Neste momento poderemos interrogar-nos: estaremos perante as consequências da chamada crise que tem atravessado o mundo ou estamos, apenas e de facto, a enfrentar os efeitos do sistema económico-financeiro pelo qual se optou, num fascínio de mercados e tecnologias, próprio dos deslumbrados jogadores que se perdem nos casinos do planeta, jogando a roleta ou o poker com a vida dos que não passam de mão-de-obra aos olhos dos apostadores, perdendo o estatuto de cidadãos?... A verdade é que, no último ano emergiu, como se de um surto se tratasse, o extraordinário número de 20 milhões de pessoas desempregadas e abriu-se a possibilidade do número dos que nessa situação se encontram, em estado de longa duração, ascender aos 43 milhões. Entretanto, enquanto o mundo se defronta com constatações como a que refere Filipe Tourais no País do Burro, por cá, continuamos centrados nas pequenas perspectivas que nos oferece o nosso pequeno espaço doméstico onde só se limpam os cantos da casa que pensamos úteis à imagem que queremos que os outros construam de nós, como bem ilustram as observações de Sérgio de Almeida Correia no Delito de Opinião e como nos explica e deixa perceber JMCorreia Pinto no Politeia. De facto, sem que se perceba a pertinência e a excepcionalidade de alguns fenómenos que não ultrapassam a dimensão da vassalagem, o país continua a surpreender-nos inutilmente com "fait-divers" que mais não são que manobras de distracção alienantes e gratuitas (leiam-se as observações de T.Mike no Vermelho Côr de Alface)... talvez para contornar leituras que se podem sistematizar sob a forma que nos é apresentada por Valupi no Aspirina B mas que, seguramente, poderiam ser enunciadas em sentido contrário, exactamente porque, de tão inquinada a verdade e a justiça, mais nos não resta do que "duvidar, duvidar sempre", "de tudo e do seu contrário"... quem ganha? Perdemos todos... porque a ambiguidade e promiscuidade dos nossos mecanismos de controle social nos deixa apenas o sentimento do eterno empate técnico, que tanto apraz aos jogadores e tanto penaliza a República e os cidadãos... Boa notícia, a ajudar-nos a aguentar tanta ligeireza de espírito e tanto desprezo pela inteligência dos cidadãos é a que nos traz Eduardo Pitta no Da Literatura e o esforço de inovação que significa o aparecimento de um novo partido que fará rir muitos portugueses mas que, por exemplo, na Alemanha, tem já uma boa expressão eleitoral provavelmente por ajudar a percepcionar a vida de uma forma mais desinteressada, mais humana, mais solidária e mais holística (leia-se o texto de Paulo Borges no Nova Águia)... Porque, de facto, vale a pena investir no que, além de muito urgente, é, acima de tudo, importante... causas em que não podemos deixar de nos empenhar, em nome da sobrevivência, do presente e do futuro: por exemplo, as da luta contra as alterações climáticas e contra a pobreza (vejam-se as chamadas de atenção de Manuela Araújo no Sustentabilidade é Acção). Felizmente, nem todos os povos (como bem sinaliza Raimundo Narciso no PuxaPalavra), nem todos os cidadãos (como bem denota Loubna Houssein que escapa à fúria fundamentalista do Sudão e está agora em Paris, livre para viver como é devido a todos os cidadãos do mundo), nem todas as culturas!, se deixam seduzir e escravizar pelas manobras demagógicas do poder... e, neste contexto, vale bem a pena assinalar a presença dos Tibetanos na Cimeira de Copenhaga para defender e lutar contra a destruição do "Tecto do Mundo", o Planalto do Tibete (o facto é notícia no texto do Grupo de Apoio ao Tibete que se pode ler AQUI).
Deixe que lhe dê, Ana Paula, os meus sinceros parabéns! Faz aqui uma exposição brilhante, dos problemas graves e sérios a nível Mundial, contrapondo os problemas da política mesquinha de trazer por casa, com os partidos do poder do Bloco Central. Este bloco central putrefacto e devastado, como de certa forma no resto do Mundo, pela cobiça do poder e ganância desmesurada daqueles que ao longo do tempo, nos roubaram a Democracia e nos tentam enganar, pondo o plebíscito nas nossas mãos! Cheira a bolor putrefacto, cheira a algo já muito difícil de suportar. Esta mentira e usurpação da verdade espalha-se como uma praga ao resto do Mundo Capitalista, no qual e através de falsas promessas levaram o homem à beira do abismo, arrastando consigo todas as espécies do Planeta.
ResponderEliminarA ganância extrema levou ao esgotar dos recursos e para mal dos cidadãos, uma crise Mundial foi imposta pelos Governantes a tempo de açambarcarem o que de melhor há para eles, todos os recursos! Nesse ponto de vista o golpe foi duro, pois penso que a crise foi premeditada, tendo o cidadão comum como vítima.
A maior hipocrisia desses gananciosos, foi colocar nas mãos do cidadão comum, a vida e a subsistência dos mais pobres e desprotegidos, deixando-os à mercê da solidariedade humana, onde os que pouco têm, terão que se mobilizar para socorrer os que nada têm, até quando possam e depois se verá!
Talvez um dia, esses que pouco têm desistam para não morrerem também de fome. Entretanto eles ficarão cada vez mais ricos e poderosos. Talvez seja a essa a esperança deles, deixar morrer muitos à fome... talvez seja mais fácil reduzir a população que o CO2!
Quanto ao Tibete, tem sido o que para mim define melhor a hipocrisia dos líderes mundiais e incluo aqui Angola e Congo. Apenas três exemplos dão para fazer um apanhado: Um por causa da água, outro pelo petróleo e minério, outro pelo coltan! Assim vão as nossas elites, com os interesses bem delineados e deixando a humanidade e as outras espécies à beira do exílio (alterações climáticas) e à morte, a bem dos recursos que tanto querem amealhar. O mundo é tão hipócrita, que me faz arrepiar!
Conseguiram nestes anos todos e através das manipulações de massas, ficar com tudo o que havia na Terra, sem que para isso conte a vida!
Se depender desses algozes, o destino da humanidade e não de nós, garanto-lhe Ana Paula, que a breve trecho estaremos em agonia.
Mas se fizermos o que eles pretendem, o mesmo irá acontecer... e o que eles esperam são convulsões sociais em larga escala. Um povo que foi induzido pelos vendedores do oculto e de ilusões, através dos Media e novas tecnologias, será um povo duplamente revoltado por se ver privado de repente.
Será um futuro negro, pois aqui sabemos quem tem nas mãos todo o armamento e para comprovar que os carrascos não estão desatentos, ano passado, o ano da crise, foi o ano em que os países do Mundo mais gastaram em armamento. No top temos a China seguida dos EUA e em 3º a UE. Para quê?
Algo me diz que u futuro negro se adivinha, baseado apenas no paradigma os que muito têm, mais querem ter, usando jogos sujos de poder e pondo em risco a vida das garndes maiorias.
O poder corrompe e como disse Churchil, nunca tantos foram governados (manipulados) por tão poucos!
Quanto aos politiqueiros rascas do nosso País, para ser sincera, só mesmo com uma Revolução, a vontade e o empenho do povo. É inadmissível sermos representados por escumalha deste cariz.
Querida Ana Paula, desculpe a seca mas precisava desabafar.Expôs tudo de forma tão límpida... que caí na tentação.
Um beijo de um grão de pó... com muita pouca esperança. Como disse Nietszche, foi a esperança que acabou connosco!
Não tem a ver com o seu texto directamente, mas este link demonstra a extrema "bondade" do homem chamado que ganhou o Nobel da Paz (da hipocrisia).
ResponderEliminarA ver por aqui... nada de bom.
http://tsf.sapo.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1429474
Para corroborar a luta político partidária em Portugal é para isto:
ResponderEliminarA empresa portuguesa Mota-Engil, cuja comissão executiva é presidida pelo ex-ministro e dirigente socialistas Jorge Coelho, atingiu no fim de Setembro uma facturação de 1,6 mil milhões de euros e um lucro de 68 milhões, o que representa um crescimento respectivo de 15 e 377% face a igual período do ano passado.
Já para não falar da EDP, Banca, GALP e outros!
E também isto:
http://www.illuminatuslex.com/2009/12/perturbador-no-minimo.html
Um beijinho de um grão de pó, para um pirilampo iluminado! :)
Olá Ana Paula
ResponderEliminarExcelente este seu abrangente texto de leituras cruzadas, e obrigada pela referência, apesar de imerecida. Gostei especialmente da frase "Felizmente, nem todos os povos, nem todos os cidadãos, nem todas as culturas!, se deixam seduzir e escravizar pelas manobras demagógicas do poder..."
Agradeço também ter-me dado a conhecer Leonardo Boff, a propósito da tolerância, tendo colocado lá no blogue um texto dele sobre as perspectivas em relação a Copenhaga, e com o qual também concordo inteiramente.
Um grande abraço
Uma viagem muito interessante que aqui nos é aconselhada e com um balanço final francamente positivo.
ResponderEliminarFada do Bosque, Manuela e Ferreira-Pinto,
ResponderEliminarObrigado pelas vossas palavras e pelas vossas leituras e sugestões... esperemos que Copenhaga revele alguma capacidade de intervenção e se não esgote nas palavras e nas intenções... porque os riscos que o planeta corre, não esperam o tempo que exige o equacionar de custos que subjaz às intervenções políticas, económico-financeiramente condicionadas... e este poderia ser um momento importante para que a política exercesse o seu poder, impondo-se à macro-economia e à esfera da alta finança... porém, nada augura, além da manifestação cautelosa da capacidade de análise do problema que justifica a Cimeira, que se avance no essencial... porém, tal é a gravidade da ameaça, que tudo o que se possa avançar é melhor que nada... ainda que esteja tudo por fazer - porque se muito está feito e pode evoluir no plano legislativo, muito persistirá por mudar, ao nível das práticas, das atitudes e das perspectivas... A avaliação de custos que o poder faz, resume-se, regra geral, ao enunciar da diminuição dos lucros - porque é insuficiente a valorização da noção do bem-comum que cabe desenvolver à ética laica capaz de respeitar as liberdades nomeadamente, religiosas e de, acima de tudo, defender os recursos que são de todos e que garantem a sobrevivência da espécie... Abraço :)