alcançar um défice de 4,5% em relação ao PIB não é, para Abebe Selassie, líder da troika, a política mais adequada ao objetivo de gestão da dívida e à recuperação económica do nosso país. Incisivo, Selassie afirmou que os mercados não alteraram a sua desconfiança em relação a Portugal e que o desemprego, "crónico", vai continuar por tempo indeterminado, com taxas tão (ou mais!) elevadas do que as que já conhecemos. Deixando margem para que se inverta (ou, pelo menos, para que se altere) o grau de inflexibilidade das políticas económicas e financeiras com que o governo presume alcançar resultados teoricamente ajustados, Selassie evidenciou o óbvio: a perspectiva com que se encaram as chamadas "metas nominais fixas" não pode (nem deve!), ser um dogma... Neste contexto, agravado pela notícia de que Portugal foi, entre os países da OCDE, o que registou maior quebra do Produto Interno Bruto e pelo reconhecimento de Olli Rehn de que "a Europa deve estar preparada para nova ajuda a Portugal", não se percebe a razão pela qual se insiste em dizer que se está no caminho certo, ao invés de se discutir com seriedade o planeamento da renegociação da dívida nacional... porque a realidade dos factos faz "cair por terra" o argumento de que, política e diplomaticamente, convém afirmar que um segundo resgate não vai ser necessário... e insistir em proceder em conformidade com esta "crença", demonstra que a única estratégia que, por cá, se conhece e pratica é mesmo a do "gato escondido com o rabo de fora".

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Da Beleza ...

... do extraordinário mundo em que vivemos!... para ter presente e preservar!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

terça-feira, 3 de abril de 2012

O Essencial de uma Síntese Anunciada...

... na mensagem de Jacques Fresco!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

José Manuel Tengarrinha em Abril... Sempre!


José Manuel Tengarrinha (ler Aqui, AquiAqui, Aqui e Aqui) vai ser homenageado, por ocasião do seu 80º aniversário, no próximo dia 14 de Abril, no Restaurante Espaço Tejo, à Junqueira, em Lisboa. Antifascista de reconhecido prestígio pela intervenção política a que associou a sua vida e pelo trabalho intelectual que desenvolveu no mundo académico, José Tengarrinha (felizmente nascido em Abril!), viu agora organizado, justamente e em boa hora, pelos amigos que desde o início integraram a Comissão Promotora desta iniciativa, sob a mestria de Helena Pato, mulher, intelectual, lutadora antifascista e cidadã de primeira água, o Almoço de Homenagem - a que, com a simplicidade terna dos Amigos, se deu o nome de "Festa de Anos em Abril". A iniciativa promete e se disso é prova, antes de mais e acima de tudo, a vida e obra de José Tengarrinha, também o atesta o rol de nomes que agora integra a Comissão Promotora faz jus ao carácter e ao carisma do Homenageado!... Para os que ainda não têm informação sobre a Festa e têm acesso ao Facebook fica o link da página do evento:
   ... mas, para os que não frequentam esta rede, fica a divulgação do e-mail através do qual ainda podem ser feitas as inscrições: oitentatengarrinha@gmail.com.
Inscrevam-se!... vão ver que vai valer a pena!

(... e sim, tenho a honra de integrar a notável Comissão Promotora deste momento de Abril, convite que aproveito para agradecer, sensibilizada e reconhecida, à Amiga Helena Pato...
... o vídeo é de João Pedro Venceslau e foi feito por ocasião do lançamento do livro do homenageado "Imprensa e Opinião Pública em Portugal" ed. Minerva).

Da Estratégia de Gestão da Crise...

Ao admitir um segundo pedido de resgate por parte de Portugal, Vitor Constâncio, vice-presidente do Banco Central Europeu, não surpreendeu os portugueses mas, como bem dizem os jornais de hoje, "furou a estratégia do Governo e de Bruxelas" (ler aqui e aqui). Apetece dizer que a verdadeira notícia é (afinal e apenas!) a afirmação pública da existência de uma estratégia concertada entre ministros das finanças e comissários europeus (no caso, Vitor Gaspar e Olli Rehn) para uma gestão do silêncio em relação aos factos, cujo objetivo mais não pretende do que iludir as pessoas, manipulando-lhes as reações... quanto aos mercados que, neste contexto, se pretende fazer passar por "maus", é bom lembrar que são geridos por lógicas humanas - as mesmas que elaboram e operacionalizam as políticas...

domingo, 1 de abril de 2012

Da Realidade e dos Sonhos...

É voz corrente que os produtos cerebrais que se consubstanciam em expectativas e sonhos, são uma das mais importantes fontes alimentares da resiliência, da persistência e da confiança - como muito se tem verificado ao longo da História da Humanidade e como, quiçá!, se perceberia muitissimo melhor do que se reconhece, se de tal evidência houvesse mais registo e prova! Daí que seja particularmente interessante registar que, atualmente, esta realidade é cientificamente reconhecida e que o impacto social dos sonhos adquiriu, por esta via, estatuto de incontornável relevância... e se o medo que envolve a potencial adesão incondicional a este conhecimento implica o receio de um certo "facilitismo da crença" e de uma eventual secundarização da racionalidade (com custos sociais que poderiam vir a significar alterações organizacionais por ora imponderáveis), a verdade é que, pelo que conhecemos até à data, a materialização dos sonhos decorre sempre do exercício de uma racionalidade estruturada -que pode, apesar disso, ser conduzida mais ou menos (in)conscientemente... vale a pena ler as notícias que nos chegaram via Isabel Lousada no Facebook: AQUI... mas, também, AQUI).   

Sonoridades Intemporais...

... pela evocação do filme "As Horas" a que a música de Philip Glass deu som e que a vária evocação amiga, no post Amanhecer, me conduziu a rever - em boa-hora, reconheço!...

... e os outros, pá?...

O Japão voltou a reeditar a pena de morte (ler aqui) com 3 execuções, exatamente quando a Amnistia Internacional pretendia voltar a elogiar a suspensão desta medida que, por via de uma decisão governamental, foi interrompida durante os últimos 18 meses (ver aqui)... entretanto, para já não repetir as acusações sobejamente conhecidas relativamente à China ou ao Irão, relembramos Myanmar onde a oposição continua a enfrentar as estratégias da ditadura (ver aqui) - apesar dos sinais que, finalmente, vão adquirindo visibilidade (ler aqui)... dois exemplos a propósito do post anterior que, como aqui se comprova, não remete para um olhar para o passado! - a não ser que o passado seja entendido como contributo para a construção do futuro!... de qualquer forma, a verdade é que o passado está muito mais perto do que gostariam os que recusam e criticam a reflexão estrutural (ler aqui)...

Da Memória Coletiva à Coesão Social...

No Brasil, em 2011, foi a vez de, oficialmente, serem reconhecidos os direitos humanos no caso da Guerrilha do Araguaia, cuja sentença se pode ler aqui. O processo, referente à "alegada responsabilidade [do Estado] pela detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado de 70 pessoas, entre membros do Partido Comunista e camponeses da região [...] resultado de operações do exército brasileiro empreendidas entre 1972 e 1975 com o objetivo de erradicar a Guerrilha do Araguaia, no contexto da ditadura militar do Brasil (1962-1985)", resultou dos trabalhos da designada "Comissão da Verdade", no âmbito da consideração que passo a transcrever: "(...) A divulgação da sentença renova o compromisso do Estado brasileiro em elucidar os fatos da Guerrilha. Isso só é possível porque essa chama se manteve acesa na história devido ao esforço inesgotável dos familiares de mortos e desaparecidos políticos que levaram essa luta ao longo das últimas décadas. Essas famílias não realizaram até hoje o ritual de despedida e, por isso, não exerceram o direito milenar de velar seus entes queridos, uma forma encontrada pela humanidade para absorver a perda junto aqueles que se solidarizam com a nossa dor. Situações como essas comprovam o quão importante é a união da sociedade para que o Congresso Nacional aprove a Comissão da Verdade (Projeto de Lei 7376/2010), pois cumprir essa decisão da Corte significa, para além de demonstrar a necessidade de assegurar o direito à memória e reparar, a possibilidade de dar as futuras gerações a responsabilidade de prevenir práticas similares.".
Depois de, entre outros (ler aqui), a Espanha (ler aqui) e a Argentina (ler aqui) terem investido neste processo de resgate da memória histórica dos seus povos, em nome da efetiva valorização dos Direitos Humanos, vale a pena refletir sobre a relevância do interesse e do empenhamento político na recuperação da memória histórica - que, em 1992, foi internacionalmente reconhecida (ler aqui) enquanto processo facilitador da catarse, pela qual os povos podem ultrapassar a dimensão bloqueadora dos traumas coletivos e promover a conciliação de esforços no plano da coesão social e territorial...