Daqui a umas horas saberemos o resultado das eleições que decorrem este domingo, em França e na Grécia... A Europa ou, pelo menos, uma parte dos cidadãos europeus, aguarda estes resultados com a expectativa de que possam significar mudanças políticas nacionais e comunitárias, capazes de inverter a degradação económica e social em que estamos, todos, envolvidos... e enquanto os eleitores definem o que daqui a pouco será uma realidade, vale a pena pensar na composição deste mosaico que é a União Europeia dominada pela lógica do poder financeiro alemão que todos os governos têm seguido acriticamente e lembrar esta outra metade mais a sul e o protagonismo que deve merecer a uma construção europeia coesa, coerente e solidária... para o efeito, deixem que cite, quase livremente, Predag Matvejevitch: "(...) O Mediterrâneo não é apenas uma geografia. (...) A Europa nasceu no Mediterrâneo. (...) O Mediterrâneo não é apenas uma história. (...) As culturas do Mediterrâneo não são unicamente culturas nacionais. (...) O Mediterrâneo e o seu discurso são inseparáveis. (...) No Mediterrâneo o Renascimento não conseguiu em toda a parte ultrapassar a Idade Média. As aparências do Mediterrâneo têm também o seu papel a desempenhar. O sol que sobre ele se ergue e profusamente o ilumina parece estar no céu só por causa dele e só a ele pertencer. (...) A influência dos raios solares dá lugar a certos fenómenos psicológicos, efémeros ou persistentes. A vastidão e a limpidez dos céus suscitam acaso estados místicos e despertam o temor do além. O Mediterrâneo erigiu monumentos à fé e à superstição, à grandeza e à vaidade. (...) No Mediterrâneo o corpo envelhece mais depressa que o espírito. (...) O Mediterrâneo é um coleccionador apaixonado. (...) Falou-se, mais que com razão, dos lados que unem correntes e destinos em todo o Mediterrâneo. (...) a poética da modéstia ainda está para nascer no Mediterrâneo. (...) O Mediterrâneo é uma tentação constante, um mar terrestre. (...) Não é o clima o único responsável: no Mediterrâneo os próprios milagres são diversos. (...) Nem todas as nações do Mediterrâneo conseguiram tornar-se mediterrânicas. (...)" (in "Breviário Mediterrânico") ...
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