segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Egipto - O Povo Somos Todos!

A Praça Tahrir, no centro do Cairo, continua a ser o local da imensa manifestação que o povo egípcio vai realizar amanhã, exigindo a demissão de Mubarak e a instauração de uma sociedade livre e democrática. Com cada vez mais mulheres nas ruas, a Revolução está no auge e o Exército declarou já que não irá combater os manifestantes nem "agirá contra as pessoas". Civis e militares, lado a lado, apoiam a ideia de ser El Baradei, Prémio Nobel da Paz, a negociar a transição. "É o nosso povo e temos que estar unidos" é a frase a que se associa o lema "O Povo Unido Jamais Será Vencido" que para sempre ficará na nossa memória associado ao 25 de Abril.... e lá, como cá, o símbolo da Liberdade são as Flores.

Da Crise à Estratégia 20 20...

A chamada "Estratégia 20 20" definiu, para o período 2010-2020, 5 objectivos, assumidos como compromissos a cumprir pela União Europeia nos próximos 9 anos, a saber:
a) 75% da população entre os 20 e os 64 anos deve estar empregada;
b) 3% do PIB da UE deve ser investido em Investigação e Desenvolvimento (I&D);
c) os objectivos em matéria de energia e clima devem ser cumpridos;
d) a taxa de abandono escolar deve ser inferior a 10% e cerca de 40% dos jovens devem te rum diploma de estudos superiores;
e) 20 milhões de pessoas deixam de estar em risco de pobreza.
... considerando as intervenções actuais sobre as economias europeias, as exigências alemãs (será interessante ver o que significa a frase tão divulgada pelos meios de comunicação social: "Angela Merkel tem planos para o governo económico europeu"!!!) e as considerações sobre os ditos "países periféricos", os cidadãos de todos os Estados-membros da UE têm o direito e a obrigação de perguntar, como irão concretizar-se os 5 objectivos enunciados numa Estratégia, cujo cumprimento será o garante da validade do actual modelo socio-económico em que têm investido as opções políticas dos Governos... porque estas opções têm tido como significado maior, a imposição de medidas de austeridade insustentáveis para as condições de vida das pessoas, sem que isso denote o facto de concorrerem para a concretização dos objectivos reconhecidos como essenciais pela própria Europa e, também, por Portugal!
(uma breve síntese do documento da Estratégia Europa 2020 pode ler-se Aqui)

A ver...


"Operation Dinner Out" ("Operação Jantar Fora") é um excelente título para o extraordinário filme realizado por Tony Scott em 2001 e interpretado magistralmente por Robert Redford e Brad Pitt... a história, excelente!, cruza prisões contemporâneas, espionagem, recrutamento de agentes e os valores que presidem à ética e que se sobrepõem, se para tanto houver carácter!, aos interesses ambíguos das organizações. Se estiverem em casa e quiserem espreitar a RTP 1, vale a pena ver o filme intitulado "Jogo de Espiões"! Bom cinema!

domingo, 30 de janeiro de 2011

Cairo, Londres, Paris - Os Museus da Minha Vida













Os Museus são máquinas do tempo... fantásticas, encantatórias, inesquecíveis... revisitei na minha memória, a propósito da Revolução no Egipto a que El Baradei chamou "os dias mais felizes das nossas vidas", as Pirâmides de Gizé a que subi numa tarde do sol escaldante da minha adolescência num daqueles momentos únicos que marcam para sempre as nossas vidas e, naturalmente, o Museu do Cairo... seria porém injusta a sua evocação sem referir outros 2 museus que guardo no património do que sou, os Museus Britânico em Londres e Jeu de Paume em Paris... deles, e por esta ordem: Cairo, Londres e Paris, deixo 2 imagens de cada um... para uma viagem partilhada...

Participação Político-Partidária Portuguesa...


... reuniu hoje, em Lisboa, a Comissão Nacional do Partido Socialista cujo principal objectivo foi, além da análise da situação política nacional e dos resultados das eleições presidenciais, marcar a data das próximas eleições internas do PS. A recandidatura de José Sócrates reconfirma-se, sendo já conhecida a direcção da sua campanha. Entre silêncios e cortesias, as excepções protocolares da comunicação com os jornalistas foram de Almeida Santos e Francisco Assis, para desdramatizar o discurso da vitória eleitoral de Cavaco Silva... e de Ana Gomes que assinalou a necessidade do Partido Socialista ser "exigente, crítico e vigilante" em relação à governação. A eurodeputada e diplomata acrescentou que, apesar disso, dada a situação político-económica nacional, é natural que o Congresso a reunir em Abril e em que será realizado o referido acto eleitoral, seja o da reeleição de José Sócrates - apesar de, em democracia, ser sempre desejável que apareçam várias candidaturas... A sensação com que se fica é a de que a livre participação político-partidária e o debate político aberto e sério ficaram à margem do evento, sendo, potencialmente, remetidos para a realização do Forum Novas Fronteiras, previsto para 20 de Fevereiro... seria bom para a sociedade portuguesa que a abertura do forum à participação fosse um facto, ao invés de se manter como um palco onde desfilam as comunicações dos históricos e previsíveis interlocutores "de serviço"... para que a sociedade se aproxime da política e não continue a ter motivos para persistir no afastamento de um modelo político cada vez menos representativo e, obviamente!, menos participado.

Egipto - O Povo Saiu à Rua com Coragem e Determinação Contra a Brutal Violência Policial


... o vídeo é longo mas extraordinário! Extraordinário porque nos permite viver alguns dos mais terríveis e marcantes momentos da Revolução no Egipto e constatar a determinação e a coragem dos manifestantes face à brutalidade irracional e cruel das forças da autoridade. Vale mesmo a pena ver!... A nós cabe-nos agradecer ao Helder Guerreiro que, no Aventar, que nos permitiu conhecer esta peça inestimável, testemunho do papel que a sociedade civil e as redes sociais têm hoje, designadamente, para a solidariedade entre os povos.

A Voz do Nilo...


... a excelente sugestão veio de Fernando Cardoso no Ayyapa Express
a quem agradecemos a qualidade e o bom-gosto.

Porque a arte imita a vida...

... lembrei-me da pintura de Jacek Yerka, o surrealista polaco nascido em 1952 que, em 1995, ganhou o World Fantasy Award... porque este quadro me provoca sempre uma espécie de evocação sobre a emergência das mesopotâmias do mundo...

sábado, 29 de janeiro de 2011

O Egipto face à Irreversível Mudança...


"Os Egípcios já não têm medo... já não temos medo" dizia há pouco uma mulher, egípcia, que, em Paris, integrava a manifestação de apoio à Revolução que está a ocorrer no seu país... o discurso dos manifestantes corroborava, no essencial, as palavras proferidas por Barack Obama, Presidente dos EUA, a quem Hosni Mubarak tentou responder, com a nomeação de um Vice-Presidente e de um novo Primeiro-Ministro... mas, ao que nos é dado ver, não chega... até porque, como dizia El Baradei "as declarações de Mubarak são um atentado à inteligência dos egípcios" - e, sejamos claros, nem para Barack Obama esta maquilhagem chega!... O povo saiu, de facto!, à rua e é bom atender a um dado sociológico importantissimo para o qual Teresa de Sousa chamava há pouco a atenção, na SIC Notícias: 60% da população egípcia tem menos de 25 anos e é uma geração informada e educada!

Pérolas...


... sim! Pérolas deste Mediterrâneo magrebino que todos integramos, Património da Humanidade... deste mar onde se cruzaram fenícios, palestinos, gregos, egípcios, berberes, iberos, etruscos... destas terras onde floresceram Mesopotâmias e paraísos cantados pelos clássicos e onde hoje vivemos, com uma representação identitária criada por gerações de aculturações políticas que utilizaram religiões e ideologias diversas para, alimentando artifícios da diferença, nos fazerem esquecer que todos os povos acordam, um dia!, para a exigência de um mundo melhor, mais igual, mais digno e mais livre... para todos!

O Egipto - Da Democracia a El Baradei e ao Museu do Cairo...




Os efeitos da Revolução do Jasmin lembram um rastilho... como se o Mediterrâneo aguardasse um sinal de coragem e rebeldia de cidadãos cansados da asfixia democrática a que, há décadas, têm sido sujeitos... é verdade que se receia a implosão revolucionária das potenciais democracias no Magrebe, pelo contágio oportunista e manipulador de algum resquício de integrismo fundamentalista mas, a verdade é que é preciso dar a saber que confiamos e precisamos da solidariedade de todos, para que a Europa, designadamente a Europa do Sul, o Magrebe e, consequentemente, o Médio Oriente, renasçam culturalmente sem medo da arte, da criação e da liberdade que nos permitiu o conhecimento, a filosofia e a tecnologia... todos juntos fariamos, seguramente!, um mundo melhor para todos!... entretanto, enquanto se aguarda o desenrolar dos acontecimentos, é de registar, no Egipto, por um lado, a notícia da prisão domiciliária (ler aqui) de Mohamed El Baradei, Prémio Nobel da Paz (na fotografia com o Dalai Lama, em homenagem conjunta às vítimas de Hiroshima) e principal opositor ao regime de Hosni Mubarak, em nome da defesa dos direitos universais das pessoas e, por outro lado, o facto dos cidadãos terem feito um cordão humano para proteger e defender o ímpar e precioso Museu do Cairo onde a história da civilização da Mesopotâmia, do Mediterrâneo e do Egipto guarda muito do melhor que a Humanidade preserva da memória desses tempos... Que o Egipto solte amarras rumo a uma democracia possível, desejável e justa para todos, capaz de viabilizar um Mediterrâneo de Paz e de Cidadania, é o que todos desejamos... para que a Revolução do Jasmin se cumpra - como o símbolo a que recorreu, colocando flores na ponta das espingardas... Não deixem perverter a Revolução! Viva a Luta pela Democracia no Magrebe!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O rosto espanhol da crise...


Os rostos da crise europeia vão emergindo, na dimensão exacta do adiamento político que, sucessivamente, vai inventando "remendos" cada vez menos credíveis face aos astronómicos índices de desemprego que atinge os cidadãos e as famílias, nos seus adultos activos, mais e menos jovens. Depois da França, da Alemanha e da Holanda, nos anos anteriores, no passado Verão, assistimos aos conflitos decorrentes de manifestações e reivindicações cívico-políticas e laborais na Grécia; hoje, a situação deflagrou no espaço público de Madrid, em Espanha (vale a pena ler aqui o essencial das razões em que assenta a reacção popular) ... amanhã, será a vez de outros e, previsivelmente, haverá um momento em que, em simultâneo, todos estaremos a protestar nas ruas. A urgência das reformas económico-financeiras no espaço europeu é cada vez menos dissimulável... até onde estarão dispostos os políticos a levar o descontentamento social - é a pergunta que devemos colocar!

Leituras Cruzadas...

Depois de anunciados os tempos que hão-de vir com os resultados da eleição presidencial do passado domingo, há observações que cumpre fazer sobre o quotidiano da nossa realidade, com leituras que merecem ser conhecidas por auxiliarem a indispensável persistência reflexiva que nos torna cidadãos de pleno direito: é o caso de Graza no Arroios, de Eduardo Pitta no Da Literatura, de Miguel Abrantes no Câmara Corporativa, de Nuno Serra no Ladrões de Bicicletas, de Valupi no Aspirina B e de Eduardo Maia Costa no Sine Die...
... e enquanto o atropelo dos direitos se desenvolve na sombra discreta da desatenção das pessoas ocupadas com o horizonte mais imediato que potencia o negligenciar de potenciais estratégias de desconcertação cívica, por cá (leia-se Ricardo Vicente no Albergue Espanhol) e quiçá, apesar dos nossos desejos, noutros espaços e noutros contextos (leia-se António Paço no Cinco Dias, Carlos Barbosa de Oliveira no Crónicas do Rochedo, de Rui Herbon no Jugular, de Raimundo Narciso no Puxa Palavra, de Relógio de Corda no Quanto Tempo Tem o Tempo? e de Nuno Sotto Mayor Ferrão no Crónicas do Professor Ferrão), a sociedade continua envolvida na longa e complexa teia da ambiguidade, da esperança e do medo...
... por isso, hoje, em jeito de conclusão, ficam, sem mais comentários, outros inteligentes e úteis registos como o de Seixas da Costa no Duas ou Três Coisas, o de José Saramago no Outros Cadernos de Saramago, o de Osvaldo Castro no A Carta a Garcia e o de JM Correia-Pinto no Politeia.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O não-dito de uma crise que, afinal!, não conhecemos!




Vieram hoje a público as recentes declarações do FMI, alertando os Estados para o facto da crise ainda não ter atingido os chamados "países periféricos" de que Portugal, tal como a Grécia, a Irlanda e quiçá, a Espanha e a Itália fazem parte... Curiosamente, porque não sei se já alguma vez repararam no facto de serem considerados "periféricos" todos os países que integram, inequivocamente, a designada Europa do Sul, as declarações surgem num momento em que os cidadãos estão cansados de ser penalizados exactamente em nome dessa crise que, afinal!, diz quem sabe?!, ainda cá não chegou (ler aqui)... as consequências sociais e políticas do enredo de fenómenos que estas e outras declarações e percepções similares implicam são, uma das grandes prioridades a que cidadãos e partidos deveriam dar a maior atenção... ou, pelo menos, alguns partidos - apesar da tentação provocada pelo excesso de informação associado ao seu efectivo défice analítico e pela necessidade de cumprimento das exigências de curto prazo (responsáveis afinal de contas por essa crise que todos vivemos mas que, ao que dizem!, ainda não chegou!) em se confundir "a árvore com a floresta"!... porque a verdade é que, digam o que disserem, não estamos a assistir ao reforço democrático da Europa onde, progressiva mas continuadamente, se perdem direitos laborais e sociais, enquanto, bem pelo contrário, se assiste, um pouco por todo o lado, ao fortalecimento da direita e, sejamos claros!, da extrema-direita que vai utilizando os mecanismos legais e institucionais possíveis para ascender ao poder e disseminar a sua ideologia. E se nos não chega a informação da comunicação social sobre esta realidade, mal não nos faria recorrermos à literatura contemporânea do norte da Europa e, concretamente, da Suécia... porque se a "Trilogia Millenium" de Stieg Larsson se constitui como um exemplo paradigmático nesta matéria, outros autores, escritores e jornalistas continuam a dar o alerta disponível para quem o puder apreender... é o caso, entre outros, de Gellert Tamas e do seu livro "O Assassino do Laser" que pode conhecer melhor na entrevista que pode ser lida exactamente aqui.

Sons com Sentido...


... "Cântico Negro" de José Régio... por Maria Bethânia.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A Ilha...


... por Tim em "Companheiros de Aventura"...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ainda as Eleições Presidenciais...


Pouco vale a pena acrescentar aos comentários públicos que têm sido feitos sobre os resultados da maratona eleitoral das Presidenciais 2011, para além do grande destaque e da grande reflexão que nos merece a inesquecível taxa de abstenção registada, na medida em que ultrapassou metade do eleitorado português... Porém, das causas desta memorável abstenção nunca é demais registar o afastamento dos cidadãos da prática eleitoral, designadamente pelo significado que reflecte sobre a actual forma de se fazer política. Na verdade, entre o que, há dias e a par do receio generalizado, registara (ler Aqui), antecipando o não-dito destes resultados eleitorais e atendendo, por outro lado, à consciência de que o empobrecimento arrastado pela crise económico-financeira dos mercados provoca sério desgaste ao regime político democrático (dada a ausência de uma evidente preocupação com a dimensão social da economia e da política), a abstenção de 53,3% num país que integra, de pleno direito, a União Europeia, denota a urgência de uma profunda reforma político-económica a que é preciso dar resposta... no nosso país e no espaço comunitário europeu! Podem os políticos e as instituições ignorar a realidade ou tratar de a minimizar mas, os factos são, no caso!, incontestáveis e, como tal, resta ao exercício democrático da cidadania exigir a sua consideração até que a agenda política reflicta o problema como prioritário.

domingo, 23 de janeiro de 2011

E depois do fim... ainda o espírito de Abril!

O discurso de Manuel Alegre foi um discurso feito de dignidade, coragem e humildade, próprio do melhor que podemos esperar de um autêntico democrata e de um antifascista... mas, Manuel Alegre não tem razão! Os resultados que hoje obteve não são culpa do Homem e do Político que é mas, isso sim, da dinâmica criada pelos partidos que o apoiaram... medo, receio e ressentimento não são os companheiros certos para a Firmeza e a Convicção de um Homem e menos ainda de um visionário e de um Poeta! Obrigado, Manuel Alegre! O espírito de Abril tem ainda em ti o sopro de vida de que o ar da sociedade portuguesa e europeia precisa!

... e o fim!... após o "Grato pela Vossa Desunião"...

... poderia ser assim o início do discurso de Cavaco Silva na noite da sua reeleição presidencial! Era justo que assim fosse. De facto, à elevadissima taxa de abstenção hoje registada, somou-se a pulverização de votos à esquerda do centro-direita do PSD e do CDS por 5 candidatos (2 dos quais com evidentes apoios mais ou menos dissimulados!)... agora, a esquerda, independentemente da invenção das indispensáveis razões justificativas das respectivas atitudes, não pode, com objectividade, queixar-se do cenário político nacional a médio prazo. Fizeram-me sorrir as declarações de Francisco Louçã, Fernando Nobre e Jerónimo de Sousa... como se alguém tivesse ganho alguma coisa de colectivamente útil na noite de hoje!... quando F.Louçã diz que é preciso uma "grande esquerda" dá vontade de lhe explicar, tintim-por-tintim, que a oportunidade passou -pelo menos nos tempos mais próximos!... quando Fernando Nobre clama vitória e diz que vai estar atento, é caso para lhe perguntar se o fará como antes de ser candidato ou nos termos do seu enorme e mal dissimulado narcisismo, vestido de ingenuidade... quando Jerónimo de Sousa se congratula pela candidatura apresentada até não haver retorno possível... A toda a esquerda, os cidadãos de hoje e do futuro, tal como o próprio Cavaco Silva, terão que agradecer os resultados da noite eleitoral de hoje!

O início da noite presidencial...

São as primeiras projecções destas Presidenciais 2011: Abstenção entre 47 e 51,2% (SIC) ou entre 49 e 54% (RTP)... Cavaco Silva entre 51 e 56% (SIC) ou 52 e 58% (RTP) e Manuel Alegre entre 17 e 20% (SIC) ou 18 a 21% (RTP)... O registo é, por ora!, sobre a taxa de abstenção, a mais elevada de todos os actos eleitorais! ... e se a todos deprime a reduzida taxa de participação dos cidadãos no sufrágio eleitoral, a verdade é que a sua explicação nada tem de complexo, dividindo-se entre, por um lado, o descontentamento dos eleitores com o grau de expectativa depositado em actos eleitorais anteriores em que participaram activamente e, por outro lado, a consciência de senso-comum de que o essencial da situação económico-social e política nacional se não irá alterar, qualquer que seja o resultado da eleição presidencial de hoje.

Foi a Voz e é Memória - o Património... pelo Futuro!


sábado, 22 de janeiro de 2011

Da Função Social da Arte - Símbolo e/ou Significado em Vésperas de Eleições Presidenciais

"É possível falar sem um nó na garganta
É possível amar sem que venham proibir
É possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão
É possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
Se te apetece dizer não grita comigo: não.
É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser Homem.
É possível ser Livre, Livre, Livre."
Manuel Alegre
(A imagem é de um quadro de Maria Keil chamado "Abril"... o poema de Manuel Alegre foi "surripiado" ao A Carta a Garcia... com os meus agradecimentos!)

Pelos Valores e os Princípios...


... que os tempos fragilizam e que as crises vão servindo para corroer... todos os esforços se justificam!... para manter acesa a Democracia e viva a Liberdade!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

"É Pior a Emenda que o Soneto" ou "A Vingança Serve-se Fria"?... Olhem que não...

Costuma dizer-se que "as sondagens são o que são"... de qualquer modo, o que me preocupa é a tendência portuguesa para, por um lado, tentar penalizar o que considera causas do seu descontentamento e, por outro lado, a ainda deficitária interiorização da ética republicana que grassa na sociedade portuguesa. O que quero dizer com isto? Simplesmente que os portugueses, numa tentativa de penalização do governo e, consequentemente, do PS, podem projectar na votação no seu principal opositor a manifestação do seu "castigo"... o raciocínio é demasiado simplista e transporta em si próprio alguma perversidade que só os mais ingénuos podem descurar, para gáudio dos que fruirão desta decisão. Porque, na verdade, o exercício desta forma de acção significa que, para efeitos de provocação de um desagrado imediato ao partido do governo, os portugueses preferem não equacionar o futuro, recusando pensar nas consequências dos seus actos! De facto, se houvesse hábitos reflexivos na opinião pública, a hipótese de um cenário em que se altere a conjuntura parlamentar por via de eleições legislativas, seria colocada e a consciência de que as alternativas económicas à actual governação não são, nesse mesmo cenário, do interesse público, os cidadãos iriam perceber que votar Cavaco Silva é contribuir para legitimar um caminho que será muito mais penoso para Portugal do que o que actualmente trilhamos. Por outro lado, por razões que se prendem com a cultura democrática relativamente incipiente nas populações menos alfabetizadas, menos informadas e menos politizadas, a representação social do Presidente da República é ainda o que resta do que, entre nós, legitima o "apadrinhamento social" e a "lógica do favor" em prejuízo da "cultura do mérito" - razão pela qual a mudança presidencial se processa, no nosso país e ainda que num regime democrático, por desistência do cargo, seja por limite de mandatos ou por vontade própria... como se a essa figura coubesse uma "intocabilidade"entendida de forma ainda próxima de concepções religiosas medievais em que o poder se associava ao "sagrado"! Ganha aqui sentido a expressão "nem para si próprios sabem ser" porque esta forma de pensar aproxima a sociedade daquilo que as pessoas mais temem: o empobrecimento e o autoritarismo!... e, como sabemos, apesar de se dizer que "a vingança serve-se fria", a verdade é que a vingança nunca é a melhor forma de resolvermos os problemas!
(Também publicado no Alegro Pianissimo)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Manuel Alegre - Ouvir e Participar para Acreditar!


Hoje, num almoço quente e concorrido na Cervejaria Trindade, Manuel Alegre fez um discurso aberto e claro, veemente e preciso, sobre as prioridades do país. Sem cair na tentação de perder demasiado tempo com os adversários, Manuel Alegre afirmou-se como o garante da Democracia, o defensor do Estado Social, da Educação Pública, da Segurança Social, o promotor dos interesses nacionais contra a desertificação e os interesses especulativos, cegos e anónimos dos mercados, o portador de uma ideologia de liberdade e resistência em nome do interesse colectivo dos portugueses e o companheiro de viagem dos cidadãos na sua luta e no seu empenho por uma sociedade melhor. Afirmando a necessidade de continuar a trabalhar sem cedências num projecto comum para uma Europa Democrática, Social e Plural, Manuel Alegre falou da cultura e da educação como fontes de reconstrução de uma identidade que precisa de consolidar raízes para enfrentar o futuro. Ouvir Manuel Alegre é recuperar a Vontade de Acreditar. Hoje, às 21horas, no Coliseu dos Recreios em Lisboa, Manuel Alegre estará com todos os que quiserem investir, com a razão e o coração, na não desistência de um sonho: um Portugal melhor para todos, um Portugal que não ajoelha e se levanta, digno e convicto, na defesa do interesse da Democracia e dos Cidadãos.

"O Meu Melhor Amigo"...


... dos "Companheiros de Aventura" de Tim...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Contra a Crise, Suspender a Democracia?

Já ouviramos da ex-líder do PSD que a suspensão da democracia por 6 meses para efeitos de, digamos assim!, "endireitar as coisas", seria uma das soluções a ponderar - à época, é certo!... Agora é a vez de Cavaco Silva alarmar os portugueses dizendo que mais 2 semanas de campanha eleitoral, seria penoso e "insustentável" para o país... Acontece que a eventualidade de existir campanha eleitoral por mais 2 semanas, significaria que o povo português exigira, através do exercício do voto, uma 2ª volta... Será que o actual Presidente da República, no final do seu 1º mandato, está a sugerir contenção eleitoral para não agravar a crise? - ou, simplesmente, a criar falsos argumentos populistas para induzir os eleitores em erro, na pressuposição de que uma eleição à 1ª volta reduz os custos de uma crise financeira cujo controle não está, de todo!, nas mãos dos portugueses?... sejamos sinceros, para além de extremamente demagógica, é uma falácia gravosa ao nível do entendimento político que se requer a um Presidente da República... ou, pelo menos, de muito mau gosto! (ler e ouvir aqui)
(Também publicado no Alegro Pianissimo)

Brasil - O Som Solidário (Tim e Vitorino em Companheiros de Aventura)


... "Adeus, ó Serra da Lapa" é um tema lindissimo, inequivocamente português, que, depois de cantado por Vitorino, viu associar-se-lhe a voz de Tim numa versão extraordinária que pode ser ouvida no seu álbum "Companheiros de Aventura"... hoje, não sei porquê!, ao ouvir esta canção, senti que dela emanava um sentimento que visualizei brasileiro... talvez por causa da zona serrana do Rio onde os deslizamentos de terras soterraram e silenciaram inesperadamente centenas de cidadãos... talvez por isso, "Adeus, ó Serra da Lapa" é, esta noite, um canto solidário... pelo Brasil encharcado de água, lama e lágrimas que o sol há-de secar e a força das gentes, seguramente, vencer e superar.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Manuel Alegre, candidato do PS?

Enquanto crescem as expectativas sobre as possibilidades de uma 2ª volta nas eleições presidenciais do próximo domingo, alguns dirigentes políticos expressam as suas opiniões apoiando ou manifestando desagrado pelos candidatos apoiados pelas forças político-partidárias a que pertencem. No caso de Manuel Alegre, talvez não seja uma má estratégia! Pelo menos, os que receiam que a candidatura de Alegre se esgote numa candidatura presidencial do PS, ficam mais seguros da independência ético-política do candidato e podem, também assim, confirmar a natureza de esquerda que o seu perfil apresenta, propõe e garante. (ler aqui, aqui, aqui e aqui)
(Também publicado no Alegro Pianissimo)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Leituras Cruzadas...

O ritmo dos dias corre de tal modo acelerado que, entre tarefas e cansaços, nem tempo tenho tido para responder a quem por aqui passa e deixa contributos e apreciações dignas da minha melhor atenção... contando com a generosidade do entendimento de todos pela qualidade humana a que já me habituaram, continuo a escrever nos breves intervalos de que vou dispondo e deixo hoje umas Leituras Cruzadas sem grandes comentários porque a citação lhes basta para o relevo que merecem (e a promessa de retomar as respostas devidas tão breve quanto possível). E por ser incontornável o drama que atingiu o Brasil, na solidariedade que nos merece a melhor atenção, sugiro a leitura dos registos de Celso Martins no Sambaqui na Rede e de Luciano Turl no Vida de Bombeiro; além disso e por se saber dos múltiplos rostos que a esperança solidária assume, cabe-nos também aqui destacar a Revolução do Jasmin que teve lugar na Tunísia e sobre a qual escreveram Raimundo Narciso no PuxaPalavra, João Ricardo Vasconcelos no Activismo de Sofá, Francisco Clamote no Terra dos Espantos e João Tunes no Água Lisa. Porém, porque Portugal está à beira de eleições presidenciais, vale a pena ler o que escreveram Osvaldo Castro no A Carta a Garcia e Garcia Pereira no António Garcia Pereira num tempo em que a demagogia, o populismo e a frágil memória minimizam o que preferiam ignorar e que nos relembram JM Correia-Pinto no Politeia, Weber no Mainstreet e João Magalhães no Câmara Corporativa... Porque os dias que correm não estão para brincadeiras como bem nos lembram José M.Castro Caldas no Ladrões de Bicicletas e, em particular, Henrique Sousa no Grão de Areia e Eduardo Marculino no História Viva.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Da Comunicação Social Portuguesa à WikiLeaks...

... talvez seja bizarro o título deste post mas, não me ocorre melhor para referir 2 exemplos estranhos mas, significativos do que acontece na comunicação social deste país à beira-mar plantado: a) como justificar que o caso da Aldeia da Coelha não tenha sido analisado à luz das suas maiores evidências? Dou apenas como exemplo, para as mentes distraídas!, que, ainda há dias, o Banco Português de Negócios e a Sociedade Lusa de Negócios eram tema de primeira página, tendo desaparecido literalmente com o silêncio que Cavaco Silva decidiu para si próprio sobre o assunto; as questões que se colocam são, por um lado, a de saber, qual a razão porque se não aprofundam e esclarecem as relações interpessoais subjacentes ao problema já que nelas se destacam "pormenores"(?) tais como o do banqueiro ter integrado, com destaque, a governação de Cavaco Silva, ter sido ele e o seu banco quem vendeu e comprou acções a preço "da chuva" a Cavaco Silva que jurara nunca ter comprado ou vendido coisa alguma ao BPN/SLN e que agora se vem a saber da coexistência de ambos e do amigo Dias Loureiro (que, por motivos próximos, saiu do país há meses sem dar sinal, escondido algures num resort qualquer, depois de jurada inocência sobre tanta fraude e corrupção, ele próprio também ex-Ministro de Cavaco Silva) na dita Aldeia da Coelha?... finalmente, neste primeiro exemplo, cabe ainda a pergunta: Cavaco Silva impôs silêncio a si próprio mas, pelo que se constata, esse silêncio tem extensões complexas ou perigosas, não sei mas, seguramente, opacas e suspeitas. b) sobre o 2º exemplo a que pensei referir-me, as perguntas são 2 mas são simples: que razão justifica que o maior comício da campanha de Manuel Alegre não tenha aparecido nas televisões, contrariando a lógica de toda uma campanha que, diariamente e várias vezes por dia, percorre os noticiários com a ilustração das actividades de todos os candidatos??? ... pois... é por isso que me ocorreu a referência ao WikiLeaks... sem um trabalho de transparência o mundo não seria a mesma coisa!... Ora, não esqueçamos que afinal de contas, nós queremos um mundo diferente! Um Mundo Melhor!
(Também publicado no Alegro Pianissimo)

Homenagem ao Brasil - Tristes Rios de Janeiro (2)

... mais de 500 mortos sob as lamas do que é considerado o maior deslizamento de terras conhecido... mais de 8.000 desalojados... de luto, o Brasil e o Rio de Janeiro choram e lutam para recomeçar tudo de novo... são 7 dias de luto... a nós, do lado de cá do oceano, resta-nos a expressão da solidariedade e da confiança no povo e na cultura que nos tem alimentado a esperança... Vamos lá, Brasil! "com força e com vontade" - como dizia a canção!... para combater a "Tristeza" que, mansamente, Vinicius de Moraes e Toquinho, um dia, tocaram e cantaram assim:

sábado, 15 de janeiro de 2011

Demagogia e Populismo? Não, Obrigado!

Manuel Alegre denunciou o carácter demagógico e populista que, na campanha de Cavaco Silva, sobe de tom ao ponto de chegar ao ridículo recurso de exemplificar com a pensão da mulher, a situação dos pensionistas... o mais caricato e profundamente reaccionário destas declarações de Cavaco Silva foi, como referiu Manuel Alegre, o facto de ainda ter dito que a mulher, por ter uma reforma tão pequena, depende dele, a quem, de acordo com as suas palavras cabe o papel de a proteger... porque, apesar de toda a solidariedade que é suposta entre os membros dos agregados familiares, a declaração de Cavaco Silva devolveu as mulheres à dependência masculina num apelo tradicionalista, piegas e patético que se não adequa, de modo algum, com a imagem de uma democracia moderna, promotora de igualdade de oportunidades e de género.
(Também publicado no Alegro Pianissimo)

A Revolução do Jasmin, o Magrebe, a Europa e o Médio Oriente

A Revolução do Jasmin marca a história tunisina e enche de expectativas todos os que, contra as ditaduras, aspiram à concertação internacional pela paz... A Tunísia, enquanto parte integrante do Magrebe, pode agora desenvolver um esforço de cidadania no exercício das suas próximas eleições livres, de forma a que a região reforce o seu empenhamento na luta pelos Direitos Humanos, demonstrando ao mundo que os povos muçulmanos não rejeitam a construção histórica da sua identidade histórica partilhada com os povos vizinhos a ocidente e a oriente e que a sua confiança na democracia não legitimará opções integristas e fundamentalistas radicais (vale a pena ler o que escreveu sobre esta matéria o Embaixador Seixas da Costa no Duas ou Três Coisas). A verdade é que seria uma boa notícia para o futuro de todos nós, se a Tunísia erguesse uma democracia sem medo a partir da Revolução do Jasmin, capaz de inspirar a Argélia, Marrocos, o Sahara Ocidental, a Mauritânia e a Líbia... O reflexo que a democracia tunisina pode vir a representar para o Médio Oriente e para a Turquia pode significar uma nova etapa nas relações políticas, sociais e culturais entre civilizações, contribuindo para o redesenhar da geografia multicultural da paz... Oxalá os tunisinos não percam esta oportunidade que será também uma oportunidade para os povos das regiões envolventes, a saber, Magrebe, Médio Oriente e Europa... Com a Tunísia rumo ao futuro, eis o que todos devemos desejar e apoiar.

Tunísia - A Revolução do Jasmin

Terminaram 23 anos de ditadura na Tunísia e os tunisinos celebram, nas ruas, a democracia! "Cada líder árabe está a olhar para a Tunísia com medo. Cada cidadão árabe está a olhar para a Tunísia com esperança e solidariedade." - esta é a mensagem que, via twitter, circula no mundo inteiro (ler aqui)! A Revolução do Jasmin é já considerada a primeira revolução pós-colonial do mundo árabe! O futuro da Tunísia é complexo... entre a cultura e a religião, a sociedade e a influência civilizacional contemporânea, a cidadania tunisina tem agora o desafio de decidir o seu futuro (ler aqui)... Com a Tunísia, por um mundo mais livre para todos, fica a expressão da nossa alegria e da nossa camaradagem! Viva a Tunísia! Viva a luta pela liberdade!

Entre a Má-Língua e os Silêncios, o Desconforto...

Factos, intriga, associação aleatória de dados com intencionalidade política?! - certo é que as notícias em circulação, nos últimos dias, causam estragos na auto-estima da sociedade portuguesa e descredibilizam as figuras públicas... seja a propósito da psicopatologia criminosa ou das alianças interpessoais que configuram promiscuidade entre a política e os negócios... incómodo maior se todas têm uma qualquer relação, real ou fictícia, com um candidato presidencial... não seria tão importante e talvez até pudesse ser minimizado, não fosse estarmos em vésperas de eleições presidenciais... não, não se trata de emitir uma opinião; trata-se de ler o que tem vindo à luz do dia, escrito e publicado... por exemplo aqui, aqui, aqui e aqui... E, diga-se em abono da verdade, que o mal que a imagem de desconfiança provoca ao país, no exterior e, em particular, nos mercados, encontra, no interior da sociedade portuguesa,um efeito paralelo no que nos provocam notícias -e mais que isso!- realidades, como estas que recolhemos em várias fontes, ao longo do dia. Respeito pela ética, pela transparência, pelos valores democráticos, pela honestidade, pelo mérito e pelo Portugal que somos, precisa-se! ... afinal, vivemos numa República e em Democracia... ou (já) não?

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Tristes Rios de Janeiro...


Assustadoras, as águas desceram sobre a "cidade maravilhosa" e arrastaram centenas de pessoas, mortas, feridas e aterrorizadas, sob a enxurrada de lama... entretanto, ruiu mais de um milhar de casas onde se encontravam os bens de muitas centenas de famílias... As cheias no Brasil, face às que também inundaram a Austrália, relembram a inequívoca urgência do combate à pobreza e do investimento em estruturas habitacionais seguras para todos os cidadãos - ainda que, na que é já conhecida como a maior tragédia natural brasileira, até as ricas vivendas não tenham resistido... assim como a cada vez maior imprevisibilidade das catástrofes naturais que o aquecimento global continua a provocar. Se é grande e dramática a tarefa da nova Presidente do Brasil, Dilma Rousseff,é hercúleo o desafio que se coloca ao planeta.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Precisamos de um Portugal Sem Medo...


Portugal não pode, nem deve!, ter medo de enfrentar as pressões externas... e se temos bem feito o trabalho que nos exigem, como o disseram ontem e hoje os alemães, apesar dos custos que desse trabalho têm decorrido, com a dura penalização dos cidadãos, cabe-nos agora eleger um Presidente da República capaz de dialogar e apoiar o diálogo com o exterior, defendendo a soberania nacional... Hoje, o Presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, afirmou que as taxas de juro das dívidas de Portugal e Espanha são "absurdas", tornando inequívoca a nossa consideração de que os países mais frágeis da UE estão sob um forte ataque especulativo dos mercados. Por isso, ouvir dizer a Cavaco Silva que não se pode, nem deve!, criticar "quem nos empresta dinheiro" é, de facto, depararmo-nos com uma atitude subserviente e não-combativa, contrária à que tem defendido, em alto e bom som, Manuel Alegre, para quem a defesa da autonomia nacional assume um papel prioritário... nos tempos que correm, precisamos de um Presidente da República capaz de se colocar ao lado dos cidadãos e não de complacência perante os ditadores. Recorrentemente, a este propósito, escrevi ontem, com uma intenção demonstrativa o post que se pode ler aqui no Alegro Pianissimo... e hoje, depois dos bons sinais resultantes do leilão onde foi apresentada a dívida portuguesa, mais do que nunca, sabemos que não devemos desistir da nossa razão e não podemos ignorar que um Presidente da República com o perfil de Manuel Alegre seria fundamental para a confiança e a auto-estima que, enquanto portugueses, sabemos que o nosso país merece!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Só uma total falta de inteligência...

... não permite a emergência imediata de um imenso e autêntico sorriso deliciado perante a preciosidade que AQUI pode ver... com a minha homenagem à Arte e à capacidade de transformação com que o Humor nos devolve a realidade!

Orgulho Português - 2


... e ainda "O mio bambino caro" de Puccini, na voz de Marina Pacheco...

Orgulho Português - 1


... depois do orgulho que nos fez sentir José Mourinho, vale a pena lembrar outros motivos que nos orgulham do Ser e da Arte do que Somos e Somos Capazes!... no caso, as interpretações de Marina Pacheco e de Sérgio Almeida com os "Opera Ensemble" deste excerto da famosa "Traviata"...

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Porque... "Eu Sou Português Aqui..."...


... digam lá que razão terá despertado em mim esta memória... noutro tempo, dir-se-ia: "dão-se alvíssaras" a quem, justamente!, explicar o sentido deste poema de José Fanha, nos dias de hoje... um poema intitulado: "Eu Sou Português Aqui".

Curiosidades Pertinentes...

Da execução orçamental e da vontade de poder...

Enquanto a execução orçamental permite a descida do défice (ler aqui e aqui), Marcelo Rebelo de Sousa critica a apressada tese de Passos Coelho em defender a substituição do governo na eventualidade de uma intervenção externa (ler aqui)... a sede de poder corre à frente da realidade - só ainda não percebi se para chegar primeiro ou se para não chegar a lado nenhum! A verdade é que, para além desta retórica e desta ansiedade, objectivamente, nada se conhece sobre medidas concretas que o PSD proponha como respostas alternativas e credíveis ao actual "estado da arte" da economia e da sociedade portuguesas... assim, dado que a intenção se resume a simples e gratuitas mudanças políticas, estamos conversados: não, obrigado!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A desumanidade estrutural dos mercados contra o uso humano da globalização...


O Bangladesh, um dos mais pobres países da Ásia e do mundo, sofre também a crise dos ricos e poderosos (ler aqui). Apesar dos esforços de Muhammad Yunus (ler aqui) e do Banco Grameen (ler aqui)... é isso que torna mais cruel o mundo arrogantemente considerado "desenvolvido" por cuja lógica financeira sofrem todos os cidadãos do mundo, destituídos de poder económico e político. Além da Ásia e da África (ler aqui o exemplo da Guiné), a América do Sul é também vítima de um funcionamento económico-político sem escrúpulos de que a morte de 2.000 crianças na Guatemala, apenas entre os meses de Janeiro a Novembro é suficiente ilustração (ler aqui). Os valores, a consciência e os princípios democráticos não podem permitir que o mundo seja obrigado a pagar com a morte, a fome e a pobreza extrema, a lógica dos mercados. A globalização implica soluções integradas e universais... é por isso que a crise não se resolve com intervenções do FMI para corrigir "desvios" que repõem a mesma dinâmica... é por isso que é urgente exigir uma reforma económico-política radical... é por isso que não podemos perder oportunidades no caminho a trilhar para que se alcance este objectivo... por muito tempo que ainda falte, não temos o direito de ignorar e de não colaborar!... não se trata apenas dos pobres e das pessoas sem-abrigo que conhecemos no espaço que habitamos! O preço que a Humanidade paga pela lógica liberal e neo-liberal do lucro é o rosto da nossa maior desumanidade! (ver aqui o mapa comparativo dos países com mais elevada taxa de pobreza).

(o vídeo da imortal canção de Joan Baez foi surripiado ao Poet'Anarquista)

Mourinho, Orgulho Português!

José Mário dos Santos Mourinho Félix, nasceu no dia 26 de Janeiro de 1963, em Setúbal. Hoje, a poucos dias de fazer 48 anos, José Mourinho foi eleito pela FIFA, o Melhor Treinador do Mundo na que pode ser considerada a mais competitiva modalidade desportiva, o futebol! Depois de "ganhar tudo o que havia para ganhar" como têm dito todos os comentadores, o treinador português conhecido em todo o mundo pela alcunha que, justamente, ganhou em Inglaterra, o "Special One" ganhou traduções dessa alcunha como "Lo Speciale" (Itália) e "El Especial"... por mérito próprio! Parabéns, José Mourinho!... e obrigado por sentires orgulho em seres português! Nós, portugueses, temos um orgulho enorme em ti e no teu trabalho que é, sem sombra de dúvida, uma Arte!

Eleger Manuel Alegre não é uma questão partidária!

A eleição presidencial não pode reduzir-se aos apoios políticos das candidaturas... e se este receio dos cidadãos tem penalizado a expressão das intenções de voto em Manuel Alegre nas sondagens que têm vindo a público, vale a pena lembrar o peso do destaque que tem sido dado aos apoios partidários à sua candidatura que decorre, essencialmente, do evidenciar da diferença da presente candidatura face ao que caracterizou a que apresentou às anteriores eleições presidenciais... porque, a verdade é que não foi o candidato que mudou; o que mudou foi a expressão pública dos apoios partidários da esquerda protagonizada por socialistas e bloquistas. A verdade é que Manuel Alegre é o mesmo Homem e o mesmo Político e que as teses que agora defende como prioritárias para o desempenho das funções presidenciais, em nada se distinguem das que tem vindo a defender de há anos a esta parte e que justamente lhe garantiram a admiração dos portugueses. Por isso, é importante reter que, ontem, nos Açores, Manuel Alegre afirmou veementemente que a sua vitória não será uma vitória do PS, do BE ou sequer do PDA! Manuel Alegre é um cidadão que lutou pela democracia, com ideias claras e reconhecidamente adequadas à orientação da gestão política nacional nos tempos que correm e para quem o interesse nacional do bem-estar social da população e a soberania nacional são, através da defesa do Estado Social e da dignidade do Estado, princípios maiores de uma representação das funções presidenciais, essencial para o país e para os portugueses. Por isso, urge perceber e transmitir que a eleição de Manuel Alegre não é uma eleição partidária... e que permitir essa confusão é não perceber o que está em causa no dia 23 de Janeiro!
(Também publicado no Alegro Pianissimo)

Redescobrir "Instinto"...


O filme, realizado por Jon Turteltaub, é de 1999 e tem como intérpretes Anthony Hopkins, Cuba Gooding Jr., Maura Tierney e Donald Sutherland... a história é a de um antropólogo que abandona tudo apaixonado pelo trabalho que lhe permite a compreensão da vida e que, em sua defesa, é preso e condenado, recebendo como advogado um psicólogo que o leva a redescobrir a filha e a quem ele ensina o essencial do que há para saber... entretanto, na prisão descobre e revela em cada um dos companheiros esse traço de união que nos torna humanos e iguais... "Instinto" é, sem dúvida, um dos filmes da minha vida!... digo-o sempre que o revejo e hoje, repito-o porque, há pouco, revi uma parte no canal Hollywood... faz bem revê-lo!... para regressarmos ao melhor de nós próprios... e à essência da Humanidade!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Leituras Cruzadas

Por estes dias, a especulação sobre a intervenção do FMI na economia portuguesa tem estado na ordem do dia... por motivos vários, é certo! Pelos interesses externos protagonizados pelos mercados e pelos interesses partidários internos que não resistem à campanha eleitoral em curso para fazer alusões ao que, de facto, esperam do resultado destas eleições. Vale, por isso, a pena ler o post de Seixas da Costa no Duas ou Três Coisas e reflectir na proposta de Ana Gomes no Causa Nossa... A verdade é que a capacidade crítica de que o caso brasileiro é exemplo (leia-se o texto publicado por Eduardo Marculino no História Viva) e de que a memória e a História de Portugal nos deixa marcos grandiosos de dignidade e coragem (leia-se o texto de Osvaldo Castro no A Carta a Garcia), nos obrigam a repensar o interesse nacional em termos que estão muito além dos interesses corporativos e partidários (atente-se no post de Rodrigo Manuel no Folha Seca)... Vale também a pena, por tudo isto, ler as reflexões e comentários que as próximas eleições presidenciais merecem a muitos portugueses, como é o caso de Ariel no Cirandando, de Miguel Gomes Coelho no Vermelho Cor de Alface, de Pedro Correia no Albergue Espanhol, de Vitor Dias no Tempo das Cerejas, de Rogério Pereira no Conversa Avinagrada e de Rui Namorado no Alegro Pianissimo. Enquanto isto, a realidade, complexa e paradoxal, merece a nossa melhor atenção... para que continuemos a pensar pela nossa cabeça!... e, a este propósito, sugiro ainda a leitura sobre o caso passional que deu origem a um crime chocante, publicado por Eduardo Pitta no Da Literatura.

Um Cravo por Vitor Alves - O Homem que não Falava Demais

Vitor Alves, o inesquecível Capitão de Abril, morreu hoje, vítima de doença prolongada (ler aqui). O país fica mais pobre e menos seguro porque a existência dos grandes homens dá sempre aos cidadãos o sentimento de segurança e tranquilidade, como se a sua presença, algures!, garantisse que, se necessário, se irão pronunciar e assumir a posição justa e adequada, a cada momento. Vitor Alves é um rosto que se registou na minha memória como se de um cravo humano se tratasse. A minha homenagem fica aqui, registada e sentida, pela admiração que sempre me mereceu o Capitão cujos olhos diziam da atenção, da razão e da compaixão profunda com que pensava e via o mundo e o país mas que, nunca!, falou demais, deixando a democracia e a liberdade seguir o caminho natural da sua construção - ainda que, estou certa!, acompanhasse, circunspecto e sério, a gravidade dos desvios que a Revolução e o Espírito de Abril sofreram ao longo dos anos! Viva o 25 de Abril! Viva o Major Vitor Alves, Capitão de Abril!

Da Economia à Política - ou do FMI a Passos Coelho?


O discurso de Manuel Alegre, ontem, em Almada, foi contundente e incisivo. Referindo-se ao que, actualmente, é a prioridade do interesse nacional, Manuel Alegre reiterou a sua oposição à cedência do país às pressões externas, designadamente ao pedido de intervenção do FMI na economia portuguesa. Vale apenas ouvir e ler (aqui) algumas das suas afirmações que, por estas e outras razões, são decisivas para a salvaguarda do futuro de Portugal.
(Também publicado no Alegro Pianissimo)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Do "dumping" proteccionista franco-alemão ao desmantelamento económico da UE...

Os mercados continuam a pressionar Portugal, sob influência da Alemanha e da França que, persistindo nos elos do eixo franco-alemão, exigem que o nosso país, à imagem da Grécia e da Irlanda, solicite intervenção externa dos Fundos Comunitários, deixando aberta a porta à entrada do FMI. A exigência, a que a revista Der Spiegel dá voz, aparentando uma análise económica que dissimula a intenção política dos países que querem reduzir a União Europeia a uma Comunidade Económica em que uma dúzia de Estados domina o mercado europeu (a quem interessou o alargamento apenas e só enquanto os Estados-membros garantiram o funcionamento linear da oferta e da procura, estimulando o consumo e promovendo o lucro dos seus accionistas) que viu na união política um instrumento interessante para a institucionalização de uma espécie de muralha de aço para a economia liberal... O esforço de demonstração da inviabilidade do projecto europeu comum e igualitário "inter pares" dos países mais ricos decorre, como bem sabemos, não de uma qualquer preocupação com o bem-estar das populações mas com o exercício concertado de nacionalismos proteccionistas contra os quais legislaram os que agora, subversivamente, os promovem... e se é verdade que muitas economias europeias estão ameaçadas, a realidade é que não podemos ceder à estratégia de usarem Portugal como um duplo exemplo: quer como condicionador do funcionamento de outras economias em dificuldades pelo medo da intervenção do FMI, quer como "caso" capaz de desdramatizar esta intervenção face ao eventual e mais que prevísivel período de sérias dificuldades com que a Hungria, a Bulgária e outros se irão defrontar no futuro próximo... veja-se a Roménia que acabou de ver disponibilizados 900 milhões pelo FMI e cuja população, já de si tão pobre!, nem imagina o preço que terá que pagar!... De facto, o eixo franco-alemão parece interessado em "salvar o coiro" do processo de desmantelamento desta união económica, assumindo sem reservas, através das exigências que fazem, que o interesse político da União Europeia não lhes interessa para nada e, naturalmente!, menos ainda, a Europa Social!

Esquerda Unida, Já!

"(...) A direita está unida (...) a direita detém o poder económico e o poder económico com o poder político e o poder mediático é todo o poder (...) a direita quer dominar todo o poder em Portugal (...)" - disse hoje, num almoço em Palmela, Manuel Alegre. A evidência das suas palavras está à vista na realidade quotidiana dos portugueses e pouco importa o quadrante partidário em que se manifesta. A direita existe, por todo o lado. Era importante que toda a esquerda exibisse agora, num ímpeto inesperado, a sua capacidade e a determinação das suas convicções. Está (ainda!) nas mãos de todos. Assim o queiram.
(Também publicado no Alegro Pianissimo)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Estado Social ou Visão Assistencialista do Estado

Na entrevista de Manuel Alegre a Judite de Sousa, ontem, na RTP1, uma ideia central que ilustra com clareza a distância ideológica e a representação política do exercício do poder entre Manuel Alegre e Cavaco Silva, foi enunciada pelo entrevistado quando evidenciou a diferença entre as concepções do Estado Social que sempre tem defendido e a visão assistencialista do Estado que subjaz às considerações de Cavaco Silva e da maior parte do pensamento político da direita sobre as questões da justiça social, da igualdade de oportunidades, do combate à pobreza e à exclusão social e afins. De facto, a visão assistencialista do Estado pressupõe a possibilidade de recurso pontual em casos de necessidade extrema a respostas de apoio social disseminadas por respostas da sociedade civil, desresponsabilizando o Estado da prática constitucional (razão fundadora do empenho do PSD na revisão constitucional?!) de uma efectiva garantia de prestação de serviços básicos (saúde, educação, segurança social) a toda a população em condições objectivas de igualdade de oportunidades caucionada pela existência politicamente assumida de um Estado Social... neste confronto de representações em que não estão em causa meras doutrinações ideológicas, é caso para reflectirmos na realidade social dos portugueses e decidirmos o que, indiscutivelmente, melhor serve o interesse nacional na perspectiva do interesse de todos e do Bem-Comum... porque a verdade é que o nosso país tem perdido cerca de 322 postos de trabalho por dia tal como, também por dia, têm aberto falência cerca de 11 empresas, ao mesmo tempo que o número de pessoas desempregadas ultrapassou o meio milhão (cerca de 10,9% da população ou seja, de 600 mil pessoas) e a dívida pública tal como o endividamento nacional continuam a comprometer seriamente o desenvolvimento e a autonomia económica do país, fragilizando a sua estabilidade social. Cientes da crise financeira e económica internacional em que nos encontramos e a cuja influência e contágio não temos condições para resistir, podem os portugueses prescindir do Estado Social e deixar o futuro nas mãos de um assistencialismo irregular, incerto e privado, de sustentabilidade precária?... confiar na Previdência é, sabemo-lo todos!, uma fé e o país não pode ficar nas mãos do acaso até porque a consolidação de uma sociedade e das suas condições de vida decorrem de decisões racionais.
(Também publicado no Alegro Pianissimo)

Da "Chamada" dos Bancos à Campanha Eleitoral...



... aliás,nesta "chamada" dos bancos privados à campanha eleitoral, uma questão que se coloca ao mais elementar senso-comum é a de perceber que semelhança pode encontrar-se entre, por um lado, a relação que o cidadão Cavaco Silva manteve com o BPN enquanto accionista da SLN e cujo despacho de venda das acções foi assinado pelo próprio Oliveira e Costa e, por outro lado, um texto literário produzido por diversas personalidades sobre a sua relação com o dinheiro que, tendo sido utilizado como uma forma de publicidade, conduziu Manuel Alegre a protestar, dando indicação para que o texto fosse retirado da dita linha publicitária?!
(Também publicado no Alegro Pianissimo)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Alegro Pianissimo

Malangatana, o Pintor...


Malangatana, o pintor moçambicano que imortalizou a imagem africana na pintura mais quente e humanizada que conheço, morreu esta noite, aos 74 anos, no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos... Malangatana, cuja experiência de vida lhe concedeu uma visão do mundo capaz de transcender os espaços físicos, levando sempre consigo, a identidade cultural dos seus territórios interiores, foi colaborador da Unicef e, em 1997, foi nomeado pela Unesco "Artista pela Paz" (ler Aqui e Aqui)... Em silêncio, deixamos a evocação da extraordinária obra a que a sua vida deu alma.

Contar pelos Dedos... ou Das Falácias para Diminuir a Dimensão da Crise...


Foi hoje conhecida a nova metodologia que o INE vai utilizar para recolher dados sobre o número de desempregados... pressupunha-se uma metodologia aperfeiçoada, capaz de identificar o que, nas anteriores formas de recolha escapou, conferindo aos dados oficiais um desvio mais do que o estritamente necessário para a caracterização do problema... mas, não! Não é isso que o INE vai fazer, expondo sem preocupação alguma de dissimulação da sua precária credibilidade científica, os procedimentos que utiliza para legitimar a manipulação. Assim, a recolha de dados que nos permitirão invocar os números oficiais do desemprego, vai ser realizada através de contactos telefónicos!... Apetece-me dormir e acordar do incómodo pesadelo!... a nova metodologia do INE, para além de assentar na intenção objectiva de diminuir o número de desempregados uma vez que o não-atendimento destes contactos não contabiliza positivamente os desempregados que não atenderem, parte do princípio que os desempregados mantêm telefones fixos, tal como há 10 anos atrás!!!... Por favor, não brinquem mais com os portugueses, readquiram o brio pela credibilidade institucional ou, simplesmente, vão trabalhar para agências publicitárias, campanhas político-partidárias ou no mercado do marketing... mas, tenham a honestidade de não pretender fazer trabalho técnico-científico porque a evidência da manipulação intencional e "a priori" dos dados, lesa a dignidade do país... a não ser que o grau de consciência técnico-científica dos técnicos e dirigentes do Instituto Nacional de Estatística esteja já a um nível tal que não será de espantar que a próxima inovação metodológica seja... contar os desempregados pelos dedos das mãos!... assim, quando se acabarem os dedos, termina a contagem e a crise ficará virtualmente resolvida, para gáudio dos "vendilhões do templo" e infelicidade dos cidadãos condenados não só à pobreza e à miséria mas, também, à mais perfeita invisibilidade!