terça-feira, 31 de maio de 2011

Leituras Cruzadas...

Apesar do que ocorre a muitos dos que, desinteressada e honestamente, observam criticamente os tempos que correm, sem reconhecerem objectividade, justeza e adequação às necessidades sociais, nos argumentos, nas estratégias e nas medidas disponibilizadas pelos programas partidários (leia-se o texto de Fernando Cardoso no Ayyapa Express) , nomeadamente num contexto em que a própria "ajuda externa" tem vindo a denotar resultados insatisfatórios e em que, no plano nacional, os aparelhos partidários não garantem (pelo menos, na maior parte dos casos!), o recurso a critérios que garantam a qualidade e o mérito requeridos aos potenciais representantes dos cidadãos   (leiam-se os textos de JM Correia Pinto no Politeia), o facto é que temos eleições no próximo dia 5 de Junho e que do resultado eleitoral desse dia dependerá o futuro próximo dos portugueses... ora, se é correcta a alegação de que o próximo programa de Governo está configurado pelo estabelecido no Memorandum que os 3 maiores partidos assinaram com as instâncias financeiras internacionais, a verdade é que, nas eleições do próximo domingo, o que está em causa é a escolha dos métodos a adoptar para executar o acordo entre Portugal e a chamada troika, quer seja no que se refere ao cumprimento do agendado pagamento da dívida externa, quer no que respeita à forma como irão ser orientadas as políticas para o incentivo à economia  (leia-se o texto de Ana Gomes no Causa Nossa, a citação de Vital Moreira por Miguel Abrantes no Câmara Corporativa) ... e, acreditem!, há diferenças nos modos de execução dessas rigorosas linhas orientadoras da gestão política que, podendo até não ser muito evidentes à partida, farão toda a diferença no Portugal do futuro... Falamos da Escola Pública, da sua qualidade e equitatividade social, da qualidade e extensão do Serviço Nacional de Saúde, da garantia pública da não privatização da Caixa Geral de Depósitos, da defesa da Segurança Social para Todos e da preocupação com os direitos fundamentais dos cidadãos... mas, falamos também do tipo de políticas de emprego a seguir que podem -ou não- acentuar mais e mais gravemente a já preocupante "flexibilidade", ao ponto de institucionalizar a precariedade como o mecanismo mais moderno do mercado laboral, tornando cada vez mais invisível a dimensão do crescimento do desemprego, aumentando os preços dos serviços de apoio social a crianças e idosos em particular no sector público, como incentivo a uma maior aposta no privado, etc., etc., etc... Deixo à consideração do leitor a panóplia de medidas criativas que as entidades patronais não vinculadas à Concertação Social vão requerer, adoptar e reivindicar e os argumentos precários que o neoliberalismo vai invocar para os legitimar... Acontece que o preço da opção do próximo domingo é, ele próprio, um preço precário, bem ilustrado na difícil "descolagem" das intenções de voto entre os dois partidos que, em regimes democráticos representativos como o nosso, tendem a disputar a vitória e a viabilizar alianças que podem caracterizar ideologicamente eventuais maiorias parlamentares (veja-se a recente publicação de Weber no Mainstreet)... Numa Europa e num país onde assistimos a tomadas públicas de decisões que comprometem e envergonham os mais elementares princípios da ética democrática e humanista (leiam-se os textos de MFerrer no Homem ao Mar, de Filipe Castro no Esquerda Republicana e de F. no Jugular -onde também vale a pena ler o texto de Rui Herbon), penso que não podemos ficar descansados nem sobre o presente, nem sobre o futuro, deixando-os ao "acaso" - a que me sentiria condescender, se preferisse não participar no acto cívico que se aproxima!... E é por isso que vou votar!... para não me ficar na consciência o peso do pior!    

Por favor, não matem o Alentejo ou, parafraseando alguém: "É a Cultura, Estúpido!"


Desculpem o título que mais não pretende do que, de facto!, chamar com veemência a atenção de todos nós... porque hoje, ao ler a notícia de Carlos Júlio no A Cinco Tons, senti tomado de assalto o sentir e um grito de alarme, incontido, soltou-se-me, em directo, para estas palavras que a consciência da História e o respeito pelo Património da Humanidade ditam, como caixa de ressonância de um reconhecimento que, há muito, me tocou e se instalou, definitivo, no lugar privilegiado dos afectos pelo saber que nos faz Ser e que, para não me perder em explicações maiores, se chama, em primeira e última análise: CULTURA!... Leia-se o texto para que, acima, faço link e perceba-se melhor aquilo a que me refiro e que, aqui, sintetizarei assim: ao Património não basta a identificação e a sinalização! O Património requer e exige Preservação!... Ora, a Preservação do Património decorre, antes de mais, de um direito identitário que é, indiscutivelmente, um dever inalienável das gerações, em relação ao pleno e justo exercício da sua cidadania... porque o grau de maturidade cultural e democrática de um povo manifesta-se na sua competência de reconhecimento do legado de que o nosso presente é testemunho vivo!... é por isso que hoje, felizmente, valorizamos e percebemos o que significa a expressão: Património da Humanidade... e atentar ou deixar que se atente contra esse Património é, também, mais ou menos (in)conscientemente, atentar contra a História da Construção da Humanidade de que somos parte integrante!

(Nota: Deixo aos leitores a sugestão de leitura de um livro magnífico de Vitor Oliveira Jorge A Irrequietude das Pedras, publicado pelas edições Afrontamento em 2003 - e, se me permitem a imodéstia, a recensão crítica que dele fiz na Revista Património da Faculdade de Letras - Ciências e Técnicas do Património da Universidade do Porto, no volume III, editado em 2004).    

domingo, 29 de maio de 2011

Governar em Cima do Joelho ou... Afinal, em que ficamos?

A oito dias das eleições legislativas, Passos Coelho anuncia que quer governar apenas com 10 Ministros; avisado e incapaz de resistir à tentação comentadora, Cavaco Silva dá nota de que tal medida é demagógica e não merece o seu apoio... vai daí, Passos Coelho recua e, para não esbarrar na redução ao papel de quem não mede a dimensão do que diz, enfeita o discurso com uma espécie de complemento directo mal aplicado e diz que, afinal!, se não tiver maioria, gostaria de governar com mais do que 10 Ministros?! ... Desculpem lá... sou eu que estou a ver mal ou isto é, no mínimo!, um bocadito ridículo e notoriamente o sinal de uma insustentável irresponsabilidade política - para quem se avoca o direito de reivindicar a governação de um país, cuja situação é tão delicada e requer tanta firmeza como sensatez e consciência?... não contente com isto, o líder do PSD veio desdizer o conteúdo da grande intervenção de Manuela Ferreira Leite (por si convidada para intervir a título de credibilização!) num dos seus maiores comícios... sim, porque apesar de Passos Coelho ter vindo dizer (com um sorriso amarelo que faz nascer o medo entre muitos cidadãos que não querem uma sociedade onde a democracia é perspectivada de forma popularmente "justiceira") que as eleições são para "castigar" o Governo mas que não pretendem (segundo diz!) ser uma "vingança", a ex-líder Ferreira Leite gritou, alto e bom som!, que o seu propósito e consequentemente o propósito do PSD nestas eleições é "afastar" José Sócrates (triste desígnio de um trabalho político sério que pretende hipotecar o interesse nacional a uma "embirração" quase pessoal)... se é justa a pergunta: afinal em que ficamos?, mais grave é a clara percepção que, de tudo isto, se retira: a oito dias das eleições, tudo (dos princípios às medidas) está por pensar nesse partido que tanto anseia pelo poder... faz pensar que a sabedoria popular, por ali, se resume ao tipo de decisões que o povo caracteriza como "tudo feito em cima do joelho"!!!

Sonoridades... intemporais...

De Giacomo Puccini, o eterno:

"O Mio Bambino Caro" na voz inigualável de Montserrat Caballé, no concerto de 1990 em Munique.
E do extraordinário "Elixir de Amor" de Donizetti, o tema "Una Furtiva Lagrima" cantado por esse monumento que é a voz imortal de Luciano Pavarotti:

... porque hoje acordei assim...

O povo é quem mais ordena...

... independentemente da manipulação a que pensam poder sujeitar a opinião pública. A tracking pool (sistema de sondagens diárias cumulativas que tem vindo a ser utilizado pela comunicação social em relação às próximas eleições) denota uma persistência inequívoca e interessante que deixa tudo em aberto, relativamente ao resultado de dia 5: a colagem de resultados previstos para os 2 maiores partidos portugueses, PS e PSD (ver aqui). O facto é particularmente interessante não só por denotar que a oposição ao PS não conseguiu, até ao momento, vencer a confiança que apesar de tudo o eleitorado deposita no Governo de José Sócrates. Um estudo atento dos acontecimentos que rodearam a governação ao longo dos últimos seis anos e a gravidade da actual situação económico-financeira do país, demonstra que os portugueses acreditam que o governo fez o melhor que lhe foi possível e que nenhum outro partido garante à sociedade portuguesa melhor actuação do que a foi experimentada pelos cidadãos. E se esta convicção decorre, por um lado, dos bons resultados no combate ao défice que Portugal alcançou nos primeiros anos de gestão política de José Sócrates contra "ventos e correntes" (designadamente evidenciados na série de "casos" não provados de que o Primeiro-Ministro foi vítima), por outro lado, a posição do Governo em rejeitar recorrer à ajuda externa até o PSD o ter forçado a tal, constituem o argumentário da confiança que, apesar de todas as críticas, continua a dar ao PS os resultados que as sondagens reflectem... o que se torna ainda mais interessante quando se assiste a uma constante indução de juízos negativos na apresentação das reportagens de campanha por parte de alguns jornalistas, muitos dos quais até há pouco relativamente insuspeitos de parcialidade!... Afinal de contas, a realidade é o que é e não o que cada um retira do seio dos seus anseios corporativos ou egocêntricos... por isso, seja qual for o resultado destas eleições, a verdade é que, felizmente!, em democracia, para o bem e para o mal, o povo é quem mais ordena!
(Nota: a fotografia inicial com que este post estava ilustrado foi substituída por ter sido inserida fora de contexto!)

sábado, 28 de maio de 2011

Soluções Económicas para uma Crise que não é Fatal...

Acabei de chegar e ao ligar a televisão, encontrei no "Expresso da Meia-Noite" da SIC-N um painel de comentadores, economistas e gestores menos conhecidos do grande público mas que, de facto!, vale muito a pena ouvir. Destaco a excelência da intervenção de Alberto da Ponte, CEO da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, cujo nível analítico não é comum encontrar no nosso país... e há razões muito claras que justificam este destaque: é que, ao contrário do que estamos habituados a ouvir, a mensagem é a da viabilidade económica do país, a oportunidade de se aproveitar o actual quadro económico-financeiro disponibilizado pelo acordo materializado no Memorandum -dito da troika mas que, é, afinal!, como bem disse Alberto da Ponte, de Portugal- negociado "o melhor que pode" pelo Governo e assinado pelos 3 partidos que dele se não podem desvincular. Num raciocínio consistente, Alberto da Ponte afirmou o aumento das exportações e a necessidade de definição de uma estratégia de intervenção nos mercados externos, como condições necessárias ao crescimento e à competitividade prevista no próprio Memorandum... e deu exemplos muitos concretos que obtiveram a concordância dos restantes interlocutores (o Presidente da Sociedade Vila Galé deu o exemplo de como o sector turístico optou por investir em produtos como o vinho, o azeite e agora, a fruta a desenvolver no Alentejo, denotando a natureza viável da nossa competitividade) de que vale a pena destacar o investimento na agricultura e na estratégia de consumo interno de produtos com forte incorporação de matéria nacional... sim, a crise tem solução e é preciso ouvir quem conhece os mercados e quem tem ideias que podem ser soluções... A desesperança e o discurso deprimente e deprimido são o nosso pior inimigo... como bem disse Alberto da Ponte, do que se trata é de cumprirmos os compromissos acordados no Memorandum, cujo incumprimento, disse, com consciência!, nos condenará a 20 ou 30 anos de pobreza. Perante isto, ou deixamos "cair os braços" e aguardamos o cenário da pobreza de médio e longo prazo previsíveis... ou erguemos os braços e... vamos à luta!... é difícil? É!... mas, como diz a sabedoria popular: "nada se faz sem trabalho" e ninguém nos educou na convicção de que a vida é fácil!   

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Leituras Cruzadas...

Nos tempos que correm, exemplos há que nos recordam o facto de, ainda!, termos nas mãos o mapa onde podemos traçar e escolher o caminho mais curto para o futuro (leiam-se os textos de Raimundo Narciso no PuxaPalavra)... apesar de tudo e do quão profundamente se reflecte no mais insuspeito quotidiano (leia-se o texto de Fernando Moreira de Sá no Albergue Espanhol) a violência de uma sociedade que já não pode ocultar as disfuncionalidades graves dos comportamentos, dos valores e das realidades individuais, familiares e de uma diversidade coexistente de grupos sociais, onde vemos, como num espelho!, o retrato do que andamos, afinal!, a construir... E é aí, nesse lugar a que acedemos "do outro lado do espelho" (qual Alice que no absurdo descobre maravilhas) que nasce o nosso direito e se funda a nossa razão em reivindicar mais e melhor, a quem tem acesso privilegiado aos tempos de antena para efeitos de uma campanha eleitoral (vejam-se e leiam-se as publicações de Carta a Garcia no A Carta a Garcia, de Miguel Abrantes e de João Magalhães no Câmara Corporativa e de Ariel no Cirandando) que precisamos mais ambiciosa, séria e credível para que sejam evitáveis mais previsíveis danos (leia-se o texto de Vital Moreira no Causa Nossa)... porque a realidade não é (sabemo-lo desde sempre, dos magos aos pré-socráticos ou à sabedoria popular), de facto!, o que parece (leiam-se os textos de JM Correia Pinto no Politeia e de Pedro Melo Biscaia no Socialismo-Cultura)!...  porém, para que nos não esgotemos neste desfiar de constatações, vale a pena manter a alma viva e o olhar desperto, para o que ainda se vai fazendo e preservando no país que também somos - esse sim, o que não queremos, de modo algum!, perder ou ver perdido (leia-se o texto publicado por Camões no Poet'Anarquista e veja-se o documento editado por Folha Seca no Folha Seca). 

terça-feira, 24 de maio de 2011

E ao Terceiro Dia...


... no exacto dia em que a notícia de novos prováveis pedidos de ajuda externa por parte da Espanha e, eventualmente, da Itália e da Bélgica, eis que é divulgada em Portugal a sondagem do empate perfeito! ... a ver Aqui e Aqui!... certo é que, aos que duvidavam e lançavam suspeições sobre a real dimensão da crise e, consequentemente, dos seus efeitos na já de si frágil economia nacional, os mercados, impiedosos e implacáveis, continuam a dar respostas que não podem, de forma alguma, ser ignorados! Por isso, ao invés de arriscarmos o pior e de negligenciarmos o ditado popular que diz: "quem anda à chuva, molha-se", mais vale reflectir e agir... em defesa do que consideramos prioritário no quadro daquilo que é, efectivamente, viável!

As Flores e os Homens...

Caminho devagar sob o perfume de antigas e frondosas tílias em flor e enquanto me aproximo do chão coberto pela flor do jacarandá, o horizonte oferece-me ao olhar o viçoso brilho de magníficos alandros cor-de-rosa! É então que a alma não resiste ao sorriso e se percebe que a vida é muito mais do que a vã ilusão dos homens... ficam assim remetidas para o esquecimento as palavras inúteis com que se tentam magoar os seres, na ânsia doentia de criar suspeições e medos - desvarios de quem não tem outro recurso para além da gratuita raiva que mais não faz do que bloquear caminhos reais de lucidez que, contra a humana arrogância e cobardia, a natureza insiste em nos não deixar fechar...

Ao Segundo Dia...



... nada ou pouco mais que uma repetição, distraída e empolgada pelo grau de mobilização que cada máquina partidária consegue... é pouco! É pouco para os tempos que correm, difíceis!, e em que todos reconhecemos o grau de interdependências de que não podemos alhear-nos: europeias e internacionais, económicas e políticas, internas e externas... Contudo, ninguém as evoca, ninguém as explica, interpreta ou apresenta formas próprias de as pensar e, menos ainda, de as enfrentar no futuro próximo... nem às interdependências, nem aos investimentos internos de que carecemos para, enfim!, começarmos a vislumbrar a criação de condições que nos permitirão a autonomia razoável e suficiente para sobrevivermos como país, sem condenarmos definitivamente ao empobrecimento as populações e as próximas gerações. Num tempo em que, do Magrebe à vizinha Espanha, os jovens se sentam pacificamente no espaço público em sinal de protesto e reivindicação de mudanças estruturais e em que a direita ganha terreno numa Europa cujos desafios actuais não encontram respostas de esquerda capazes de mobilizar o eleitorado, reduzir a campanha ao adversário mais próximo é empobrecer a margem de conquista de cidadãos que insistem em acreditar que a mudança é possível... e se há princípios éticos e políticos que ainda podemos reconhecer em parte dos discursos que PS, PCP e BE, seria fundamental explicitá-los e desenvolver o que deles supomos ser possível extrair para, efectiva e operativamente, melhorarmos a vida das pessoas e consolidarmos a economia!... para que o desalento não vença e a esperança não fuja...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

No Primeiro Dia de Campanha...




... faltou a todos a mensagem que os eleitores precisam de ouvir para que, no dia 5, se possa votar com convicção: o que vamos fazer para que sejam relançadas as condições indispensáveis ao crescimento económico e, consequentemente, ao desenvolvimento? Porque, sem ser a contra-argumentação dirigida aos adversários, não ouvi nenhum (a não ser Paulo Portas evocando o ressurgimento da agricultura mas, sem que dissesse como pensa investir neste sector no contexto das limitações europeias da PAC), falar na recuperação do aparelho produtivo, seja pela revitalização do que enfrenta situações de fragilidade, seja pela introdução do que possa ser inovador... apesar de, para além do combate à dívida e ao endividamento e do cumprimento rigoroso do estabelecido no quadro do acordo firmado com a troika, o país carecer, inadiavelmente, de um plano para a recuperação e a consolidação de uma sustentabilidade possível! E é este o horizonte de que não falam PCP ou BE e menos ainda o PSD, limitando-se todos a criticar a actuação da governação liderada por José Sócrates... sem, contudo, trazerem nada de novo! Esta é a verdade... tudo o mais se resume à exposição de meras estratégias de galvanização de sentimentos de revolta que os próprios, dado o teor dos discursos que apresentam, tornam gratuita... Registe-se aliás o tom maior em que Passos Coelho critica o Governo, sem uma palavra sobre o acordo com as instâncias internacionais sobre o qual nada tem a dizer porque o subscreveu e não sabe fazer melhor e a grande fragilidade do PCP e do BE que perderam muita da sua credibilidade ao não aceitarem dialogar frontalmente com os representantes das entidades que vieram a Portugal recolher pareceres que, de uma ou de outra forma, era importante registar! Porque a luta era ter ido lá, à mesa das conversações (e reparem que não escrevo "negociações") para deixar um testemunho afirmativo dessas alternativas que dizem possíveis mas cuja explicação se esgota nessa afirmação... Enfim... no contexto de uma União Europeia onde a direita prolifera no dominio da gestão política, muito haveria a dizer... e a fazer! Veremos do que somos capazes!... eles, os representantes partidários e nós, os eleitores do próximo dia 5 de Junho!

domingo, 22 de maio de 2011

Contra a Fome... Marchar, Marchar!


A fome é um flagelo mundial que a política não tem assumido como prioridade efectiva (apesar de, felizmente, se registarem excepções, como a do programa "Fome Zero" levada a cabo pelo ex-Presidente do Brasil, Lula da Silva)... mas, porque quem tem fome não pode esperar pelos efeitos -sempre lentos!- do combate político, particularmente em contextos de onde a democracia está afastada e em que as ditaduras são o rosto real do poder, é preciso encontrar formas alternativas de apoio aos nossos concidadãos que, por demasiados espaços do planeta e simultaneamente, morrem e assistem à morte dos seus iguais, todos os dias. Por isso, é digna de registo a Marcha Contra a Fome que, hoje, teve lugar em Lisboa e no Porto e onde por 5 euros se angariaram receitas capazes de ajudar o Programa Alimentar das Nações Unidas e que, este ano, também contribuem para a Caritas Portuguesa, cuja ajuda nacional aos mais carenciados é, inequivocamente, importantissima. A Marcha Contra a Fome de hoje poderia e deveria ter marcado a agenda política desta campanha, pelo menos no dia de hoje... e assim teria acontecido se a honestidade do olhar sobre o mundo, o nosso país e a revitalização económica caracterizasse, de facto, as preocupações dos candidatos... mas, não! Não é isso que acontece!... por isso, o drama dos mais pobres e dos que vivem no limiar da pobreza, nas ditaduras dos países mais pobres e por cá, nos países "mais desenvolvidos", fica nas mãos da sociedade civil! Pode, por isso, perguntar-se: é positivo que a sociedade civil assuma esta responsabilidade social? É... sem dúvida que sim... mas, é pouco!

sábado, 21 de maio de 2011

Alandroal - Descentralização da Cultura


... foi ontem, no âmbito da divulgação do projecto de requalificação urbana do Castelo de Alandroal, que, num cenário valorizador do património arquitectónico, assisti a um acontecimento cultural notável, testemunho inequívoco de que a qualidade cultural pode ocorrer no interior do país silenciado e invisível que somos... à excelência multidimensional do momento, Mário Laginha chamou "milagre"... Preencheram a noite, num espaço público confortável protegido da brisa pelas muralhas que aconchegavam o som e lhe conferiam uma acústica nítida e envolvente, o piano encantatório de Mário Laginha e os Aduf - dois expoentes de primeira qualidade da melhor música produzida, contemporaneamente, em Portugal. Está de parabéns o Alentejo profundo, a Câmara de Alandroal e uma população que encheu o espaço preparado para o efeito e se deixou envolver até ao limite, pela beleza e a contagiante bondade que irradiou, mágica, de um concerto inexcedível.
A título de ilustração, ficam aqui, partilhados, dois dos temas que lá se tocaram e encantaram: "A Quantas Ando" dos Aduf e "Fado" de Mário Laginha.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A Praça Tahir é em Madrid?


Há 6 dias que os jovens ocuparam pacificamente o espaço público em Madrid e aí permanecem, em protesto pela forma de gestão política da sociedade contemporânea. Emprego e Cidadania estão na ordem do dia! Em toda a Europa... primeiro no Magreb, depois em Portugal e agora em Espanha, a exigência cívica da mudança não pode ser ignorada, nem sequer negligenciada... As reformas económico-financeiras e laborais são uma urgência... e, mais cedo ou mais tarde, vão ter que acontecer.

O Debate Louçã-Portas...

Foi um bom debate. Esclarecedor, serviu para colocar em confronto duas formas distintas de pensar o país e alguns dos problemas com que se confronta a sociedade portuguesa. Não arrastou eleitores de um para o outro partido mas, pode ter ajudado a esclarecer o sentido de votos de uns quantos... provavelmente, de potenciais eleitores do PSD para o CDS de Paulo Portas.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ciência e Eternidade no Feminino... segundo Frida Kahlo!

"Pinto-me a mim própria porque sou sózinha e porque sou o assunto que conheço melhor"


(Frida Kahlo)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Do Debate entre Francisco Louçã e Passos Coelho a uma "Picardia" Esclarecedora

Não vi o debate... tentarei ver!... mas, registo as opiniões que me deixam curiosa... e contente, confesso! Pela diversidade de perfis dos comentadores e para perceber porquê, vale a pena ler sobre o debate:
Francisco Clamote no Terra dos Espantos
Valupi no Aspirina B
Pedro Correia no Delito de Opinião
... para se perceber como algumas "picardias" são interessantes e úteis, sugiro:
Ricardo Vasconcelos no Activismo de Sofá.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Jogo de Soma Zero ou... o eterno recomeço?



O "resgate" europeu a Portugal foi hoje aprovado... depois de vencidas as resistências que, primeiro a Finlândia e depois o Reino Unido, tentaram colocar à solidariedade entre Estados-membros da UE, o apoio financeiro negociado no âmbito do acordo com a chamada troika, está, a partir de agora, desbloqueado... e para quem, como eu e a minha geração, cresceu a ouvir falar de crise, para quem a crise tem sido uma realidade repetida regularmente ao longo das décadas e para quem o facto não é surpreendente mas faz, isso sim, parte de uma dinâmica socio-económica e política do país que não escolhemos e que, sempre!, intelectual e activamente, criticámos por a não considerarmos adequada às necessidades objectivas dos cidadãos mas, com a qual nos deparámos sempre enquanto escolha dos protagonistas do poder desde finais dos anos 70 do século XX, o momento não é novo. Por isso, como já aprendemos, sem prejuízo para a consciência crítica que nos mantém vivos e activos, capazes de participar e agir, as crises, apesar do seu preço, vivem-se e ultrapassam-se... E, como um Jogo de Soma Zero, reconduzem-nos a um ponto de partida que significa sempre um recomeço... Contudo, como sempre e porque a Esperança é sempre o olhar com que encaramos o Futuro, certos de que, de uma ou de outra forma, a nossa perspectiva é sempre um contributo para a construção do que há-de vir, sabemos que o Recomeço é sempre uma oportunidade... e sabemos que uma oportunidade face a um jogo que também pode ser de Soma Zero, é sempre uma hipótese de aperfeiçoamento, de construção de consistência e de consolidação - isto é, um ponto de partida para trajectos que, se por um lado, devem aprender com os erros do passado e discernir caminhos que se não esgotem no minimalismo dos pagamentos da dívida pública, por outro lado, devem apostar em incentivos reais ao crescimento e o desenvolvimento. Por isso, esperemos que o bom uso do "resgate" que está a chegar sirva, não só para estancar a lógica reprodutora do endividamento mas que seja canalizado para o investimento na melhoria da capacidade de produção, contribuindo, no médio prazo, para o aumento da diversidade e da quantidade de postos de trabalho para, finalmente!, se começar a combater, de forma sustentada, o desemprego.

domingo, 15 de maio de 2011

Leituras Cruzadas...

A três semanas das eleições legislativas, a campanha eleitoral mantém-se suspensa de programas partidários que, no que a possibilidades de vencer diz respeito, cumprem o essencial do definido no acordo com a troika, salvaguardando o que, nas negociações, foi possível salvaguardar ou, mais que isso, radicalizam medidas e somam dificuldades ao drama que a maioria das pessoas vai sentir no futuro próximo... não havia necessidade - diria o comediante em voz de falsete... Pois não!... mas, a verdade é que, à falta de saber fazer melhor e no esforço de não perder potenciais apoios que, apesar de tudo, não reflectem o sentir da maioria, o PSD continua a "desencantar" surpresas que não conseguem despertar o entusiasmo, o regozijo ou sequer o reconhecimento de interesse por parte de quem quer que seja (leiam-se os textos de JMCorreia Pinto no Politeia, de Raimundo Narciso no PuxaPalavra, de Eduardo Pitta no Da Literatura, de João Magalhães no Câmara Corporativa onde Miguel Abrantes regista uma citação que merece destaque e de Vital Moreira no Causa Nossa). De facto, o actual "estado da arte" reflecte uma elevada anomia não só na relação que os cidadãos em geral manifestam em relação às lógicas partidárias mas, no seio dos próprios partidos - lógica essa que tende a reforçar o desinteresse e a desconfiança pública da massa eleitoral, desmobilizando o voto de expressão empenhada na democracia participativa (vale a pena ler os textos de Porfírio Silva no Máquina Speculatrix, de Losorio no Albergue Espanhol e de Nuno Teles no Ladrões de Bicicletas onde também é de registar a observação e citação de João Rodrigues). ... Quanto à Justiça que por cá temos e, sem pretender generalizar juízos sobre a arbitrária e absoluta inconsistência em que assentam algumas das decisões de uma magistratura que se crê inimputável, vale a pena ler o texto de Carlos Barbosa de Oliveira no Crónicas do Rochedo... Perante a complexidade destas realidades tão redutoras (mas, tão significantes do que somos capazes de fazer do que somos e do que temos!), é bom que não esqueçamos outras realidades, ainda mais complexas mas, de qualquer modo, interactivas, como a do contexto geo-político em que nos encontramos (leia-se o texto de Pedro Viana no Vias de Facto).

sábado, 14 de maio de 2011

Sons com Sentido...

Panorama Eleitoral...



Não vale a pena comentar?... Talvez valha!... Fica ao critério de quem lê... eu respondo, no domingo!

Mentalidade e (In)Justiça...



Enquanto a mentalidade cultural continuar assim (ler Aqui) não há política que valha à Justiça... Inqualificável, a decisão de um juiz exibe, perante o mundo, uma interpretação da violência sexual que, em pleno século XXI, é inadmissível em democracia... felizmente existe quem, como o Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, chama os "bois pelos nomes" (ler o destaque Aqui).

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Lorca! Solidariedade e Consciência...




Aqui ao lado, na Comunidad de Murcia da vizinha Espanha, há dois dias, a cidade de Lorca foi palco de um tremor de terra devastador que atingiu 5.1 na escala de Richter (ler Aqui). Hoje, em Lorca, o dia foi mais triste do que o medo - como só podem ser os dias em que se partilha o sentimento comum de uma tragédia, materializada no funeral das 9 vítimas mortais. Entretanto, a cidade semi-demolida, a lembrar cenários de guerra!, tem cerca de 10.000 desalojados e, apesar do empenhamento político, os acampamentos em que se refugiam os cidadãos que ficaram sem casa, são a imagem de uma marca que os habitantes de Lorca não irão esquecer. Além da solidariedade, fica em todos nós, portugueses e espanhóis, aceso o alerta para as condições de construção e para os imprevistos que o tempo, a natureza e as condições diversas que determinam as singularidades catastróficas, podem significar para as populações... porque tudo o que se fizer em nome da prevenção, por muito pouco rentável que possa parecer, não é demais... porque, a vida humana vale sempre a pena... se, como disse o Poeta, "(...) a alma não é pequena (...)"!

Eurodeputados Unidos... (2) - Agradecimento sobre um Post Quase Desaparecido...

Esteve aqui o post referido na publicação anterior como "desaparecido" e intitulado "Eurodeputados Unidos Contra a Crise e Pelo Desenvolvimento", que, felizmente!, o Miguel Abrantes do Câmara Corporativa me ajudou a recuperar e a quem, sinceramente!, agradeço! Entretanto, o post original reapareceu no lugar certo e ficou, portanto, repetido! Por isso, eliminei este texto, sem no entanto, eliminar o post, para preservar o justo e devido agradecimento ao Miguel.

Pedimos Desculpa por esta Interrupção...



Lembram-se?... sim, de facto, este título, reproduz a frase que todos conheciamos, há décadas atrás, quando as emissões da TV sofriam interrupções... e foi esta a frase que me ocorreu ontem, pelas 21horas, ao perceber que o Blogger estava com problemas! Felizmente, hoje, já ao fim da tarde, foi com grata surpresa que descobri que o problema fora resolvido! Este imprevisto afectou muitos bloggers e levou-nos alguns dos post's publicados... no caso do "A Nossa Candeia", foi, apenas!, o último!... O meu pedido de desculpa aos leitores por esta interrupção e por este "desaparecimento". Tentarei recuperar o post e reinseri-lo até porque o seu conteúdo era, na minha opinião, naturalmente!, interessante e relembro aqui o seu título: "Eurodeputados Unidos Contra a Crise e Pelo Desenvolvimento?"...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Eurodeputados Unidos Contra a Crise e Pelo Desenvolvimento?

A crise alimentar esteve em debate entre os deputados portugueses no Parlamento Europeu (um por cada partido com representação parlamentar), no programa "Eurodeputados", a cuja transmissão assisti, ontem, na RTP 2... a emissão, repetida, passou já tarde, noite dentro e, ao meu olhar de cidadã, os seus 60m foram um momento único na política portuguesa: um deputado do PS, uma deputada do PSD, um deputado do CDS, um deputado do PCP e uma deputada do BE analisaram a União Europeia enquanto importadora alimentar e, face à crise em que se encontram as economias nacionais ("a braços" com as designadas "dívidas soberanas"), no que se refere ao caso português, foi consensual a ideia de que a UE tem que proceder a uma revisão estrutural da Política Agrícola Comum (PAC), direccionando-a, antes de mais, para a diminuição das importações alimentares. Para o efeito, cada eurodeputado apresentou razões que, inequivocamente!, se completavam e se reforçavam na exposição de algumas das ideias que consideraram essenciais a essa reforma. As intervenções, cooperantes, objectivas e sustentadas por todos, podem resumir-se da seguinte forma: para diminuir as importações alimentares é fundamental produzir nacionalmente. O incremento da produção nacional e a revitalização do sector primário, a saber, a agricultura, a par do desenvolvimento de uma rede de distribuição eficaz e sustentada, é o principal instrumento de promoção efectiva do desenvolvimento rural, motor da dinamização da demografia do interior. Destas intervenções, destaco a qualidade da perspectiva apresentada por João Ferreira do PCP, que, aceite por todos os colegas por corresponder e ilustrar perfeitamente um objectivo comum, bem poderia servir de eixo estrutural ao argumentário português, no combate que tem que se fortalecer na esfera europeia, para defesa, não só do interesse nacional mas, do interesse de todos os cidadãos europeus - em especial, dos que habitam o mundo rural. E, pelo que ouvi, os nossos deputados ao PE são capazes de se unir para o fazer - desde que os seus partidos não tolham as suas capacidades comunicacionais e diplomáticas, impondo as lógicas fracturantes a que recorrem, em nome de uma identidade partidária que mais não é do que mero corporativismo. Quanto ao argumentário exposto, determinante para o desempenho de um papel activo e capaz no plano político europeu, pode sintetizar-se assim: para reduzir a vulnerabilidade económica nacional face à dependência externa de importações, deve promover-se o direito à produção interna e a reorientação dos modelos de produção para pequenas e médias explorações, vocacionadas para responder às necessidades do mercado interno. Com o objectivo de, por um lado, reduzir a agricultura direccionada par ao exterior, intensiva e monocultural, e de, por outro lado, privilegiar a diversidade produtiva, esta reorientação dos modelos produtivos concorreria para a consolidação da autonomia local e contrariaria o crescimento exponencial do desemprego, através da promoção do aumento do número de pessoas susceptível de vir a trabalhar na agricultura. E se estes objectivos devem vir a configurar o modelo de desenvolvimento e crescimento económico nacional, é também indispensável que, no plano comunitário, a nova reforma da PAC autorize os países-membros a produzir para efeitos de auto-suficiência, articulando, para efeitos de sustentabilidade, a política agrícola com as políticas comerciais - actualmente responsáveis pela dispersão e globalização do mercado alimentar, com custos sociais mas, também, financeiros, elevadissimos!, para os cidadãos e os Estados.

"Parem de Falar e Comecem a Plantar"! Já!

Este post decorre da sugestão da minha grande amiga Maria José Matos Manuelito a quem agradeço a partilha (aqui registada, num comentário do post anterior):


Felix Finkbeiner é uma criança de 13 anos que, a partir de um trabalho escolar que fez quando tinha apenas 9 anos, descobriu que se plantassemos um milhão de árvores poderiamos contrariar as mudanças climatéricas que nos afectam a todos e que ameaçam, seriamente!, o futuro do Planeta! Por isso, criou um movimento conhecido por "Plantar para o Planeta", cujo lema é: "Parem de Falar, Comecem a Plantar"... A adesão mundial ao movimento criado por este menino alemão, cruzou o mundo também através do Facebook e chegou a todo o lado, designadamente ao México onde muitas crianças, escolas e comunidades o adoptaram e reproduziram... e foi tal a dimensão que o movimento ganhou que, sendo 2011 o "Ano Internacional das Florestas", Felix Finkbeiner foi convidado para apresentar esta iniciativa na "Conferência de Abertura" deste evento:

Dito de outro modo, o que Felix e as crianças de todo o mundo nos querem dizer é: "Crianças e Adultos de Todo o Mundo, Deixem-se de Tretas e Comecem a Plantar para se devolver ao Planeta a Vida de que depende a Nossa Vida"!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Mito do Eterno Retorno - O Rapto de Europa?

Hoje, 9 de Maio, celebra-se o Dia da Europa... face à brutalidade dos mercados contra o Estado Social da Cidadania Europeia, seria melhor começar a celebrar "O Rapto de Europa".

Lugar de Inquietações - as Palavras entre o Coração e a Razão...


... fazem-se na "Inquietação" de Zeca Afonso e na "Inquietação" de José Mário Branco, expressão de um mesmo sentir, de uma mesma preocupação, de um mesmo amor e de uma mesma razão... Sempre!

domingo, 8 de maio de 2011

Breves mas Relevantes - Contributos para o Esboço do Paradoxo como Paradigma Contemporâneo




* Apesar de Fukushima e da manifestação cívica em Tóquio contra a política energética do Japão, o governo japonês afirma que continuará a investir na opção nuclear (mesmo quando outros seus parceiros de causa estão dispostos a desistir - é o caso da Alemanha);


* Apesar dos EUA terem dito, a propósito das questões recorrentes sobre a morte de bin Laden e a Al-Qaeda, que não iriam armar os revoltosos líbios por considerarem que a emergência desta organização decorreu do armamento dos revoltosos no Afeganistão, a Itália anunciou que vai armar os revoltosos líbios;


* Apesar do carácter bem-intencionado das revoltas árabes que marcaram o princípio de 2011 e de que El Baradei, há dias, no Estoril, disse serem movimentos sociais de jovens que lutam pelo respeito pelos direitos, liberdades e garantias de um regime democrático, contra as ditaduras e por melhores condições de vida, os confrontos sangrentos continuam na Síria e surgem também no Egipto incidentes gravosos que tornam mais complexo o juízo, cada vez mais perplexo e preocupado...


Entretanto, por cá:


* Enquanto Maria João Rodrigues diz que o Acordo com a Troika conseguiu proteger a classe média baixa e os mais desprotegidos, independentemente do grau de sacrifícios que vai exigir ao país (leia-se aqui a versão portuguesa do Memorando que o Aventar disponibilizou, prestando um verdadeiro serviço público aos cidadãos), Mário Soares afirma que o Acordo é melhor do que se esperaria e do que a Grécia conseguiu negociar e Mira Amaral considera que o Acordo é um "trabalho tão bem feito" sobre a economia nacional que, na sua opinião, estava a ser preparado há muito tempo, não tendo resultado apenas da estadia dos especialistas do FMI, da CE e do BCE em Portugal;


* Enquanto Nuno Serra no Ladrões de Bicicletas nos relembra o protagonismo português da grande defesa do que designa por "economia do endividamento", Vega 9000 apresenta no Aspirina B, uma reflexão sobre a dívida da Grécia à banca internacional no contexto de uma reflexão sobre o Euro que urge ser levada a sério e José Simões chama a atenção para um pormenor produtivo (??) que não é irrelevante, sem detrimento da graça e do impacto da produção, no Der Terrorist.


... pois... para exemplificar o paradoxo como paradigma da relação entre a política e a sociedade, chega!... por ora, claro!

Alma Europeia - de Dostoiewski a Chagall, uma outra globalização



Talvez Dostoiewski me tenha ensinado, nos muros densos das personagens de um S.Petersburgo feito da intensidade dos seus mundos interiores, externos ao tempo e encerrados nas suas próprias histórias, o desfasamento entre a realidade, a sua representação e a sua vivência... eis como a Literatura pode ajudar, de facto!, o entendimento da vida. E foi provavelmente uma outra face desta aprendizagem que ensinou a Italo Calvino a percepção arquitectónica que justifica a expressão "cidades invisíveis" e que permitiu a Marc Chagall a construção da obra "Eu e a Aldeia"... Daqui à Rússia e à Itália foi sempre um passo... o passo da nossa inteligência emocional, configurada pela cultura do espaço que a globalização mais não faz do que exibir nos seus mais insignificantes detalhes - aqueles que ao olhar da distância física se não revelam e que, revelados!, pouco mais acrescentam do que a confirmação de uma mesma tragédia humana.


sábado, 7 de maio de 2011

Leituras Cruzadas...

Depois do comentário público do Presidente da República ao acordo com a troika (sobre o qual é indispensável ler JMCorreia Pinto no Politeia), vale a pena reflectir no que o panorama político-partidário nacional da oposição tem dado a pensar aos portugueses e o que os cidadãos vão deduzindo de tudo o que têm visto (vejam-se os textos de Graza no Arroios, de José Albergaria no Mainstreet, de Miguel Abrantes no Câmara Corporativa, de MFerrer no Homem ao Mar e de João Tunes no Vias de Facto). Felizmente, apesar do que tem acontecido à vida cívica do país (leia-se a notícia publicada no A Cinco Tons), há quem, também revelando uma lucidez crítica assinalável (leiam-se: Nuno Sotto Mayor Ferrão no seu Crónicas do Professor Nuno Ferrão, Filipe Tourais no O País do Burro e Ricardo Schiappa no Esquerda Republicana), o faça de forma bem-humorada (é o caso de Ariel no Cirandando e do preciso We Have Kaos in the Garden).

Hello Finns - Message From Portugal



(Fontes: Aqui, Aqui e Aqui)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Quem beneficia com o pessimismo do Presidente da República?


Cavaco Silva falou hoje ao país, na sequência do acordo com a troika... Disse o que todos têm repetido, alertando para as dificuldades nacionais e para as que podemos esperar com as medidas de austeridade previstas para a próxima governação... Apesar de não ter podido mostrar-se agastado com os resultados do acordo (bem melhores do que, como a maioria das pessoas, terá suposto) e afirmando que "esta pode ser uma oportunidade", Cavaco Silva não resistiu ao pendor que tem para a amarga reprimenda e, por outras palavras, afirmou que se nos não portarmos bem, daqui a 3 anos, podemos estar pior! Como dizia, há pouco, o Director Executivo da Visão, entrevistado no "Hoje" da RTP 2, também por outras palavras, no esforço de chamada de atenção para o realismo pessimista que a situação económico-social portuguesa pode suscitar, Cavaco Silva "esqueceu-se" de dizer que, se cumprirmos o acordo que agora foi feito com as instâncias internacionais da troika, daqui a 3 anos, o País Pode Estar Muito Melhor!... Filipe Luís não o disse mas, a pergunta impõe-se a um Presidente que tanto falava na necessidade de dar esperança aos cidadãos: porque razão não contribuiu o Presidente da República para o renovar da confiança de que o país precisa para vencer as dificuldades presentes e do futuro próximo? Ao contrário de Filipe Luís, não penso que tenha sido por "esquecimento" e, como alguém bem sugeriu, interrogo-me: "será por razões eleitoralistas?"???... confesso que preferia que não fosse porque não é esse o papel de um Presidente da República!... mas, se não foi essa a razão, como poderemos explicar esse "esquecimento" atendendo a que, apesar de tudo, Portugal tem conseguido alcançar algumas conquistas sociais reconhecidas internacionalmente - como é o caso da notícia sobre as boas condições de maternidade no nosso país (ler Aqui) e os dados hoje divulgados pela OCDE (ler Aqui) que demonstram ter havido resultados nítidos no que se refere ao combate à pobreza que, apesar do muito que tem crescido, diminuiu em relação aos últimos anos - quando, ao contrário do que por cá tem vindo a suceder, a pobreza tem apenas crescido sem oscilações em países como... a Alemanha!

Uma Sondagem feita depois do "Chumbo" do IV PEC e Divulgada depois do Acordo com a Troika*...



Depois de conhecido o acordo com a designada troika, a mais recente sondagem da Universidade Católica apresenta intenções de voto maioritariamente dirigidas para o PS (ler aqui e aqui)... entre as variáveis em análise, o PSD apresenta apenas algumas vantagens no que se refere à imagem comparada dos líderes dos dois maiores partidos - o que não deixa de ser interessante dado o desconhecimento efectivo dos eleitores face aos desempenhos do líder do PSD. De facto, no que se refere a apreciações subjectivas relativas à imagem dos líderes, Passos Coelho recolhe algumas preferências ainda que por diferenças insignificantes (no que se refere, por exemplo, à simpatia e à honestidade), conformes com a simples natureza do factor "novidade" no panorama dos protagonistas-candidatos que não chega para anular a ausência de conteúdo e substância que caracteriza a sua imagem pública e a falta de reconhecimento da sua capacidade de liderança e de perfil adequado à governação (ler aqui)... curioso!... e demonstrativo da capacidade de avaliação objectiva dos portugueses que, coerentemente, afirmam, apesar das críticas às medidas políticas adoptadas recentemente e nos últimos anos, que nenhum partido teria feito melhor que o PS, a que atribuem a maior e melhor defesa das políticas sociais.

(* O título deste post foi alterado na sequência da chamada de atenção do comentário abaixo publicado, da autoria de VOZ A 0 DB; o título original era: "Divulgação da Primeira Sondagem Após o Acordo com a Troika" e, de facto, poderia ser interpretado como se se referisse à data de realização da sondagem - sem que tal equívoco interpretativo estivesse presente nas minhas intenções... e por se não tratar de qualquer tentativa de manipulação da informação ou sequer de marketing, reformulei o título do texto, tal como o sugeriu Voz a 0 DB)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Dalai-Lama, Prémio Amnistia Internacional 2011



O Prémio da Amnistia Internacional de 2011 foi hoje atribuído a Tenzin Gyatso, o XIVº Dalai-Lama do Tibete (ler aqui). No ano em que esta organização de defesa dos Direitos Humanos celebra 50 anos de existência, associamo-nos a esta homenagem justa e merecida ao mais vibrante e radical defensor vivo da não-violência no mundo contemporâneo! Parabéns, Dalai-Lama! Obrigado, Amnistia Internacional!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Do incómodo de Um Bom Acordo...


O Acordo entre o governo e a troika foi anunciado esta noite por José Sócrates para, confesse-se!, surpresa de todos os que proclamavam, em tom de prenúncio trágico, não se saber quando estaria concluido e, mais ainda!, para surpresa de todos os que deram por certa a adopção das medidas que mais afectariam, no imediato, a vida dos cidadãos - as quais, afinal de contas!, se não irão -felizmente!!!- concretizar. Refiro-me ao facto deste acordo ter conseguido garantir o pagamento de subsídios de férias e 13º mês, a não redução do salário mínimo, a inexistência de cortes nas pensões abaixo dos 1.500 euros, o não despedimento na Função Pública, a não privatização da Segurança Social e da Caixa Geral de Depósitos, a continuidade da tendência para a gratuitidade da Escola Pública e do Serviço Nacional de Saúde e a não necessidade de mais medidas orçamentais em 2011. É ou não - sejamos honestos!! - um excelente acordo, face a tudo o que se poderia esperar e contra tudo o que foi antecipado precipitadamente, justificando o secretismo das negociações? Repito! Sejamos honestos! É certo que não conhecemos todo o acordo e que, para já, sabemos que o défice deverá atingir os quase 5% no primeiro ano, os quase 6% no segundo ano e os 3% em 2013 - dado que a "ajuda externa" decorrerá pelo período de 3 anos. É difícil para todos nós? É. Poder-se-ia esperar outra coisa? Não. A verdade é que o ideal seria termos uma economia em expansão, contrariando tudo o que se passa à nossa volta!... mas, a verdade é que somos apenas mais um país entre muitos com quem partilhamos a mesma lógica (injusta, é certo!) de gestão económica. Por isso, dada a gravidade da situação nacional a que a crise reduziu a nossa vulnerável (de há muitas décadas! - sublinhe-se!) economia, conduzindo-nos (mau grado a sucessão de PEC's que suscitaram o cansaço e a desistência sem alternativas efectivamente viáveis de uma oposição que se limitou a dizer Não ao IV PEC) à inevitabilidade do pedido de "ajuda externa", podia o país esperar mais do que o que foi hoje anunciado? Não, não podia. E o que é triste é ver a hipocrisia demagógica pré-eleitoral chorar "lágrimas de crocodilo" e reivindicar "louros" por um problema sério que pretenderam dramatizar até à exaustão e por uma vitória "suada" e, imprevisivelmente!, alcançada! Foi um excelente acordo, sim senhor! E os portugueses sabem e reconhecem isso, porque seriam eles a sentir "na pele" o custo que significaria não termos obtido estas garantias... fez o Primeiro-Ministro bem em ter anunciado apenas o que não foi perdido, antes de serem conhecidos outros dados que denotarão o preço deste compromisso? Fez bem, sim senhor! Sabem porquê? Porque os cidadãos portugueses estavam em pânico com todo o alarde que a oposição e os "media" criaram a propósito de uma especulação assustadora para quem vive dos rendimentos do seu trabalho!... e sim, para infelicidade dos demagogos!, ficaram agora muitissimo mais aliviados e capazes de enfrentar o futuro com algum ânimo, coragem e confiança - apesar da consciência das dificuldades que sabem e compreendem não terem deixado de existir!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Cultura e Civilização - Da Educação dos Povos...



A sociedade global e mediática em que vivemos tornou comum a partilha da informação, promoveu a valorização tecnológica e incentivou o crescimento do terceiro sector - o sector dos serviços. O facto arrastou contudo, sem precauções socio-económicas e políticas, o abandono dos aparelhos produtivos e investiu numa alegada competitividade que mais não fez do que acentuar este desequilíbrio dos sectores económicos e desenvolver uma agressividade no mercado, que penalizou fortemente a igualdade de oportunidades entre os cidadãos - nomeadamente no que se refere ao acesso ao emprego. Daí ao crescimento desproporcional do desemprego e ao aumento exponencial da pobreza, foi um pequeno passo concretizado, no seu pior!, pela crise do mercado financeiro que estamos a viver! Hoje, quando a luta contra a violência e a necessidade de segurança dos cidadãos contra os riscos colaterais da economia de mercado, pode servir interesses que reforcem as forças partidárias conservadoras, estimulando e promovendo o racismo e a xenofobia, é essencial desenvolver uma educação comum, pedagogicamente vocacionada para o exercício da cidadania, do respeito pelos Direitos Humanos e da coexistência pacífica no respeito e valorização da diversidade ou seja, no respeito pela identidade cultural dos povos. E se a questão é pertinente no chamado mundo ocidental*, é ainda mais pertinente em sociedades onde as crianças e jovens são sujeitas a enculturações que fomentam o ódio, a violência e a guerra contra o "outro". Por isso, exactamente a propósito do que ontem aqui escrevi a propósito da morte de Bin Laden (ler Aqui), certo e seguro é, apenas, que o mundo será, de facto!, mais seguro quando os cidadãos (crianças de hoje e adultos de amanhã) não optarem pela violência como forma de resolução dos seus problemas e quando puderem exigir um futuro melhor através do exercício de eleições livres e de manifestações públicas como as que fizeram recentemente, entre outros, os jovens tunisinos e egípcios... Por isso, para que a civilização contemporânea defenda as culturas sem fomentar genocídios ou etnocídios, guerras ou terrorismos, seria fundamental que, por exemplo, a ONU conseguisse que todas as nações que integram a organização, permitissem introduzir nos seus sistemas escolares formais (recorrendo ao apoio de uma Unesco capaz de privilegiar esta matéria), módulos disciplinares sobre uma temática universal que poderemos designar por"cidadania e sociedade" que se deveria prolongar por todo o período escolar obrigatório das crianças e jovens. O futuro do planeta decorre do futuro das sociedades e o futuro das sociedades depende da sua cultura e da forma como esta configura as suas representaçãoes da intervenção cívica e política... e, porque a cultura se constrói e consolida na educação, é através da educação que poderemos combater a reprodução da pobreza e da injustiça das assimetrias sociais que sustentam a revolta e fornecem argumentos à defesa da violência como arma política!... Na verdade, o título do Relatório da Unesco que tem vindo a ser aprofundado desde há 15 anos e que se pode ler AQUI denota, sem dúvida alguma, o verdadeiro desafio das culturas e das civilizações contemporâneas: Educação, Um Tesouro a Descobrir!
(* Nota: no comentário abaixo, da autoria de Voz a 0 DB pode aceder-se a um vídeo que ilustra bem o acesso das crianças a armas)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Da morte de Bin Laden...


O anúncio da morte de Bin Laden pelo Presidente dos EUA, Barack Obama, é hoje, seguramente!, a notícia do dia, 10 anos depois do trágico e inesquecível 11 de Setembro, a que se seguiu um conjunto mortal e persistente de acções extremistas que lançaram o terror no mundo inteiro. A propósito desta notícia e a título de comentadora, a jornalista Cândida Pinto afirmou esta tarde, à SIC-N, que o facto dos movimentos e revoltas que marcaram o mundo árabe em 2011 não terem levantado bandeiras de apoio aos extremistas, demonstra que, actualmente, a Al Qaeda já não tem a popularidade de há uns anos, relevando que as multidões de jovens exigiram, isso sim!, trabalho, mais liberdade e melhores condições de vida! De facto, da Tunísia ao Egipto, da Síria ao Yémen e por muitos outros países que foram gerindo as respectivas situações internas com a razoabilidade perdida na Líbia (onde a guerra deflagrou efectivamente e continua com elevados custos para a população), o mundo árabe afirmou ao mundo não ter como objectivo ajudar a concretizar as finalidades que, durante muito tempo, o líder da Al Qaeda anunciou e, menos ainda!, apoiar a metodologia de extermínio que a organização escolheu como forma de actuação. Hoje, com a morte de Bin Laden, ao fim de 10 anos de perseguição e de um jogo de "gato e de rato" cujo fim era previsível, o mundo reage como se estivesse em causa a capacidade do mundo ocidental em vencer as ameaças de terrorismo. De facto, a morte de Bin Laden é um símbolo para a desmistificação de uma ideia que podia contribuir para o recrutamento de crianças e jovens para as forças extremistas! Um símbolo de uma luta aparentemente inglória contra o medo que parecia invisível e capaz de assaltar os cidadãos com a destruição, a cada esquina. A vitória dos EUA é, por isso, essencialmente simbólica e, provavelmente!, apesar de potenciais reacções mais ou menos imediatas (que podem ocorrer num esforço de demonstração que a morte do líder não significa a aniquilação da organização -e, pior que isso, da sua ideologia!), um significativo contributo para o recrudescimento da adesão dos mais jovens ao extremismo político que se esgota no detonar de uma brutal violência cega que ninguém pode aceitar! E se é estranho ver celebrar a morte de alguém, estranho seria se isso não acontecesse como consequência dos milhares de vítimas inocentes feitas pelo terrorismo proclamador do ódio e que, neste simbolismo, encontra uma forma de catarse. A pergunta que se coloca é a de saber se o mundo ficou mais seguro; contudo, sabendo-se que a proliferação de organizações destrutivas não acaba subitamente, é compreensível a reacção, cautelosa, dos líderes políticos mundiais:



Destaque-se que, na comunicação de Barack Obama, foi hoje, uma vez mais, salientado um facto crucial para toda esta problemática emblemática nas sociedades contemporâneas: os EUA não estão nem nunca estarão em guerra contra o Islão... e esta é uma afirmação importantissima na medida em que a ideologia do terror tem recorrido à religião como seu sustentáculo, confundindo e perturbando o quadro perceptivo e cognitivo de crianças, jovens e adultos, enculturados e socializados em contextos islâmicos que têm o direito de conhecer e viver num mundo onde os Direitos Humanos sejam de facto, valorizados e respeitados.

domingo, 1 de maio de 2011

Leituras Cruzadas (Actualizadas com *)

Não sei se para compensar o facto de já não propor algumas Leituras Cruzadas há mais tempo do que é costume, registo alguns dos textos, comentários e observações que configuram o essencial do que, por estes dias, de assertivo, contraditório e pertinente, merece a nossa reflexão. A título de introdução, vale a pena ler o texto de Rui Herbon no Jugular, a constatação de Ariel no Cirandando, as observações de Miguel Abrantes no Câmara Corporativa e de Carlos Barbosa de Oliveira no Crónicas do Rochedo e as notas breves mas, pertinentes de JM Correia Pinto no Politeia* e de Valupi no Aspirina B*... mas, porque a realidade tem uma dimensão de inequívoca complexidade, os textos de Vital Moreira no A Aba da Causa, de Osvaldo Castro no A Carta a Garcia e de Paulo Pedroso no Banco Corrido desenvolvem alguns dos temas que têm feito a agenda política dos dias que, apesar de tudo!, apresenta algumas surpresas interessantes que vale a pena ter em consideração (leia-se o texto de Paulo Nobre no A Cinco Tons). Felizmente, o espaço público da blogosfera não tem cedido à tendência de se circunscrever à realidade político-partidária e tem partilhado nos últimos dias outras perspectivas no equacionar dos problemas nacionais, inscrevendo-os num enquadramento mais vasto da consciência crítica contemporânea; é o caso dos textos de José M. Castro Caldas no Ladrões de Bicicletas, de Nuno Ramos de Almeida no Cinco Dias, de Garcia Pereira no António Garcia Pereira, de JMCorreia-Pinto no Politeia e de João Rodrigues no Ladrões de Bicicletas... e é no contexto deste contributo para a desmistificação das aparências com que somos permanente e sofisticadamente manipulados, que merecem particular destaque os textos de João Abel de Freitas e de Raimundo Narciso no PuxaPalavra... porém, o texto que considero mesmo indispensável no já longo Leituras Cruzadas de hoje é da autoria do já citado Raimundo Narciso e pode ser lido AQUI.

1º de Maio - Homenagem ao Dia do Trabalhador!



Nos dias que correm, quando o trabalho escasseia e a crise grassa sem dar descanso aos que lutam diariamente pelo exercício do seu direito à vida, enquanto tantos outros, miseravelmente!, se entretêm a fazer cálculos de gestão de um poder sobre o que lhes não pertence, nada melhor que evocar o Canto de Zeca Afonso... para que não esqueça: o canto, a razão, a força, a solidariedade e a intemporalidade da consciência da união na amizade, no combate e na determinação pela defesa dos direitos de todos! Viva o 1º de Maio!