segunda-feira, 23 de maio de 2011

No Primeiro Dia de Campanha...




... faltou a todos a mensagem que os eleitores precisam de ouvir para que, no dia 5, se possa votar com convicção: o que vamos fazer para que sejam relançadas as condições indispensáveis ao crescimento económico e, consequentemente, ao desenvolvimento? Porque, sem ser a contra-argumentação dirigida aos adversários, não ouvi nenhum (a não ser Paulo Portas evocando o ressurgimento da agricultura mas, sem que dissesse como pensa investir neste sector no contexto das limitações europeias da PAC), falar na recuperação do aparelho produtivo, seja pela revitalização do que enfrenta situações de fragilidade, seja pela introdução do que possa ser inovador... apesar de, para além do combate à dívida e ao endividamento e do cumprimento rigoroso do estabelecido no quadro do acordo firmado com a troika, o país carecer, inadiavelmente, de um plano para a recuperação e a consolidação de uma sustentabilidade possível! E é este o horizonte de que não falam PCP ou BE e menos ainda o PSD, limitando-se todos a criticar a actuação da governação liderada por José Sócrates... sem, contudo, trazerem nada de novo! Esta é a verdade... tudo o mais se resume à exposição de meras estratégias de galvanização de sentimentos de revolta que os próprios, dado o teor dos discursos que apresentam, tornam gratuita... Registe-se aliás o tom maior em que Passos Coelho critica o Governo, sem uma palavra sobre o acordo com as instâncias internacionais sobre o qual nada tem a dizer porque o subscreveu e não sabe fazer melhor e a grande fragilidade do PCP e do BE que perderam muita da sua credibilidade ao não aceitarem dialogar frontalmente com os representantes das entidades que vieram a Portugal recolher pareceres que, de uma ou de outra forma, era importante registar! Porque a luta era ter ido lá, à mesa das conversações (e reparem que não escrevo "negociações") para deixar um testemunho afirmativo dessas alternativas que dizem possíveis mas cuja explicação se esgota nessa afirmação... Enfim... no contexto de uma União Europeia onde a direita prolifera no dominio da gestão política, muito haveria a dizer... e a fazer! Veremos do que somos capazes!... eles, os representantes partidários e nós, os eleitores do próximo dia 5 de Junho!

9 comentários:

  1. Não é por falta de credibilidade que o PCP não vai ver, no decurso da campanha, discutidos e avaliados os 50 compromissos ontem comunicados em conferência de imprensa. E não vai ser porque com o rótulo de falta de credibilidade, a imprensa (e alguns bloguistas) farão continuadamente a afirmação que a minha cara amiga aqui faz. A omissão será também a técnica usada. As questões continuarão a ser centradas em tudo que esconda os compromissos assinados e seus efeitos na economia.

    Curiosa a acusação de falta de credibilização de uma organização partidária que se recusa a um processo de muito duvidosa constitucionalidade. Estas eleições ficarão na história dos pós-25 de Abril como uma farsa e uma encenação da democracia que os resultados desastrosos irão mais tarde sublinhar como um sacrificio da liberdade e autonomia do nosso povo. Para onde foi o Dinheiro? Para onde irá o dinheiro? De quem é o dinheiro? São três perguntas que entretanto ficarão sem resposta...

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  2. Bom texto que será igualmente título no último dia da campanha. Estou mesmo farto de agitprop!Abraço

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  3. Estou absolutamente de acordo Ana, de facto tanto se fala e, não se fala no fundamental...não se fala daquilo que os portugueses precisam de saber...intenções de verdade e coragem para inverter a situação em que vivemos! Continuamos no velho e cansado estilo das campanhas dizendo mal uns dos outros!
    Não se queixem depois que há muita abstenção!!
    Beijos,
    Manuela

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  4. … faltou, porque desconhecem a táctica dos pugilistas, “é sempre melhor dar mais do que receber.” Mas como bem diz a sabedoria popular, não se pode dar o que se não tem.

    Abraço KO
    M.José

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  5. Caro Rogério,
    Faltará sempre à comunicação social o espaço que dela cada um reivindicará mas, certo é que é preciso criar canais de divulgação das mensagens que cada um considera pertinentes... é um desafio e falta-lhe, por certo igualdade de oportunidades... é por isso que a criatividade é necessária e, apesar de tudo, possível... quanto às perguntas que deixa, o futuro lhes responderá e essa resposta depende do acompanhamento que, no presente, fizermos em relação à questão...
    Abraço.

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  6. Fernando...
    ... obrigado!... quando acabei de escrever, pensei -e ainda penso!- que nem sei se valerá a pena voltar a escrever sobre o tema... veremos... afinal, certo, certo é este cansaço do agitprop! Um grande abraço

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  7. Manuela,
    Obrigado por dar nome ao drama e à causa que esta referência significa... fica nas mãos de quem se pronuncia a qualidade do pronunciamento e a dimensão do impacto que provoca... se mal equacionarem o ponto de partida não podem reivindicar lamentações vitimizadas no final... obrigada pela limpidez das palavras que aqui partilha!
    Beijos

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  8. Oh minha companheira de vastos e limpos combates feitos de razão e coração :)
    ... claro que sim: "não se pode dar o que se não tem"!... está tudo dito!
    Obrigada!
    Abraço OK :)))

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  9. Cara Ana Paula,
    Não seja redutora. Não se trata apenas de espaço, trata-se sobretudo de manipulação e omissão. Como fazer competir a criatividade de um operário e trabalhador com o poder do seu pagador? Como fazer de "tripas coração" (ou imaginação), com os bombardeamentos televisivos e as imagens e textos da imprensa escrita, dos colunistas e outros fazedores de opinião?

    Se, por acaso, eu aqui tivesse aterrado ontem sem saber nada do que se estaria a passar, ficaria com a seguinte impressão:
    1 - A disputa eleitoral é para eleger um Primeiro Ministro;
    2 - Que o regime não tem (não comporta) um parlamento;
    3 - Que entre a governação e "uns senhores" que por aí andaram não se passou nada a não ser uma conversa desagradável sobre a qual ninguém quer falar... e que tudo depende da sua capacidade para manobrar e dar a volta...

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