terça-feira, 30 de novembro de 2010

De Trichet a Obama - Pequenas/Grandes Questões...


Em Agosto, o Presidente do Banco Central Europeu (BCE) dizia que travar o endividamento era fundamental para evitar o afundamento das próximas décadas (ler aqui); hoje, o mesmo Presidente afirmou que as reformas laborais (leia-se aumento da flexibilização!!) são uma medida recomendável para se consolidarem os resultados dos esforços nacionais de gestão das contas públicas (ler aqui). Entretanto, Jean-Claude Trichet disse também, referindo-se à Irlanda a quem o BCE acabou de comprar a dívida soberana, que "só um país não muda a política"... A pergunta, urgente e a pensar, é a seguinte: se um país só não justifica a mudança de política, será que vários/muitos países o justificarão?... a resposta parece óbvia: já não é só um país; a pressão dos mercados financeiros já se não reduz à Grécia e à Irlanda mas, incide também sobre Portugal, Espanha, a Itália e a ver vamos quem mais... sendo portanto tantos os países em verdadeira crise, justifica-se ou não a mudança da política financeira não só europeia mas, mundial?... e se a dimensão internacional que, neste contexto, colocamos, parecer exagerada, ouçamos o Presidente dos EUA, Barack Obama que acabou de congelar, por 2 anos, os ordenados da Administração Pública:

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Produção e Sobrevivência no realismo europeu do século XIX

Jean-François Millet (1814-1875) : "Colheita" e "Rabisco"

domingo, 28 de novembro de 2010

Complexo do Alemão - O Combate Contra Violência


Os conflitos que, nos últimos dias, marcaram o Rio de Janeiro com a entrada e o cerco policial a um território onde se localizam 13 favelas (ler aqui), conhecido por nele operarem grande parte dos traficantes que ameaçam a segurança dos cidadãos e designado por Complexo do Alemão (ver a fotografia acima e ler aqui), tiveram hoje desenvolvimentos significativos com a morte de, segundo os dados da polícia, 3 pessoas e a detenção de cerca de 20 traficantes... verdade seja dita, os números anteriormente divulgados pela comunicação social indicavam que o número de traficantes que se pensava irem ser encontrados localmente rondava os 600 e, a ser assim, andam entre a população cerca de 560 pessoas que têm vivido da economia paralela e do tráfico, arrastando consigo o medo e a violência. Presume-se que o número de pessoas que vive do tráfico seja de 16.000; por isso, o combate contra a pobreza e a violência representa, para o povo brasileiro, duas faces da mesma moeda e é assinalável que, no início do mandato da nova Presidente Dilma Rousseff, os sinais emitidos para a sociedade sejam de firmeza e determinação. Registe-se que a intervenção socio-política nas favelas do Complexo do Alemão foi preocupação do anterior Presidente, Lula da Silva, que contou já nessa altura com o apoio da então Ministra e hoje Presidente Dilma. Garantindo que a intervenção policial no território não foi pontual, o Governo afirma garantir a continuidade da vigilância (ler aqui)... mas, as preocupações com a violência continuarão, de forma a serem bem sucedidas, a ter que manter dois rostos: o da segurança efectiva pelas forças policiais e o da intervenção social planificada e estruturada em que Lula e Dilma começaram a investir, por exemplo, na favela de Manguinhos (ler aqui), uma das que integra o dito Complexo do Alemão:


(Este post foi actualizado às 8.30h da manhã de 2ªfeira, depois da divulgação dos dados da polícia na televisão portuguesa)

A Crise Económico-Financeira e Política da UE

Surpreende? Não, não surpreende... nem os que sempre apresentaram reservas à integração dos seus países no espaço comum do que hoje é a União Europeia, nem aos que, indefectivelmente, têm defendido (de Jacques Delors aos cidadãos e sindicatos) a construção de uma Europa Social contra a "tese" sempre aqui relembrada, da Europa a Duas Velocidades. Refiro-me, naturalmente, às declarações de Angela Merkel que veio hoje, oportunisticamente e em detrimento do sentido de responsabilidade social que se exige, também!, aos responsáveis políticos da UE , dar a conhecer à opinião pública, afirmando que a Alemanha, a partir de hoje, não irá contribuir para ajudar mais nenhum país (leia-se: Estado-membro da UE) em situação financeira grave pois considera que Berlim atingiu o limite da sua disponibilidade para tal, com a resposta às actuais crises de que a Grécia e a Irlanda são os mais mediaticamente recentes protagonistas. Independentemente das afirmações do Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, ter, também hoje, afirmado que "a Europa está preparada para enfrentar outra crise", as declarações alemãs revelam: a) sinais de fraqueza da economia alemã considerada até agora como uma espécie de "economia-de-ferro" da UE e, consequentemente, um sintoma alarmante sobre o estado económico-financeiro da própria UE; b) que a retoma económica europeia está muito longe de ser alcançada; c) que se está a instalar a primeira grande crise política da UE com um dos seus mais antigos e estruturais Estados-membros a romper com os princípios do próprio Tratado de Roma (princípios considerados traves-mestras da arquitectura europeia e que não tendo sofrido alteração nas suas revisões ou na formulação dos Tratados seguintes, continuam, felizmente!!!, vigentes na jurisprudência comunitária), a saber, os Princípios da Subsidiariedade e da Solidariedade... Depois de décadas de emissão de mensagens sobre a importância social da integração e da consolidação europeia, veio agora a Senhora Angela Merkel mostrar o rosto do lado negro da UE: o da sua natureza neo-liberal capaz de hipotecar os interesses sociais das populações e os compromissos políticos em nome da defesa dos interesses do grande capital financeiro. Lamentável? Sim! Surpreendente? Não!

Banco Alimentar Contra a Fome - Solidariedade e Educação




Está a decorrer, este fim-de-semana, mais uma campanha do Banco Alimentar Contra a Fome para a recolha de produtos alimentares a distribuir pela rede de cerca de 1.800 instituições que apoiam a sobrevivência de cerca de 280.000 pessoas. Em resposta ao agravamento da situação económica nacional, este ano, o Banco Alimentar registou, por um lado, um aumento significativo de adesões ao voluntariado de que os 17 Bancos Alimentares espalhados pelo país e ontem, sábado, foram já recolhidas mais de 1.500 toneladas de alimentos pelos cerca de 30.000 voluntários, crianças, adultos e idosos. Para além desta preciosa e imprescindível ajuda aos cidadãos que vivem com carências alimentares, as campanhas do Banco Alimentar Contra a Fome, têm ainda o mérito de desenvolver boas práticas pedagógicas que contribuem, decisivamente, para construir solidariedades inter-geracionais e cidadãos para quem, no futuro, a consciência da luta contra a pobreza e o activismo solidário serão valores referenciais de acção cívica. É vê-las, às crianças, dos 6 aos 12 anos, a distribuir e recolher os sacos das dádivas por todos os estabelecimentos, com um empenhamento, uma alegria e uma convicção notáveis... e experimentem a agradecer-lhes e a expressar o nosso apoio ao seu trabalho: a humildade e o orgulho sem reservas no brilho dos seus olhos, revitaliza-nos a esperança no futuro!

Preservar é Valorizar...

sábado, 27 de novembro de 2010

A propósito de sondagens...

A Eurosondagem revelou hoje os resultados da sondagem feita para a SIC, Expresso e Rádio Renascença. Publicados no Expresso, estes resultados repetem, de certa forma, os valores divulgados no mês anterior ainda que, no que respeita à margem de erro, as variações sejam inferiores. De facto, nesta sondagem, Manuel Alegre apresenta 32% das intenções de voto e Cavaco Silva 57%; contudo, na Área Metropolitana de Lisboa e no sul do país, Cavaco Silva não atinge 50% dessas intenções de voto enquanto Manuel Alegre regista uma subida que chega aos 40%... ainda muita tinta vai correr sob as pontes - eis a questão cuja resposta está nas mãos do país e, naturalmente!, no que os candidatos à Presidência da República souberem demonstrar nos 2 meses que faltam até às eleições presidenciais.

Destaques para combater o frio e aquecer o pensar e o sentir


O frio é real, físico mas, também, psicológico... por isso, se há boas notícias como a da reeleição de Marinho Pinto como Bastonário da Ordem dos Advogados (ler Aqui) que nos leva a felicitar os votantes (afinal próximos do que aqui se enunciou desejável), é boa a hora para pensar, no recato dos lugares quentes, das casas e dos lares onde vivemos e onde podemos refugiar-nos, em questões que continuam a merecer a nossa atenção e o nosso alerta: é o caso das discriminções étnicas, económicas e etárias (ler Aqui, Aqui e Aqui).

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Aniversário ... My Way :)


Hoje, A Nossa Candeia celebra, feliz e grata, com todos os amigos, leitores, comentadores e críticos, o seu 2º aniversário... por todos nós, "My Way" em 3 tons e em 3 tempos... para que se não esqueça que é sempre possível mais e melhor, "à nossa maneira":


The Platters "My Way" (1953 e seguintes)


Sex Pistols "My Way" (1975 e seguintes)


Nina Simone "My Way" (1963 e seguintes)...

Leituras Cruzadas...

Na sequência do post anterior, deixo hoje algumas sugestões de leitura sobre os dias que atravessamos quando o frio aperta sem que a vontade de resistir esmoreça, sinais do país que fomos e do país que somos (JMCorreia-Pinto no Politeia), para além da neutra leitura da realidade (Marina Costa Lobo no Tempo Político) à coragem de tentar a mudança (João Ricardo Vasconcelos no Activismo de Sofá) apesar da gratuita manipulação (Carlos Barbosa de Oliveira no Crónicas do Rochedo e Miguel Abrantes no Câmara Corporativa) ou da contradição instalada que nos faz temer o pior (Carlos Fonseca no Aventar, João Pinto e Castro no Jugular, Correio da Manhã, Weber no Mainstreet, Eduardo Pitta no Da Literatura, João Tunes no Vias de Facto, João José Cardoso também no Aventar, João Torgal no Cinco Dias e Vitor Dias no O Tempo das Cerejas)... Ainda bem que alguma coisa avança (Osvaldo Castro no A Carta a Garcia) - para que a conversa passe a ser outra (Pedro Correia no Delito de Opinião).

Um país democrático...

Correm tempos difíceis... apesar de tudo, os portugueses continuam a exercer a democracia de forma digna de ser assinalada em termos diversos do que temos vindo a ler. Refiro-me a dois eventos que, nas duas últimas semanas, marcaram a nossa afirmação no espaço comunitário europeu e internacional, sem que deles tenhamos retirado uma observação evidente: há cerca de uma semana decorreu em Lisboa a Cimeira da Nato com a presença de dezenas de Chefes de Estado e a realização de vários encontros bilaterais entre países e blocos regionais da maior importância. Ao contrário do que se receou, por cá e no mundo, o evento não foi marcado por manifestações violentas com a dimensão do que tem sido comum nas últimas décadas noutros locais em que se realizaram os que o antecederam e, felizmente, denotou-se desnecessária o nível de preocupação expressa na ocultação de montras comerciais na baixa lisboeta, no número de forças policiais chamadas a actuar ou no uso de blindados (alguns dos quais nem sequer tinham chegado a tempo!!!). Entretanto, há dois dias atrás, realizou-se a maior greve geral de que se regista memória, assinalada com uma significativa adesão por parte dos trabalhadores, o apoio solidário da maioria da população, a unidade organizativa e mobilizadora das duas grandes centrais sindicais nacionais e a expressão da confiança governamental na sociedade civil. Considerando a dimensão da crise económico-social e financeira do país, o facto é, em si próprio, revelador e merece o respeito e a consideração dos cidadãos e das instituições europeias e internacionais, a despeito da especulação dos mercados.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

"Pele"


(via A Carta a Garcia)

Violência Contra as Mulheres...


Hoje, 25 de Novembro, assinala-se o Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra as Mulheres... em Portugal foram noticiadas na imprensa, entre 2004 e 2010, 247 mortes relacionadas com violência doméstica (o que daria uma média de 3 mortes por mês não fosse registar-se que as ocorrências são mais frequentes, por exemplo, de Verão ou em períodos de férias - especificidades que muito revelam sobre o drama da má qualidade da comunicação entre homens e mulheres)... Apesar da visibilidade política e social que o fenómeno adquiriu nos últimos anos cujo reflexo se constata no elevado número de queixas/denúncias diárias, a verdade é que, até à data, em 2010, se verificaram já 39 casos de mulheres vítimas de violência doméstica. O problema, cultural e psicossocial na sua origem, é um flagelo subjacente à violência social, cuja erradicação implica estruturas de diagnóstico, assistência, apoio e acompanhamento dos três termos da tríade vítima/agressor/família e, incontornavelmente, prevenção... Não ignorar e reconhecer o problema é, por todas as razões, indispensável...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Greve - Ouvem o Povo a Cantar?


... excerto de "Os Miseráveis" de Victor Hugo no filme de Bille August...

Um País em Greve Geral...


A Greve Geral a que os portugueses hoje aderiram (ler Aqui) é a expressão colectiva do descontentamento geral da população com os índices de empobrecimento progressivo do país e as políticas económico-financeiras que, por toda a União Europeia, debilitam as democracias e diminuem perigosamente os direitos dos trabalhadores e a dignidade das condições de vida dos cidadãos. Sem expressão pública deste descontentamento, os mercados e as economias dos países que insistem em manter a dominação económica do espaço comum europeu não têm reacções colectivas capazes de conter e atenuar a lógica anónima do lucro, indiferente aos problemas das pessoas que continuam a ser a própria razão de ser da economia e da política. A unidade sindical que Portugal registou no dia de hoje é um sinal importante no contexto da UE enquanto alerta para a urgência da mudança do teor ideológico das políticas nacionais e comunitárias.

Em Nome do Futuro...


... Paco Ibañez em "La Poesia es un Arma Cargada de Futuro"... para que nos não faltem as palavras e a inspiração para participar activamente e estar presente, sempre, na construção real dos dias!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Greve Geral, Um Direito...

... a cumprir de cabeça erguida, "sem medo e sem preguiça", contra as injustiças sociais e as desigualdades, em nome da Justiça, da Justeza e da Razão.

Formar, Empregar e Integrar...


... nesta peça hoje transmitida pela RTP, para além da temática em causa, são de destacar duas referências que, no nosso país não têm sido alvo de reflexão e que, de há muito, considero pertinentes: uma refere-se à questão do planeamento do ensino em função do mercado - erro estrutural em que se insiste apesar de assentar numa ilusão sem sustentabilidade; outra, a necessidade de investimento na valorização da diversidade profissional... a este propósito, cabe ainda lembrar até por fazer sentido no actual contexto nacional, que as principais causas de sobrevalorização do ensino superior e de sub-valorização do ensino profissional decorrem das representações sociais generalizadas sobre o tipo de profissões que destes dois tipos de ensino emanam e que correspondem na prática e na opinião pública a diferentes facilidades de acesso a salários e condições de vida mais elevadas. O erro é notório e a urgência da mudança também... nas práticas e nas representações.

Solidariedade, Um Dever...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sísifo - Reflexo e Recurso da Ideologia Político-Económica


Durante muito tempo, o pensamento dominante organizou a percepção e a representação da realidade de forma dicotómica - filosoficamente, esta categorização da estrutura organizacional do pensamento ficou conhecida por cartesianismo e em termos ideológicos perspectivou-se, já contemporaneamente, na distinção entre pensamento marxista e pensamento hegeliano. Hoje, depois das triagens que os exercícios críticos dos postulados políticos imprimiram a estas "visões do mundo", o problema deveria colocar-se, pragmaticamente, da seguinte forma: estaremos a viver um tempo e um espaço de dúvida relativamente ao juízo com que reconhecemos, subjacente às decisões, a prevalência da dimensão económica sobre a política - sabendo-se que a economia é movida, sob a imensa teia dos interesses financeiros que aparentam esgotar-se em si próprios, por concepções ideológicas? ... olhar o real, transmutá-lo e devolvê-lo à realidade é a forma poética de enunciar a capacidade do sujeito apreender os objectos e hoje, depois da convicção defensora da prevalência do económico sobre o ideológico e do seu inverso (a saber, a prevalência do ideológico sobre o económico), é legítima a hipótese de se equacionar a gestão do mundo desenvolvido como estratégica ideológica de uso da economia de mercado para viabilizar a dominação das estruturas tradicionais do poder, permitindo o acesso ao seu contrário (teorias planificadas, socializantes ou defensoras do Estado Social) para constatar a sua falibilidade na criação de riqueza, legitimando-se assim, por exclusão de partes, a continuidade e o reforço no (re)investimento das lógicas assentes na privatização, na discriminação e na hierarquização vertical. Há uns anos atrás, a esquerda constatava, com surpresa!, a apropriação da leitura marxista da realidade pela direita e quando se deu conta, entre o exercício e a luta pela conquista do poder em contextos democráticos, a causa dos desprotegidos tornou-se o reino demagógico da mensagem política da direita... devolver o discurso aos princípios e às práticas em termos evidenciáveis no plano do concreto, é o que os cidadãos exigem hoje à política e é esse o cerne da resposta para a procura e o depósito da confiança que teima permanecer na posse dos que decidem conjunturalmente, nos períodos eleitorais. Porém, enquanto o usufruto efémero do poder político se mantiver como objectivo maior da luta ideológica, a economia aparentará uma autonomia sem rosto e os cidadãos continuarão a perspectivar a existência humana como uma fatalidade reduzida à reprodução do eterno mito de Sísifo.

"A Cantiga é uma Arma"...


Mercados - ou Monstros?...


Depois de muitas resistências internas ao mais alto nível e de muitas pressões externas das poderosas economias que influenciam e definem o ritmo dos mercados, a Irlanda pediu ajuda financeira à União Europeia e ao FMI. Como contrapartida para uma crise que detonou desequilíbrios graves no respectivo sistema bancário - questão que distingue com algum significado de relevo o problema irlandês do que nos afecta a nós, portuguesas (segundo dizem alguns especialistas, entre os quais o actual Presidente da República), a Irlanda vai ser objecto de um plano de intervenção com um impacto social gravissimo de alto risco de que se destacam medidas como o aumento significativo de despedimentos na Administração Pública, os cortes nos subsídios de desemprego, nas pensões e nos apoios sociais e a eliminação dos 13º, 14º e 15º mês (que existia neste país)... o pacote de medidas, a ser discutido entre a UE, o FMI e o Governo irlandês pode constituir-se como uma tentação para a pressão dos mercados financeiros sobre Portugal (ler aqui) mas, se for definido com rapidez pode ser evitado o chamado "efeito de contágio" que ameaça as economias mais fragilizadas da UE, entre as quais, se destaca Portugal (ler Aqui, Aqui e Aqui). Esperemos que a garantia de estabilidade dada pela Irlanda aos mercados (apesar do muito que prejudicará a sua população) e que "os monstros" acalmem o seu "canibalismo" porque exigir a Portugal medidas desta natureza eliminaria por completo a nossa sustentabilidade mínima de sobrevivência no curto e no médio prazo.

domingo, 21 de novembro de 2010

Leituras Cruzadas - Especial Cimeira Lisboa e não só...

A Cimeira da Nato que ontem terminou em Lisboa, suscitou o correr de muita tinta nos jornais, edições televisivas especiais e, naturalmente, o interesse de todos. O mundo parou, aguardando notícias de Lisboa, a capital de um país que tem merecido a maior desconfiança dos mercados financeiros, dada a situação das suas contas públicas no contexto de uma União Europeia em crise. A Cimeira foi um sucesso político inquestionável apesar dos dossiers sensíveis que, sem resolução definitiva (de que se destacam a questão da adesão da Turquia à UE e, entre outros, o aparente silêncio da relação organizacional com o Mediterrâneo) foram ultrapassados com o avanço de compromissos importantes para todos os envolvidos, designadamente, a segurança comum que, pela primeira vez,obteve a parceria russa, a cooperação económica na convergência de esforços no reconhecimento da urgência da criação de emprego e no reforço do comércio EUA-UE que, para Portugal, pode ter um importante estímulo na exportação de energias limpas e o planeamento do período de transição para a retirada de forças internacionais no Afeganistão. Mas a Nato tem uma história que justifica a reserva dos cidadãos e dos pensadores... podemos até supor que, talvez por isso, não tenha sido tão grande o impacto positivo na comunicação social que, salvo prova em contrário, está mais preparada para apontar erros (de preferência ao governo português) e especular sobre insuficiências e erros, na senda do sensacionalismo a que nos habituou... mas, foi em função dessa história de guerra que tão perto de nós esteve no passado recente pelas piores razões, com a Guerra do Iraque e dos Balcãs que grande parte de alguns dos nossos melhores autores escreveu textos que vale a pena destacar e que merecem a nossa leitura atenta pela opinião credenciada, avisada e experiente de que emanam as suas reflexões... por exemplo:

As Guerras e as Gravatas... e Nato: Para que Serve? de Eduardo Maia Costa;

Tanta Nato... e Obama e a Situação Económica Portuguesa de JM Correia-Pinto;

Princípio da Proximidade de Viriato Soromenho Marques;

Acabou a Guerra Fria? de Eduardo Pitta;

Os nossos queridos fundamentalistas de Nuno Ramos de Almeida;

Nato: Sim ou Não? de Miguel Gomes Coelho...

mas porque o país continua vivo e a precisar da nossa melhor atenção, ficam ainda os destaques para o "estado da arte" nacional mas, também, internacional:

A Consciência do Tempo no Conversa Avinagrada;

Intriga, disse ela e Obama, Quo Vadis? no Mainstreet;

Falemos então de coisas sérias e Abrangência no Delito de Opinião;

Momento Tuga... no Correio Preto...

... evoquemos, por tudo isto, alguns dos sinais de grandeza que nos lembram que não podemos deixar esquecer/perder parte importanto do melhor da nossa Humanidade:

Folha Seca no Largo das Calhandreiras;

Weber no Mainstreet;

Alfredo Poeiras no Poeiras Glass Art.

E agora, uma Cimeira Contra a Pobreza?


A Cimeira da Nato quebrou o tabu das relações entre EUA, União Europeia e Federação Russa a partir da mudança de atitude que Barack Obama assumiu, diplomaticamente, na sua relação com Dmitri Medvedev (ler aqui). Além disso, o novo Presidente dos EUA afirmou a necessidade de reforço da cooperação económica entre os EUA e a UE (ler aqui), reconhecendo que a criação de emprego é a primeira prioridade da política económica dos aliados para se ultrapassar a crise que, incontornavelmente, fruto da globalização que institucionalizou a interdependência, nos afecta a todos. Símbolo e evidência desta urgência, temos no nosso país uma taxa de empobrecimento elevadissima que, no mais recente estudo levado a cabo pela Universidade Católica em colaboração com o Banco Alimentar Contra a Fome, denota que um (1) em cada quatro (4) portugueses já passou um dia inteiro sem comer, "por falta de dinheiro" (ler Aqui). O endividamento como causa maior desta drástica subida do número de pessoas e famílias pobres que reconhecem a incapacidade de ascensão social e a reprodução geracional da pobreza ao afirmarem que "sempre foram pobres", é a realidade de uma população que não encontra sustentabilidade social no panorama económico de um país e de uma Europa onde o desemprego continua e vai continuar a subir... A globalização, canto de sereias dos mercados de há duas décadas até 2005, criou custos sociais de cuja resolução depende a credibilidade dos valores democráticos que tanto nos custaram ver reconhecidos. Hoje, a união de esforços de todos, a nível local, nacional, regional e mundial é, mais do que nunca, indispensável... teremos que ser todos aliados contra a Fome e para isso é preciso reforçar as redes de solidariedade em que podemos desenvolver estratégias viáveis de actuação... e isso passa pela política e pelo combate à violência gratuita, sem sombra de dúvida. Primeiro que tudo estão, inquestionavelmente, as pessoas... por isso, subjacente a todos os eventos internacionais, subjaz, impiedoso!, o fantasma da economia que teremos que vencer para que a Humanidade possa viver de forma mais digna ou seja, mais humana.

sábado, 20 de novembro de 2010

Joaquim Gomes, um combate pela Liberdade...


Joaquim Gomes foi um combatente antifascista que protagonizou, com Álvaro Cunhal, a célebre fuga de Peniche, esse tétrico forte da tortura a que Cunhal chamou "estrela de seis pontas". Firme e determinado na dedicação coerente a uma vida dedicada à luta pela Liberdade, Joaquim Gomes faleceu hoje, aos 93 anos de idade (ler Aqui)... e, nos dias que correm, fazem falta os bons exemplos da lucidez e da dignidade. Para que não esqueça.
(Na fotografia, Joaquim Gomes e Carlos Costa no Forte de Peniche)

Ainda a Cimeira da Nato em Lisboa...


Um novo conceito estratégico, promotor do reforço da cooperação e do trabalho em rede, designadamente com outras organizações, bem como a criação de um espaço comum de defesa e protecção dos territórios europeu e norte-americano materializada num escudo anti-misseis, foram dois dos objectivos da Cimeira da Nato 2010 que ainda decorre em Lisboa. Outro objectivo, da maior importância no plano da cooperação internacional, dado o aval da ONU à intervenção militar no Afeganistão, foi o estabelecimento do início do período de transição para a retirada das forças militares estrangeiras do território afegão que, negociado com o Presidente Hamid Karzai, definiu a data de 2014 para o início desta operação, preparada a partir de agora com o reforço da formação das polícias afegãs no sentido de viabilizar uma maior sustentabilidade à autonomia da gestão da segurança interna deste país, massacrado por décadas de guerra e que se continua a defrontar com a resistência à participação externa e a instabilidade repressiva e violenta no seu interior. A Cimeira da Nato vai agora, nos trabalhos paralelos da Cimeira Nato-Rússia, discutir e analisar o relacionamento deste país com a organização e o protagonismo da iniciativa é devolvido aos protagonistas que estiveram na origem da criação da Nato, dessa vez enquanto forças antagónicas e, hoje, enquanto parceiros, ou seja, os Presidentes Barack Obama e Dmitri Medvedev, cujas boas relações auguram o sucesso da iniciativa. Numa sociedade cada vez mais globalizada, onde os tráficos de armas, drogas e seres humanos servem os piores propósitos das redes de um contra-poder, a correlação de forças perante ameaças imprevistas e aparentemente avulsas mas, de fortissimo impacto mundial, recorre ao regime de compromissos alargado, como forma de redução da margem de manobra das iniciativas bélicas unívocas e, consequentemente, como estratégia de diminuição da probabilidade de ocorrência de conflitos armados detonados em contextos oportunisticamente susceptíveis de serem provocados a nível bilateral... Manter controlados politicamente os custos sociais da persistência da eclosão das guerras é uma das formas de prevenir a manutenção da Paz... outra, é a manifestação pacífica dos cidadãos que, apelando ao diálogo, relembram que a violência não pode e não deve ser argumento político - como se deseja que seja o caso da manifestação prevista para esta tarde entre o Marquês de Pombal e os Restauradores, em Lisboa.

Equidade, Austeridade e Política de Classes - a perigosa tríade da demagogia


... sem comentários!... para ouvir e ler...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Índia atribui a Lula da Silva o Prémio Indira Gandhi...


Lula da Silva, o Homem que foi a imagem da Luta contra a Pobreza e um símbolo do que deve ser o exercício de um poder presidencial de prestígio e relativamente a quem a actual Presidente do Brasil se referiu afirmando que "teremos que ser inovadores nas políticas sociais" e evocando a sua "herança bendita" (ler Aqui e Aqui), foi hoje agraciado pela Índia com o Prémio Indira Gandhi da Paz, Desarmamento e Desenvolvimento 2010 (ler AQUI). Justamente merecido, o mundo congratula-se com a nomeação e nós, cidadãos do mundo, esperamos que o seu exemplo seja um modelo a reproduzir e a não esquecer. Parabéns, Presidente Lula!... e obrigado à Índia por não ter esquecido esta personalidade maior da luta por um mundo melhor para todos!

O Estado Social são Direitos Sociais Concretos para Pessoas Concretas...


... Quem o disse foi Manuel Alegre, num jantar que ontem juntou em Tavira, cerca de 450 pessoas... vale a pena ler a intervenção do candidato à Presidência da República que denota a importância do desempenho do mais alto cargo da Nação na defesa dos Direitos dos Cidadãos e, consequentemente, do Bem-Comum... para além de todos os apoios e dos supostos desempenhos "politicamente correctos"... porque, se é verdade que somos o que fazemos e o que pensamos, é igualmente verdade que também somos o que dizemos... Ora, se quem não diz não se compromete, quem diz em voz alta assume, sem medo e sem preguiça, os compromissos que proclama (ler AQUI).

Barack Obama em Lisboa


Barack Obama chegou hoje a Lisboa e a sua presença honra-nos, em particular porque, como Mikail Gorbatchev e Lula da Silva, representa a mudança de paradigma que era urgente imprimir à gestão política mundial dos últimos 60 anos. Não lhes podemos exigir a perfeição nem deles poderiamos esperar alterações radicais - ainda que possam corresponder aos seus melhores valores que, estou certa!, todos partilhamos... mas é gratificante para todas as gerações vivas partilhar um tempo em que ascendem ao poder Homens capazes de trabalhar para a Paz e contra a Pobreza, apesar de todas as guerras, de todas as dificuldades e de todas as resistências em nome da democracia e do Bem-Comum de todos os cidadãos. Em exclusivo para Portugal, o Presidente dos EUA escreveu um artigo publicado no jornal Público na edição deste primeiro dia da Cimeira da Nato onde apresenta as linhas gerais do seu entendimento global sobre o papel desta organização nos tempos que correm e que justificam a alteração do conceito estratégico que lhe subjaz (ler AQUI).

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Desejos e Vontades...


... em "Voar" de Tim (Xutos e Pontapés) com a colaboração de Rui Veloso... porque é preciso voltar a sonhar... a acreditar... a lutar!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Da Cimeira da Nato, em Lisboa...


A NATO é a organização de defesa dos países da Europa que, do Tratado de Países do Atlântico Norte (ler aqui), passou a uma espécie de forum da defesa dos países do mundo ocidental e que tem, nos próximos dias, o seu Encontro Anual em Lisboa (ler aqui). Cabe esclarecer que, se até hoje, o papel da NATO ficou conhecido pelo seu carácter belicista decorrente da famigerada Guerra Fria que opunha o Pacto de Varsóvia (ou mais, concretamente, a ex-URSS) aos países europeus pró-americanos, nos dias que correm, face à conturbada e globalizada sociedade mundial em que nos movemos (ler aqui), se a sua existência se justifica é, apenas, no sentido de se alterar o seu perfil belicista e de se procurar que cumpra, ao nível dos seus objectivos reais, além da defesa dos cidadãos (e não do belicismo ideológico-económico), a função de desenvolver a política de desarmamento nuclear e de segurança internacional que todos almejam. A extinção da NATO não é, por ora, previsível, no contexto da luta pela Paz, dada a complexidade da segurança/insegurança internacional; porém, a participação de novos protagonistas na gestão da organização, designadamente daqueles cuja filosofia política se aproxima mais da que preconizam os cidadãos de boa-vontade, pacifistas e convictos defensores do diálogo e da negociação, pode ajudar a alterar o seu perfil político e organizacional. É o caso do Presidente Barack Obama que, apesar de todos os problemas em que a conjuntura ou, melhor dito, a correlação de forças dominante, o leva a ter que participar como parte activa no âmbito das respectivas dinâmicas colectivas, pode contribuir para a mudança substancial do "espírito" da organização!... apesar de tudo - sublinhe-se!... porque não é fácil mudar instituições nem ideologias e menos ainda, porque a dificuldade é proporcional à dimensão do seu poder económico-político-financeiro e ideológico... por isso, é bom que os cidadãos continuem a manifestar-se pacificamente pela defesa da Paz, contra a guerra e a lógica belicista que promove a indústria da guerra contra o reconhecimento da diversidade cultural... sem que isso implique a incompreensão da existência de foruns internacionais sobre a defesa de todos! Pela Paz, Lutar, Lutar! Dentro e Fora das Organizações! Sempre, Pacificamente... porque a Razão estará sempre ao lado da Não-Violência! ... e um mundo melhor para todos -mas mesmos todos!, os "cidadãos do mundo", é preciso!... um mundo onde a defesa e o respeito pelos Direitos Humanos sejam o primeiro e inalienável princípio, na teoria e na prática... Que o caminho não é fácil, já o sabemos... que o caminho se faz caminhando é também, desde sempre, a nossa certeza!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Marinho Pinto, o Bastonário do Povo


As ordens profissionais foram criadas para defesa dos seus profissionais e, acima de tudo, para que sejam respeitados os seus códigos éticos e deontológicos, desinteressados e em defesa dos cidadãos. A Ordem dos Advogados também e, por isso, se a população votasse nas suas próximas eleições, iria, seguramente, reeleger o seu actual Bastonário, Marinho Pinto. Marinho Pinto, criticado pela forma apaixonada como defende os seus pontos de vista, tem tido a coragem de, desassombradamente, colocar "os dedos nas feridas" da Justiça e da advocacia. Merecido é, portanto, o prestígio e a admiração que conquistou, por mérito próprio, entre os portugueses. Quanto à sua reeleição é de sublinhar que, se os advogados defendessem de facto a causa pública acima dos interesses corporativos da classe, iriam votar no mesmo sentido em que o faria a população e o próximo Bastonário da Ordem dos Advogados, seria, como o país merece, Marinho Pinto.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A Europa e o País à beira de um ataque de nervos?!






O nervosismo e a precipitação são maus conselheiros. Sabemo-lo todos. Por isso, não se compreende o desassossego do espectro partidário nacional face às declarações de Teixeira dos Santos sobre o "risco elevado" de Portugal ter que recorrer à ajuda externa, designadamente por efeito do contágio de outras situações (com destaque para a Irlanda e a Grécia), por se dever atender a que o que está em causa é "a estabilidade da zona euro". Não se compreende tanto mais que a alemã Angela Merkel tem pressionado a Irlanda no sentido de empreender diligências no sentido de receber ajuda financeira da UE e do FMI, depois de ter solicitado, não só a necessidade de revisão do Tratado de Lisboa que implica maiores penalizações para os Estados-membros que não cumpram os critérios de convergência mas, também, a redução de direitos políticos dos países incumpridores, na gestão da UE. A pressão europeia que incendeia os rastilhos políticos nacionais teve hoje nova expressão na afirmação de Merkel sobre "se o euro falhar, a União Europeia falhará". De facto, à beira de um ataque de nervos, esta lógica da perseguição e da ameaça mais não faz do que somar maiores dificuldades a todos, obrigando a restrições orçamentais e aumentos das cargas fiscais que agravam as condições de vida das populações cada vez mais empobrecidas... O problema é, no seu todo, sintomaticamente grave e requer calma, tranquilidade política e concertação de esforços que visem, antes de mais, defender a arquitectura da Europa Social que se procurou construir e de que nos afastamos a passos largos. Sendo duvidoso que os defensores da Europa financeira dos mercados neo-liberais venham a revelar disponibilidade e capacidade para inverter as tendências económico-políticas que se empenham em defender como se fossem as únicas alternativas, é necessário que cidadãos e governos dos países desprotegidos face a esta lógica que exige a subserviência e não privilegia o diálogo e a (re)negociação das regras e dos critérios, esquecendo o fundamento ontológico da Economia que existe para servir a Sociedade, tomem medidas que mais não seja fazendo ouvir a voz da Razão e exigindo não ser meros súbditos pacíficos de todas as imposições mas, pelo contrário, partes activas na definição de novas e mais adequadas soluções nacionais e comunitárias... porque, para além do eurocentrismo e dos nacionalismos que tendem a reforçar o clima de agitação colectiva em que a crise nos mergulha continuamente, o problema que, até há meia dúzia de anos, se esboçava como uma possibilidade de longo prazo, aproxima-se vertiginosamente com a apropriação dos meios económico-financeiros por muitos países que, exteriores ao espaço europeu e cujos códigos políticos não revelam qualquer respeito pelos Direitos Humanos, vão seguramente, assim que tiverem garantido o controle dos mecanismos de emprego no espaço do Velho Continente, aplicar, sem hesitações, as suas próprias lógicas político-económicas que, ignorando Direitos Sociais ou Fundamentais tal como os conhecemos, ditaram os índices de sucesso que os torna agora nossos compradores. A Europa está, de facto e com razão, à beira de um ataque de nervos mas, a maior evidência que desta análise se destaca é a incapacidade político-cultural dos actuais dirigentes europeus trabalharem eficazmente a(s) causa(s) do problema.

Retrato do Olhar - ou Da Realidade Assimilada...


"O Pássaro"... de Júlio Resende.

domingo, 14 de novembro de 2010

Responder à Crise... para sobreviver...

Independentemente da lógica especulativa dos mercados (a que alude a entrevista a Joe Berardo que se pode ler aqui) e das pequenas boas notícias que é preciso aguardar para reconfirmar e consolidar no que respeita às tendências de evolução da economia nacional (ler aqui e ouvir aqui), a realidade encontra-se, indesmentível e urgente, nos factos de que, além do quotidiano, encontramos expressos em informações como as que podemos ler Aqui e Aqui... porque os pedidos de ajuda que as IPSS's registam por todo o país, são a manifestação clara das condições de vida dos cidadãos a que é preciso dar resposta, seja qual for o estado e o resultado das contas públicas... porque as famílias e as populações não podem continuar a pagar o preço imposto por uma lógica financeira que as torna reféns de uma pobreza que, para além de lhes hipotecar o presente e o futuro, atrasa decisivamente o desenvolvimento das competências de produtividade e competitividade que é preciso aumentar sob pena de assistirmos ao implodir da vida social do país... Para o evitar e tornar viável a governabilidade, é indispensável que Governo e Parceiros Sociais se empenhem na definição concertada de soluções imediatas para uma crise que requer, no imediato, decisões de carácter assistencialista ao nível das políticas sociais e da criação de emprego que possam garantir a criação, no curto prazo, de mecanismos de auto-sustentabilidade cujas redes possam, no médio prazo, desenvolver a sustentabilidade socio-económica endógena sem a qual continuaremos ao sabor dos ritmos das crises que, pelas mais diversas razões, vão continuar a emergir, no quadro de uma economia globalizada cujos mercados se equilibram a partir das suas próprias flutuações.

Júlio Resende - Da Nudez da Arte...











sábado, 13 de novembro de 2010

Da Bondade...











Aung Suu Kyi - O Rosto de uma Luta Internacional...


Aung San Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz, foi hoje libertada, depois de uma prisão política concretizada pela ditatura da Birmânia, justamente contestada a nível internacional (ler aqui e aqui). Por quanto tempo? - é a primeira questão que se nos coloca. De facto, é previsível que o regime de Myanmar exerça sobre o seu protagonismo público uma vigilância cerrada, uma vez que a comunidade internacional não recebeu qualquer sinal de abertura política deste país, sobre a sua predisposição para, a partir de agora, existir no seu território e na sua noção de ordem pública, ser contemplado o respeito pelos Direitos Humanos... Aung Suu Kyi pediu unidade na luta pela Birmânia livre e democrática e irá aproveitar a sua liberdade para continuar a sua luta... O mundo espera que os birmaneses façam justiça ao seu combate e a uma causa que, sendo de todos, é ainda razão da perseguição e penalização de muitos. A libertação do Prémio Nobel da Paz de 2010, Liu Xiaobo, precisa da sua solidariedade enquanto expressão de afirmação da continuidade do combate que todos precisamos de continuar a travar.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Política de Gestão!?...

Ao escrever o que se pode ler aqui, decidi que abordaria a matéria sobre a qual queria partilhar a reflexão, em, pelo menos, mais um ou dois post's. A dimensão política da questão reside no facto do problema em causa afectar o modo de concretização das opções políticas, porque o que me ocorreu colocar à nossa consideração remete para a causa do insucesso das opções socio-económicas que, sucessivamente, desde há décadas ou, pelo menos, desde os anos 80, tem provocado um quase contínuo declínio ou, no mínimo, uma quase constante estagnação da economia portuguesa. Podemos (e assim tem sido feito pelas oposições, os meios de comunicação social, os analistas e os comentadores) considerar que o erro do insucesso económico nacional reside exclusivamente nas opções técnicas ou ideológicas dos partidos que têm gerido o poder e/ou por força dos seus acordos... contudo, apesar da diversidade dessas opções não ser tão radicalmente diferente que se possa dizer que já tentámos tudo e tendo em atenção que as políticas defendidas pelos partidos mais à esquerda ou mais à direita não foram, de facto, linhas programáticas das várias governações, a verdade é que, sejam quais forem os modelos teóricos subjacentes à pluralidade das escolhas, a sua concretização é feita por pessoas e através de dinâmicas por elas protagonizadas... e é exactamente aqui que pode estar o cerne da questão. Um dado a ter em consideração nesta perspectiva resulta da constatação de, essencialmente, sermos um país gerido há décadas por advogados, economistas, engenheiros e gestores. Outro dado, de dimensão mais profunda, decorre da representação social da "confiança" subjacente à cultura de cidadania que ainda não temos e que reduz, próxima de uma mentalidade própria de um mundo não urbano e não metropolitano ou, se quisermos, de carácter corporativo, a sua existência como uma espécie de legado garantido pelo inter-conhecimento confinado a pessoas próximas das relações interpessoais dos grupos pelos quais se acede ao poder. A perversidade da lógica de um sistema gerido desta forma, afasta qualquer viabilidade técnico-científica de intervenção, bloqueia o desenvolvimento, limita o crescimento e revela, não apenas as desadequações das referidas opções político-ideológicas mas, concorre para realizar a impossibilidade de um funcionamento socio-institucional eficaz e independente. Assim, permanecemos reféns de uma lógica que, se não é de classe, é de grupo e que arrasta para a falência toda a sociedade quando o seu exercício político encontra dificuldades... se assim não é, pelo menos, parece! - apesar de uma comum defesa de valores como "Democracia" e "Igualdade de Oportunidades" que, afinal, não encontram terreno fértil para medrar... Será?!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Alegria de Outono...

Ao sol destes dias do início de Novembro chama a tradição o "Verão de São Martinho" evocando-se hoje, dia 11, no calendário corrente, este patrono que, segundo reza a lenda, dividiu a capa com quem hoje seria designado por "pessoa sem-abrigo". O momento, ritual de transição para o aprovisionamento necessário ao tempo frio, celebra-se com a partilha do conhecido Magusto e com a prova do "vinho novo"... é sempre, de qualquer forma, um tempo que nos remete para o refúgio e que se caracteriza por um colorido de frutas doces, quentes e saborosas! Fruta para Todos deveria ser um dos lemas da Luta contra a Pobreza!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Uma questão complexa... e prioritária!


... é uma questão complexa que deixa perplexos os portugueses apesar da sua aparente invisibilidade - e digo "aparente" apenas porque a invisibilidade, no caso, se aplica só ao enunciar público do problema já que, no que respeita à sua consideração em termos de resultados, a respectiva complexidade é, pelo contrário, de uma evidência a que o termo "chocante" se adequa na perfeição. Comecemos pelo princípio: as Ciências Sociais e Humanas que, nos anos 60, em França, tiveram um desenvolvimento e uma visibilidade públicas de inegável dimensão, chegaram a Portugal nos anos 80 apesar de, ainda hoje, 30 anos depois, ser visível a negligência intelectual, científica e política a que são votadas no nosso país onde, a cada passo, se descobre que ninguém sabe para que servem - e que, perante tal ignorância não assumida, decidem que o melhor é delas desinvestir, deixando-as sucumbir à errónea percepção pública da sua inutilidade. Decorrente deste raciocínio provinciamente pragmático, foram formadas gerações de pessoas com qualificações superiores que hoje preenchem lugares sem ligação com as respectivas áreas de formação ou que se encontram em situação precária de desemprego ou sub-emprego. Dito isto, deixamos à reflexão de todos a apreciação do que acontece na sociedade portuguesa relativamente à articulação deste binómio que se requer, por definição, concertado: "qualificação/produtividade"... por fim, atendamos ao que me conduziu à redacção destas linhas: após o desinvestimento na formação académica vocacionada para o ensino e para a investigação socio-cultural, Portugal investiu, desmesuradamente!, de há décadas a esta parte, na formação de economistas e gestores!... Ora, a questão é: com tantos especialistas na matéria ou, pelo menos, com tantos quadros disponíveis que, no âmbito de um exercício institucional e organizacional estruturado e competente, poderiam aperfeiçoar os conhecimentos adquiridos, adaptando-os (e sublinho: adaptando-os!!!)ao mundo concreto do trabalho, como justificar a inoperância de resultados na economia portuguesa? ... não, a questão não é de somenos importância! ... porque o problema da dívida soberana e da estabilidade económico-financeira do país não se resolve com mais endividamento acrescido de elevadissimas taxas de juro ou com a sistémica engenharia financeira decorrente da criativa correlação orçamental entre receitas e despesas mas, isso sim, com a revitalização e o investimento no aparelho produtivo sem o qual nem exportações nem sustentabilidade endógena serão viabilizadas... e esta incontornável realidade tem, reconhecida e indiscutivelmente, uma relação próxima e directa com a questão da qualificação e dos recursos humanos que, em Portugal, tem que ser revista de forma radical ao nível dos critérios, dos conceitos e do projecto de futuro do país em termos de modelo de desenvolvimento pretendido e adequado, bem como, necessariamente, da definição estratégica das metodologias, mecanismos e procedimentos indispensáveis à sua operacionalização. Não, não se trata de "pura teoria" ou de argumentação abstracta; trata-se, pelo contrário, de não fugir à realidade e de não obliterar pressupostos e resultados... tudo o resto, sim!, isso é que é, de facto!, pura e gratuita demagogia.

Leituras Cruzadas...

Vão em jeito de "a seco" estas propostas de leituras que hoje aqui sugerimos, por mérito dos autores... na verdade, nem pensara em fazer esta noite umas Leituras Cruzadas; porém, alguns dos textos que aqui proponho são demasiado interessantes para aguardarem o merecido destaque... e, de facto!, vale a pena ler as seguintes publicações:
João Tunes no Água Lisa;
Rafael Fortes no Cinco Dias;
Filipe Tourais no O País do Burro;
Carlos Barbosa de Oliveira no Crónicas do Rochedo;
Sérgio de Almeida Correia no Delito de Opinião;
Miguel Abrantes no Câmara Corporativa;
João José Cardoso no Aventar;
MFerrer no Homem ao Mar;
Donatien Alphonse François no Donatien Alphonse François...
... até porque, assim, de um ou de outro modo, nos vamos revemos uns nos outros, caleidoscópio dos dias em ecos de diversos mas coerentes pensares e sentires...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Malgré Tout, Portugal é o país mais pobre da UE...

A persistente negação da realidade ou a sua politica e mediática minimização não anulam a verdade dos factos nem determinam necessariamente a representação dos outros sobre os fenómenos. Apesar da fixação que a classe jornalistica denota na tentativa de redução da dinâmica socio-política e económica à sua vertente discursiva - como se vivessemos no reino da sofística e do jogo argumentativo (ainda ontem, na RTP-2, a jornalista Márcia Rodrigues no programa Olhar o Mundo, tentava reduzir a análise política da política norte-americana feita por Teresa Botelho e José Gomes André a esta perspectiva) - a verdade que subjaz ao que ontem referimos (ler aqui) e que foi também, de certo modo, tema da edição de ontem do programa P'rós e Contras da RTP-1, encontra hoje eco no Financial Times (The Eurozone) que afirma, sem rodeios, que Portugal é o país mais pobre da União Europeia... para além da crise internacional e dos suspeitos interesses das agências de rating que estão a suscitar fortes reacções na banca portuguesa e apesar da expectativa de recuperação da confiança dos mercados que ainda ontem o mesmo Financial Times referia (ler aqui), a verdade é que a taxa de juros da dívida pública continua a persistir numa perigosa aproximação aos 7% que o próprio Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, identificou como o limite para a intervenção do FMI no nosso país. Se dúvidas houver sobre a imperiosa necessidade de alterar a estrutura organizacional e funcional do actual modelo de gestão nacional e da visão de país que todos (nomeadamente, PR, Governo e 2 principais partidos com representação parlamentar) têm defendido e protagonizado, não haverá forma de controlar o endividamento nacional que os negócios da China com Hu Jintao não chegaram para criar margem de confiança internacional. Para além do risco de dissolução da soberania nacional, está em causa a sobrevivência digna de milhares e milhares de portugueses. A coragem política para alterar o indispensável bem pode ir inspirar-se em bons exemplos que, na América do Sul, malgré tout, muito tem a ensinar...

Sarahuis e Palestinianos - A persistência de uma perseguição...




Depois da greve de fome de Aminatu Haidar, deixámos de ouvir falar no Povo Sarahui... contudo, a sua luta, a sua perseguição e a violência contra um povo que reivindica o direito à auto-determinação, continuam sem tréguas, ao ponto de ser hoje notícia o ataque violentissimo das forças militares marroquinas contra o campo de refugiados "Campo da Dignidade". Aminatu Haidar apelou, por isso, à intervenção do Governo português, enquanto membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, no sentido de serem respeitados os direitos do Povo Sarahuí e de se exigir o fim da sua continuada agressão. Entretanto, um pouco mais abaixo nesta geografia mediterrânica que mais nos une do que nos afasta, Israel retomou as provocações contra o Povo Palestiniano, autorizando a construção de mais 1300 casas no território de Jerusalém Oriental e ostentando um total desprezo pelas negociações para um processo de paz, relativamente ao qual o seu empenho é de cada vez mais difícil credibilidade - apesar de toda a sua demagógica propaganda dirigida à comunidade internacional. O poder financeiro, económico e militar continua a insistir na exibição da sua força à revelia de toda a razão, de toda a justiça, de toda a ética e de toda a diplomacia... até quando?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Pobreza, Justeza e Honra num Estado Democrático de Direito...



No Ano Europeu de Combate à Pobreza regista-se quer um aumento drástico do fenómeno, quer um crescimento do risco de desinvestimento nesta área efectivamente prioritária da intervenção cívica, social e política. A sociedade portuguesa precisa por esta razão, com urgência, de emitir sinais claros do seu sentido de responsabilidade social porque, para além da dívida soberana, do deficit, das contas públicas, das finanças, da economia e da crise, o Estado são as Pessoas. Compreende-se por isso a preocupação parlamentar (ler AQUI) e de sectores ligados ao desempenho de uma efectiva solidariedade social que faz jus à real defesa dos Direitos Humanos. É o caso das IPSS's, laicas ou de origem religiosa e das próprias Religiões que, no âmbito dos seus espaços, das suas competências e das suas áreas de influência, desenvolvem um trabalho real e meritório no apoio a cidadãos carenciados. Interessante e digno de nota, para esclarecer os espíritos desconfiadamente obscurecidos pelos preconceitos, é o facto das próprias instituições procederem de forma laica sem qualquer exigência ou pedido de fidelização religiosa aos que recorrem aos seus inestimáveis serviços. Vivemos, de facto, numa sociedade e num Estado que é e deve, inquestionavelmente, manter uma filosofia política de gestão objectiva e inequivocamente laica mas, a verdade é que os cidadãos, a sobrevivência e a dignidade da existência são, incontornavelmente, o primeiro valor do Estado Democrático de Direito. Por isso, é natural que as instituições sociais manifestem grandes e justas preocupações com o cenário económico-social contemporâneo (ler Aqui), uma vez que, apesar de leigos, cristãos, católicos, muçulmanos, budistas, hindus e outros, organizados de formas várias, vão tentando debelar os efeitos do mais grave fenómeno social contemporâneo (ler Aqui, Aqui, Aqui, Aqui, Aqui, Aqui, Aqui e Aqui, entre muitos outros) sem que essa luta tenha quer o sucesso, quer o reconhecimento necessário e indispensável à visibilidade e continuidade do seu trabalho - que, lembremo-lo!, é um dever que cabe a todos e que deveria ser obrigatório, designadamente para os que, do aparelho governativo ao sector empresarial e, muito particulamente, ao sector bancário, são detentores dos meios financeiros capazes de assegurar um investimento concreto neste combate social de primeira necessidade!... Lutar Contra a Pobreza, de forma responsável e sutentada é o mínimo que podemos exigir à sociedade e à política no século XXI, um tempo em que presumimos ter interiorizado, nas Sociedades Democráticas e nos Estados de Direito, a plena e indefectível defesa dos Direitos Humanos.

domingo, 7 de novembro de 2010

Um País, Um Povo, Um Presidente!



Dia 24 de Novembro, as duas principais centrais sindicais, CGTP e UGT, estarão, juntas, na organização da Greve Geral que marcará a grande reacção colectiva dos cidadãos e dos trabalhadores portugueses. Hoje, no encerramento da IX Congresso da Corrente Sindical Socialista da CGTP, Manuel Alegre afirmou o seu apoio inequívoco à manifestação cívica pela defesa dos direitos dos trabalhadores e do direito ao trabalho de todos os cidadãos:
"A minha posição é muito clara, eu sempre defendi o direito à greve e considero muito importante esta greve geral, não apenas como manifestação da liberdade de expressão e do direito de protesto, mas como alerta à sociedade e como um fator capaz de criar uma dinâmica nova, social, que abra o caminho à mudança e que abra o caminho à procura de novas soluções e de alternativas sociais". Depois de alertar os portugueses e os políticos para o risco de perda de soberania nacional que a crise financeira e a situação económica estão a determinar e de intitular os procedimentos internacionais do FMI como próprios dessa conhecida ave de rapina que é o abutre, fica clara a resposta do candidato à Presidência da República sobre a dinâmica social portuguesa e a sua interpretação do rumo económico que alguns programas político-ideológicos visam incentivar e desenvolver em Portugal... para esclarecimento dos insidiosos desconfiados e cínicos do costume. (Ler Aqui e Aqui).