quinta-feira, 31 de março de 2011

25 de Abril, Sempre! ... porque o 25 de Abril não se cancela, nem se suspende!



A notícia é, no mínimo, chocante, apesar de se poder evocar um qualquer argumento capaz de suportar uma eventual legalidade em que possa assentar (ler aqui)... mas, o facto é que este ano, 2011, será a primeira vez que o 25 de Abril de 1974 não será celebrado condignadamente na Assembleia da República. Razão têm, por isso, os Capitães de Abril e todos os democratas, antifascistas e cidadãos de boa-fé que receberam com indignação e muita, muita reserva, o anúncio desta decisão. Vasco Lourenço disse-o claramente (ler aqui). O 25 de Abril não é dos políticos: é de todos!... e se tem vindo a ser celebrado na dita Casa-Mãe da Democracia é, simplesmente, em reconhecimento desse, que é este!, nosso Povo e de que os seus residentes, permanentes ou temporários, são, apenas e só, meros representantes!... e se os políticos não são capazes de ultrapassar o seu "conjuntural papel" para, como cidadãos, celebrarem juntos, a Democracia, mantendo a AR aberta à celebração do mais importante facto histórico da nossa contemporaneidade, cujo prestígio, reconhecimento e afecto, ultrapassou todas as fronteiras e ainda inspira revoluções democráticas pelo mundo, que tenham ao menos a dignidade de lhe não fechar as portas e de não deixar de a cobrir de cravos, muitos e muitos cravos vermelhos... Em última análise, que a manifestação do 25 de Abril de 2011 termine enfeitando a escadaria da AR... porque, meus amigos, o 25 de Abril não se suspende e, muito menos, se cancela! Viva o 25 de Abril!

terça-feira, 29 de março de 2011

Lula da Silva, o Presidente, o Mestre e o Homem


A solidariedade do Brasil com Portugal é indefectível (ler aqui) e disso faz prova a declaração de Lula da Silva, o Presidente que, de muitos prémios recorrentes da defesa de Direitos Humanos justamente acumulados, recebeu hoje, na Assembleia da República, o Prémio do Conselho Europeu Norte-Sul (ler aqui). Além de ter declarado ontem, à chegada a Lisboa que o FMI não é solução, alertando a sociedade e os políticos portugueses para o risco que correm e para a ilusão em que incorrem, Lula da Silva continua a ajudar o mundo e as organizações internacionais a reflectirem sobre os procedimentos e metodologias, com o objectivo de concorrer para a consolidação de um mundo mais justo e menos pobre que, por experiência própria, sabe ser possível construir (ler aqui e aqui). Lula da Silva, o Homem cujo olhar não deixa de afirmar com serenidade e determinação o lado da causa que desde sempre defendeu, tem hoje, também aqui, mais uma expressão do agradecimento de todos quantos entendemos a dimensão da sua excelente prestação humana no mundo complexo em que vivemos.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Leituras Cruzadas...

O país, em crise, levou a incapacidade de diálogo político-partidário e o respectivo corporativismo sectário ao ponto de provocar a demissão de um governo que conseguiu (em esforços a que todos, publicamente, assistimos) abrandar a especulação financeira dos mercados e a pressão internacional no sentido de se recorrer ao FMI, cuja metodologia de reequilíbrio das contas públicas, agrava sobremaneira as condições de vida dos cidadãos que, sabemo-lo todos!, estão a raiar o limite do sustentável, não só pela elevadissima taxa de desemprego, como pela redução quer do investimento, quer das prestações sociais... Responsáveis pelo pior cenário que poderiamos esperar são todos e, particularmente, a oposição que não soube "elevar-se" acima dos interesses eleitoralistas, em nome da defesa do interesse nacional que é ou, pelo menos, deveria ser, em última análise, o seu próprio fundamento. Não é, por isso, contornável a referência a alguns dos textos que, nos últimos dias, foram publicados sobre a matéria, pela pertinência que resulta das suas abordagens e de que destaco: Osvaldo Castro no A Carta a Garcia, Vital Moreira no Causa Nossa, Miguel Abrantes no Câmara Corporativa, Weber no Mainstreet, MFerrer no Homem ao Mar e Valupi no Aspirina B... entretanto, partindo deste problema que é hoje a prioridade da agenda política não só nacional mas, europeia, vale a pena ler as notas, sempre brilhantes!, de JMCorreia-Pinto no Politeia e de reparar nas observações que fazem Luís Rainha no Vias de Facto, Sofia Loureiro dos Santos no Defender o Quadrado e João Vasco no Esquerda Republicana ... Finalmente, porque o mundo se não esgota no nosso (ainda que, neste caso, justificável!) "etnocentrismo", quero, para além de agradecer a gentileza da Dani no Dani e suas histórias", sugerir-vos 3 excelentes leituras publicadas por Eduardo Marculino no História Viva... porque, como diz o já citado Valupi, há Palavras Sábias.

Sons com Sentido... Mediterrânico...

"Gitanos Arabes por Tangos":


Ramon El Portugues, uma das vozes maiores do cante andaluzo em "Jaleos Extremeños":


e Oyky & Berk Leyla numa versão do "Turco Flamenco":

sábado, 26 de março de 2011

A Europa - entre a crise financeira e a revolução social


Para os que pensam que os protestos de rua se dirigem, como era tradicional há 20 ou 30 anos atrás, apenas aos executivos governamentais em exercício e como lição maior a ser tomada, prioritariamente, em linha de conta por toda a democracia representativa, já não é apenas o fenómeno revolucionário da coragem dos países magrebinos e árebes que sairam à rua ou sequer as grandiosas manifestações da Geração à Rasca, que deven ser tema conjuntural e efémero de conversa... o que é hoje, de facto!, o grande desafio político da democracia europeia, são todas essas manifestações a que, hoje mesmo, em Londres, se associaram 400.000 pessoas (ler aqui, aqui e aqui), para manifestar a sua absoluta oposição a medidas que combatem a segurança, a qualidade de vida, o emprego e a estabilidade social mínima... a Europa, ou seja, a cidadania europeia que é afinal o seu grande legitimador, está, consensualmente, na rua... e nenhum Governo ou Directório o pode ignorar ou adiar o seu confronto com a alteração da qualidade das políticas pelas quais a modernidade nos impõe a opção... A Economia contra a Política, não é um objectivo societário mas, um mero instrumento financeiro... e os Mercados Financeiros contra a Política, a Economia e as Sociedades não são um instrumento de gestão organizacional humano mas, um puro mecanismo de rentabilizar dinheiro e lucros de bolsas multinacionais anónimas... Por isso, quando não percebem que a insistência na recusa da ajuda externa por parte do ainda Primeiro-Ministro José Sócrates é, além de um esforço desmedido de não agravar a precária e dificilima situação económica portuguesa, um contributo solidário para a preservação da reserva do Fundo de Resgate Europeu de que a própria Espanha se tenta defender (veja-se a intervenção de hoje de José Luís Zapatero com o propósito de evitar a dramática mas, eufemisticamente, chamada "turbulência dos mercados"), enquanto, por outro lado e ao mesmo tempo, o principal líder da oposição portuguesa "atira para o ar" medidas avulsas que fazem sorrir esses mesmos mercados e têm efeitos devastadores no eleitorado português (é o caso da referência e do seu pseudo-desmentido sobre o aumento do IVA ou a privatização quer da RTP, quer de parte da Caixa Geral de Depósitos), a política deveria, antes de mais, dar atenção aos graves sinais que os povos exigem, descendo sem medo, à rua... A União Europeia ou decide optar por novas regras de gestão ou não resistirá aos movimentos sociais cujo desfecho pode significar duas coisas: o reforço da democracia participativa e/ou a criação de condições para a emergência das ditaduras neoliberais... Olhos bem abertos e sentido alerta, eis o conselho dos que conhecem a luta... e dos que, afinal!, têm real consciência da crise económico-financeira e socio-política em cujo âmago nos encontramos.

Sons Femininos...


... na voz de Mayra Andrade...

... de Cabo Verde!

Porque o peso dos dias nos não retirará a pureza da alma...


... fiquemos, por hoje, com a excelência da música de Django Reinhardt e a doce animação com que é ilustrado o seu imortal: "Lentement, Mademoiselle"...
(sugestão emprestada pelo meu amigo Luís Miguel Taborda)

quinta-feira, 24 de março de 2011

De Angela Merkel a José Sócrates e de Pedro Silva Pereira a Pedro Passos Coelho


... a realidade é o que é e é incontornável a integração de Portugal, como membro de pleno direito, na União Europeia. Hoje, em Bruxelas, José Sócrates foi saudado pelos esforços que fez e pelas medidas que propos e negociou... independentemente do que se pense do Directório Europeu e face à real inexistência nacional de alternativas plausíveis e eficazes, a verdade é que a democracia partidária portuguesa "perdeu a face" entre os parceiros europeus e os mercados (a escalada de credibilidade portuguesa desceu de novo, bastante!, face às avaliações da Moody's e da Fitch, ainda nem tinham passado 24 horas após a apresentação da demissão do Primeiro-Ministro!)... Pedro Silva Pereira explicou bem a situação, ontem, na Assembleia da República (ler aqui)... e hoje, apesar da comunicação social portuguesa, falar de Passos Coelho como se o PSD fosse poder legitimado por eleições, o líder deste partido já se apressou a dizer que não pode dizer que não vai aumentar impostos, deixando "no ar" a possibilidade de uma nova subida do IVA... se a isto somarmos a flexibilização e liberalização do fraquissimo mercado de emprego que temos pela aposta na precariedade e a intenção de tudo privatizar (dos hospitais, às escolas e à televisão)... o que podemos esperar do actual estado da cidadania e da seriedade intrínseca da nossa democracia? ...

... ainda restam dúvidas? A quem?... quando, ainda por cima, Jean Claude Juncker, hoje mesmo, deixou claro que estamos a um passo de ter, de facto!, o FMI a gerir a economia portuguesa!... quem ganha com tudo isto?... ninguém!... a não ser a vaidade, a arrogância e, diga-se sem reservas: a ignorância!

Comentários do Mundo...

... ao contrário dos partidos portugueses e dos ilustres comentadores da nossa "praça", a comunicação social internacional retrata e percepciona a crise política portuguesa como mais uma fase da instabilidade europeia e não ergue dedos acusatórios a pretensos bodes expiatórios como parece ser o tom dominante da política doméstica... ainda assim, não entendem o prejuízo infligido ao país que é nosso e cuja situação estrutural já é, de há tantas décadas, tão difícil?! A Pátria?... é nossa, sim, é dos cidadãos... mas não é, seguramente!, a deles, a dos pretensos moralistas e demagogos!

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Sentir das Oliveiras...

Há, na pintura de Vincent Van Gogh, uma inquietação agitada que o olhar transmite à realidade, incontido e perturbado... e essa magnífica beleza em que se fundem natureza, cultura e alma dá-nos o retrato exacto da complexidade de um discernimento que não separa o "eu" do "outro"... Não sei (ou sei-o bem?) a que propósito me ocorreu esta obra, exímia mescla de história e psicologia, que Van Gogh pintou em 1889 e intitulou "Oliveiras"!...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Uma Pergunta Incontornável...

Há uma pergunta incontornável que se coloca a toda - mas, mesmo a toda! - a oposição ao Governo de José Sócrates... uma pergunta incontornável não apenas no plano nacional mas, também, no plano internacional! É uma pergunta incontornável perante o bom-senso, o senso-comum, a vulgaridade das interpretações mas, acima de tudo, uma pergunta incontornável em nome da ética, da verdade e do interesse nacional. Uma pergunta para a qual é urgente exigir resposta... uma resposta dada por cada uma das forças desta oposição multipartidária que, subitamente, descobriu a convergência na opção pela intervenção económica externa que mais pesa aos cidadãos, mas que deve ser exigida, antes de mais, em função da responsabilidade e da aparente leveza com que encara o problema, complexo e denso, reduzindo-o a uma aparente evidência sob o título galvanizador mas, reconheçamos!, ambíguo e vazio, pelo PSD (vale a pena ler a este propósito o texto de Sérgio de Almeida Correia e o texto para que remete e que pode ser lido aqui). Uma pergunta incontornável que não ocorreu ainda (vá lá perceber-se porquê!) a nenhum dos excelsos profissionais do jornalismo da nossa praça e cuja resposta deixará a nu, indiscutivelmente, a pertinência da eventual justeza da crise política provocada por todos os que se unem na acusação a um bode expiatório (isto faz lembrar qualquer coisa - ou é impressão minha?!)... Para não abusar do suspense e da paciência do leitor, a pergunta é, simplesmente, esta: quando Jean Claude Trichet afirma que as medidas da mais recente versão do PEC apresentada em Bruxelas pelo Primeiro-Ministro não são negociáveis, refere-se às medidas propostas pelo actual Executivo ou, de facto!, quer dizer que nenhum outro partido tem margem de manobra para negociar quaisquer outras medidas por serem estas as únicas que a Europa está disposta a aceitar por parte de Portugal?... é que, se assim for, de que serve este "arraial" de não aprovação do PEC e de ansiedade por mais um acto eleitoral de que a abstenção sairá vencedora, deixando ao partido que dele sairá como o mais votado, uma conquista do poder, sem honra e sem glória?

domingo, 20 de março de 2011

Leituras Cruzadas...

Hoje, o dia esteve lindo e, ainda a esta hora, a lua abre uma estrada de luz sobre o Tejo até à outra margem, no horizonte desta janela em frente da qual me sento a escrever... por isso, acredito que me compreendem quando digo que, pelo menos, hoje, não tenho energia nem paciência para acrescentar mais palavras à inacreditável irresponsabilidade política dos dias que, infelizmente!, bem caracteriza a imaturidade democrática desta infantilidade pública a que, em nome de interesses escusos, os fracos partidos que temos continuam a hipotecar as pessoas, os países e o interesse nacional... em troca de nada, convenhamos - a não ser a sua própria e ridícula vontade de poder... assim, com um abraço grato e reconhecido, deixo a palavra aos que, felizmente, escrevem e se deixam ler para melhor se pensar:
JMCorreia-Pinto no Politeia
F.Seixas da Costa no Duas ou Três Coisas
Francisco Clamote no Terra de Espantos
João Rodrigues no Ladrões de Bicicletas
Miguel Abrantes no Câmara Corporativa
Ricardo Paes Mamede no Ladrões de Bicicletas
Valupi no Aspirina B
Nuno Sotto Mayor Ferrão no Crónicas do Professor...
... e, por todos nós, uma homenagem de Rodrigo Manuel no Folha Seca a todos os Bloggers que fazem dos dias... dias melhores porque mais solidários!

Líbia - um mar de violência no Mediterrâneo...

O regime de Muammar Khadafi começou hoje a ser atacado pelas forças aliadas da França, Reino Unido, Itália, Canadá e EUA (ler e ver Aqui a notícia da Euronews). A Líbia treme, entre, por um lado, o terror provocado por um ditador que ameaça e fuzila os seus opositores enquanto encena funerais de pretensas vítimas para impressionar os seus apoiantes e o próprio ocidente e, por outro lado, uma guerra que se prevê dura e sangrenta. A operação ocidental, cujo objectivo é proteger a população civil dos ataques levados a cabo pelas forças de Kadhafi, teve o apoio expresso de muitos países árabes e, apesar da atenção que a NATO está a dar à explosiva situação que deflagrou no Mediterrâneo, países como a China e a Rússia consideram a ofensiva "ingerência externa no território líbio". Entre manifestações que inicialmente se pretenderam pacíficas, a brutalidade interna do regime e a defesa de interesses petrolíferos, o Ocidente defronta Kadhafi no seu próprio território... mas, pelo meio, fica a população líbia ainda à espera de uma liberdade que tarda em chegar e deixa já um mar de sangue pelo caminho.

Felizmente... há Primavera!


... eu sei! Os tempos que correm, complexos, escusos, irritantes, dolorosos e assustadores não estão para "brincadeiras" mas hoje, ocorreu-me o título de Sttau Monteiro "Felizmente... há luar" e porque, felizmnete, há Primavera, deixem que partilhe com a criança que há em todos nós, esta doce e inofensiva lição de primavera... com votos de que sejamos capazes de vencer todas as ameaças, todos os perigos e todos os medos!

Sons com Sentido...

... de Chico Buarque, "Morte e Vida Severina" de João Cabral de Melo Neto:

e "Abril Despedaçado":

... para, ainda com Chico Buarque, ouvirmos Zizi Possi em "Pedaço de Mim":

... não sei porquê... talvez por hoje ser a Grande Lua Cheia do último decénio... talvez por anunciar o equinócio da Primavera... talvez porque, simplesmente, sim, é bom e é bonito... para ouvir... o sentir!

sábado, 19 de março de 2011

Xeque-Mate!... Não ao FMI...

José Sócrates afirmou hoje não estar disponível para governar com o FMI... fez bem! De facto, depois das esforçadas diligências levadas a cabo junto dos parceiros europeus e das instâncias comunitárias, apesar de todos os "agoiros" e de todos os ventos, contra marés e expectativas, José Sócrates afirmou a razão de ser de todas as cedências e de todas as conquistas junto de mercados anónimos que têm que ser reformulados mas por cuja reformulação a economia portuguesa não poderia esperar (ler aqui)... agora, fica nas mãos do PSD/CDS o "horror dos horrores"... e não podem acusar ninguém por isso! Afinal, foram eles que o pediram... com uma certa antecipação e precipitação, é certo... mas, têm o que merecem!... a não ser que ainda tenham a humildade justa de "recuar" e evitar o pior dos cenários para o país que é nosso e de que não são, afinal!, tão defensores como querem fazer parecer... é pena, em pleno século XXI, que a política nacional continue a seguir uma lógica que ainda não transcendeu a bilateralidade simplista do século XIX!

Eduardo Chitas, o Companheiro...


Eduardo Chitas foi um Homem que dificilmente se descreve com adjectivos... porque era um Ser Humano na mais ponderada e sensata acepção do termo. Eduardo Chitas não era um homem ambicioso, traço de personalidade rara nos dias que correm. Eduardo Chitas não queria ser famoso, não aspirava a chamar a atenção e nada fazia por isso apesar de ter as qualidades intelectuais, pedagógicas e comunicativas para tal... mas, não! Eduardo Chitas era um Homem com os pés na terra, um cidadão plenamente consciente do seu tempo histórico e das dinâmicas que o atravessam. Eduardo Chitas era comunista... e não podia deixar de o ser... porque a isso o obrigava o conhecimento, a consciência e a ética! Eduardo Chitas era um pensador tranquilo, cuja inquietação lhe era dada pela necessidade de preencher os espaços vazios de um tempo com dificuldade em se pensar a si mesmo. Eduardo Chitas era um Homem inteiro... e escolheu, além das aulas, a tradução dos textos e dos autores que sabia indispensáveis ao desenvolvimento dessa consciência humana, sem a qual continuaremos distraídos do sentido da vida. Assim se fez a sua solidariedade... da mesma matéria de que se faz a nossa saudade!

"Ces Gens La" de Jacques Brel para Eduardo Chitas


... li há pouco, em textos de Pedro Penilo e Manuel Gusmão no 5 Dias, a notícia da morte de Eduardo Chitas, Professor de Filosofia Social e Política na Universidade de Lisboa... e a morte de um Professor e de um Amigo deixa-nos sempre sem palavras... Para ele, e por tudo o que me deu no que ao conhecimento, à honestidade, à objectividade, à sinceridade e à amizade respeita, deixo, por ora, a evocação de Jean-Jacques Rousseau no "Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens" numa sua pequena citação ilustrativa: "(...) Concebo na espécie humana duas espécies de desigualdade: uma, que chamo de natural ou física, porque é estabelecida pela natureza, e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito, ou da alma; a outra, que se pode chamar de desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção, e que é estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens. Consiste esta nos diferentes privilégios de que gozam alguns com prejuízo dos outros, como ser mais ricos, mais honrados, mais poderosos do que os outros, ou mesmo fazerem-se obedecer por eles.(...)" ... e, por esse sorriso no olhar que lhe era único, deixo ainda, porque o faria sorrir, o som de Jacques Brel em "Ces Gens La..."...

sexta-feira, 18 de março de 2011

quinta-feira, 17 de março de 2011

Carvalho da Silva critica governação mas não defende eleições antecipadas

O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, critica duramente a governação socialista mas não defende a antecipação de eleições e acredita que a mudança de políticas só será conseguida com a mobilização da sociedade.

"Os que andam ansiosos para substituir o Governo não trazem nada de acréscimo", disse Manuel Carvalho da Silva em entrevista à agência Lusa, referindo que o líder do PSD "tenta cavalgar no descontentamento da população mas assume as medidas de austeridade do Governo sem apresentar alternativas".

O PSD "está a ver se o PS lhe prepara as políticas para depois governar", afirmou.

Festival das Cores,Índia...quando se aproxima a Primavera


segunda-feira, 14 de março de 2011

"E o Povo, pá?" O Povo não quer o FMI...

A manifestação de sábado passado demonstrou que os cidadãos não querem mais precariedade e desejam estabilidade e desenvolvimento. O civismo democrático que caracterizou o protesto demonstra ainda que as pessoas e, em particular, os jovens, têm consciência que a simples mudança de governos e o aumento do neoliberalismo político-económico não são solução para a crise que a todos afecta. Por isso, a crise política que o PSD pretende provocar defendendo mais precariedade e/ou uma eventual intervenção externa não são soluções que os cidadãos e os jovens possam aceitar... porque inaceitável é, além do mais, optar por decisões que mais não fazem do que reforçar o endividamento do país - o que ocorreria caso se viesse a verificar uma intervenção do FMI. Por isso, apesar de tudo (sublinhe-se: apesar de tudo!), são boas notícias as que podemos ler Aqui e Aqui.

Marcelo Rebelo de Sousa e Jorge Miranda - da diletância demagógica à seriedade política ou os extremos, afinal, não se tocam!

Enquanto Marcelo Rebelo de Sousa deu hoje um triste espectáculo de diletância demagógica, ao serviço do PSD e em tom de insinuante novela mexicana ao exagerar ridiculamente a entoação escolhida para expor o argumentário contra Sócrates (que afinal se reduziu a afirmar -numa vã expectativa de convencer os portugueses!- que as medidas que o Primeiro-Ministro levou a Bruxelas para evitar uma ameaça de intervenção externa na economia nacional no mais curto prazo, só não são boas porque não tiveram o aval de Passos Coelho e Cavaco Silva - os quais, segundo indicam as reacções, primeiro do líder do PSD e agora do comentador, gostariam de ter partilhado "os louros" que a Europa dirigiu a J.Sócrates ao receber o anúncio!), Jorge Miranda deu uma excelente entrevista à TSF e ao DN que vale a pena ouvir Aqui.

domingo, 13 de março de 2011

Ai Japão...


Como se não bastasse o terrível terramoto, o medonho tsunami e o perigosissimo acidente nuclear de Fukushima, o vulcão Kyushu entrou hoje em erupção, no nordeste do Japão (ler aqui)...

... ajudar o Japão é agora prioritário e não esquecer que é essencial prevenir, prevenir, prevenir, a lição que todo o planeta deve ter em atenção.

sábado, 12 de março de 2011

O Povo Unido Jamais Será Vencido!

Acreditem! O povo saiu à rua, hoje, sob o pretexto da manifestação da "geração à rasca". Em Lisboa, o mar de gente que desceu a Avenida da Liberdade e encheu as ruas, os Restauradores e o Rossio, foi, de facto!, um momento muito bonito da vida democrática portuguesa! Não tenham medo de o dizer! Só perderam os que lá não estiveram! O protesto não era contra este Governo apesar de, como sempre, em todas as manifestações, o poder em exercício ser também "chamado à liça"! Mas, não! O que hoje aconteceu em Lisboa foi uma manifestação pacífica, de cidadãos de boa-fé que querem que se saiba que a precariedade não pode ser a política de emprego da União Europeia... e é bom lembrar que a flexibilidade e a polivalência nos foram vendidas pelo neoliberalismo de uma filosofia que o PSD defende desde os anos 80 e que, depois de institucionalizada pela União Europeia, agora, todos os governos nacionais -incluindo os governos portugueses do PS- tiveram que adoptar para resistir às regras de um mercado anónimo e desumano! Erra quem pensar que os manifestantes votam PSD, CDS ou outra coisa qualquer e que se manifestam essencialmente movidos por interesses partidários! Não é verdade! O que aconteceu hoje foi uma espécie de festa da democracia (talvez porque "A Luta é Alegria" como se cantou com os "Homens da Luta", os "Terrakota" e Vitorino), em que todas as pessoas sorriam umas para as outras, cantavam, caminhavam juntas, sem ordem mas com uma alegria genuína... e falava-se do 25 de Abril, da "Tourada" que antes de 74 Fernando Tordo levou à Eurovisão e gritou-se a plenos pulmões: "O Povo Unido Jamais Será Vencido"! E se lá estiveram representantes políticos partidários do BE, do PCP, do PSD e outros foi porque a entrada nas manifestações é livre e eles também são cidadãos! Por isso, estão de parabéns os jovens e os cidadãos portugueses que sairam à rua e com plena liberdade de expressão, gritaram o que justamente vai na alma do povo... "E o povo, pá?" gritou-se não como quem condena tudo o resto mas como quem chama a atenção para a verdadeira razão de ser da política e da economia! Está de parabéns até o governo que não encheu as ruas de polícia e até saudou a manifestação dizendo que a compreende, que irá fazer o melhor que puder e que esta presença nas ruas é um sinal de vitalidade da democracia! E é! Acreditem! Só é pena que a comunicação social não o saiba transmitir! A democracia está viva e recomenda-se! Com cidadãos qualificados e ponderados que apenas exigem o que é um direito de todos: uma sociedade mais justa, com trabalho e com direitos! Viva a Liberdade! Viva a Democracia! ... e viva esta geração que, mesmo à rasca, soube trazer o povo à rua e gritar pacificamente que quer uma democracia melhor que o poder tem que ajudar a construir, transmitindo mais e melhor às populações o respeito que as pessoas lhes merecem! Acreditem! O povo unido jamais será vencido e... todos juntos venceremos todas as crises!

A Tragédia Japonesa - entre o Terramoto e o Perigo Nuclear...




O terramoto que ontem atingiu o Japão trouxe à luz do dia, além dos manifestos efeitos devastadores de uma destruição sem precedentes no país que é, talvez, a sociedade mais bem preparada para enfrentar este tipo de catástrofes, o perigo efectivo de um desastre nuclear decorrente da potencial contaminação decorrente das dificuldades de arrefecimento do núcleo das centrais de Fukushima. Apesar das centrais nucleares terem sido imediatamente fechadas e desligadas, a dificuldade de arrefecimento do núcleo dos reactores dado o corte dos sistemas eléctricos, provocou já, hoje, uma violenta explosão que deixou feridos alguns dos trabalhadores de uma destas centrais nucleares cuja área envolvente está envolta em fumos que o vento propaga sem que se conheça para já o efectivo perigo da sua disseminação. Entre as indicações de permanecerem fechados em casa e a intenção de evacuação, os habitantes da região estão agora sob ameaça de mais problemas decorrentes de uma segunda central nuclear também em Fukushima... como se não bastasse a destruição das cidades e dos campos, os já confirmados mais de 1.300 mortos, os 10.000 desaparecidos, os quatro milhões de pessoas sem electricidade, os novos tremores de terra e as suas réplicas, os japoneses estão agora sujeitos aos efeitos de um perigo nuclear de consequências ainda desconhecidas... De novo, a lição já tantas vezes reiterada, readquire actualidade, lembrando-nos que a opção nuclear não é, de facto, uma opção de futuro!

12 de Março - O Protesto de uma Geração à Rasca


São tempos difíceis... para todos e em particular para os jovens adultos que seguiram as indicações da necessidade de qualificação, num país cujo nível de impreparação técnica considerou esse esforço fora do comum e meritório. O facto justifica, por si só, a maior indignação de todos porque a sociedade portuguesa investiu, familiar e politicamente, na formação dos mais novos que, hoje, a partir dos 25 anos, se confronta com um mercado de trabalho sem ofertas e sem expectativas. Daí ao drama da sobrevivência individual e à discussão sobre o modo de organização de uma sociedade sem emprego é um pequeno passo cuja discussão, sucessivamente adiada, os seus protagonistas e vítimas não podem mais silenciar. Faz sentido a pronúncia e é importante o alerta massivo, na rua, dirigido a uma União Europeia que ainda nem sequer consegue enfrentar o problema, ocupada como está na regulação da convergência financeira dos 27 e, agora, no enfrentar da crise das chamadas "dívidas soberanas" que fazem eclodir crises políticas internas, sem contudo resolverem e atacarem as causas englobantes e enquadradoras do problema. A manifestação "Geração à Rasca" marcada para hoje, é a expressão dos efeitos do desemprego e da precariedade e traz o rosto dos jovens adultos qualificados... convocada civicamente sob um lema que pretendeu demonstrar a sua boa-fé e a sua razão: "laica, apartidária e pacífica", o movimento que lhe deu origem ficou exposto à interferência manipulatória de grupos partidários e outros que podem desvirtuar a sua intenção originária e a sua fundamentação. É pena. Os movimentos cívicos e pacíficos que expressam o sentir colectivo e evidenciam a liberdade de expressão são essenciais à democracia. Esperemos que a "Geração à Rasca" resista às manipulações partidárias, saiba fazer ouvir a sua voz com a dignidade da justeza das suas razões e que a manifestação decorra pacificamente... pela razão que a todos assiste e pela Democracia!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Hoje, Somos Todos Japoneses!

O Japão foi hoje assolado pelo maior terramoto de que há memória nos últimos 140 anos! A devastação incontrolável das águas engoliu localidades, estradas e kilómetros de campos cultivados para onde foram arrastados até navios... a terra tremeu durante 5 minutos, um tempo físico demasiado curto para a desmedida destruição provocada... Com o epicentro registado a cerca de 340 km de Tóquio e a 24 kms de profundidade, o terramoto destruiu Sendai, a cidade mais próxima desse epicentro (150 kms) que, com cerca de 1 milhão de habitantes, foi avassalada por dois inacreditáveis tsunamis que, no final de um vulgar dia de trabalho, alterou para sempre as suas vidas... O poder imprevisível da natureza demonstrou, uma vez mais, o que, de facto, deveria preocupar a condição humana face à fragilidade efémera de uma realidade que está muito além da invenção de sistemas de exploração, subserviência e jogos de poder que nos querem impôr como incontornáveis... Não! Incontornável é a natureza e a nossa racionalidade deveria, há muito, ter ultrapassado a pequenez mesquinha da ambição financeira e aprender a viver, com a diversidade cultural que produziu, no mundo natural de que, afinal, ainda depende como o atestam as imagens:


quinta-feira, 10 de março de 2011

Manter a Calma - Um Imperativo Político!

"Casa onde não há pão, todos ralham, ninguém tem razão" - diz o ditado! De facto, a situação económico-social portuguesa é muito grave mas, inequivocamente, os representantes partidários estão a entrar numa escalada caótica que, promotora de tensões políticas exacerbadas, tende a conduzir-nos a uma crise política que apenas agravará o clima económico-social português. O facto do discurso do recém-empossado PR ter agravado a situação nacional pela prestação de serviços à especulação dos mercados internacionais e por agitar vontades e ressentimentos internos, acrescido hoje à apresentação de uma moção de censura que foi reprovada na AR, denota um clima de desorientação que em nada contribui para enfrentar com seriedade os problemas nacionais. Os cidadãos, chamados a responder aos esforços que a situação financeira tem implicado, merecem o respeito político... e se a Europa ainda se pode dar ao luxo de o não fazer (por quanto tempo - é a questão!), os políticos portugueses têm essa obrigação porque foram eleitos para governar e apoiar a governação (nomeadamente a oposição!), com as suas críticas e as suas alternativas, em clima de diálogo e de acordo com a boa-fé inerente aos desempenhos da responsabilidade social. O que o país não precisa é de mudanças aparentes que se limitem a adiar no tempo soluções com mais e mais crises!... e é esse o cenário que se vislumbra com o acentuar da crise política e com a ameaça de eventuais demissões governamentais ou outras. A responsabilidade social implica diálogo sério e programas de governação claros que a cidadania subscreva com consciência e não meros anúncios de alterações que assustam e ameaçam ainda mais as condições de vida das pessoas já tão difíceis. É profundamente injusto continuar a manipular as pessoas, tentando obter vitórias à conta do desencanto e da esperança dos cidadãos, acicatando a revolta e criando condições para um neo-liberalismo sem peias e um autoritarismo previsível. A dignidade da democracia reside no respeito pelas populações! Manter a calma é, por isso, hoje, um imperativo político... e, meus senhores!, um imperativo ético!

10 de Março - A Resistência Tibetana


No dia 10 de Março de 1959, o Tibete (ler aqui) organizou a sua 1ª grande rebelião contra a ocupação chinesa do "Tecto do Mundo"... Hoje, 61 anos depois dessa ocupação (ler aqui) e 52 anos depois do grande levantamento popular tibetano, a população do Tibete, apesar de sujeita a uma massiva aculturação provocada pelo povoamento forçado do seu território por cidadãos chineses, continua a resistir e a solicitar justamente apoio e reconhecimento.

Leituras Cruzadas...

Apesar de tudo se encaminhar no sentido de nos deixar preparados para o futuro próximo que ontem teve direito a efeméride (leia-se o texto de Osvaldo de Castro no A Carta a Garcia e de Carlos Barbosa de Oliveira no Crónicas do Rochedo), a verdade é que, justamente na ordem do dia, o discurso da tomada de posse do reeleito Presidente da República, não deixou de causar estupefação entre os cidadãos conscientes e preocupados, que esperavam da 1ªfigura do Estado, maior sentido de responsabilidade e ponderação. Proporcionalmente, no lado oposto, os portugueses que guardam reservas no que ao regime democrático respeita e os que já se não conseguem conter na ânsia de exercício de um poder de há muito adiado, congratularam-se e quase gritaram, desajustada e euforicamente, durante o discurso de Cavaco Silva. Não será, por isso, demais, lembrar as observações, comentários e análises rigorosas e avisadas que, felizmente!, ainda vão vendo a luz do dia - até que o silêncio e o medo já enunciados nas linhas programáticas propostas pelo PSD para a governação, nos reduzam não só a esperança mas, a capacidade de pensar e dizer em voz alta, o que nos vai na alma perante a asfixia que anunciam. Por esta razão, sugiro a leitura dos textos de JMCorreia-Pinto aqui no Politeia, de Miguel Abrantes no Câmara Corporativa, Ricardo Alves no Esquerda Republicana, de Paulo Pedroso no Banco Corrido e de Adolfo Mesquita Nunes no Delito de Opinião... Porém, porque o mundo não acaba aqui, vale ainda a pena destacar outras matérias reflectidas em textos sintomáticos sobre o que vai pelo mundo e que, de uma ou de outra forma, com maior ou menos contundência, nos afecta os dias e o pensar (é o caso de Raimundo Narciso no PuxaPalavra e de Manuela Araújo no Sustentabilidade é Acção -a que vale a pena acrescentar os já referidos mas pertinentes Politeia e A Carta a Garcia). Finalmente, porque há causas que persistem vivas, hoje é dia de aqui lembrar que o Tibete precisa da solidariedade de todos.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Dos Discursos dos Presidentes, Hoje (Actualizado!)

A Assembleia da República é o garante da democracia e da representatividade da sociedade portuguesa... por isso lhe cabe, nos termos definidos pela Constituição da República Portuguesa, dar posse ao Presidente da República e ao Governo. Hoje, no acto de posse do 2º mandato de Aníbal Cavaco Silva como Presidente da República, o discurso do Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, emergiu como testemunho de uma democracia viva, dotada de um autêntico sentido de Estado, inequivocamente colocado ao lado dos interesses colectivos da população e da sociedade portuguesas. As palavras de Jaime Gama merecem, por isso, a nossa melhor atenção por se constituirem como corpo de um verdadeiro manifesto do compromisso político dos eleitos com a democracia!... e se o discurso do Presidente da República não surpreendeu por corresponder ao que do seu perfil se espera e por dar continuidade à leitura económica que, desde os tempos de Primeiro-Ministro, tem vindo a fazer, surpreendeu, pela positiva assertividade reflexiva, o discurso do Presidente da Assembleia da República cuja leitura, cuidada e atenta, é, de facto, recomendável a todos os que se preocupam com o país que somos e que temos e com a objectividade de que precisamos para gerir a crise que vivemos!

Reflexão sobre a Igualdade... Somos, de facto!, Iguais?


Ontem, 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, no Reino Unido, o actor Daniel Craig, conhecido pelos seus desempenhos como James Bond, prestou um serviço inestimável à causa da igualdade sexual entre homens e mulheres. Revelando algumas das mais evidentes e universais razões da desigualdade, Daniel Craig, deu voz e corpo às perguntas que evidenciam a profunda discriminação sexual em que ainda vivemos, perguntas perante as quais é inevitável compreender a justificação, a pertinência e a justiça deste combate cívico, económico, político e cultural em que todos somos chamados a participar.

terça-feira, 8 de março de 2011

O Risco Europeu...


As últimas sondagens presidenciais em França denotam a vitória da extrema-direita, desta vez liderada por Marine Le Pen, filha do já conhecido por indesejado, Jean Marie Le Pen (ler aqui). O que dói num cenário desta natureza não é só o facto de ocorrer em França, a mítica pátria da Liberdade e da Igualdade mas, essencialmente, porque o seu significado é o da descrença social no mérito político e económico da democracia... e isso é, sem sombra de dúvidas, grave, perigoso e... tem rosto! O rosto é o da gestão política e económico-social das democracias europeias que conduziram as populações a situações de ruptura relativamente ao emprego e à desigualdade de oportunidades no acesso aos direitos sociais que regrediram substantivamente em toda a Europa... e se aos políticos tem convencido o teor das suas próprias palavras ao ponto de considerarem deter o controle da situação social, mais uma prova de que nem sempre as aparências coincidem com a verdade, está aí nestes resultados que signifiquem o que significarem no concreto não podem, contudo, ser ignorados ou minimizados (ler aqui)!... para os que sempre relativizaram a reedição dos fantasmas do passado e quiseram dar como adquirida a democracia e o exercício da cidadania, está aí a realidade... e, desta vez, os acontecimentos no Magreb e no mundo árabe, conferem-lhe uma dimensão muito particular! A inteligência, a democracia e a capacidade política do designado "espírito europeu" estão, agora, perante o despertar de uma prova de fogo. Veremos do que serão capazes os líderes das nossas economias e os protagonistas das nossas políticas! Socialmente, é bom que estejamos preparados: o futuro que desejamos melhor para todos, surge cada vez mais trémulo, no horizonte.

8 de Março - Dia Internacional da(s) Mulher(es)

Hoje, 8 de Março, a evocação de Grandes Mulheres cujas vidas e obras marcaram na Ciência, na Intervenção Social, na Pintura, na Música, no Cinema, na Política, na Literatura e na Dança, os últimos 120 anos: Marie Curie, Frida Kahlo, Sarah Chang, Hilary Swank, Dilma Rousseff, Simone de Beauvoir e Pina Bausch.

























segunda-feira, 7 de março de 2011

Reportagem sobre Um País Triste à Espera de Atenção, Competência... e Carinho


Hoje, na TVI, a Reportagem que acompanha a edição do noticiário das 20h, tinha como tema o Analfabetismo. Entrevistados, jovens e adultos, residentes em Reguengos de Monsaraz, Óbidos e mais a norte, deram testemunho inequívoco do drama de não saber ler e escrever em pleno século XXI... uns, com menos de 50 anos de idade, voltaram à escola, cientes da marginalização a que ficam expostos pelas condicionantes da vida, determinados a aproveitar a oportunidade que a falta de trabalho lhes proporciona... alguns, lutando por sonhos e persistindo numa escolaridade até há pouco improvável (como alguns dos jovens e das jovens de etnia cigana que aqui deixaram testemunho) e outros, com 15 anos, sem saberem reconhecer uma letra, completamente destituídos de competências cívicas consideradas mínimas nos tempos que correm, assumindo já não acreditar em sonhos ou no futuro... concentrando-nos nos testemunhos dos mais jovens, a reportagem deu-nos a conhecer os pais de alguns destes jovens, uns, perplexos mas intimamente orgulhosos dos esforços dos filhos e outros, profundamente tristes, porque a vida lhes não permitiu ajudar os filhos a ter sucesso na escola... E se é verdade que 1 em cada 100 cidadãos portugueses não sabe ler nem escrever, efectivamente assustador é o facto de termos assistido ao testemunho de uma professora que defende um sistema educativo que permitiu a uma criança de 15 anos que não reconhece uma única letra e assume não saber ler nem escrever (a não ser copiar o seu próprio nome) estar oficialmente inscrito no 8º ano de escolaridade... dizia a dita "professora" que o miúdo falta menos às aulas do que no passado e que a sua integração no 8º ano se deve ao factor de "integração social" a que a escola deve atender!!!... entretanto, o jovem de 15 anos que não sabe ler nem escrever, afirma faltar 5 ou 6 vezes por semana à escola por a considerar inútil e dela não gostar... e o Marco, na sua honestidade, disse mais... disse, por exemplo, desconhecer a razão pela qual se encontra no 8º ano: "não sei... passaram-me!"... O total desrespeito pelas competências humanas e pelas pessoas ficou assim institucionalizado em nome... da ignorância e das estatísticas!? Quanto à reportagem, excelente!, é de autoria de Ana Leal, com imagem de Gonçalo Prego, montagem de João Pedro Ferreira e grafismo de R. Rodrigues. Não os conheço... mas, agradeço... pelo revelar da verdade do país que, de facto!, ainda somos!... um país que continua à espera de atenção, competência e... carinho! Porque só quando se ama um país se pode agir com seriedade e não permitir que existam crianças de 15 anos sem saber ler nem escrever... na Europa... em pleno século XXI.

Do Papa e da morte de Cristo a Israel e à Palestina

No livro "Jesus de Nazaré" que esta semana chegará ao mercado, o Papa Bento XVI veio retomar, com grande impacto mediático, a declaração de que a Igreja Católica, Apostólica, Romana já não responsabiliza os Judeus pela crucificação e morte de Cristo. Acontece que a declaração já fora feita e publicamente assumida em 1965 num documento emitido pelo próprio Vaticano (ler aqui, aqui, aqui e aqui). Contudo, católicos e judeus estão hoje a reagir como se de uma novidade se tratasse. Porquê? - é a pergunta que se nos coloca. De facto, num tempo em que o mundo árabe assume um protagonismo internacional de primeira linha, o marketing de que tem sido revestida esta declaração papal não transmite ao mundo o halo de inocência ou genuinidade de transmissão do conhecimento -como, aliás, quase sempre acontece nas declarações desta antiga instituição político-religiosa que, ao longo de mais de 2.000 anos, aprendeu a arte da diplomacia subreptícia, para o melhor mas, infelizmente e demasiadas vezes, para o pior.A verdade é que os territórios em que Jesus de Nazaré viveu, eram povoados por diferentes etnias e clãs, de cuja correlação de forças na diversidade se retirava - como ainda hoje acontece! - a autoridade para o exercício do poder que, à época, era, obviamente!, a que mais próxima se encontrava da defesa dos interesses do Império Romano - para quem a agitação social provocada pelo pensamento revolucionário de então, surgia como séria ameaça, dado o prestígio e a popularidade alcançados pelas intervenções de Jesus de Nazaré e dos seus discípulos. Por isso, em nome da verdade histórica, a leitura linear dos factos que hoje, uma vez mais, o Vaticano e os interesses de Israel (dissimulados numa aparente boa-fé configurada em moldes susceptíveis de manipular os traumas da comunidade judaica) concorrem para publicitar, denota um outro significado que, segundo nos aconselha o bom-senso e a razoabilidade ética e científica, é bom ter em consideração: estaremos ou não perante mais um passo dessa terrível convergência de interesses que recorre à religião como arma capaz de fomentar o desentendimento entre os povos e de acicatar ódios latentes em estratégias doentias e contagiosas que reabrem feridas nos colectivos em que a pobreza e a descrença encontram condições para germinar e crescer? Num tempo em que os povos árabes se esforçam por derrubar, nas ruas, as ditaduras, é, no mínimo, sinal de uma imprudente desinteligência, trazer para a opinião pública este tipo de declarações "envenenadas", sob a chancela de instituições tão poderosas como são o Vaticano e, ainda que subtilmente, Israel.

domingo, 6 de março de 2011

Um Compromisso Nacional pelo País e a Democracia

Tenho escrito pouco sobre a situação político-económica nacional por considerar que já tudo foi dito e que as perspectivas de futuro nos deixam poucas alternativas de actuação. Contudo, não posso deixar de registar que, se a democracia estivesse efectivamente enraizada na nossa sociedade, não só entre os cidadãos mas, nos próprios partidos políticos, teriamos seguramente muito mais condições para enfrentar e ultrapassar a crise que, contínua e progressivamente, bloqueia o desenvolvimento do país. A verdade é que, depois do encontro de fogo entre o Primeiro-Ministro José Sócrates e a Chanceler Angela Merkel (ler aqui) que todos agoiraram mas cujos resultados denotaram a quebra do cerrado ataque das economias-fortes da União Europeia a Portugal, o melhor trunfo que poderiamos apresentar, perante os mercados, as agências de rating, as políticas economicistas e os interesses financeiros do grande capital internacional, era a apresentação inequívoca de um compromisso político interno entre todos os partidos com representação parlamentar. A garantia de envolvimento e empenhamento comum no esforço nacional de recuperação económica, encontraria no compromisso inter-partidário (como foi recentemente referido por Jorge Sampaio e Rui Rio), o grande aliado contra os interesses que, do exterior, nos pressionam ao ponto de constantemente reduzirmos a nossa real capacidade de reorganização interna... Definir princípios orientadores de coesão social como ponto de partida (por exemplo: o aumento do nível de vida e do emprego, o investimento no aparelho produtivo, o planeamento económico e a regulação racional da política financeira) para um diálogo aberto e profícuo seria o sinal maior da maturidade democrática e o produto concreto do que os cidadãos esperam da democracia. A recusa deste tipo de soluções é uma (ir)responsabilidade social cujo preço a História não deixará de cobrar muito alto e a culpa da incapacidade de autonomização do país não deixará de ser, justamente!, imputada à ausência de sentido de Estado dos políticos contemporâneos.

Marinho Pinto e as Falhas da Democracia


Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados, disse, segundo a notícia que hoje circula em toda a comunicação social, sem medos nem reticências, que o financiamento dos partidos assenta em métodos ilícitos... e vai mais longe ao afirmar que a corrupção actual não é maior do que a que existia no tempo da ditadura!... Podemos, por isso, sem medo de errar, dizer que estamos perante a mesma cultura que se auto-desculpabiliza com o inter-conhecimento em que se inscreve a permeabilidade do tráfico de influências tão comum, pelo menos no sul da Europa!, que o próprio exercício da cidadania tende a ignorar e minimizar as suas causas, relativizando-lhe os efeitos... Ora, uma democracia cúmplice da corrupção que lhe inquina os princípios é, seguramente!, uma democracia imperfeita que precisa urgentemente de se auto-reformar, já que as suas falhas põem em causa o cerne da substancialidade democrática, a saber, a equidade, a liberdade, a justiça social e a igualdade de oportunidades para todos... e é por isso que gosto dele - de Marinho Pinto, entenda-se!... porque só denuncia estas falhas quem não deve e não teme! (ler AQUI e aqui)

PCP - 90 Anos de Luta


O Partido Comunista Português celebra hoje o seu 90º aniversário... e se o facto é notável pelo significado da persistência de um combate ideológico contra a organização económico-social capitalista, em nome dos interesses colectivos e da igualdade, digna de registo é também esta data por ser a que corresponde aos 80 anos de publicação e circulação do jornal Avante no nosso país. Para conhecer melhor o partido que já quase atravessou um século, resistindo e adaptando-se às mudanças históricas sem perder a identidade e sem descurar os seus objectivos, vale a pena ler o conjunto de textos disponibilizados pelo próprio PCP (AQUI). A assinalar a data, entre outros eventos, Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, estará num comício no Seixal (ler aqui).

sábado, 5 de março de 2011

Submarinos - um indicador patológico?

Desculpem o destaque apesar do interesse de muitos dos factos trazidos "a lume" mas, de facto!, o que mais me impressionou nos telegramas da Embaixada dos EUA sobre Portugal, revelados através do WikiLeaks e que hoje o Expresso dá a conhecer (ler Aqui), foi a justificação do desastroso investimento do Ministério da Defesa liderado, à época, pelo líder do CDS, Paulo Portas, na compra de submarinos... porque a verdade é que, na direita portuguesa (e, porque não dizê-lo?!, numa "certa esquerda"?!), a "vã glória de mandar" que presumem inerente ao período que a História nacionalista designou por "Descobertas" e que ficou lá atrás, numa pujança colonialista cujo apogeu se registou entre os séculos XV e XVIII, efabula as intenções de poder de um presente que se apresenta, dissimuladamente mascarado, ainda!, em pleno século XXI. A observação do então embaixador norte-americano em Lisboa é digna de registo por revelar uma leitura dos fundamentos ideológicos contemporâneos mais culta e pertinente do que é comum assistirmos... até porque o mito dos Descobrimentos assenta na fuga à miséria interna do país... como os submarinos foram, também, uma fuga à realidade... No reino da psicanálise, diriamos que o país tenta sublimar catarticamente, de há muito!, a sua efectiva capacidade de gestão, no que à auto-suficiência e à autonomia respeita... Será que a política portuguesa oscila entre a irresponsabilidade e a infantilidade, há tanto tempo?... É que, se assim é, podemos estar perante um caso de patologia cultural - o que sugere a emergência do uso epistemológico da expressão "sociedades doentes"... Será?...

"O Discurso do Rei" - ou: Da construção do altruísmo!


"O Discurso do Rei" é um filme de excelência, surpreendentemente natural, tranquilo e intenso! Um filme tão oportuno e adequado aos tempos que vivemos que dele podemos dizer ser um filme necessário (ou como já disse Osvaldo Castro no A Carta a Garcia, "absolutamente imperdível)! De facto, as magníficas interpretações de George VI e do seu terapeuta (Colin Firth e Geoffrey Rush)conferem uma verosimilhança notável à reconstituição de um momento histórico que evidencia como um episódio singular pode revelar o essencial do que nos transcende. E o essencial é, como o demonstram C.Firth e G.Rush, querer e saber superar as limitações mais profundas do nosso inconsciente, em nome de um altruísmo que a consciência e a vontade reconhecem como prioritário. Nos tempos que correm, a construção do altruísmo é de tal modo pertinente que a sua valorização se torna imprescindível!... e é por isso que um filme calmo se torna, afinal, tão tocante, tão belo e tão importante!... Não deixem de ver: "O Discurso do Rei" um filme que é, se assim o posso dizer!, uma verdadeira alegoria da construção altruísta, condição indispensável ao aperfeiçoamento da vida colectiva e ao reforço da consciência do nosso comum sentido de serviço público!

O Ano Novo começa Hoje...

... porque o início do calendário anual procede segundo as opções dos povos que elegem um momento crucial para as suas culturas... neste caso, é o fim do Inverno e o prenúncio da Primavera nos Himalaias que decide o Ano Novo Tibetano... por isso, ficam os votos de um tempo capaz de nos reforçar e revitalizar para o enfrentar dos desafios que 2011 já nos deu a conhecer e para todos os que ainda irão emergir! Feliz Ano Novo com a celebração do Losar efectivamente capaz de remover obstáculos e abrir caminhos!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Zapatero, o exemplo da elevação democrática!

Será a Europa capaz de manter o rumo democrático, humanista, defensor dos Direitos Humanos, da Liberdade, da Igualdade de Oportunidades e do Respeito pela Diversidade, apesar de todas as crises? O mundo em que vivemos será, de facto, um mundo mais justo, mais igual, mais solidário e menos etnocêntrico do que o foi até aqui? Sim!... é possível e nós podemos demonstrá-lo - ou, como diria, nos EUA, o Presidente Barack Obama: "Yes, We Can!"... A prova maior foi assumida e protagonizada por Jose Luis Zapatero, o primeiro líder político europeu a visitar a Tunísia e a oferecer apoio financeiro à transição democrática dos nossos vizinhos tunisinos! O carisma político da democracia ganhou hoje um rosto: é espanhol, Primeiro-Ministro, socialista, inteligente e oferece à Europa um exemplo que todos deverão ter a dignidade de honrar e seguir! Obrigado, Jose Luis Zapatero, por seres, de facto, o bom vizinho e o bom amigo!... O mundo contigo é melhor, mais honesto, mais seguro e mais digno! (ler Aqui e Aqui)

terça-feira, 1 de março de 2011

Leituras Cruzadas

... hoje sem comentários, ficam algumas sugestões para a útil reflexão colectiva que é bom não "perder de vista":

JMCorreia-Pinto no Politeia
Bruno Carvalho no Cinco Dias
João Abel de Freitas no PuxaPalavra
Paulo Guinote no A Educação do Meu Umbigo
Paulo Pedroso no Banco Corrido
Rogério Pereira no Conversa Avinagrada
Paulo Granjo no Antropocoiso
Raul Iturra no Aventar...