A convite do meu amigo António Luís Carlos, o premiado autor de literatura infantil Carlos Canhoto, escrevi o texto que agora, aqui, partilho! Recomendo vivamente a sua leitura atenta, em casa, nas escolas e em todos os espaços onde haja crianças e se cumpra a missão de as educar com o objetivo de delas fazermos cidadãos melhores, capazes de ajudar a resgatar a esperança do mundo em que vivemos! Depois de o lerem, espero que o comprem porque é, de facto, uma obra-prima da literatura infantil!
"
A Literatura Infantil é uma
festa!... Tem que ser uma festa! Tem que ser uma festa porque, enquanto instrumento
de transmissão e valorização do conhecimento, enquanto veículo de aprendizagem
e meio de formação, a literatura infantil tem a extraordinária responsabilidade
social de ajudar a configurar as formas de ser e de estar dos mais pequenos, de
lhes parametrizar os gostos estéticos e os juízos, as tendências e a ética.
Nesse jogo complexo de interações
entre o objeto que é o livro infantil e a criança que o lê, há uma densidade
carregada de sentido de que o autor tem que ser, necessariamente, consciente
porque é essa densidade de “mais-valia”,
com a capacidade transformadora de acrescentar qualquer coisa ao que se sabe,
que as crianças procuram nos livros e nas histórias.
Se o livro desaparecer como
tantos vaticinam, a perda e o retrocesso do ritmo de aprendizagem seria tal
que, provavelmente, aumentaria exponencialmente o grau de agressividade e de
violência social a que estamos constantemente sujeitos, também nas escolas sob
a forma de bullying e assédio em
função das mais discriminatórias e gratuitas razões – particularmente, porque
os jogos tecnológicos com que as crianças e os adolescentes se distraem, veriam
significativamente aumentado o seu grau de influência, em termos de capacidade
alienante e de ameaça face ao desenvolvimento integral e harmonioso que é
preciso promover nas populações mais jovens.
De facto, os jogos electrónicos
assentam no desafio, na concorrência e na competitividade enquanto os livros
assentam num estrutura narrativa consistente que requer reflexão e, por isso,
os jogos despertam adrenalina e tensão ao invés dos livros que despertam
tranquilidade e imaginação.
Carlos Canhoto, pseudónimo do
autor do livro que hoje aqui vamos apresentar, materializa, com o suporte
cromático vivo e simples da excelente ilustradora Rita Goldrajch a competência
pedagógica e a natureza intrínseca da literatura infantil através de histórias
que, com os pés assentes na terra, fazem sonhar, a propósito de realidades
simples.
Carlos Canhoto descobre, revela e
pinta narrativamente a realidade do mundo que habitamos e do chão que pisamos,
conferindo-lhe a beleza que só a poesia do olhar pode encontrar. É disso que é
testemunho a história de Anuro, o sapo sapinho que tinha um tesouro, um tesouro
que, apesar de conhecido, se manifesta estranho, surpreendente e encantado
perante a maneira de o contar.
Esta é uma arte rara, a de contar
o mundo como se de um conto de fadas se tratasse (e talvez assim seja, se
pensarmos na extraordinária oportunidade que temos de embelezar e aperfeiçoar a
realidade dos dias) e conseguir transmitir essa ideia a todos, em particular,
os mais novos.
Anuro é o sapo, sapinho que não
precisa de se transformar em Príncipe, porque é belo e bom tal como é! Anuro é
o sapinho que nos faz gostar, respeitar e sentir ternura até pelos sapos…
Anuro é um antídoto contra a
discriminação introduzida nos pequenos espaços públicos para afastar pessoas de
etnia cigana!
Anuro conquista, convence… e
vence! Vence o mercado, a produção em massa, os clichés que sempre se deixam
dizer nestas palavras.
Anuro é uma história simples,
verdadeira, ilustrada com uma intensidade sem par que, compondo o seu próprio
mundo, o partilha e que as Edições Poejo, com brio, dão hoje à estampa e a
todos os públicos que tanto dele podem, construtivamente, aproveitar.
Anuro vai ser, talvez, o primeiro sinal de
mudança que remete para a revalorização da natureza enquanto paisagem e terra
firme da criação, dos alimentos saudáveis e da alegria.
E se dúvidas houvesse sobre a
eficácia e a concretização dos objectivos expostos, Carlos Canhoto dá a
resposta com um conjunto de iniciativas anexas à história de Anuro, que o
tornam exemplar na concretização de todas as iniciativas pedagógicas: Anuro
traz um jogo para os mais pequenos jogarem, uma canção (belíssima!!!) para
todos cantarmos e um espaço em branco para que se possa pintar – recursos
através dos quais Anuro se transforma num sapinho personalizado de fácil e
empática apropriação afectiva por todos os leitores, qualquer que seja a sua
idade.
E é de leitores, narradores,
animadores e professores que, agora, Anuro precisa para que seja possível
conferir mais beleza à realidade e mais sentido a todas as coisas…
… como o vem fazendo António Luís
Carlos, um inventor dos dias e um criador de sonhos que, como uma espécie de
alma guardiã e protectora, passa há décadas sobre as casas e as gentes, na
forma de uma sombra discreta promotora da esperança que atravessa os campos que
habita como um fôlego e que, como uma luz, dá, serena e discretamente, à
comunidade, a vida, a cultura e a alegria com que, decisivamente, contagiou e
fez crescer Mora.
Votos de Boa Leitura para todos os que irão
conhecer e amar Anuro, o Sapo, Sapinho!"
Este meu texto de apresentação de "Anuro, o Sapo Sapinho" foi publicado no Jornal online "Alentejo em Linha" que vale a pena conhecer e pode ser lido também AQUI!
Sem comentários:
Enviar um comentário