"O tempo não está para brincadeiras" - costuma dizer-se... e, nos dias que correm, politicamente, esta frase tem um sentido inequívoco. Vejamos: os resultados das eleições europeias do passado domingo estão a viabilizar a constituição de um grupo político de extrema-direita no Parlamento Europeu e, na conferência de imprensa dada pelos seus representantes, um deles afirmou: "(...) não podemos ter esses criminosos a atravessar as nossas fronteiras. Com 26 milhões de desempregados, não podemos permitir a livre circulação de pessoas (...)" - como se deduz facilmente, o homem nem sequer estava a falar dos que chegam, mais ou menos clandestinamente, ao espaço comum europeu mas sim, dos europeus que, naturais, residentes e legalizados, integram esta multidão que somos, potencialmente!, todos nós e que o neoliberalismo desenfreado conduziu ao desemprego sem uma contrapartida que permita a manutenção de uma vida digna. Relembremos: há desempregados porque "alguém" extinguiu os seus postos de trabalho!... Porém, parece que a extrema-direita não tem, no seu radicalismo simplista e feroz, entendimento para reconhecer este elementar raciocínio, insistindo na sua propaganda perigosamente xenófoba. Por ora, trata-se de um projeto de intenções porque, para se constituir formalmente, cada grupo deve integrar representantes de 7 países e reunir um número mínimo de 25 deputados... e, neste momento, encontram-se (já!!!) eleitos, por esta formação ideológica, 38 eurodeputados que, contudo!, representam ainda apenas 5 países: França (Frente Nacional), Holanda (Partido da Liberdade), Áustria (Partido da Liberdade da Áustria), Bélgica (partido belga flamengo) e Itália (representantes da Liga do Norte) - (LER AQUI). Além de tudo isto, há ainda os que não se assumem como tal mas, cujo pensamento e práticas se lhes aproximam tanto que nem se percebe o propósito de distanciamento - a não ser por uma questão de marketing e mercado político-partidário, designadamente, interno! Tal é o caso do polaco Janusz Korwin-Mikke (do KNP), também eleito para o Parlamento Europeu, que defende que as mulheres não deviam votar e que afirma que Hitler não teve conhecimento do Holocausto (LER AQUI) Quem puder entender, que retire as ilações adequadas no que se refere, designadamente, aos Direitos Humanos.
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