quarta-feira, 18 de julho de 2012

Os Países também se Abatem...

Séculos e séculos de História, com suor, lágrimas, trabalho e, tantas vezes!, com sangue, foram o preço da construção das civilizações e, mais difícil ainda!, das Democracias e de uma Cultura Internacional que justificou o reconhecimento colectivo dos Direitos Humanos... Conquistada às ditaduras, a liberdade dos povos e os direitos fundamentais pareciam inalienáveis. Contudo, um século depois da implantação da República em Portugal, assistimos à demolição sistemática dos serviços que nos podiam colocar na rota do desenvolvimento: educação, saúde, segurança social, trabalho/emprego, agricultura, pescas, indústria transformadora, ciência, arte, cultura, etc., etc., etc.... e não vale a pena procurar casos de sucesso, a título de demonstração da desejável falta de rigor desta afirmação - porque casos são isso mesmo: casos... e os casos não fazem a regra! O pior é que nem falta de experiência coletiva podemos alegar, porque a História deste pequeno país "à beira-mar plantado" evidencia uma incapacidade estrutural de resistir às pressões internacionais que nunca utilizámos de forma a promover e consolidar a economia interna, garantindo a autonomia e a sustentabilidade indispensáveis à sobrevivência - em particular, em contextos altamente competitivos como é o dos mercados onde, cada vez mais, nos afundamos!... É por tudo isto e por tudo o mais que sabemos e não precisamos aqui pormenorizar, que se torna efectivamente inaceitável a passividade com que, governantes e governados, aceitam o desmantelamento radical da sociedade portuguesa... inaceitável por resultar de uma profunda desvalorização dos valores da unidade e da solidariedade, permitida e incentivada pelo divisionismo em nome dos interesses corporativos e partidários! Inaceitável porque deixaremos de ter trabalho, educação, saúde e continuaremos a cochichar as nossas pequenas e medíocres rebeldias, sem ousar enfrentar os nossos medos e exigir o respeito pelos direitos que nos são inerentes como Pessoas... Apesar de parecer linear, a verdade é que as medidas de austeridade a que estamos, em crescendo, sujeitos, fazem esquecer o óbvio e o essencial: As Pessoas não são Despesas e têm o Direito a Viver!
(observação: este texto foi suscitado pela insuportável notícia do evental encerramento de 10 a 16 serviços de urgência por todo o país... e digo "insuportável" porque, antes da crise, era uma evidência, para todos, que o país precisava de muito, muito mais para que a sociedade adquirisse sustentabilidade para o seu tecido social... não obstante, para espanto de muitos, ao contrário do  necessário investimento político-financeiro nesse reforço da arquitectura económica, tudo tem sido, progressiva mas sistemática e implacavelmente!, retirado aos cidadãos!)   

1 comentário:

  1. O recente império global conseguiu erigir-se sob a forma disfarçada de "democracia" - termo há muito esvaziado de sentido real-. Por vezes usa exércitos que designa como humanitários, outras invade-nos simplesmente sem necessitar de ocupação. Apenas isso distingue, hoje, os povos resistentes dos que aceitam a sua resignação como escravos. E, como sabemos também, nunca historicamente um império foi destruído com palavras, portanto...

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