
Com uma interpretação magistral de Maria do Céu Guerra, esta é uma história e uma forma de a contar que deixa, aos espectadores, um sentimento singular e ímpar de reconciliação com a vida, para além de todas as dores e de todos os dramas.
Da solidariedade inter-geracional à solidão e à crueldade, das relações sociais, interpessoais e familiares aos comportamentos individuais e de grupo, disfuncionais e desviantes, agravados pela(s) crise(s), num jogo complexo de linguagens, olhares e sentires, resgatados à realidade sem rodeios, o argumento do filme brilha na expressão global do jovem José Afonso Pimentel e emerge, pontilhado de autenticidade, com as prestações de Nicolau Breyner, Fernanda Serrano, Ricardo Carriço e de personagens como "Fintas" e a sua mãe, em papéis secundários que acabam por o não ser pelo protagonismo com que ilustram o quadro da vida e da cidade.
"Os Gatos não têm Vertigens"!... Um filme de título improvável que faz, contudo!, todo o sentido e que marca, indelével mas inquestionavelmente, o cinema português do século XXI, registando, sem demagogia, a sociedade que somos neste tempo estranho que é, afinal, o presente!... Uma obra gratificante pela sóbria, delicada e intensa exaltação da solidariedade e, como tão bem disseste, dos "bons sentimentos". A não perder!
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