quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Sons Femininos... Katie Melua


"Happy Place" de Katie Melua... com votos de que seja uma boa inspiração para entrar no Ano Novo!

Uma Prece... para 2011!


... nas vozes de Mercedes Soza e Beth Carvalho!
Feliz Ano Novo!

A Figura do Ano - Lula da Silva - Apelo ao Futuro!


O Presidente do Brasil, Lula da Silva é, incontornavelmente, a Figura do Ano. Na hora da despedida, o Presidente falou aos cidadãos brasileiros e, nas suas palavras, o mundo recolhe a Esperança... Agora, Lula da Silva faria muito falta nas Nações Unidas... Assim o queira! Feliz Ano Novo, Presidente!

O Debate Presidencial - Manuel Alegre versus Cavaco Silva


O debate entre os candidatos presidenciais Manuel Alegre e Aníbal Cavaco Silva que ontem, praticamente, fechou a pré-campanha, deixando um bom sinal para a campanha que se aproxima, foi, sem sombra de dúvida, o mais útil de todos estes encontros entre candidatos. O melhor porque estiveram em confronto os únicos candidatos em condições de ganhar a próxima eleição para a Presidência da República... e é isso que importa: ganhar a Presidência da República! O resto são tempos de antena que cada um utiliza como pode e como considera que podem servir os seus interesses... mas, o interesse nacional não se revê nos interesses corporativistas de cada um, porque aquilo de que o país efectivamente precisa é de um Presidente da República que salvaguarde os interesses colectivos de uma população desprotegida face aos efeitos de uma crise desumanizada que os mercados provocaram e que os mesmos mercados procuram ultrapassar, em procedimentos de auto-defesa dos seus lucros e sem qualquer preocupação social. Daí a importância do próximo acto eleitoral que deveria registar, por estas razões, uma baixa abstenção, demonstrativa do interesse dos cidadãos com o seu próprio futuro! Provavelmente, não será assim e a abstenção, por razões várias (decepção, excesso de confiança, indiferença e descontentamento), pode registar indices indesejavelmente elevados. Contudo, este debate trouxe à evidência, as razões que deveriam levar-nos a votar: Manuel Alegre e Cavaco Silva apresentaram ontem, clara e inequivocamente, duas formas diferentes de estar e pensar a política e a sociedade. Apesar de ambos terem afirmado não estar na corrida eleitoral para, gratuitamente, derrubar e ajudar a eleger governos, o facto é que Cavaco Silva preferiu afirmar não dever prescindir do uso dos seus poderes, deixando antever uma eventual dissolução da AR em caso de intervenção do FMI (a qual, reconheça-se, disse só ser justificável após a intervenção do Fundo de Estabilidade Europeia), enquanto Manuel Alegre considerou que, a não piorar a situação económica, o Governo está em condições de continuar a governar... A este propósito, cabe perguntar se a dissolução da AR, mesmo em caso de intervenção do FMI, terá efectiva utilidade uma vez que se não conhece nenhum programa de intervenção económica proposto no espectro partidário, capaz de ultrapassar a crise e dar ao país a estabilidade e a criação de emprego de que a população precisa, tanto mais que, como diz, Manuel Alegre, todos, incluindo Cavaco Silva!, são responsáveis pelo estado a que chegou a economia nacional. De qualquer modo, para além do tom agressivamente despropositado com que o actual PR abriu o debate, provavelmente na presunção de que Alegre seria um adversário fácil, a prestação de Cavaco Silva não foi, nem de longe!, tão sedutora para a opinião pública como as anteriores! Manuel Alegre confrontou o seu adversário com factos (e não, como pretendeu Cavaco Silva, com insinuações!), de forma correcta, frontal, séria e relevante para o país, demonstrando com essa evocação que: a) as escolhas do candidato apoiado pelo PSD e do CDS, no que se refere a muitos dos seus mais relevantes anteriores colaboradores (designadamente, os que protagonizaram os crimes do BPN e da SLN) foram, no mínimo!, irresponsáveis e imponderadas já que esses colaboradores, usufruindo da influência política adquirida no exercício das funções para que foram nomeados por governos liderados pelo actual PR, desenvolveram uma promiscuidade entre política e negócios inequivocamente grave; b) que o caso da suspeita de escutas à PR foi politicamente usado pelo actual re-candidato, de forma inaceitável do ponto de vista ético, uma vez que os esclarecimentos que a matéria requeria, por implicar o regular funcionamento das instituições, vieram tarde e foram formulados de forma ambígua; c) a incapacidade de resposta digna à incorrecta alusão do Presidente da República Checa à dívida portuguesa denotou falta de sentido de Estado por parte de Cavaco Silva. A estratégia de Manuel Alegre, neste debate, alcançou dois grandes objectivos: por um lado, evidenciar uma prática política de Cavaco Silva que contraria a pretensa imagem de correcção que o seu discurso exibe como se fosse a sua actuação fosse perfeita e inatacável e, por outro lado, criar na opinião pública, a esperança de que a sua actuação não produziria tais incorrecções (a saber: trabalhar com pessoas e escolher apoiantes que pratiquem promiscuidade entre política e negócios; manipular suspeitas para criar uma imagem negativa do funcionamento institucional, contribuindo para denegrir, intencionalmente, uma governação partidariamente oposta à sua; ser passivo perante os ataques externos à dignidade do Estado português). Depois deste debate, ficam claras para os portugueses algumas das diferenças essenciais no perfil político dos candidatos a Belém, para além do que anteriormente era dado como único argumentário, a saber, a defesa do Estado Social (com que, aliás, Cavaco Silva pretendeu identificar-se, afirmando defender a saúde para todos e não pretender destruir o Estado Social -sem, contudo, defender a Escola Pública e a Segurança Social com a assertividade com que o faz Manuel Alegre). Assim, dado que Cavaco Silva nada disse de novo e não respondeu com a firmeza e transparência que se lhe requeria neste momento, se algum dos candidatos saiu a ganhar deste debate foi , sem dúvida alguma, Manuel Alegre.

Sons Femininos... Skunk Anansie


... Skin é o nome da banda em que aqui canta Skunk Anansie, ícone da nossa contemporaneidade urbana e multicultural... vale a pena ouvir e ficar a conhecer a voz desta mulher na interpretação dos temas "Trashed" e "Faithfulness"...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Blog d' Ouro - Leituras Cruzadas - Especial

2010 está a chegar ao fim... por isso, vale a pena destacar os Bloggers e Blogues que, ao longo deste ano, valeu mesmo a pena ler e que, por isso, admiro:
Ana Gomes e Vital Moreira no A Aba da Causa

Carlos Barbosa de Oliveira no Crónicas do Rochedo

Fernando Cardoso no Ayyapa Express

Eduardo Marculino no História Viva


José Manuel Correia-Pinto no Politeia

Manuela Araújo no Sustentabilidade é Acção

Osvaldo Castro no A Carta a Garcia

Rogério Pereira no Conversa Avinagrada

Valupi no Aspirina B



Vários no Vias de Facto

Weber no Mainstreet.

... continuemos pois, rumo a um 2011 que precisa de todos e que muito nos dará a pensar e a dizer! Feliz Ano Novo!

Solidariedade das Inteligências

Há anos, no final da década de 90, estive em Estrasburgo, num encontro internacional intitulado "Solidariedade das Inteligências". O encontro decorreu no Parlamento Europeu e juntou pessoas e Organizações Não Governamentais de todo o mundo. Estavam na agenda política casos de violação de Direitos Humanos, a importância da laicidade, a necessidade de valorização da diversidade e o reconhecimento do direito à independência e à autonomia dos povos que a reivindicavam... Palestina, Tchetchénia, Croácia, refugiados, globalização e valores éticos de igualdade e solidariedade foram momentos temáticos centrais dos trabalhos que tiveram lugar nesses 3 dias que durou o encontro. A mim, pessoalmente e para além dos conteúdos e abordagens que aí tiveram lugar, impressionou-me o título da iniciativa: "Solidariedade das Inteligências" por ser a expressão exacta do que a realidade nos dita como urgente e indispensável, essencial à ultrapassagem dos conflitos e das crises... Hoje, no âmago da hecatombe socio-financeira e político-económica que Portugal e a Europa atravessam, na indefinição de um cenário de futuro claro e menos ainda, tranquilizador, a solidariedade das inteligências é a única forma de ultrapassarmos a crise, escapando às teias tecidas pelas manipulações políticas e partidárias a que estamos, indiscutível e constantemente, expostos... lembrei-me por isso, instigada até por um comentário feito a propósito de um post recente do A Nossa Candeia pelo nosso amigo Rogério Pereira do Conversa Avinagrada, de um programa onde as intervenções de personalidades cultas da sociedade portuguesa (de que destaco os Professores José Barata Moura e Adriano Moreira), podem ajudar-nos a configurar a confiança e a esperança no diálogo que a democracia viabiliza... quem viu o programa, pode agora, repensá-lo ou à memória que dele guardou criticamente; quem o não viu, não perde tempo se atender às considerações que os Professores José Barata Moura e Adriano Moreira mas, também, D. José Policarpo e António Barreto, aqui enunciaram:
RTP - PRÓS E CONTRAS
... resta-nos continuar a trabalhar para que a Democracia seja Possível e Acessível a todos os cidadãos... pelo passado que nos conduziu a este presente mas, principalmente, pelo futuro que, queiramos ou não, temos a incontornável responsabilidade de construir.

O "Manifesto Comunista" e a Viragem Histórica...


Em 1848 foi publicado, pela primeira vez, o "Manifesto Comunista", escrito por Karl Marx e Friedrich Engels... e se há documentos que inscrevem a mudança e assinalam a viragem na História da Humanidade, o Manifesto Comunista é um desses textos - testemunho de uma contemporaneidade diversa de todo o tempo anterior, pela interpretação sociológica e política que, pela primeira vez, surge desmistificando radicalmente a estrutura organizacional da arquitectura do poder. Hoje, descobri esta sua versão, animada... partilho-a aqui para que não esqueçamos a herança de uma História que não podemos ignorar, em nome de um aperfeiçoamento democrático que não pode perder de vista o essencial (o tal que, como dizia o Principezinho "é invisível aos olhos") e onde a participação e a cidadania sejam, efectivamente!, motores e não agentes passivos desse poder que, já em meados do século XIX, Marx e Engels deram a compreender ao mundo...

José Barata Moura, a Voz Portuguesa num Poema de Neruda


Na voz de José Barata Moura ressoa a sabedoria profunda da terra, perante a qual se manifesta a sensibilidade humana e se constrói o sentido da vida... desta vez, na leitura da "Ode à Idade" de Pablo Neruda...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Perigoso Jogo Europeu - Demagogia e Combate à Pobreza


Estamos a cumprir os últimos dias de 2010, Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social... Ironia? Não! Destino? Não! Paradoxo? Sim! A Comissão Europeia, por Decisão conjunta do Parlamento Europeu e do Conselho (ler Aqui), instruiu todos os Estados-membros no sentido de promoverem iniciativas de luta contra a pobreza e a exclusão social - iniciativas, diga-se em abono da verdade!, que se pretendiam eficazes e que se não esgotassem na divulgação necessária à visibilidade e compreensão do fenómeno que o respectivo Manifesto enfatiza, reconheça-se!, em jeito de desresponsabilização "a priori" (ler Aqui). Aparentemente irónica, a realidade económico-social da União Europeia eclodiu na maior crise de que há memória desde a institucionalização deste modelo pró-federal de organização socio-política, a pobreza "disparou" desmedidamente por toda a Europa, manifestando-se de forma inequívoca a partir da perseguição à etnia cigana e, progressiva mas vertiginosamente, a toda a sociedade, ferindo "de morte" a própria classe média que parecia consolidada no espaço europeu enquanto aumentava astronomicamente o número de pessoas pobres, sem-abrigo e em risco grave de empobrecimento súbito (consultem-se aqui os dados do Eurobarómetro sobre a pobreza e a exclusão social). A confiança dos cidadãos e dos consumidores no projecto europeu que se prestigiara e ganhara a adesão da opinião pública dos Estados-membros sob a mensagem da construção de uma Europa Social, foi, por isso, justa e seriamente abalada, devolvendo as populações à descrença política a que tinham sido conduzidas pelas economias nacionais, face à constatação das assimetrias de desenvolvimento de países vizinhos coexistentes no espaço, agora comunitário. O sentimento de fatalidade a que a gestão política vai, repetidamente, conduzindo as sociedades defronta-se actualmente com o evidente "abandonar do barco" das economias alemão, francesa, eslovena e de outras tantas que, por ora, guardam silêncio processual no que à resolução da crise respeita, nomeadamente quando se pensa em economias com dívidas públicas descontroladas do ponto de vista dos mercados... Não é por isso de estranhar e, bem pelo contrário, é de louvar a coragem, a assertividade e a frontalidade de Carvalho da Silva que, hoje mesmo, declarou o Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, um "falhanço total" (ler Aqui). O paradoxo interno da União Europeia está à vista, entre a expressão de projectos de intenção demagógicos e propagandisticos e uma lógica de mercados financeiros a que a Europa política cede, preferindo a falência do seu pretenso modelo de desenvolvimento, à reforma efectiva e eficaz da sua organização económico-financeira. Quem paga os custos deste perigoso jogo? Os cidadãos, claro!... e, provavelmente, num futuro não muito longínquo, a qualidade de uma democracia que já exibe, sem pudor, a desregulação e a exclusão social como frutos do seu exercício.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Reconfiguração da Geografia da Pobreza - de Adriano Moreira ao Plano Marshall e à Crise


A inteligência e a ousadia na forma de pensar caracteriza os homens livres... talvez por isso, nos dias que correm, o que dói é o facto de se constatar, no meio político e até "intelectual" português, designadamente, nos que mais são chamados aos palcos da mediatização e que se vão afirmando como "opinion makers" para prejuízo do exercício da cidadania e da actuação política, que o sentido crítico com que comentam a realidade se esgota na repetição de ataques político-partidários de uma pobreza ideológica confrangedora, onde a ausência da criatividade no que respeita à apresentação de propostas alternativas para responder a situações de crise, denota raciocínios parados no tempo e reféns dos comentários alheios... cabe aliás aqui a referência a esta natureza repetitiva da cultura portuguesa que nos fez, séculos após séculos, depois do descalabro dos chamados Descobrimentos, repetir e adoptar "o que vem de fora" com uma atitude deficitária no que se refere à capacidade de adaptação de práticas e princípios que deveriam ser orientadores ou inspiradores mas cuja eficácia e eficiência ficam em causa pelo recurso simplista da sua pura e simples reprodução. Vem este arrazoado de observações a propósito da intervenção do Professor Adriano Moreira que acabo de ouvir na SIC-N e da inequívoca expressão de liberdade de pensamento de que deu mostras ao comentar o país e esta Europa que, unida e em crise, foi hoje alvo de uma intervenção quase inesperada por parte de Durão Barroso, na qualidade de Presidente da Comissão Europeia. Face ao coro de vozes protagonizado pela Eslováquia, a França e a Alemanha sobre a presença indesejada na UE de países considerados periféricos e avaliados como destituídos de "disciplina" no que aos critérios de convergência diz respeito e cuja intencionalidade se não esgota no comentário ou na boa-fé da defesa da moeda única, Durão Barroso pediu silêncio, considerando que esta "cacofonia" acentua a desconfiança dos mercados e contribui para reforçar a crise generalizada que a todos toca. Neste contexto, Adriano Moreira colocou o "dedo na ferida" em relação a alguns dos dados "em jogo" afirmando, sem rodeios, que nos encontramos num estado tal, que se justifica o assumir socio-político de uma reconfiguração da "geografia da pobreza"... e disse mais: a) referiu que muitos dos países que hoje exigem cumprimento aos mais pobres, viveram situações de extremas dificuldades na sequência da II Guerra Mundial (a este propósito cabe lembrar que a sua saída para as crises de então foram resolvidas durante cerca de meio século com a constante recriação das obrigações impostas pelo Plano Marshall); b) estranhou que instituições como, por exemplo, as Nações Unidas (e o mesmo poderiamos dizer das instituições europeias) não proclamem directivas no sentido de regular as práticas do mercado com, por exemplo, o decretar de um limite ou de uma condenação da usura!!!; c) problematizou o estatuto jurídico e a autoridade económico-política de entidades como o G-20 na definição das prioridades estratégicas para a sustentabilidade do mundo ocidental; d) lembrou que o perdão da "dívida pública" existe para responder (como já aconteceu com África) a situações difíceis e de complexa resolução; e) alertou para o desaparecimento ou o branqueamento de conceitos reguladores da vida societária - como é o caso do conceito estratégico de "reserva alimentar" no que se refere à economia portuguesa... porque há, efectivamente, muitas formas positivas de reagir e actuar!... e de lançar um debate para a concertação social efectivamente dialogante que se não fique no "braço-de-ferro" dos ditos parceiros sociais e que se reflicta, de facto!, nas políticas de governação com efectivos benefícios para a vida dos cidadãos e a sustentabilidade das economias nacionais. Massa cinzenta, precisa-se! - eis o que dá vontade de reivindicar!... e, nesta chamada de atenção, cabe não obliterar a grande desilusão a que é preciso dar resposta: sem negar ou reduzir o legítimo direito da Direita nesta matéria, a Esquerda deveria ser, por vocação ideológica e na senda da dignificação da sua origem e da sua história, o protagonista desta reivindicação. Não é! Porquê? - eis outra pergunta para a qual deveriamos exigir reflexão e resposta.

A Ineficácia da Mensagem Política do Primeiro-Ministro...


Para os comentadores, a mensagem de Natal do Primeiro-Ministro foi irrealista; para o Governo e para o PS, foi "um exercício de realismo", para a oposição um exercício de propaganda (ler aqui, aqui e aqui). A verdade é que José Sócrates dirigiu a sua mensagem à ideia de construção de uma imagem interna e externa do país, visando um público político no caso português e político-económico no plano europeu e internacional. Ó Primeiro-Ministro esqueceu, contudo, o essencial: num país católico e em que o "espírito de Natal" tem significado cultural para todos, o facto é que os cidadãos esperavam do seu Primeiro-Ministro uma outra mensagem: uma mensagem solidária, capaz de sublinhar a consciência da crise e do seu profundo impacto social, uma mensagem que sublinhasse a importância que o extraordinário número de pessoas desempregadas tem no panorama de preocupações do Governo... só assim teria sido eficaz o presumível "acordar a esperança" que se supõe ter sido a intenção do Primeiro-Ministro que perdeu uma oportunidade de reconquistar ou, pelo menos, de contribuir para reconfigurar a opinião pública sobre os esforços governamentais para responder à crise e aos mercados. Ao optar pelo tipo de discurso que apresentou aos portugueses, José Sócrates, além de não ter sido ouvido, foi mal recebido e deu inequivocamente "o flanco" às acusações de "propaganda" e "irrealismo" que ninguém perdeu tempo a sublinhar... é pena! O tal "espírito de Natal" e os cidadãos mereciam mais.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Brasil - Beth Carvalho, Voz de Cultura...

Há já um bom par de anos, Caetano Veloso cantava, num dos seus mais famosos temas, a seguinte afirmaçao: "só é possível filosofar em alemão"... na senda do mesmo tipo de pensamento, é, na minha perspectiva, igualmente legítimo dizer que "a poesia fala português"!... mais: se nos é permitido falar assim, generalizando abusivamente e sem contemplar excepções de que o saber popular diz, serem a confirmação da regra, então, considerando que cada cultura encontra uma expressão sublimatória privilegiada em cada tipo de arte, podemos afirmar que "a música canta-se em brasileiro - ou, para não ofender os mais puristas, em português do Brasil"... Vem esta observação a propósito de um programa que ontem vi, no canal TV Brasil Internacional, chamado: Conversa Afinada onde compositores, músicos, cantores e intérpretes conversam durante uma hora com entrevistadores preparados e conhecedores da sua obra e do seu significado no contexto rico e vasto do mundo da produção musical brasileira... Um programa de altissima qualidade, se querem saber! e de que faço link do respectivo site (ver Aqui). No programa a que ontem assisti, a entrevistada foi Beth Carvalho, um "monstro" ou, se quisermos, "a rainha" do samba e do melhor da expressão popular da música brasileira que, no nosso país, tem tido menos reconhecimento e divulgação do que, de facto, merece a qualidade da sua obra...
Beth Carvalho, a Rainha, madrinha de alguns dos melhores sambistas brasileiros como é o caso de Zeca Pagodinho, cantou, por exemplo, "Dança da Solidão":

... mas, para quem não sabe, Beth Carvalho foi a primeira a interpretar, de forma incomparável, o tema "Folhas Secas", eternizado, entre nós, por Elis Regina:

Contudo, a alma de Beth Carvalho está nesta lindissima forma de cantar "As Rosas Não Falam"... vale a pena ouvir:

... e, meus amigos... Viva o Brasil!

Alegria do Brasil


Beth Carvalho, a justamente reconhecida como "madrinha do samba", com Hamilton de Holanda, num bonito tema intitulado "Água de Chuva no Mar"... para continuar em jeito de "Boas Festas"...

Do destino português...


"Tu Gitana", Cancioneiro de Vila Viçosa, Música de Zeca Afonso, Voz de Helena Vieira,Álbum "Galinhas do Mato"(1985)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal... e porque o Melhor do Mundo somos todos nós, as Crianças...


Divirtam-se com os pequeninos!...

... e deixem-se levar pela serenidade e a alegria, dando tréguas à adulta angústia dos dias... Tenham, por favor! FELIZ NATAL!...

... porque o Natal é, afinal, um outro modo de celebrar a Alegria e o Imenso Privilégio da Existência :)))

O Brado da Terra...


"Só ouve o Brado da Terra" na voz de Zeca Afonso, hoje, tempo de Natal, um tempo que é, antes de mais, o de um solstício reeditado à luz da importância que as sociedades reconheceram aos seus símbolos civilizacionais, deixando para segundo plano, a valorização telúrica da existência de tudo o que, afinal!, da ética, à cultura e à política, justifica, enquadra e sustenta os nossos pequenos mundos que urge abrir e devolver à dimensão da vida e do universo...

O Mais Belo Boneco de Neve... pelas suas Mãos!


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Dos Cidadãos Sem-Abrigo aos Aviões, aos Bancos e aos Submarinos...


... são centenas pelas ruas da cidade... milhares se pensarmos em todas as cidades do país e milhões se pensarmos na Europa, na América, na Ásia e na África... contudo, os pobres que nada mais têm senão a si próprios e, muitas vezes, a sua prole, ganharam no Ocidente o epíteto de "sem-abrigo", uma categoria social que pretendeu substituir alguns termos considerados humilhantes para sociedades que se pensaram e representaram como desenvolvidas ou em vias de desenvolvimento... noutros tempos, foram mendigos, vadios, valdevinos, miseráveis e, por exemplo, na Índia são ainda parte de uma casta conhecida por "Intocáveis" que, ainda assim, alberga no seu seio, sub-castas quase inqualificáveis e de certo modo, invisíveis, aos olhos ocidentais. Por cá, as pessoas "sem-abrigo" são pessoas que tinham vidas relativamente estruturadas e que, progressiva ou abruptamente, empobreceram, perdendo as condições objectivas de sustentabilidade dos padrões de vida considerados mínimos... perderam empregos, famílias, casas e ficaram reduzidas à condição de habitantes das ruas... as pessoas sem-abrigo são o símbolo da nossa incompetência política, social e civilizacional!... as pessoas sem-abrigo, desempregadas, pobres, sózinhas, toxicodependentes, alcoólicas, dementes, alienadas ou simplesmente descrentes, desesperadas, indiferentes ou tristes, são os cidadãos que nos recordam, a cada momento, a efemeridade da sociedade da abundância e do consumismo... é por isso que são obrigados a esconder-se e que, escondidos, surgem depois da luz do dia dar lugar às sombras, mais visíveis à noite, quando o bulício da ficção de uma sociedade organizada recolhe às suas casas e o espaço público fica mais disponível para a liberdade da pobreza, da tristeza e da miséria... As pessoas sem-abrigo são o nosso melhor espelho, o espelho do que potencialmente somos e do resultado da nossa intervenção ou passividade social e socio-política. É por isso urgente que os cidadãos sem-abrigo, sejam reconhecidos como uma das vozes com mais credível opinião sobre a sociedade em que vivemos e que continuamos a alimentar, na senda sem coragem, sem dignidade e sem razão, de um caminho que nos esforçamos por manter... O caminho é outro... e as razões estão à vista!... enquanto houver pessoas sem-abrigo e cidadãos com fome, não poderemos, em rigor, admitir ou ser cúmplices, por palavras, actos ou silêncios de procedimentos políticos, cívicos ou diplomáticos, que vão do corroborar da lógica dos mercados e da ideologia neo-liberal às negociatas internacionais de indivíduos ou entidades, públicas ou privadas, que enxovalham a dignidade existencial a que todos temos direito, em nome de interesses obscuros que hipotecam os valores éticos e o espírito da democracia por que tantos deram a vida e em que, felizmente!, ainda tantos, acreditamos.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Os Perfis dos Candidatos nos Debates Presidenciais...

Os debates televisivos entre os candidatos presidenciais já ultrapassaram metade do seu número total... dos 10 previstos, já se realizaram 6 e faltam, apenas!, 4... M.Alegre e F. Nobre já só têm um debate até ao final desta pré-campanha em directo... Manuel Alegre repete as linhas estratégicas do seu Contrato Presidencial, as mesmas que estiveram presentes na sua anterior campanha eleitoral e que, à época, lhe garantiram um milhão de votos... as mesmas linhas estratégicas efectivamente importantes para a defesa do que sobra do Estado Social e que, a não serem garantidas, conduzirão muito mais centenas e milhares de pessoas a situações mais precárias, no que respeita ao acesso ao emprego, à saúde, à segurança social ou à escola pública. Contudo, a prudência e a contenção discursiva de M.Alegre é, neste momento, uma arma de "dois gumes"... por um lado, tenta não afugentar um triplo eleitorado (PS, BE e independentes) para garantir uma margem capaz de proporcionar uma 2ªavolta nas eleições à Presidência da República... por outro lado, deixa margem à conquista de votos dos candidatos Francisco Lopes e Fernando Nobre... e se a estratégia é alcançar a possibilidade dessa 2ªvolta na esperança que os restantes candidatos recomendem o voto na sua candiatura, há o risco de algum deles preferir não se pronunciar! Entretanto, enquanto o candidato Defensor de Moura denota, nas suas participações nestes debates, uma inutilidade catártica para alguns resistentes do PS que, potencialmente e até ver!, não votarão Cavaco e para os amigos locais que privilegiarão o conhecimento pessoal ao interesse nacional, Francisco Lopes vai consolidando uma imagem positiva assente na capacidade de resposta, na coesão ideológica e numa inesperada simpatia serena e concentrada. Por seu lado, Fernando Nobre tem vindo a melhorar substancialmente a sua prestação e sem acrescentar nada de novo e de credível à sua inexistente mensagem ideológica, progrediu nos debates com Cavaco Silva e Manuel Alegre pelo impacto da sua desmontagem, leve mas perceptível, do discurso de Cavaco Silva e pela "usurpação" do discurso de mudança que, nas eleições presidenciais anteriores, coube a Manuel Alegre... quanto a Cavaco Silva, também sem nada acrescentar ao que dele se sabe e ao que dele se espera, permanece igual a si próprio enquanto Presidente, sem, por um lado, ceder ao seu actual estatuto, neste contexto, de candidato e sem, por outro lado, deixar de recorrer à sua experiência como Primeiro-Ministro onde algumas medidas que tomou (como a inserção dos agricultores no sistema da Segurança Social), apesar de minimizadas pelos opositores, não deixam de lhe granjear a simpatia de alguns potenciais indecisos que, no mar das suas dúvidas entre a abstenção e o descontentamento, podem decidir-se por votar na continuidade, dado que a coexistência com uma maioria parlamentar e depois com uma minoria gestora da governação foi, melhor ou menos bem (mas não mal - para todos os efeitos e em consequência da sua estratégia de longo prazo, no que respeita à sua expectativa de reeleição)... Tudo em aberto, portanto... a decisão, como sempre acontece em democracia, está nas mãos dos cidadãos mas, também, dos candidatos a quem cabe desenvolver o argumentário capaz de determinar o resultado desta correlação de forças que, sendo suave, pode, contudo, ser decisiva na definição do futuro do país.

Grandes Esforços?!?!?!...

Eu sei que nesta altura do ano se presumem mensagens sensatas e solidárias... mas, porque o humor pode ser como a poesia, não resisti a surripiar este brilhante cartão de Natal ao We Have Kaos in The Garden.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Não esquecer: José Carlos Ary dos Santos e Joe Cocker...


... porque, como disse o Poeta: "O Natal é Quando um Homem Quiser":

"Tu que dormes à noite na calçada ao relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão, amigo
És meu irmão.

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão, amigo
És meu irmão.

Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um Homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher.

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e comboios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão, amigo
És meu irmão.

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que comprei
És meu irmão, amigo
És meu irmão.

Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um Homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher."

Poema de José Carlos Ary dos Santos ... com o som de Joe Cocker a cantar a importância da ajuda dos amigos... porque todos os dias são dias de sermos o melhor de nós!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Presidência Belga da UE - entre elogios e progressos?!



A Presidência belga da União Europeia diz orgulhar-se do Tratado de Lisboa, alertando contudo, para a necessidade de "a Europa fazer mais progressos" (ler aqui e aqui)... as afirmações requerem, a título de comentário, duas perguntas: 1 - se têm orgulho no Tratado de Lisboa, para que o querem mudar?; 2 - o que entende a União Europeia por "progressos"?... é que, se bem percebi as razões e argumentos até agora vindos a público, os "progressos" a que se referem visam alterar o Tratado de Lisboa e os seus destinatários são os cidadãos, objecto de renovadas medidas relativas à flexibilidade laboral e aos custos de incumprimento dos ditos "critérios de convergência" que, segundo nos diz a experiência, apenas garantem a continuidade da nossa divergência e das condições de deficit e endividamento das economias mais fragilizadas... daí que, mais uma vez se prove que a efabulação política e a argumentação económico-social mais não sejam do que expressões de recurso da retórica e da sofística que permanecem como as grandes armas da diplomacia dos mercados...

Perguntas ao Pai Natal...


Querido Pai Natal,

Não sei se ainda estou a tempo de te dirigir os meus pedidos para que, na noite mais aguardada de todos pela paz anunciada, esperada e construida pelas crianças, me coloques no sapatinho o que eu mais quero... de qualquer modo e porque me tenho portado bem (digo eu, considerando que tenho feito o melhor possível ainda que, muitas vezes, contrariada), penso que vale a pena dizer-te o que, sobre os sonhos, me ensombra os dias, por me continuar a adiar desejos que já quase me sufocam. Perguntarás o que pretendo eu para estar com tantos rodeios mas, não te aflijas porque vou já esclarecer o que te quero dizer: pois bem, os meus desejos são respostas, Pai Natal!... respostas a perguntas para as quais, sózinha e apesar do esforço, não tenho obtido nem conseguido construir as que seriam razoáveis e suficientes para me adoçar a inquietação... e tu, Pai Natal, porque já tens muitos anos e muita experiência (há quem por cá diga isto de outra maneira, tipo: "é muito tempo a virar frangos" - o que, diga-se de passagem, não se te deve aplicar pois não consta de história alguma que eu conheça, que a tua profissão seja, no Estio que deve ser quando estás menos ocupado, empregado de churrasqueira)... enfim! Não te quero fazer perder mais tempo porque deve haver muita gente à tua espera... por isso, aqui te deixo 3 das minhas mais angustiadas perguntas, na esperança de que, enquanto as renas te conduzem pelos ares deste planeta atribulado, possas dedicar-me uns minutinhos (não sei se chegam... mas, quem diz uns minutinhos, diz umas horitas - que presumo não te irem fazer diferença no meio de uma tão longa jornada, não é?) para me ajudares a crescer (sabes? é que dizem que o Pai Natal é uma parte do nosso crescimento por habitar o espaço em que começamos a ter uma clara percepção do que nos é exterior)... assim, diz-me lá, Pai Natal, porque razão se comemoram este ano os 100 da República Portuguesa se, por cá, no meu país, os procedimentos, públicos e privados, continuam a reproduzir uma lógica monárquica que assenta numa espécie de transmissão dinástica no que respeita ao acesso a bens comuns - como é o caso dos empregos e do usufruto dos direitos e privilégios sociais? ... e porque razão, Pai Natal, se apregoam tantos valores enquanto se persiste no exercício das más-práticas, penalizando-se exactamente o que mais se parece com os valores apregoados, por exemplo: o mérito, a competência, a igualdade, a honestidade, a frontalidade, a transparência e o respeito pela diversidade? ... eu não quero respostas fáceis, Pai Natal... essas, já as ouvi, sob a forma de pretextos e desculpabilizações de adultas e incoerentes justificações... o que eu queria mesmo, Pai Natal, era a verdade... e, por isso, deixo-te, Pai Natal, uma última pergunta: porque razão insistem as pessoas que aparecem todos, ou quase todos, os dias nas televisões, em não praticar a humildade e a justa equidade, apesar de saberem que o preço da vaidade é o preço da alma, sempre que cedem e se vendem aos interesses corporativos, acabando por desmerecer a confiança que tanto reivindicam conquistar junto dos cidadãos?... pronto, Pai Natal, já disse e, por hoje, fico por aqui... obrigado pela tua paciência e pela tua boa-fé... vou agora mesmo a correr, deitar esta cartinha no correio porque gostava de deixar de me preocupar com estas inquietações ainda esta semana, já, já no Dia de Natal. Beijinhos... e olha, vem devagarinho para que a viagem seja boa e te dê tempo de inventares as respostas mais convincentes que puderes... Obrigado!

domingo, 19 de dezembro de 2010

O Peso da História...


... é Raul Seixas quem conta esta história... uma história que, segundo canta, lhe contou um velhinho que encontrou um dia, numa rua da cidade... uma história rasgada a que chamou, não sei se ele, se o velhinho: "Eu Nasci há 10.000 anos atrás"...

"Um Novo Sobressalto Democrático" - Manifesto Presidencial de Manuel Alegre


O Manifesto eleitoral de candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República foi apresentado esta tarde, em Lisboa. O documento, a que Alegre chamou "Contrato Presidencial" com o objectivo de reiterar o compromisso assumido com os Portugueses a partir desta candidatura, é um texto que vale a pena ser lido por representar, apesar de tudo o que nestes tempos concorre para o desalento, a devolução da esperança na causa e na luta constante pela resistência dos direitos sociais que ainda temos e que é imperioso não deixar eliminar. O Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública e a Igualdade de Oportunidades, a Segurança Social e o respeito pela Constituição da República, bem como uma firme determinação no sentido de contribuir para ajudar a reconstruir o projecto de uma Europa Social que os blocos financeiros pretendem reduzir ao miserabilismo social pela prioridade monetarista do lucro e dos mercados, são algumas das garantias que Manuel Alegre apresenta ao eleitorado. Como disse o próprio: "Está na hora de um novo sobressalto democrático". Fazemos votos que assim seja, em nome do Bem-Comum.
(O texto do Manifesto de Manuel Alegre pode aqui ser lido, na íntegra).

Lula da Silva - Valores Democráticos e Coesão Política - Do WikiLeaks à Banca


... O ainda Presidente do Brasil, Lula da Silva, é um exemplo raro de transparência de pensamento para as sociedades contemporâneas. Para ele vai a minha homenagem, independentemente das importantes e graves questões que, a montante e a jusante do fenómeno WikiLeaks, estão em curso e das que daí podem decorrer... entre elas, a denúncia dos negócios da banca no plano das relações internacionais - de que é exemplo o caso do BCP, cujo líder, de nacionalidade portuguesa, foi, também, objecto das "indiscrições" do site mais famoso do século... porque, independentemente dos contornos efectivos dos procedimentos subjacentes à notícia e do(s) seu(s) grau(s) de verdade, a realidade é que estes factos existem, têm consequências e uma sociedade democrática que elege, por sufrágio universal, os seus representantes, tem o direito de conhecer os destinos e os riscos do uso do dinheiro público e dos seus próprios investimentos... por tudo isto, vale a pena ler e reflectir sobre as palavras do Presidente...

"O Dia em que a Terra Parou"...


... de Raul Seixas, uma bem-disposta ilustração de um tema delicioso para nos fazer pensar... com um sorriso e a esperança que, apesar de difícil, é ainda o grande motor do presente e do futuro. Bom domingo!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Manuel Alegre - Canto de Mãos e de Alma


... com mãos, entre os actos e a voz, se construiu a Liberdade que, com voz e mãos, continuaremos a erguer, como acto, vitória e sonho por um futuro que não queremos amordaçado...

Leituras Cruzadas...

Os debates entre candidatos presidenciais, nesta sua primeira fase, têm revelado as razões da desmobilização pública face à próxima eleição do Presidente da República que terá lugar daqui a um mês, dia 23 de Janeiro. De facto, a ausência de diferenças claras na visão do perfil presidencial e a incontornável dificuldade dos candidatos em falar abertamente sobre as respectivas propostas para o exercício das mais altas funções do Estado, quer por razões diplomáticas eleitorais, quer porque os portugueses estão deveras centralizados no problema económico a que Governo, União Europeia e oposição não dão respostas minimamente satisfatórias face ao desalento social, concorrem para que a eleição do Presidente da República resulte numa efeméride ditada quase pelo acaso de uma reeleição por imobilismo ou por uma segunda volta inesperada por margens mínimas. Vale a pena ler alguns textos que desta realidade dão nota quer para verificarmos "o pulso" ao país, quer para percebermos o que é apontado como causa da anomia que envolve o fenómeno: sugiro, para o efeito, que visitem aqui o Politeia, A Carta a Garcia, o Conversa Avinagrada, o Delito de Opinião, o Vermelho Cor de Alface e o Defender o Quadrado. A verdade é que o nosso país suscita, em termos governamentais e presidenciais, apreciações como a que se pode ler em O Tempo das Cerejas, no PuxaPalavra, no SineDie ou no Albergue Espanhol... e se é verdade que o mundo contemporâneo e particularmente o designado mundo ocidental, deveria atender, antes de mais, ao problema aqui abordado pelo Sustentabilidade é Acção, bom seria também que aprendessemos a analisar a realidade não apenas em termos imediatistas e especulativos mas, em termos de médio e longo prazo e que, ao invés de nos bastarmos no esforço do auto-elogio em auto-defesa por exemplo no que respeita à Educação, tivessemos a coragem de olhar para as nossas insuficiências de modo a que as pudessemos corrigir e melhorar qualitativamente, de modo a aumentar as nossas potencialidades para enfrentar o futuro (vale a pena ler, a propósito do PISA, o que hoje se escreveu no Câmara Corporativa e no Aventar)... porque a verdade é que foi hoje noticiado o número astronómico de prestações sociais cortadas ou reduzidas a cidadãos que, seguramente, não enriqueceram nem obtiveram empregos sustentáveis nos últimos meses. Estamos, também aqui, por tudo isto, a viver entre imagens de desejos e especulações que nos levam a evocar a reflexão feita no Certamente, a propósito do caso WikiLeaks.

Ciência e Conhecimento, entre a Política e a Generosidade


O Prémio Pessoa 2010 foi atribuído a Maria do Carmo Fonseca, investigadora em Medicina Molecular, a trabalhar o processo de descodificação da informação genética nas células humanas... conhecedora da notícia, a investigadora anunciou a sua decisão em investir o valor total deste Prémio de 60.000 euros na aquisição de um microscópio de alta definição que permite acompanhar, em tempo real, a vida de conjuntos moleculares em cujo decurso se produzem alterações comportamentais que podem explicar ocorrências como o aparecimento de cancro. O Prémio, atribuído pela primeira vez, a título individual, a uma mulher, homenageia, de forma particular, o esforço da persistência no desenvolvimento em Portugal da chamada "investigação básica" e se este texto se justifica só por isso, vale a pena registar o comentário do historiador orientalista José Carlos Calazan, hoje, na rubrica "Revista de Imprensa" do "Jornal das Dez" da SICN, referindo a sua estranheza perante a definição de prioridades representadas, por exemplo, em investimentos centrais direccionados para despesas correntes como são as aquisições de "carros topo de gama", ao invés de se investir em áreas tão meritórias como a dos instrumentos de investigação. O historiador anotava por isso que os 60 mil euros do Prémio Pessoa que deveriam ser um reconhecimento público ao trabalho individual ou da equipa liderada por Maria do Carmo Fonseca, vão ter que ser uma fonte receita para o desenvolvimento do trabalho do Instituto de Medicina Molecular - como se este investimento não devesse ter, ou até já ter tido, uma resposta técnico-política adequada. Falando em "generosidade" na referência que fez à opção de Maria do Carmo Fonseca, José Carlos Calazan, evocou uma outra situação, diferente mas elucidativa para o efeito, que igualmente denota, como, nos tempos que correm e infelizmente para a dinamização social multifactorial, as boas e altruístas decisões decorrem, muitas vezes, da iniciativa desinteressada e individual dos cidadãos, exemplificando o que dissera com a referência ao caso de um homem, agente da polícia, que, ao ver um indivíduo armado para se fazer explodir numa mesquita, se atirou para cima dele, sacrificou a própria vida para evitar a morte de centenas e centenas de pessoas...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

"Conselhos" do Conselho Europeu... Não, Obrigado?!

O Conselho Europeu que hoje terminou, declarou que os Estados-membros da UE tudo farão para assegurar a estabilidade do euro (ler aqui)... é, aliás, neste contexto que se justifica o "fundo de emergência permanente" aprovado, para fazer face à actual crise e prevenir outras que, agora, se tornam mais previsíveis. É pena que a solução encontrada mais não faça do que remediar com "garrotes" de emergência, a "sangria desatada" a que a lógica dos mercados nos conduziu, sem investimentos nos aparelhos produtivos nacionais e sem uma revisão estrutural das "quotas de produção" agro-alimentar, mantendo a dependência de todos de subsídios cada vez menos prováveis e mais reduzidos e o risco de desemprego que persiste, em crescendo e "em alta"; ao mesmo tempo, estas propostas insistem em deixar "nas mãos" dos governos nacionais, a responsabilidade do aumento das cargas fiscais e da redução da despesa pública, únicas fórmulas, no actual contexto político-financeiro, capazes de permitir respostas imediatistas e fáceis para a dita "estabilidade da moeda única" (ler aqui)... tudo isto apesar dos custos sociais cada vez mais elevados que alastram numa Europa unida, que se pretendeu mais igualitária mas que, afinal!, se afasta a "passos largos" do projecto político-social que os cidadãos referendaram, aproximando-se vertiginosamente da tal "Europa a duas velocidades" para que Jacques Delors tanto chamou a atenção, alertando-nos para o que daí resultaria... A arquitectura europeia construiu-se por oposição aos nacionalismos e, como tudo o que é inovador, foi uma aposta arriscada que só uma sólida consciência política e ideológica poderia ter assumido, disposta a resistir às tentações de desmoronamento social... arriscámos!... provavelmente, substimando as intenções subreptícias de uma lógica económico-financeira que, na União Europeia, viu apenas o crescimento das suas margens de lucro... o que nos leva a concluir que afinal, para além do Mercado Comum, tudo o resto era mais demagogia que outra coisa... Já quase só nos falta que a esquerda tenha que, justamente!, ressuscitar o binómio da "luta de classes"...

Representações da Complexidade...

... no caso, "O Número" de Almada Negreiros.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Bairro Alto - Talk-Shows RTP 2 - Multimédia RTP



Hoje, entre trabalhos e stress, as notícias chegam num turbilhão e entre medidas políticas de combate à crise anunciadas pelo Governo e o caso "WikiLeaks" que continua a evidenciar a questão fundamental da democracia, na tensão entre interesses diplomáticos e cívicos que urge pensar... páro, à beira da noite... e lembro-me de uma entrevista encantada que ouvi, há dias, ser feita a um intelectual, um filósofo, um escritor, um homem livre que respondeu sempre de forma incontornável... falo de António Skármeta, chileno de origem croata, apaixonado pela vida com um realismo poético contagiante, admirador e apologista do pensamento de Salvador Allende e autor do famoso "Il Postino" traduzido por "O Carteiro de Pablo Neruda"... agora, se me permitem a sugestão, digo-vos com o coração: se não tiveram oportunidade de o ouvir, façam-o agora, aqui:
e tenham uma noite mais feliz!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

As Cidades são para Ler...



Se a cidade
parasse
como um livro
que
quieto e folheado
se deixasse ler...

dir-te-ia
amor
que o saber
é uma escadaria
do haver
e
conhecer
por dentro
dos dias
o pensar, o sentir
e o ser.
(Imagens de quadros de Vieira da Silva: à esquerda "Cidade à Beira-Mar"; à direita, da série "Bibliotecas")

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A arte como sublimação...


... catártica, a arte é também sublimação... com um sorriso na leitura inteligente da mente ou da alma - chame-se-lhe o que melhor se adequar ao sentir... hoje, entre o ruído e a pressa do dia sobre o asfalto da cidade, mais um excerto da eterna "Flauta Mágica" de Mozart.

Impressão Digital...

Sim... as sociedades, como as personalidades e as culturas, têm nos traços da sua identidade, uma impressão digital... esta é a de "Goa", no olhar e na "mão" do Mestre Júlio Resende.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ligações Indiscretas...



O caso WikiLeaks continua sem dar tréguas ao mundo diplomático... hoje, no jornal espanhol El Pais, um mapa dos "pontos quentes" destas ligações que se pretendiam discretas dá uma ideia da extensão do trabalho do site WikiLeaks que também noticiou "casos" em Portugal que são, no mínimo, surpreendentes (ler aqui) e que vão merecendo comentários dignos da nossa reflexão (leia-se o texto de JMCorreia-Pinto no Politeia).

domingo, 12 de dezembro de 2010

Estratégias Manipulatórias para Todos os Gostos - da Espionagem Informática à Regionalização??!?!

Há exemplos de coesão, unidade e dignidade que não deveriamos esquecer na senda da construção de uma cidadania séria, justa, honesta e empenhada num mundo melhor para todos... por exemplo, a Marcha de Washington em que, em 1963, cantou Mahalia Jackson em apoio da causa protagonizada por Martin Luther King:

Vivemos tempos complexos... e quando pensamos que a Paz e a Democracia vão, apesar de tudo, resistindo, os factos emergem, brutais e mais ou menos inesperados, para desestabilizar o esforço conjunto que, pelo menos, a sociedade civil, continua empenhada em consolidar... até quando? - é a pergunta que se coloca... Até quando e com vantagens para quem, é o problema que nos deveria ocupar uma vez que as aparentes coincidências, cujas razões se assemelham a evidências, já não têm o impacto e a adesão pública de outros tempos... Ocorre-me esta dissertação de ideias associadas pela quase simultaneidade dos tempos em que convergem ocorrências aparentemente dissonantes mas, cuja eclosão não deixa de nos fazer pensar na "fabricação de acontecimentos"... e o que em tudo isto é tristemente curioso é estarmos perante estratégias que grassam nas dinâmicas socio-políticas internacionais e nacionais: assim por um lado, enquanto o caso "WikiLeaks" persiste, temos notícia de atentados e ameaças que criam, no espaço ocidental, uma atmosfera de suspeição; por outro lado, enquanto por cá, no nosso pequeno país, nos preparamos para eleições presidenciais, cinco federações distritais do PS decidem aprovar uma designada "Declaração de Évora" (ler aqui)que promove a regionalização. Em relação à primeira questão, o juízo cívico percepciona a tal "atmosfera de suspeição" como uma espécie de prenúncio preparatório para uma qualquer decisão ainda por divulgar; em relação à segunda questão, sabendo que os Presidentes das Federações Distritais do PS que assinaram a dita Declaração não são defensores convictos da candidatura de Manuel Alegre ainda que seja este o candidato apoiado partidariamente (ler o post ainda agora publicado no Câmara Corporativa), é caso para perguntar se, na origem e na oportunidade desta decisão corporativa, não estarão outras motivações que transcendem, de longe, o interesse nacional ou regional (leia-se por exemplo, a questão que coloca João Tunes no Água Lisa)... Perante tudo isto, dá vontade de gritar o tema "Troubles of the World" ainda na voz de Mahalia Jackson porque, de facto, os problemas do mundo requerem seriedade e urgência nas suas formas de tratamento ao invés de nos perdemos com a intriga mesquinha com que se tenta ludibriar a democracia:

Sons Femininos...


Mahalia Jackson, a voz que é espelho da força de não desistir, em: "Down by the Riverside"!

O Preço da Saúde...


Provavelmente são más notícias para os que insistem em condenar e atacar o SNS-Serviço Nacional de Saúde mas, a verdade é que, segundo relatava hoje o jornalista da RTP, Noé Monteiro, na Suiça não existe gratuitidade nos serviços de sáude, estando todas as despesas a cargo dos utentes... talvez por isso, as autoridades suiças tenham agora resolvido reformular o seu modelo de financiamento do sector, permitindo aos cidadãos com rendimentos mais baixos que as respectivas prestações sociais integrem a cobertura dos pagamentos... Contudo, o mais curioso -e é aqui que está a tal "má notícia" para os "espertos" neoliberais!- é que a Suiça gasta exactamente o mesmo que Portugal no que à saúde respeita, a saber, 10% do PIB!!!... curioso, não é?... aguardam-se comentários!?

Da Magia da Interpretação...


Detlef Roth e Gaelle Le Roi interpretam o famoso dueto de "A Flauta Mágica" de Mozart que ficou conhecido pelo nome dos personagens: Papageno e Papagena.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Leituras Cruzadas...

É importante chamar a atenção para abordagens sérias dos problemas que nos afectam e porque, de facto e felizmente, há textos que vale a pena destacar, proponho hoje as seguintes leituras na blogosfera (sobre a qual vale a pena ler o texto de Valupi no Aspirina B) onde, não posso deixar de estranhar a ausência dos comentários à proposta de criação de um Fundo Financeiro para os Despedimentos a que aqui já fiz referência por considerar grave a adopção duma medida que facilita a destruição da prioridade económica do nosso país que, sabemo-lo todos!, é urgente reproduzir, aumentar, criar e reforçar: o emprego. Por estarmos longe do que escreve Miguel Madeira e de nem sequer termos traduzidos para língua portuguesa livros como o que refere João Rodrigues no Ladrões de Bicicletas, o facto é que o actual momento se pode apresentar com a frontalidade incisiva com que o faz Fernando Cardoso. A realidade em que assenta o "estado de alma" do pensamento nacional reflectido por Vitor Dias no Tempo das Cerejas e por JMCorreia Pinto no Politeia justificam a reflexão e a intervenção cívica e política com carácter de urgência para que a luta contra a pobreza seja de facto eficaz e se não esgote no assistencialismo (imperativo para quem tem fome mas que não elimina nem trava, de modo algum, as causas do fenómeno)... e se por cá continuamos a tentar iludir os factos com dados que correm o risco de se esgotar na construção de uma imagem que ilude mas não garante aquisição de competências eficazes para o desenvolvimento (vale a pena ler o texto de João José Cardoso no Aventar sobre o PISA), a verdade é que temos que tomar o futuro "em mãos" porque contar com o contexto em que nos movemos também não resolve grande coisa (vale a pena ler as incontornáveis referências a que Manuela Araújo nos permite aceder no Sustentabilidade é Acção e a lista de países que recusaram estar presentes na atribuição do Prémio Nobel da Paz dada a conhecer no Ayyapa Express)...

Dos Despedimentos ao Dumping Fiscal - Pobreza e Direitos Humanos...

A economia continua, justamente, no centro de todas as preocupações e de todas as polémicas... vejamos: por um lado, o Governo Regional dos Açores, em nome de uma demagogia sectária vestida de sensibilidade social, criou lamentáveis precedentes no que respeita ao princípio da igualdade, promovendo a discriminação entre os trabalhadores (vale a pena ler sobre esta matéria o artigo de Vital Moreira); por outro lado, apesar do Governo garantir que não irá alterar a Lei dos Despedimentos e, designadamente, o princípio da "justa causa" no que à sua fundamentação se refere, a verdade é que, no contexto do reforço da flexibilidade das leis laborais, o próprio PM apresentou à Confederação da Indústria uma proposta de criação de um fundo para financiar os despedimentos, cujo objectivo é reduzir os encargos das entidades patronais resultantes do seu previsível aumento de recurso a esta prática (ler aqui), reproduzindo uma iniciativa do Governo espanhol (ler aqui), sem atender à especificidade do tecido laboral e empresarial português, cujo nível médio de salários é tão baixo que justifica a alegada falta de mão-de-obra em sectores como a agricultura, a metalurgia, o vestuário ou o calçado (ver aqui). O desemprego, de há muito em crescendo, é hoje, incontestavelmente, o mais grave problema da sociedade portuguesa, ao qual se não pode responder satisfatoriamente sem um efectivo e massivo investimento na revitalização do aparelho produtivo - de que decorre o próprio aumento das exportações, esse factor de competitividade evocado como uma espécie de receita milagrosa que, convém lembrar!, continuará a alimentar a nossa dependência das necessidades dos mercados externos que se defrontam, em particular na União Europeia, com problemas que urge resolver de forma estrutural - como bem esclarece o excelente artigo de Vital Moreira sobre o dumping fiscal... Entre o drama da flexibilização dos despedimentos e a armadilha do dumping, ficamos nós, cidadãos, reféns de uma tragédia económica que dificilmente permitirá à sociedade portuguesa regressar a um ritmo de sustentabilidade, capaz de, atempadamente, resgatar da pobreza, milhares e milhares de pessoas cuja problemática, no contexto dos Direitos Humanos, foi ontem evocada de forma contundente no discurso de Osvaldo Castro na cerimónia de celebração do Dia Internacional dos Direitos Humanos que ontem decorreu na Assembleia da República.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Preço da Coragem...


O preço da coragem e do seu reconhecimento internacional com a atribuição do Prémio Nobel da Paz é a prisão?... sim, na China!

Liu Xiaobo, Prémio Nobel da Paz 2010

Dia Internacional dos Direitos Humanos 2010

Afinal, Sakineh Ashtiani, iraniana, 43 anos de idade, não foi libertada pelas autoridades de Teerão, cujo regime continua a preferir a vigência dos antigos códigos de costumes ditados pela organização de um poder patriarcal que não reconhece os direitos individuais, preferindo-os à consciência ética universal da igualdade de oportunidades e do respeito pela dignidade da vida e da existência humana consagrada, há 62 anos, na Declaração Universal dos Direitos Humanos (ler Aqui) e nos Direitos Fundamentais garantidos pela jurisprudência democrática.

Entretanto, como também todos sabemos, foi hoje justamente galardoado com o Prémio Nobel da Paz, Liu Xiaobo, preso há 2 anos pelas autoridades chinesas por alegada "subversão", a saber, ter participado nas manifestações de Tianamen e escrito um manifesto sobre a urgência de mudanças democráticas de natureza política e social na República Popular da China... Em pleno século XXI, o Dia Internacional dos Direitos Humanos fica, em 2010, para além de toda a fome, toda a guerra, toda a pobreza e toda a injustiça que grassa, de forma diversa, por todo o planeta, marcado por estes dois assinaláveis e grosseiros atentados contra os Direitos Humanos, símbolo da luta sem tréguas que, indefectivelmente, temos que continuar a travar, em nome da Dignidade da Condição Humana.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Demografia e Desenvolvimento - Natalidade e Fecundidade, Hoje (2)

"(...) Porque o cerne da questão subjacente à elevadíssima quebra da natalidade em Portugal e na Europa reside, como aliás praticamente tudo, no problema económico associado às representações sociais e aos valores com que vamos construindo as nossas personalidades e definindo as nossas escolhas… e se a pobreza eleva o número de imigrantes que entram no espaço europeu em busca de melhores condições de vida porque independentemente das “nossas” crises somos mais ricos que a África, a América do Sul, a Ásia, o Médio Oriente ou o Magrebe, a verdade é que é, também, o “fantasma” da pobreza que afasta da reprodução as práticas sócio-culturais de portuguesas e portugueses e, de todos os europeus que, justamente, pretendem continuar a assegurar o seu direito a uma vida digna, com qualidade e em que os direitos de satisfação e realização pessoal não sejam hipotecados com a responsabilidade acrescida que a existência de filhos significa. A talhe de foice e a propósito do contributo demográfico decorrente da imigração vale a pena, como nos recomenda a previsibilidade científica, atender a que, com o passar das décadas, assimilados os cidadãos de outras culturas pela cultura que os acolhe, iremos também assistir a uma diminuição da taxa de fecundidade desta população agora renovável… mas esse é um problema de longo prazo que, nos próximos anos se nos não colocará, dada a lentidão dos processos de assimilação, integração, inclusão e adaptação cultural dos que, praticando por ora comportamentos mais próximos da natureza em que se inscrevem as práticas tradicionais, são já parte integrante da população europeia.

A verdade é que, entretanto, o envelhecimento populacional é o drama da revitalização social do mundo ocidental e consequentemente da nossa capacidade de produzir riqueza, aumentar a competitividade e de crescermos em termos económicos. Estamos, se assim podemos dizer, perante “uma pescadinha de rabo na boca”… porque são as dificuldades económicas e a consciência social que a escolarização e a sociedade da informação globalizada produzem, que configuram as decisões individuais conducentes à opção de retardar a gravidez e ter menor número de filhos (razões que determinam a baixa taxa de fecundidade nacional e europeia) de homens e mulheres que têm como referenciais e ideais de vida, um nível sócio-económico capaz de lhes garantir a autonomia e a satisfação.

Os valores ocidentais contemporâneos assentam no desejo de segurança e na consciência dos direitos das pessoas e das crianças enquanto indivíduos e implicam a rejeição da insegurança, da incerteza, do sofrimento, do abandono, da pobreza e da mortalidade. Por isso, a decisão de exercer os direitos de maternidade/paternidade é adiada no tempo enquanto se gerem expectativas de um mundo melhor, onde as dificuldades económicas estejam reduzidas ao ponto da barreira do “medo do futuro” ser ultrapassada.

A dimensão psico-sociológica subjacente à problemática da natalidade em Portugal e no Ocidente é multifactorial e os dois parâmetros entre os quais deve ser equacionada são a economia e a cultura. Valorizar a maternidade/paternidade é, por isso, fundamental entre as novas gerações que são obsessivamente educadas de forma a garantirem a segurança mas, condição necessária e suficiente para a inversão do contínuo decréscimo do número de nascimentos é o desenvolvimento de uma política que, por um lado, seja efectivamente incentivadora da natalidade e capaz de garantir às mulheres e às famílias a sustentabilidade alimentar, da saúde e da educação das crianças e que, por outro lado, assegure as condições de uma substantiva conciliação profissional, familiar e pessoal – medidas que implicam estruturais alterações no planeamento político do desenvolvimento social e no mundo laboral mas, sem as quais não será previsível uma alteração da realidade actual.

Cientes destas realidades, cabe a políticos e cidadãos exigir mudanças para uma sociedade mais saudável, capaz de sobreviver e promover a sua própria sustentabilidade… porque, num país e numa Europa onde o desemprego é a mais marcante realidade do mundo laboral e da realidade vivencial da população em idade activa, não se afigura fácil esta mudança indispensável nos comportamentos sociais da população… talvez por isso, este ano, 2010, o Prémio Nobel da Medicina tenha sido atribuído ao “pai” da fertilização “in vitro”!"
(Continuação do meu artigo publicado na revista "Viver", ed. Adraces, Dezembro 2010)

Direitos Humanos - A Libertação de Sakineh Ashtiani


Sakineh Ashtiani esteve condenada à morte por apedrejamento, no Irão. Hoje, uma ONG alemã anunciou a sua libertação (ler Aqui), bem como a do seu filho que assumiu publicamente a defesa da inocência da mãe, alegadamente suspeita de adultério. A pressão internacional em defesa da vida de Sakinheh sobre o regime iraniano pode ter salvo a vida desta mulher... assim se confirma a convicção de que a solidariedade é, sempre, uma prioridade na intervenção cívica como instrumento de contributo inestimável na defesa dos Direitos Humanos, cujo Dia Internacional se celebra amanhã, 10 de Dezembro. Num ano em que o Prémio Nobel da Paz não estará presente na cerimónia de atribuição do galardão por se encontrar preso, na China, há 2 anos apenas e só por ser activista na defesa pacífica pelas mudanças socio-políticas democráticas no seu país, a libertação de Sakineh adquire maior significado. Esperemos a confirmação da boa notícia.