A manipulação e o desrespeito pelos povos, os cidadãos e os valores democráticos da verdade, da transparência, da justiça, da justeza, da liberdade, da igualdade e da responsabilidade social, atingiram um ponto "alto" na história "ocidental" da economia e da política, no contexto da sociedade mediatizada em que vivemos desde o século XX. Porque falar em "ajustamento" nos dias que correm é a mais evidente expressão de cinismo e de desprezo pela consciência das pessoas, pelo conhecimento e pelo (nosso) direito individual e coletivo de exigir, reivindicar e sonhar um mundo melhor... A realidade é que o ajustamento está feito e a alegada "crise" em que vivemos não é mais do que o processo de mudança de que esse ajustamento necessita para se institucionalizar. O ajustamento, ao contrário do que parecem querer fazer-nos acreditar, não é um processo em nome de um futuro melhor onde se recuperem garantias de bem-estar social agora destruídas, mais emprego e mais direitos sociais... não! O ajustamento é o processo que, legitimado no argumento da crise e na sequência das alterações decorrentes das variações financeiras do movimento de capitais, dá aos mercados a possibilidade de se reestruturarem sem os custos sociais dos direitos dos trabalhadores e, consequentemente, da Democracia. O argumento de uma esperança adiada no tempo em nome da capacidade de suportar "sacrifícios" ou seja, de suportar a penalização de vidas humanas, pessoas, famílias e estruturas sociais, através do desemprego e do desmantelamento das competências económicas dos países, é uma falácia que a História da Humanidade registará como tétrica - pelo grau de "embuste" concretizado sob a capacidade de mediatização e disseminação do dito "quarto poder" que continua a dominar a sociedade contemporânea ... Porque, de facto!, não são preciso décadas para que o dito "ajustamento" se concretize... o ajustamento da vida de todos aos interesses da lógica do lucro do mercado "deles" está aí: presente e progressivamente doloroso até nos fazer esquecer dos direitos que tivémos!... e sim, é apenas deste esquecimento que falam quando remetem o discurso para as décadas de cumprimento do tal, eufemisticamente!, chamado "ajustamento"!
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