"O Teu Rosto Será o Último", da autoria de João Ricardo Pedro, recebeu o Prémio LeYa 2011. Esta afirmação não é uma notícia porque, presumo!, já toda a gente tem conhecimento do facto e até já terá ouvido as múltiplas entrevistas do autor que surpreendeu o país pelo facto de ter escrito o seu primeiro livro durante um período de tempo em que se encontrava na situação de desempregado, apesar da sua formação especializada em Engenharia Electrotécnica... a referência é, porém, inevitável porque não se pode ignorar um livro cuja leitura deixa emergir, no final, a vontade de dizer: "O Teu Livro Será o Último"... poderia ser!... Poderia ser se estivéssemos à procura do retrato do país que somos, hoje, no início do século XXI, demasiado próximos do século XX e ainda não muito longe do século XIX... Escrito com uma naturalidade que se revê na estrutura do género literário que caracteriza o "conto", arrancado ao subterrâneo sentido do olhar com que se participa no mundo, "O Teu Rosto Será o Último" é o espelho da personalidade cultural de um povo, para além dos eventos, dos comentários e das dissertações... um espelho mágico onde o tempo se funde, passado, presente e futuro, cristalizado na efemeridade dos episódios descritos, com a autenticidade de quem escreve perfeitamente, sem a pretensão ou preocupação de ser escritor! "O Teu Rosto Será o Último" é o livro mais português que se escreveu nos últimos anos, a mensagem universal que podemos, em verdade, transmitir ao mundo enquanto experiência cultural! Soprado como um olhar falante, denso e melancólico, vivo e firmado no chão, "O Teu Rosto Será o Último" devolve-nos o sentido de Abril, antes e depois de Abril, como o eco de um presságio de tempo quase parado, apesar da mudança... Talvez duro, talvez frontal mas, acima de tudo, profundamente sério, João Ricardo Pedro escreveu um livro inestimável, uma pérola de lágrima nas areias secas de um deserto preenchido por palavras repetidas e lançadas sem a emoção que as torna significantes... Não, não falarei da narrativa, não evocarei pormenores, nem me distrairei a elogiar a construção feliz - a roçar a genialidade! - de tantas frases, inesperadas e singelamente poderosas... nem sequer caracterizarei as mágicas soluções explicativas para os "nós" que enleiam e atormentam as almas e o ser dos seres humanos que o são, de forma única, "em situação"... Evoco o título "O Teu Rosto Será o Último" e digo que gostaria que todas as pessoas o lessem: as que costumam e gostam de ler e as que não o costumam fazer... por se tratar de uma leitura que cumpre a função do saber: "dar a pensar"! ... um livro que poderia ser o último... um livro que arrasta consigo a sensação de ser o último testemunho de um mundo com séculos e séculos de história e de cultura, captado à beira da "viragem" - uma viragem que encerra em si própria a impossibilidade de radical ruptura com a sua própria anterioridade...
(vale a pena ouvir Aqui algumas das palavras do autor)
O nosso homem não perde tempo... e pede já uma maioria absoluta... estou quase convencido... para já (graças a si) vou ler o livro.
ResponderEliminar:) ... vai gostar, Rogério... estou certa que sim... Boa leitura :)
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