sábado, 29 de junho de 2013

Do Estatuto Epistémico da "Relação"...

"Texto extraído do livro «Da Intuição artística ao raciocínio estético» de Nadir Afonso.

«Qual é a relação entre o sujeito e o objecto — entre o espírito e a matéria? Do modo como responde a estas perguntas a filosofia tradicional divide-se em dois campos: aqueles que afirmam o carácter primordial do espírito em relação à matéria formam o campo do idealismo; aqueles que afirmam o carácter primordial da matéria em relação ao espírito formam o campo do materialismo.
Assim, a partir de qualquer desses pontos de vista, existe na natureza uma dualidade constituída por dois termos — sujeito-objecto — situados face a face. Em toda esta filosofia, quer idealista quer materialista, só existe o sujeito e o objecto. Não há o labor, o manejo intuitivo, subconsciente de leis apriorísticas que regem e agem quer sobre um quer sobre o outro dos dois termos opostos. Ora, entre o espírito e a matéria intercalam-se, de facto, operações complexas, imprevisíveis pelas ciências constituídas. Quando o filósofo pensa na relação sujeito-objecto, não prevê que esta entidade relação é o fio condutor de inúmeras leis orientadoras das suas diligências. E não prevê porque não exercita a prática da criação própria do artista criador; porque não exerce essa tenacidade reveladora que, para além de toda a criação humana, procura a sua essência universal

© Nadir Afonso"
(via Nadir Afonso no Facebook)

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