"Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar!
Quando voltar, é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
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Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar!
Quando voltar, é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
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Mãe! Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero ter um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça, é tudo tão verdade!"
(A Invenção do Dia Claro, de Almada Negreiros)
Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça, é tudo tão verdade!"
(A Invenção do Dia Claro, de Almada Negreiros)
(via António Silva no Facebook)
Que sublime, Ana! Este poema escrito por Negreiros...
ResponderEliminarEu acabo de escrever sobre o negrinho, e sobre crianças, como as pegadinhas serenas acima.
Há os degraus no poema, eu acabo de escrever sobre sete deles.
Falei não de uma casa, mas de todos os tipos delas...
Me identifiquei demais com este post...
Grata,
Cri.
Que bonito comentário, Cri! Obrigada...
ResponderEliminarUm abraço.