quarta-feira, 16 de julho de 2014

Dos crimes e obscenidades do mundo contemporâneo...

Ainda a propósito "Do Pensar como Coragem da Desesperança e da Transformação", ocorre-me trazer à reflexão o teor de 3 notícias e de alguns comentários sobre a atualidade política (em tempos de pré-campanha eleitoral em Portugal, registe-se!) que, há pouco, ouvi nos noticiários televisivos:
a) a primeira notícia refere-se ao facto de terem já sido referenciadas 50.000 crianças a fugir de maus tratos físicos e psicológicos provocados por abusos sexuais, exploração económica e escravidão, sozinhas e sem qualquer documentação, através da fronteira do México, para os EUA. Prevendo-se que o número de crianças abandonadas e em fuga ascenda aos 90.000, estas crianças têm origem em vários países da América do Sul destacando-se o próprio México e as Honduras e enquanto rosto de uma catástrofe humanitária a que Barack Obama pretende responder com a criação de um fundo de apoio e acompanhamento à reinserção social, a reação que suscitam à direita norte-americana representada pelos republicanos, consubstancia-se em manifestações racistas e que exigem a sua imediata repatriação sem condições;
b) a segunda notícia refere-se ao número de 1 Milhão e 262 Mil desempregados em Portugal que associa ao número oficial de 800.000 pessoas sem emprego, 300.000 desempregados de longa duração que deixaram de procurar trabalho e 162.000 cidadãos destacados em ações provisórias de formação profissional que, sem capacidade de empregabilidade, servem contudo para dissimular a taxa global de inativos em idade ativa no nosso país;
c) a terceira notícia refere-se ao facto de ter sido divulgado o montante dos fundos comunitários destinados a Portugal para o período 2014-2020 no valor de 25 Mil Milhões de Euros;
d) quanto aos comentários que aqui pretendo referir, decorrem dos que hoje foram protagonizados por 2 representantes dos 2 principais partidos "do arco da alternância governativa", a saber PS e PSD, e cujo teor se referia a declarações dos respetivos líderes sobre o drama da natalidade em Portugal atingir a mais baixa taxa europeia na matéria e ainda ao facto de metade do país estar deserto, isto é, sem taxas de ocupação humana relevantes para a área territorial a que correspondem as diminutas taxas de densidade demográfica que as caracterizam (estando concentrada a maior parte da população nacional na faixa litoral entre Viana do Castelo e Setúbal).
Serve este texto para reiterar a necessidade urgente de reeditar o Pensamento como Coragem da Desesperança e da Transformação porque, a realidade é o que é, independentemente da demagogia com que é utilizada! Assim sendo, vale a pena recordar que o teor dos comentários referidos na alínea d) são evidências que apenas se têm continuamente agravado de há 30 anos a esta parte não por falta de aviso dos cientistas sociais (que a política está a conduzir à extinção, registe-se -por motivos óbvios que vale mesmo muito a pena explorar!!!!) e que o facto de em tempos de pré-campanha os partidos que até agora nos governaram evocarem a nudez do país, em nada garante a sua competência ou o seu compromisso credível no sentido de lhes dar solução. A este contexto, some-se o teor da segunda notícia (alínea b) e reforce-se a convicção de que só uma intervenção consistente económico-financeiramente perspetivada a partir de prioridades sociais, pode materializar a coragem política indispensável à aplicação do teor da terceira notícia que aqui trazemos na alínea c). Finalmente, registamos que ao começarmos por enunciar o conteúdo da primeira notícia, sintetizada na alínea a), queremos deixar o testemunho de um dos incontornáveis destinos a que nos pode conduzir a gestão danosa da política que, de múltiplas formas, se aproxima da fraude e da corrupção, condenando os países, os povos e as pessoas à mais inimaginável, trágica e degradante das condições, como é o caso da existência de milhares de crianças em fuga, sozinhas e sem documentos, para escapar aos maus tratos, aos abusos e à escravidão. Em pleno século XXI...

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