Quando, há umas décadas atrás, se começou a promover a ideia da cooperação entre o ensino superior, a ciência e o mundo empresarial privado, o conceito, aparentemente interessante e capaz de dinamizar o desenvolvimento e o crescimento sustentado no âmbito da competitividade contemporânea, alertou os sinos da consciência cívica e sociológica... não só porque o caminho começou de imediato a ser mal traçado, tornando a investigação universitária subserviente no que respeita aos interesses conjunturais do "mercado", centrados no objetivo do lucro mas, também, porque, previsivelmente, conduziria a uma absoluta redução do conhecimento às possibilidades de investimento ditadas pelos interesses particulares, à revelia de todo o espírito científico (no sentido epistemológico do termo, claro) e do sentido filosófico do conhecimento enquanto produção direcionada para o incentivo e a concretização de meios capazes de proporcionar, de forma universal, mais qualidade de vida à Humanidade. Nada mais certo!... Infelizmente, claro!... Exemplo disso, é a promiscuidade de que dá nota, entre muitas, muitas outras que apenas não tiveram até agora visibilidade pública, o texto que serve de ilustração a estes comentários... De ministros sem qualificações certificados ilegalmente a patrocínios pagos com prestígio, o país vai, de asneira em asneira e de "deslize" em "deslize", até à total descredibilização de instituições e, "por arrastamento", dos indivíduos que lhes dão rosto e rumo... Eis uma ocasião em que a notícia, nas circunstâncias da nossa história tão recente, traz à memória o velho ditado "Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és" ... ou, se nos quisermos ficar por uma citação mais sofisticada: "Malhas que o Império Tece"...!...
Gosto de ler os seus artigos pela oportunidade e pela clareza.
ResponderEliminarNão há dúvida que estamos num tempo e numa situação política em que os erros são tão comuns e tão numerosos mas ainda assim parecem não prejudicar nem ensinar aqueles que os praticam. Assim isto vai de mal a pior.
Obrigada Luís, pelas boa palavras e a atenção... às vezes, o que maior estranheza causa é esta capacidade das pessoas em ignorarem, fingirem não reparar ou destacarem conclusões óbvias, limitando-se ao comentário do sensacionalismo dos factos... não sou capaz de acreditar que tal não ocorra por interesses corporativos mais ou menos (in)directos... em todas as áreas da vida pública, no que às instituições e às entidades públicas e privadas diz respeito, bem como às figuras públicas e a todas as que, de uma ou de outra forma, vivem suspensas da(s) sua(s) influência(s)... Uma tristeza... Votos de um bom domingo, meu amigo.
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