A retórica é uma arte mas, como a própria lógica!, não equivale à verdade, à justiça ou sequer à justeza... por isso, uma taxa de desemprego de 16,9% é um número que ultrapassa qualquer eufemismo mais ou menos demagógico e pretensamente realista... porque realista é o drama de quem protagoniza o fenómeno e a quem nenhuma explicação alimenta, trata, cuida ou garante a dignidade!... e se a esta incontornável realidade somarmos o facto do desemprego jovem ter atingido os 40%, a tragédia nacional é, acima de tudo, a confirmação de um hipotecar do futuro sem precedentes... do futuro?... pois... se pensarmos que 509.000 cidadãos desempregados não recebem qualquer apoio do Estado, então... para quê falar do futuro antes de resolvermos este presente?!... Sabemos da interdependência económica e da submissão política que tem atingido os países mais antigos e mais ao sul desta Europa, na voragem de uma crise que afecta também (mais significativamente do que tem sido assumido para evitar maiores pânicos e suportar o "teatro de operações"), o seu coração franco-germânico - que só na nova versão desta espécie de "plano marshall" anunciado ontem pelo Presidente dos EUA. Barack Obama e comentado pelo Presidente da UE, Durão Barroso, encontra solução para enfrentar as chamadas "economias emergentes"... solução que é, aliás, a única que pode, de igual modo, responder à crise norte-americana!... Contudo, responder à "crise dos mercados" com "mais mercado" através do recurso a um instrumento político de cooperação como é o caso de um acordo comercial pode (ou não!) ser benéfico para todos... porque o tal mercado de 800 milhões de consumidores que os EUA representam para a Europa implica uma capacidade de exportação e, consequentemente, de produção que, pelo menos entre nós, em Portugal, não temos... Claro que o argumento de que algum ganho resultará deste acordo, tem a sua razão de ser, dados os custos/benefícios de proximidade de que usufruirão os "países periféricos" relativamente ao dito coração da UE.... porém, a verdade é que continuamos a ter, como ambição política nacional, a garantia de permanência nas franjas dos excedentes dos países "mais ricos" - os mesmos que, ao menor sinal de crise, nos sacrificam... a juros, sempre!, cada vez mais elevados!... É caso para dizer: com cidadãos cada vez mais pobres, cá vamos, de crise em crise... até à derrocada final!?
Esse seu texto, bem podia ser o meu contexto. Não sei se o meu "Ele" vai voltar, depois da fraqueza de fugir...
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