domingo, 31 de janeiro de 2010

Avisos à Navegação... de Davos!



O Mundo inteiro, visto pelos olhos humanos, feitos de atenção, sensibilidade e inteligência, constitui-se como um grande aviso aos que têm a responsabilidade de participar na Cimeira de Davos... por muito que o ignorem, o Mundo continuará a sua trajectória e os efeitos reais de uma insustentabilidade económica, financeira, social e ambiental serão sentidos por todos... a crise do ano que passou foi disso um sinal... ténue, segundo penso, face ao que, inexoravelmente, se fará sentir! Podem apregoar reformas, paliativos, marketings, estratégias, demagogias mas, não terão capacidade para derrotar o mundo porque os cidadãos têm razão: o planeta é de todos e a injustiça uma invenção de uns quantos que deixaram como herança a ambição de a gerir, para proveito próprio... Quanto mais tempo demorarem a responder aos problemas da Humanidade, mais caro será o preço da História... era útil que a cultura política e a responsabilidade social chegasse a Davos... por todos nós! Avisos à navegação são muitos, mais e mais todos os dias, das guerras que não acabam, ao desemprego que não pára de crescer e às catástrofes que ninguém se empenha em justa medida em estudar para prevenir e ajudar em África, na Ásia, na América do Sul mas, também, na América do Norte, na Europa, nos arquipélagos e nas ilhas de todo o mundo - de que hoje o Haiti é um símbolo maior! Um planeta em luta e subjugado por uma minoria que, ensimesmada nos seus próprios interesses, continuamente justificados à exaustão ao ponto de se tornarem a grande verdade dos governos e dos media, não ficará anómico por muito mais tempo, por muito que se pretendam silenciar e relativizar todos os sinais que a História vai repetindo e disseminando. Porque as Pessoas têm razão e têm o direito de lutar pela vida... porque nada resta a milhões de cidadãos para além da fome, do medo, da descrença e da revolta... porque a Democracia não é uma imagem televisiva nem um discurso de borracha e a igualdade é mais do que um direito consagrado no papel, ficam as imagens de Sebastião Salgado como memória do presente e alerta de futuro... contra todos os holocaustos e pelos Direitos Humanos, dos Cidadãos e dos Povos.

Leituras Cruzadas - Especial - Evocações de Janeiro

* Em 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto, ocorreu o levantamento militar (ler AQUI) que daria origem à implantação da República, anos mais tarde, em 5 de Outubro de 1910. Com o regime republicano que este ano celebra o seu Centenário, Portugal aderiu a um esforço socio-político que continua, até hoje, na senda da construção de uma sociedade igualitária, livre e fraterna, onde o exercício do poder e o acesso à riqueza deixem de ser um exclusivo das heranças familiares e a ascensão social seja possível para todos;
* Em 30 de Janeiro de 1948, na Índia, foi assassinado por um radical hindu, em Nova Deli, Mohandas Gandhi (ler AQUI), o Mahatma - A Grande Alma - que devolveu, na defesa da não-violência e da luta pacífica, a imensa Índia aos indianos, libertando-os do colonialismo britânico;
* Em 27 de Janeiro, assinala-se o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto e, este ano, os 65 anos do encerramento do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, símbolo da mais cruel e cínica das obras humanas (ler AQUI o texto e o documento que acabei de descobrir num blog português chamado Rua da Judiaria da autoria de Nuno Guerreiro Josué);
* Em 26 de Janeiro celebraram-se os 35 anos da decisão, tomada em Beja (ler AQUI), de avançar com a Reforma Agrária em Portugal.
(Também Aqui)

sábado, 30 de janeiro de 2010

O Julgamento dos Mentores da Guerra do Iraque







Tony Blair foi hoje ouvido durante 6 horas pelo Tribunal a que foi presente, para ser interrogado, pelo papel activo que teve na eclosão da Guerra contra o Iraque... Afirmou-se responsável mas não arrependido, defendendo que fez aquilo em que acreditava... cá fora, um dos entrevistados da manifestação de apoio ao julgamento, disse: "(...) todos os criminosos da História disseram o mesmo!(...)" e, se a citação apenas nos serve para reiterar que nenhum dirigente do mundo tem o direito de declarar guerra a alguém apenas por, na sua opinião (formulada com base em informações polémicas, discutíveis ou mesmo, falsas), considerar que o deve fazer, a notícia é importante por denotar que ninguém está acima da lei... Tony Blair foi presente a Tribunal a bem de uma ideia de democracia participada, igualitária e justa capaz de salvaguardar os direitos de cidadania. Porém, a Tribunal deveriam, também, ser presentes F. Aznar, G.W.Bush e J.M.Durão Barroso. O caos, a violência e a destruição de um país assim o exigem!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Considerandos... do Ministro das Finanças a algumas das Linhas Gerais do Orçamento de Estado

Antes de tecer alguns considerandos genéricos sobre o que vai agora sendo conhecido sobre o teor do Orçamento de Estado proposto pelo Governo e que contará com a abstenção do PSD e do CDS e com os votos contra do BE, PCP e Verdes, cabe uma palavra a propósito do Ministro das Finanças. Gostei da entrevista que Fernando Teixeira dos Santos, Ministro das Finanças, deu à jornalista Judite de Sousa, na RTP 1... porque é sempre gratificante ver um Homem sério, capaz de inspirar confiança a quem o ouve - simplesmente porque fala verdade e justifica tecnicamente afirmações e opções, no quadro dos condicionalismos políticos que caracterizam o seu trabalho, face ao qual defende as posturas tecnicamente possíveis. O Ministro das Finanças é credível e competente... felizmente, para que os cidadãos mantenham a calma perante o desespero da constante sujeição à manipulação demagógica, Fernando Teixeira dos Santos não é político... e neste momento, a Governação precisa mais de competência do que de gratuitidade política - porque a política que nos falta é a que permitiria que o Ministro das Finanças tivesse avançado com soluções que, por não terem sido tomadas, são o lado mais negativo do OE para 2010 e que, a terem sido contempladas, nos devolveriam do sentido da política a sua nobre acepção de gestora justa e equilibrada da vida da Polis... Por isso, se tivermos a tentação de nos interrogar sobre se o perfil do Ministro significa que o Orçamento de Estado para 2010 seja o desejável, a resposta não é, necessariamente, tão positiva como a imagem do Ministro... porque, de facto, este não é o Orçamento de Estado ideal... nem sequer o desejável... porém, em abono da verdade, registe-se ninguém disse que o seria!... constata-se assim, consensualmente, que este Orçamento é... o possível!... o possível, sublinhe-se, no quadro das opções políticas que o Governo adoptou. E o que de mais criticável há nessas opções políticas é o facto de apenas os prémios dos gestores bancários serem objecto de taxas fiscais da ordem dos 50% e não os próprios vencimentos de dirigentes e gestores... nos sectores público e privado! Como criticável é o congelamento dos salários técnicos e a penalização das pensões no sector público que abre precedentes para o sector privado (ocorre-me o caso da Irlanda que preferiu investir na diminuição em 15% dos salários dos seus dirigentes), o aumento das SCUTS e, naturalmente!, o aumento do endividamento do Estado... Porém, são assinaláveis as opções estratégicas do apoio à criação de emprego e à contratualização por tempo indeterminado, o investimento público no TGV e no aeroporto de Lisboa, o bloqueio à continuidade de investimento em auto-estradas, a venda do BPN e o desaparecimento do imposto de selo... Entretanto, dados alguns dos resultados conhecidos da gestão pública, medidas como a alienação da Galp ou da REN deverão merecer a melhor atenção por parte de todos: cidadãos, políticos (Governo e oposições incluídas)!... A terminar estas primeiras impressões, é urgente registar que é verdadeiramente lamentável a dimensão das políticas sociais neste Orçamento de Estado, designadamente no que se refere ao combate à pobreza (que integra questões transversais que vão das mulheres aos jovens, às minorias étnicas, às discriminações etárias, à formação, reconversão e qualificação profissionais) e à criação e consolidação das PME's... Além do extraordinário desafio de combate ao deficit que o Ministro das Finanças pode conseguir vencer, há este outro desafio, de ordem social e, consequentemente, prioritário, que se coloca ao Governo e ao País!... e, para lhe responder, é necessária uma criatividade e uma competência de que não temos, por ora, sinais!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Vidigueira - Coragem, Honestidade, Inteligência e Justiça




Vidigueira é uma branca vila alentejana que tem como lema: "Terras de Pão, Gente de Paz". A expressão, além de feliz e bela, revela agora o melhor dos seus sentidos, quando sabemos que, a sua Câmara Municipal decidiu subir de escalão o vencimento dos cerca de 40 trabalhadores do município que auferiam, até ao momento, o salário mínimo nacional. Além disso, testemunho da inteligência de gestão, indispensável à coragem política inerente à aplicação dos critérios da honestidade, da transparência e da justiça, a Câmara Municipal da Vidigueira decidiu baixar, em 10%, os salários do Executivo, incluindo o do seu Presidente. Bem-hajam pelo exemplo nacional e pelo orgulho que continuamos a ter no nosso Alentejo, cuja identidade cultural se não esgota na paisagem... Viva a Vidigueira!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Do Orçamento Geral do Estado à Política de Sustentabilidade Nacional

O PSD anunciou a sua intenção de se abster na votação do Orçamento Geral do Estado, correspondendo às expectativas sociais e políticas que o CDS-PP já corroborara com a expressão de igual sentido de voto. Está por isso adiada a crise política receada, cumpridos os ensejos do Presidente da República e viabilizada a Governação do País. Os cidadãos aguardam agora pelo conhecimento exaustivo do sentido das políticas que, até dia 11 de Fevereiro, serão aprovadas na Assembleia da República. Ficaremos então a perceber o grau de justeza e objectividade das críticas e dos votos contra do BE, do PCP e dos Verdes... as políticas sociais, o combate à pobreza e ao desemprego, o apoio à criação de emprego e à sustentabilidade das pequenas e médias empresas serão indicadores de análise determinantes. Até agora, o que do OE conhecemos refere-se ao investimento público que, sendo necessário, não eliminará duas realidades a que o país precisa de responder: debelar o deficit e ultrapassar a crise, cuja dupla face, económica e social, significa a própria sustentabilidade nacional.

domingo, 24 de janeiro de 2010

HOPE FOR HAITI NOW!... Por Todos Nós!



Gosto muito do trabalho de George Clooney... e não posso deixar de saudar como uma das mais comoventes e belas iniciativas da ajuda humanitária internacional de carácter simbólico, a HOPE FOR HAITI NOW!... sim! Comovente e Bela - pela qualidade, a rapidez, a eficácia e o desinteresse desnudado de maquilhagens excessivas dos participantes... por uma causa humana, universal e justa em nome de um povo humilde e grandioso que ainda acredita ter tido culpa no grande desastre que foi o sismo que lhes destruiu o país, os bens, as famílias, os amigos... mas que não perdeu a capacidade de acreditar que, em última análise, se chama, Amor à Vida!... Obrigado, George! Bem-hajas por nos permitires, a todos!, reforçar a Esperança! HOPE FOR HAITI, NOW!


Do Orçamento de Estado...

O CDS-PP, pela voz de Paulo Portas, acabou de confirmar a sua decisão de concorrer para a aprovação do Orçamento de Estado. Sinceramente, não surpreende quem reconhece a competência estratégica de Paulo Portas que, agora, denota ousar jogadas de risco, desafiando o PSD e reduzindo significamente o impacto mediático da sempre lenta e extemporânea Manuela Ferreira Leite. Pena é que os destinos da cidadania e a vida dos portugueses se reduzam aos jogos ilusionistas das encenações partidárias que só divertem e angustiam os próprios...

Leituras Cruzadas

Um passeio pela blogosfera destacam-me ao olhar errático - porque a realidade me surge hoje deslocada do chão em que assentam sentido, significado e intencionalidade dos factos - considerandos que, por outras mãos e outros olhos, reflectem o mar de paradoxos em que, numa penumbra quase obscura, se vai vivendo a cidadania, refém de uma mediatização de lugares-comuns que nos preenche de ruído o espaço, desperdiçando o tempo precioso que se não quer perder nas sujeições alienantes a que nos conduzem como se houvesse apenas uma forma de pensar, ser e dizer... não há!... felizmente, ainda existem, várias!, e delas ficam alguns dos felizmente, ainda muitos! sinais, mais ou menos discretos desta diversidade saudável e real. Vejamos alguns destaques possíveis:
* sobre o Orçamento de Estado: A Troca Orçamental de Pedro Adão e Silva, E para a Banca não vai nada, nada, nada? de Filipe Tourais, A Não Esquecer de Vitor Dias e A Consolidação Orçamental... de JNR;
* sobre a economia nacional, vale a pena ler O Escândalo da Taxa de Execução do Plano Anti-Crise de Carlos Santos que Paulo Pedroso designou Uma Verdade Inconveniente e O Luxo da Lentidão de Sérgio Lavos;
* sobre a candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República, destaque para O Estranho Caso do Leão Arraposado de Rui Namorado, Quem Tem Medo de Concordar com o Bloco... de João Tunes, A acreditarmos no que dizem os jornais... de Insinuações e Louçã, em Bicos de Pés, Só Atrapalha de Francisco Clamote.
A terminar, um destaque enfático para os textos Consequências da Derrota no Massachusetts de JMCorreia Pinto e Consegue Obama Domesticar o Monstro? de Raimundo Narciso...

Três Cantos e Uma Memória - Da Arte do Pensar Cantando em Português



"Três Cantos" - é o nome de um concerto memorável e da obra que o preserva como testemunho precioso do património etno-musical português... pela mão e pela voz de 3 cantautores: Fausto, José Mário Branco e Sérgio Godinho...
"Inquietação" - um poema dito a cantar de e por José Mário Branco...

sábado, 23 de janeiro de 2010

Voluntarismos - de Sousa Pinto ao Morcego Vermelho


As declarações de Sérgio Sousa Pinto sobre a candidatura de Manuel Alegre, expressa em seu nome pessoal, à RTPN, no mesmo dia em que António Costa se pronunciou sobre o mesmo assunto na SIC, evidenciam o grau de maturidade que distingue a seriedade política da jocosidade provocatória e subserviente... Sérgio Sousa Pinto fez-me pensar na célebre frase: "Por qué no te callas?". De facto, o auto-convencimento e o esforço "espertalhaço" de querer agradar ao que se presume que se esboça nos bastidores numa atitude "embirrante" de inoportuna e desadequada rebeldia, confirma a opinião de que há políticos que apenas falam bem enquanto correias de transmissão... na sociedade tradicional chamavam-se "moços de recados" e penso que os imaginamos a delirar como seria se pudesse ser sua a iniciativa... nessa noite, Sérgio Sousa Pinto, cativo do narcisismo que o torna desagradável, cedeu, uma vez mais, à tentação mediática e deu a sua opinião, deixando assim que os portugueses percebessem que, de facto, será sempre um político com um sentido estratégico marcado pelos interesses de protagonismo pessoal.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Estado... Somos Nós!


Quando se fala em modernização da Administração Pública, a tendência é para acentuar o "peso" do sector nos encargos do Estado e a argumentação recai quase sempre na afirmação da necessidade de redução dos seus recursos humanos. Contudo, assim colocado, o problema enferma de uma legitimidade ética que transcende o equacionar comparativo entre "receitas" e "despesas" e radica, isso sim, em 2 corolários errados, tomados por axiomas, que inquinam quer o diagnóstico fidedigno do que se passa no plano institucional, quer o tipo de procedimentos que se presume possam desenvolver, melhorar e rentabilizar o sector. O primeiro desses pressupostos é, essencialmente, ideológico e decorre da representação socio-política de que o sector institucional é uma espécie de extensão orgânica do aparelho governativo; o segundo define-se pela aceitação cívica sem reservas do primeiro. A perspectiva, determinante para o grau de desenvolvimento de um país, enquanto garante do funcionamento desinteressado e equitativo das estruturas organizacionais, prejudica de forma decisiva a eficácia do aparelho estatal e do seu correlativo apoio ao cidadão porque, refém do funcionamento partidário, o Estado fica exposto e limitado às linhas de orientação que podem variar com a gestão governamental. O problema da centralização e controlo dos procedimentos é característico de sistemas tradicionais que se não identificam com a autonomia conceptualizada para as sociedades tecnológicas e é, por isso, naturalmente, mais grave nos países pobres (não sendo de escamotear a possibilidade de ser esta a causa da sua incapacidade de emancipação económico-social e financeira) e nos que, como Portugal, têm economias deficitárias... porque, supostamente, nos países com níveis elevados de desenvolvimento e crescimento, a confiança nos sectores de recursos humanos técnicos e a dinâmica do sector privado permitem que a própria a estrutura institucional funcione, cumprindo o seu objectivo que é servir a sociedade e que o Governo seja, não uma espécie de proprietário mas, um gestor.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Entre o Mesmo e o seu Contrário...

As imagens permitem a analogia e denotam a legitimidade das palavras...



... entre Direitos Humanos, Ciência e Paz circula um lapso gravo: o da interiorização da mensagem de que é possível viver, coexistir e ser...





A guerra, a violência, a morte e o medo, por diferentes razões, aproximam os povos que insistem em não aceitar a comum dimensão humana da partilha da vida...

Enquanto o Afeganistão continua a sofrer ataques vindos dos que não suportam não ser, por uns dias, o centro das atenções do Ocidente, a sofrida Faixa de Gaza organiza ajuda ao Haiti...
Complexo, o sofrimento humano encontra rostos em todas as expressões para as mais diversas situações...
O lado assustador como reverso do que, entre humanos, é profundamente comovente, denota a importância de eleger como prioridade político-económica mundial a protecção da vida dos cidadãos, dos povos, das culturas e do planeta...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Apoiar Manuel Alegre...


... um texto escrito e dito por Manuel Alegre, acompanhado à guitarra por Carlos Paredes, para dizer de uma intensidade de pertença a um país que se ama e que se tem por prioridade do pensar e do agir...

... um poema de Manuel Alegre imortalizado pela voz de Adriano Correia de Oliveira, que rasgou a noite da ditadura e continua a fazer luz nos dias em que os nossos desalentos desacreditam da política, previsível e desencantada...

... um fado que a cultura interiorizou e que disse o que todos, mais ou menos, constantemente, vamos sentindo... para dizer que eu, que já escrevi sobre Manuel Alegre (ver aqui e aqui) e que dele escolhi algumas das palavras que fazem eco da sua alma (ver aqui), relembro apenas que o Poeta, o Pensador e o Político que, ao longo do tempo e de 3 gerações, acompanha o sentir português, atravessando as contra-correntes que nos deixam sempre com a esperança adiada, nos traz a recusa de um país que, do outro lado do Atlântico, se dizia assim, do Brasil da ditadura, na voz de João de Almeida Neto, e que, por acção da analogia e da memória, faz sentido relembrar, para que não volte e para que tenhamos sempre quem, atento, o não permita, em tempos que, à sua medida, são, também, escusos, difíceis e perigosos:

... por tudo isto mas, também porque Manuel Alegre não é o candidato de uma ou de outra facção (apesar da pressa de Francisco Louçã em se apropriar de uma candidatura que é, acima de tudo, independente e se requer de todos nós) e por tudo o mais que ainda diremos ao longo de uma caminhada que agora se (re)inicia, eu apoio Manuel Alegre em quem acredito para devolver dignidade e liberdade ao Pensar e ao Ser Português.

Da Escravatura à Liberdade - do Haiti à Religião e às Mulheres

Está a ser difícil retirar da primeira página o post anterior, "Somos Todos Haitianos"... porque o Haiti continua presente e cada vez mais real, agora que começamos a ter imagens reais em directo e que o tempo escasseia para um desespero sem nome (fica aqui o link para o site da Cruz Vermelha Internacional)... relembro a este propósito que o Haiti é o primeiro país do mundo, nascido de uma revolta de escravos... e, como tal, apesar de todos os seus problemas, um símbolo de que a liberdade é possível!... no entanto, não posso deixar de partilhar um texto de grande qualidade publicado na 5ªfeira pelo Jornal i... chama-se:
A Religião e as Mulheres e o seu autor Nicholas Kristof... a não perder!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Somos Todos Haitianos!




É doloroso assistir às catástrofes que, inexoravelmente, o mundo vive, por natureza e condicionalismo, eco-cultural... mais doloroso é ver o desesperado desalento das pessoas, incapazes de contrariar as tragédias que ninguém previne, evita ou minimiza pela atenção aos custos previsíveis... e os custos são vidas!... vidas/vidas e vidas/mortes... São milhares de pessoas sem casa, com fome, com sede, acompanhando "in loco" a agonia de outros tantos cidadãos, milhares de pessoas feridas, no corpo e na alma, para sempre, milhares de pessoas que nunca mais esquecerão que nem o chão é firme, para além do quotidiano combate sem tréguas por uma sobrevivência precária, tão difícil de vencer, ao longo de anos e gerações... os povos, colectiva e individualmente, têm uma capacidade de resistência sempre superior ao que sobre ela se presume mas, de facto, há cenários tão devastadores gravados no saber e no sentir de cada um, que se torna quase desumana a possibilidade de ultrapassar o trauma. Tem sido incansável, é certo, a mediatização da ajuda internacional mas, sejamos claros: não chega! Nunca chega! ... e, pior que isso!, não anula nem apaga a realidade! ... A culpa, a culpa de toda a Humanidade e dos países ricos, do capitalismo desenfreado e selvagem tem o rosto do Haiti!... porque, no século XXI, a desinteligência inaceitavelmente absurda e incontornavelmente persistente com que teimam em gerir o mundo, permite que os frágeis e pouco consistentes alertas que a ciência ainda vai fazendo ouvir, sejam ignorados... até que o medo aconteça perante os factos! Depois de se alardear a sociedade do saber, da informação e do conhecimento, devem os Governos e os financeiros de todo o mundo cobrir-se de vergonha pelas prioridades bélicas de comercialização de bens móveis e imóveis com que obrigam a política a olhar o mundo e pela qual se rendem os homens, tentados pelo lucro fácil e a imagem efémera de uma fama sem sentido que desaparecerá na voragem da História... por isso, o que move quem determina, pessoas e organizações, os campos de investimento nacional, europeu e internacional é, apenas, o interesse egocêntrico, pessoal e de grupo... porque o "sistema" não se faz sózinho mesmo que a economia aparente uma mecânica própria... o "sistema" move-se pela acção dos seus protagonistas e esses, sim, esses!, são culpados pela cumplicidade e a negligência dos efeitos conhecidos por todos, "a priori". Não podemos ser complacentes com a crueldade que se esconde sob a capa anónima do "sistema"... no fundo de nós, persiste porém, felizmente!, a nossa capacidade de retirar ensinamentos de tudo o que é susceptível de ser conhecido... chama-se Esperança, essa aprendizagem humana, humilde e autêntica que nos faz resistir e persistir mesmo quando, como agora, Somos Todos Haitianos!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Haiti







Enquanto os países ricos se enredam nos dilemas absurdos de um desenvolvimento que não tem garantido até agora, o respeito pelos Direitos Humanos, permitindo a miséria, a fome e a guerra que decorrem da desmedida ambição financeira dos detentores do poder, os cidadãos dos mais pobres países continuam indefesos perante os dramas que a Humanidade se não envergonha de não ter escolhido como prioridade política... resta-nos a solidariedade... com o Haiti!... o belo Haiti das paisagens paradisiacas e dos mais desoladores cenários de pobreza que agora se vê, simplesmente, demolido!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Leituras Cruzadas...

O frio e a chuva que se fazem sentir, actualizam o pensar sobre as questões ambientais e os considerandos a ter em conta numa abordagem que, designadamente no que respeita às alterações climatéricas, deve atender a problemas vários, cuja visibilidade, apesar de publicamente minimizada, não deixa de ser da maior relevância ao nível das causas (leia-se o texto de Eric Vidalenc publicado no Alternatives Économiques sobre o carvão) e dos efeitos (leia-se o texto de Palmira Silva no Jugular sobre o arrefecimento global)... E enquanto o mundo pensa e analisa os modelos de gestão político-económica que, nominalmente, nos regem (leia-se o texto de Charles Wyplosz sobre a Estratégia de Lisboa publicado no Vox) e se preocupa com questões de fundo que afectam o futuro da Humanidade e têm implicações directas nas nossas vivências quotidianas, individuais e colectivas, Portugal assiste à mediatização de gratuitidades medievas... refiro-me, por um lado, à expressão de um pensamento -dito económico!- que mais não faz do que penalizar a sociedade pelos custos das políticas sociais que são, sabemo-lo todos!, tão precárias e imperfeitas (leia-se a boa chamada de atenção de João Tunes no Água Lisa) e, por outro lado, à exibição de comportamentos que nada acrescentam à procura de soluções para a crise económica que o país atravessa, limitando-se a acentuar culpas sem apresentar soluções viáveis e justas (destaquem-se, a este propósito, os textos de JMCorreia Pinto e Raimundo Narciso). Sem oposição política consistente no que respeita ao maior partido da oposição (leia-se o texto de Pedro Correia no Albergue Espanhol) e apesar das tentativas de descredibilizar a esquerda, relativizando perigosamente a reedição de uma eleição presidencial à direita, vamos encontrando leituras justas que ajudam a pensar positivamente o país que ainda somos (leia-se o texto de JMCorreia Pinto hoje publicado no Politeia e de Francisco Clamote no A Regra do Jogo)... para contrariar os dias em que os acontecimentos teimam em nos relembrar a contra-corrente de uma coexistência pacífica capaz de não agravar conflitos e discriminações (leia-se o texto de T.Mike no Vermelho Côr de Alface)... a que, felizmente!, resistimos com a evocação da obra dos que partem (ler AQUI e AQUI) e com a reflexão gratificante dos que resistem (ver AQUI)... A terminar o Leituras Cruzadas de hoje, fica ainda o meu agradecimento à Manuela Araújo do Sustentabilidade é Acção.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Dos Jornais Nacionais à Língua Portuguesa e à Informação

É um disparate... e é pena! A edição impressa de hoje, do DN, apresenta um título escrito em português... do Brasil! "Doutor, quero que meu filho seja mais alto" pode ler-se na página 14 de um dos maiores jornais diários nacionais... pode ser lapso, gralha, qualquer coisa... mas, é incorrecto e desagradável para o leitor, contraproducente para quem recorre aos jornais como instrumento didáctico-pedagógico e veículo de negligência cultural no tratamento da língua portuguesa. Esperemos que as redacções reforcem o trabalho de revisão... quer na imprensa, quer nas televisões onde erros ortográficos graves continuam a aparecer, repetidamente, nas notícias em rodapé. Se não é possível prever, para efeitos de correcção, os erros semânticos e sintácticos, a acentuação ou a dicção dos intervenientes dos serviços informativos, os media podem, pelo menos, ser rigorosos no uso da Língua - já que, com a qualidade do que seleccionam e a respectiva forma de abordagem, continuam a deixar muito a desejar. A título de exemplo, destaco ainda na mesma edição, a notícia sobre as Pirâmides do Egipto que exigiria, em nome da informação e do respeito pelo leitor, a explicitação do que enuncia. A questão é relevante porque a informação poderia revolucionar o conhecimento da História do Mediterrâneo e a sua omissão deixa margem para se duvidar do seu conteúdo... não ocuparia muito mais espaço a referência às metodologias e às fontes, pois não?... e se esse fosse o problema poderiam ter diminuido o espaço ocupado pelas fotografias... o problema é uma questão de critérios... e os critérios são como os valores: determinantes para a qualidade da intervenção e da informação.

Reflexos soltos...


... de Claude Monet "Impression - Soleil Levant"... porque o mundo é, em nós, uma impressão e por dele imprimirmos, em tudo e a cada passo, outra impressão que permanece sempre, ainda outra, a cada olhar e a cada um, por razões várias e diversas... magnífica pluralidade, extraordinária solidão, espantosa diversidade... de um mundo que é, apesar disso, apenas um... e a cuja fragilidade resistimos, persistindo em nos perder num já velho mas sempre renovado jogo de espelhos em que o humano se deslumbra e esquece, distraído, da residual condição, efémera, da existência... e deixa acontecer... o que razão e emoção lhe garantem injusto, infundado e interdito...

domingo, 10 de janeiro de 2010

Vender o Mundo



... a propósito do já velhinho mas excelente tema de David Bowie: "The Man who sold the world", ocorrem-me as imagens de ditadores e magnatas das finanças, de políticos e comentadores cujas intervenções resultam de uma certa lógica pretensamente fatalista, assente num inexorável conformismo que apenas atesta o mundo ilusório em que o seu binómio ignorância/cultura os faz mover-se... como se o mundo fosse um mercado de imóveis de que se cuida com o calculismo das transacções financeiras e o equacionar economicista... sem a mínima consciência da sua profunda e incontornável natureza humana e sem a responsável consideração de que a violência social é um dos seus mais significativos sinais - por muitos pretextos que se elaborem para a sua justificação...

As Causas do Século



As causas do século são, ainda!, o combate à pobreza e a valorização da biodiversidade!... por isso, 2010 tem estes dois objectivos como símbolos da actividade cívica e da pressão política... porque, afinal de contas, estamos no final da 1ª década do século XXI com uma taxa de cumprimento dos Objectivos do Milénio extremamente deficitária em que, apenas!, a visibilidade das causas pode ser considerada um sinal de sucesso. 2010 é o Ano da Luta Contra a Pobreza e o Ano da Biodiversidade. Combater a pobreza implica manter o objectivo do Milénio "Fome Zero" (que o Brasil tão bem já protagonizou -apesar de tudo o que ainda há a fazer!), desenvolver políticas sociais e lutar contra o desemprego... Valorizar a Biodiversidade significa preservar o ambiente, prevenir e corrigir o processo de perigosas alterações climáticas já conhecidas, lutar contra o racismo, a guerra e a violência social. São estes os objectivos maiores do trabalho planetário e, consequentemente, europeu e nacional, em termos cívicos, políticos e económicos. Era útil que, no conjunto das pequenas quezílias domésticas, não esquecessemos que fazemos parte de um mundo onde todas as pessoas têm direito a uma vida digna que, enquanto se não cumprir, continuará a assinalar a profunda desintelígência com que a Humanidade, em pleno século XXI, ainda habita a Terra. A nós, cidadãos, cabe-nos exigir que as prioridades cívicas e sociais sejam o objectivo da política e da economia... por isso, todos os pretextos e todas as causas, qualquer que seja a sua dimensão, devem insistir sempre no respeito pelos Direitos Humanos e pela Preservação da Vida tal como a conhecemos... é esta a nossa saga, é este o nosso dever, são estes os nossos direitos e, se me permitem, é aqui que reside, nos dias que correm, o sentido da existência...

sábado, 9 de janeiro de 2010

Manuel Alegre - O Elogio da Política



Excelente entrevista a de Manuel Alegre ao Expresso! Num verdadeiro testemunho sobre o que podemos considerar, de facto!, o elogio da política, clarividente e incisivo, M.Alegre coloca o dedo na ferida ao afirmar que Cavaco Silva não resiste à tentação de governar e é aí que, na minha opinião, reside o essencial do sentido da sua candidatura a Belém que o interesse nacional justifica. Com o país a viver uma crise económico-social cuja dimensão encontra reflexo no extraordinário número de desempregados que, para além das estatísticas, pode estar a aproximar-se dos 13%, e um território desprovido de meios de produção capazes de criar riqueza, o papel do Presidente da República adquire uma pertinência fulcral no que respeita à definição das prioridades de gestão da sociedade portuguesa, pela autoridade ética que representa e que lhe é reconhecida cívica e institucionalmente. O país precisa, indiscutivelmente, de estabilidade e massa crítica. Estabilidade para que as intervenções decorrentes das medidas políticas possam alcançar os resultados que as sustentam e massa crítica para, constantemente, corrigir o sentido e o objecto dessas intervenções que se requerem, cada vez mais, interdisciplinares e integradas. Ora, só a inteligência, o discernimento e a ousadia da criatividade do pensamento pode construir contributos alternativos, enriquecedores dos caminhos a percorrer num contexto nacional fragilizado e empobrecido que condiciona os efeitos do leque de investimentos políticos disponíveis. Explicar o exercício da Presidência da República como autoridade supra-governamental de natureza ética, pedagógica e política e clarificar a utilidade das competências deste orgão de soberania para a vida dos cidadãos é o desafio que se coloca ao argumentário que encontra na visão de Manuel Alegre sobre o seu desempenho, os fundamentos em que o país se reconhece e com os quais se identifica... e assim, vencer as Presidenciais de 2011, contrariando a demagogia e a crispação que mais não faz do que afastar os cidadãos da política e permitindo aos portugueses o restaurar da esperança e da confiança dos cidadãos nas instituições e no país... Manuel Alegre tem o perfil reflexivo, criativo, combativo, resistente e inteligente de que o país precisa. Indiscutivelmente!... e se dúvidas houver, leia-se a entrevista de hoje... parafraseando o Poeta, para "cumprir Portugal", apoiemos, convictamente e sem reservas, Manuel Alegre a Belém!...
(Este texto foi também publicado AQUI)

Cinco Manias numa metáfora... cantada



A culpa é da Fada do Bosque... pediu-me que indicasse 5 "manias"... foi difícil... aqui sugiro algumas das minhas singularidades que podem mesmo ser "manias":

1 - Gosto de deixar a cama arrumada antes de sair de casa;
2 - Gosto de me pensar como um ser telúrico... no pensar, no sentir e no ser;
3 - Gosto de agir e pensar como se a justiça se concretizasse por mérito próprio em função da justeza das coisas e das causas;
4 - Calo-me quando pressinto conflito e falta de clareza, acreditando que as pessoas darão por isso, sem necessidade de se lhes chamar a atenção;
5- Irrito-me sempre que isso (o referido em 4) não acontece.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Direitos de Parentalidade - o Governo contra o Código do Trabalho?!

Nos dias que correm, a igualdade e a não-discriminação emergem como prioridade da agenda política que, estranhamente, se afirma de aplicação irregular e não transversal, como seria expectável no que à sua natureza e ao "mainstreaming" de género, diz respeito... Alegando o Acordo de Empresa, o Governo caucionou, contra a mais elementar leitura dos Direitos de Parentalidade e o parecer da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), o não pagamento dos prémios de desempenho devidos a várias trabalhadoras da TAP que, no pleno usufruto dos seus direitos (garantidos, como diz o especialista na matéria, Garcia Pereira, pelo próprio Código do Trabalho), estiveram ausentes do serviço por motivos de maternidade. A questão que se coloca é a de saber, por um lado, até que ponto as questões da igualdade são perspectivadas como Direitos Civis, efectivamente vinculativos e, por outro lado, em que legitimidade ética assenta uma postura governativa que institucionaliza o retrocesso dos Direitos dos Trabalhadores, actuando contra o próprio Código do Trabalho, em defesa de interesses empresariais conjunturais. Lamentável e indefensável, esta atitude deita por terra todo o investimento político na promoção da igualdade e confere às políticas sociais um carácter aleatório em que os cidadãos não podem confiar, descredibilizando-se assim a própria governação socialista.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Novos Modelos Familiares e Velhas Tácticas Políticas


Incongruente e, porque não dizê-lo?, incompreensível... refiro-me ao que o DN designou por "braço-de-ferro" entre o Primeiro-Ministro e a Direcção do Grupo Parlamentar do Partido Socialista. A incongruência resulta de 2 postulados (a saber: 1- aprovação como parte integrante do programa eleitoral do PS e do programa de Governo, do casamento entre pessoas do mesmo sexo; 2- a questão da adopção de crianças por casais homossexuais não integrou a agenda político-partidária eleitoral ou governativa do PS) que, no contexto das propostas parlamentares, são objecto de posições diversas e antagónicas, conforme o previsto... Cumprindo-se o compromisso de legislar sobre o casamento homossexual, fica assegurada, no essencial, a política de combate às discriminações e de eliminação de estereotipos, razão pela qual, atendendo à dimensão ética de carácter individual inerente ao juízo sobre práticas comportamentais, se torna, de certo modo, inútil e contraproducente a imposição da disciplina de voto na condenação da adopção a este modelo familiar que agora se institucionaliza. De facto, o PS seria muito mais coeso (ao contrário do que possa pensar quem considera que a unanimidade forçada vale mais que a liberdade de expressão) se permitisse liberdade de voto aos seus deputados... mais ainda quando deixa aberta duas excepções: a de Miguel Vale de Almeida e a de Sérgio Sousa Pinto, a primeira das quais perfeitamente compreensível e a segunda, apenas, verdadeiramente discriminatória em relação aos restantes deputados. De facto, incongruente... de facto, incompreensível. ... como aliás o foi também a extemporaneidade da proposta de "união civil registada" do PSD que, tanto tempo depois do problema estar na agenda política vem, ostensiva e gratuitamente, apresentar uma proposta que poderia ter feito sentido em tempo próprio mas que, agora, é meramente um instrumento de oposição político-partidária esvaziado do próprio conteúdo que poderia manifestar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Leituras Cruzadas...

Este é o primeiro Leituras Cruzadas de 2010... seguindo a tradição, deixam-se os votos de que este seja um ano capaz de contribuir para corrigir alguns dos maiores erros em que, reconhecida mas insistentemente, a Humanidade continua a incorrer apesar dos esforços que, por exemplo, no final do ano que terminou, a Cimeira de Copenhaga pretendeu assinalar (leiam-se a este propósito os textos sobre a Biodiversidade no Sustentabilidade é Acção) e que, no plano da preservação do património etno-cultural nacional, a sociedade civil exige não deixar cair no esquecimento para que a Memória consolide a identidade colectiva do que somos como recurso de sobrevivência de um pequeno país integrado numa dinâmica de globalização homeogeneizante (leia-se o texto publicado no Caminhos da Memória). O ano que agora começa, significa, para a sociedade portuguesa, mais uma oportunidade que é urgente não desperdiçar, sob pena de hipotecarmos mais e mais rapidamente o futuro que temos vindo a adiar na formulação discursiva mas que, de facto, nos encontramos já a viver... uma urgência cuja viabilidade encontra pistas na reflexão da gestão económica que é preciso coragem para remodelar (leiam-se os textos de João Rodrigues no Ladrões de Bicicletas)... e, a este propósito, vale a pena chamar a atenção para alguns textos produzidos no contexto da mensagem enunciada pelo Presidente da República - catastrófica mas que, sem carecer de realismo não apresenta qualquer novidade - já que remetem para um dos destaques da realidade política do nosso país para 2010, a saber, a preparação das eleições presidenciais em que, tal como acontece já com a mensagem do PR, vão emergir notórias e diversificadas afirmações relevantes sobretudo pela intencionalidade estratégica que lhe está subjacente (leiam-se, complementarmente, os textos de Valupi no Aspirina B, de Pedro Santana Lopes no seu blogue pessoal, de João Ricardo Vasconcelos no Activismo de Sofá e, perdoe-se por esta vez a imodéstia!, o meu próprio texto sobre Manuel Alegre)... E, neste ano ainda imberbe, continuarão também, a merecer a nossa atenção, factos decorrentes e recorrentes de uma persistência estrutural cuja visibilidade dos últimos anos, tenderá, seguramente, a agravar-se; refiro-me, naturalmente, aos conflitos que, sob diferentes pretextos incluindo os culturais e os religiosos, continuarão a marcar os percursos e os combates pelo poder (leiam-se os textos de T.Mike no Vermelho Côr de Alface e de Miguel Madeira no Vento Sueste). Por hoje, a terminar, ficam as referências aos princípios de uma ética cada vez mais indispensável (atente-se no post de Fernando Cardoso no Ayyapa Express) à nossa sobrevivência perante as ameaças de naufrágio que os dias teimam em lembrar-nos e a que resistiremos por acção das nossas mãos conduzidas pelo sentir do nosso olhar (leia-se a expressão de A.C Valera no Irrealidade Prodigiosa). A todos, um Bom e Solidário Ano de 2010.

domingo, 3 de janeiro de 2010

A Fuga de Peniche





Faz hoje 50 anos um dos episódios mais brilhantes do combate ao fascismo em Portugal: a Fuga de Peniche! Símbolo maior de que tudo é possível se a organização fôr exímia no rigor do planeamento e se os recursos humanos tiverem o carácter que garante a confiança!... Nos dias que correm, quando se pretende branquear a memória da ditadura pela eliminação dos símbolos que elucidam o sofrimento que causaram e que concorreram decisivamente para o atavismo que ainda sofremos, nas mentes e nos procedimentos socio-culturais (como acontece com a eliminação da placa sobre a PIDE de que tanto - mas tão pouco!!! - se tem falado), é importante lembrar: a Humanidade tem uma História de crueldades a que a nossa sociedade não escapa e já é tempo de não contribuirmos mais, de forma alguma, para que a negligência e a cumplicidade continuem a alimentar e aumentar as fontes do agravamento das condições de vida dos cidadãos, na economia e na guerra, na comunicação social e nas instituições... porque da complacência e do descontentamento que conduz às catástrofes sociais e à fome, resulta a aproximação às diversas formas de usurpação autoritária do poder. Peniche, nunca mais! Obrigado a Todos os que Fugiram! Pelo Exemplo e a Mensagem de Futuro!... e, já agora, para além do que podemos ir lendo (destaque-se o texto de Osvaldo Castro no Praça Stephens e o link para que remete), vale a pena ler o conto de final nobre e comovente da autoria de Álvaro Cunhal: "A Estrela de Seis Pontas".

Lembrete... para 2010!



A mensagem é simples, universal, inequívoca, profundamente realista e proferida na homenagem a Bob Marley, em 1999, na viragem do século: Não precisamos de mais problemas!... persistente, o sentido das palavras, agravado, no final da 1ª década do século XXI, interpela-nos insistentemente... até quando continuaremos a adiar o inadiável e a persistir nos erros pelo simples apego aos lucros imediatos e à mesquinhez do pensamento egocêntrico - é a questão que se nos coloca. "We don't need no more trouble"!... Precisamos de soluções! Fazer de 2010 uma marca séria no caminho da sua concretização é, não apenas desejável mas, de facto, essencial - ou seja, importante e muito!, muito urgente.