Paris protagonizou ontem, na maior manifestação de que há memória, o espírito da Europa dos Cidadãos que, justamente, deu corpo ao conceito de Europa Social que, durante duas décadas do projeto de União Europeia, animou as pessoas no sentido de, globalmente, se acreditar na possibilidade efectiva de construção de um mundo melhor para Todos!... Ontem, dia 11 de janeiro de 2015, "o povo saiu à rua" para gritar: Não ao Medo! Não à Violência! Não ao Terrorismo! Sim aos Direitos Humanos! Sim à Liberdade de Expressão e à Liberdade Religiosa! Sim à Democracia!... e aos dois milhões de pessoas que encheram o espaço público francês, em grandes e pequenas cidades, uniram-se muitos mais milhões na comoção, na esperança, na convicção e na determinação de que os valores civilizacionais e culturais que defendemos, não podem ser postos em causa pela ameaça de alguns que, na sua megalomania extremista, pensaram poder derrotar a maior conquista da Humanidade (ou seja, o esforço concertado de respeito pelos Direitos Humanos e o esforço de construção de uma sociedade onde sejam vigentes e inalienáveis os Direitos Fundamentais das Pessoas). Apesar das imperfeições, dos retrocessos e da falta de garantias relativamente aos direitos conquistados (mas, como sabemos!, não adquiridos "ad aeternum" porque vulneráveis à qualidade do pensamento político dominante que rege a gestão da Polis), os Europeus saíram à rua, de lápis na mão, desarmados, a "dar o peito às balas"! E não, não o fizeram egoística, submissa ou inconscientemente, em nome de um seguidismo dos líderes (que se associaram a esta manifestação, garantindo a sua presença na primeira fila do segmento em que se juntou a elite da governação e onde estiveram Mahmud Abbas, Presidente da Autoridade Palestiniana, os reis da Jordânia e outros tantos líderes muçulmanos - que não hesitaram caminhar ao lado dos menos gratos Netanyahu, Merkel e outros, em nome da condenação internacional da violência)! Pelo contrário, foram os milhões de cidadãos que fizeram com que se juntassem e caminhassem, acrescentando o rosto solidário à multidão e evidenciando que "o povo é quem mais ordena"! Não confundir a árvore com a floresta é agora a palavra de ordem! Porque não podemos permitir que a contra-informação, mais ou menos consciente, nos queira fazer parecer ou sequer aparentar dizer que, ao apoiarmos Paris, esquecemos a Palestina, a Nigéria e todos os povos subjugados, massacrados e violentados! Não, não esquecemos! Foi por Todos que o espírito de Paris, sob o nome de "Charlie Hebdo", se animou! Na certeza de que ter consciência do resto do mundo, nos não retira a legitimidade de lutar pelos nossos Direitos! De Luto por todas as Vítimas do Terrorismo em Todo o Mundo, Paris foi o exemplo vivo de que os cidadãos sabem e podem unir-se se as causas forem inequivocamente as que defendem o Bem-Comum! Oportunismos e aproveitamentos há muitos... também aqui, é certo! Mas, a verdade é que não chegam para apagar nem esmagar a força e a intenção de Paz e de defesa da Liberdade que, em Janeiro de 2015, a capital francesa protagonizou!
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