domingo, 5 de janeiro de 2014

O Precipício Europeu...


Não há projeto social europeu que sobreviva ao esgotamento político feito sobre as economias nacionais... As taxas de desemprego variam, em toda a Europa, entre 5% (na Áustria) e 28% na Grécia!... De facto, a ideia do pleno emprego que se constituiu como bandeira do projeto comum europeu a que aderimos nos anos 80, desapareceu do horizonte coletivo e da visibilidade que uma competente comunicação social obrigaria a manter presente, como prioridade da análise e do comentário sociopolítico. Hoje, a Europa em que vivemos é a que, paradigmaticamente, aparece simbolizada na realidade de uma Europa do Sul, explosiva, à beira da implosão económica e social! Inquestionavelmente, com taxas de desemprego que vão dos 28% na Grécia aos 26% em Espanha (vale a pena explicitar, só para se ter uma ideia do valor real que se oculta sob a estatística, que, aqui, no território que nos é contíguo, estamos a falar de 5 milhões de pessoas!) e em que Itália, Portugal e Chipre se enquadram na mesma lógica económica de degradação societária, não podemos ter ilusões sobre o futuro europeu! Independentemente do que se diz e do que se gostaria de poder dizer, independentemente da invenção da esperança que a demagogia utiliza e à qual a própria arquitetura institucional vai ter que recorrer no curto prazo, a lógica de destruição dos aparelhos produtivos e das soberanias nacionais em nome do monopólio europeu dominado pela dependência alemã que gostaria de ser o único negociador nos blocos regionais internacionais (EUA, Mercosul, Países Árabes e Mercado Asiático), deixou-nos reduzidos a um cenário de empobrecimento real, contínuo e incontornável. Não haja ilusões de espécie alguma: tudo o que for anunciado como recuperação, poderá sê-lo mas não terá comparação nem capacidade de recuperação de tudo o que perdemos, vertiginosamente, nos últimos anos!... A evolução faz-se por saltos?!... provavelmente!... mas são saltos em que entropias e incertezas implicam retrocessos cujos sentidos e orientações só a persistência concertada das massas pode (assente num conhecimento construído e perspetivado com sistematicidade estratégica), inverter. Até agora, da guerra nas ruas, salvou-nos a cidadania que fomos construindo num mundo em que os valores deixaram que a ideia da ética e da responsabilidade social, se massificasse como nunca ocorrera na História da Humanidade até meados do século XX... Porém, este grau de consciência social (soubemo-lo sempre!) nunca foi suficiente!... Por isso e por tudo quanto a ciência permite prever, não é suposto que o seja agora, tão desgastados estão os cidadãos de pretensos "sacrifícios" que são, apenas!, medidas que lhes foram impostas de forma autoritária e autocrática e que lhes são apresentadas como se de um esforço intencional coletivo se tratasse! Não é! É, isso sim, a atuação demagógica da ditadura financeira dos mercados internacionais em defesa dos lucros dos seus investidores, manipulando as "marionetas" vaidosas das políticas nacionais que atuam como protagonistas de uma verdadeira e concertada dissimulação manipulatória das massas... Moral da história: será muito improvável que as pessoas não revelem que compreendem a perversidade com que a gestão política está a atuar na governação da Polis e da "coisa pública"! Por isso, em nome de valores e princípios complexos e ambíguos, "a Nação", "a Pátria", "o interesse nacional", é previsível que assistamos à derrocada de um grande sonho coletivo e à emergência de uma catástrofe social europeia! Cabe-nos, portanto, (re)colocar a pergunta que se justifica neste contexto: "O Que Fazer?"... e, já agora, para a reinvenção ou construção de eventuais respostas, convém relembrar que o cerne da questão reside na falta de cultura inerente ao exercício de uma efetiva responsabilidade social que carateriza os protagonistas das inexistentes "elites" do pensamento político-partidário contemporâneo.    
 
(...entretanto, partilho convosco a versão de Manu Chao do imortal "Bella Ciao"...)

2 comentários:

  1. Uma analise real da nossa sociedade contemporânea. Parece que não existem mais comentários. Apenas e só uma pergunta:
    - Porque é que todos os países se vergam à soberania da Alemanha -Markel ?
    Ela não oferece nada aos europeus. Apenas os rouba para enriquecer a Alemanha.

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    1. Boa pergunta, Luís... provavelmente pelo facto dos seus protagonistas não serem "elites" com brio profissional e de se regerem por valores dominantes que se limitam à lógica do utilizador :)

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