“A Arte de Crescer – O
Ponto de Viragem entre a Etnopediatria e a Educação
(...) Quero, antes de mais, saudar
a realização deste II Encontro “Pensar
com Arte”, em particular através do elogio sem reservas à respetiva
comissão organizadora constituída pelas educadoras da Biblioteca Municipal de
Alandroal, à Câmara Municipal de Alandroal e ao Agrupamento Escolar de
Alandroal (...). Cabe-me, por isso, a honra
de agradecer o convite para voltar a participar nesta 2ª iniciativa temática,
cuja designação aponta os dois (...) dois tipos de
destinatários subjacentes ao título da iniciativa “Pensar com Arte”, a saber:
as crianças e jovens em processo de aprendizagem do Ser e do Saber e os agentes
educativos da comunidade socio-cultural envolvente de que destaco:
educadores/as, professores/as, pais e instituições concelhias. (...) por motivos
profissionais (...) não me é possível participar
presencialmente neste Encontro (...) [mas] posso, por intermédio da Educadora Maria José Manuelito,
minha amiga de sempre que todos conhecemos pelo afetuoso diminutivo de Zézinha,
colaborar nesta edição do “Pensar com Arte” (...).
Sob o mote “Aprender a
Crescer – Ponto de Viragem entre a Etnopediatria e a Educação”, proponho-me
trazer à consideração analítica e ao debate dos presentes, uma temática que me
é cara e que incide na figura da criança e do jovem, enquanto objetos dos
processos de aprendizagem e aquisição de conhecimentos. De facto, entre os
mecanismos da educação informal, inerentes ao contacto humano que o nascimento
inaugura e os processos institucionais que compõem a educação formal, o
crescimento das crianças configura-se, perante o olhar distanciado dos
teóricos, como uma composição progressiva resultante das interações
socio-culturais do meio em que estão inseridas. (...) Por esta razão, dada a
responsabilidade social inerente ao processo relacional entre adultos e
crianças, justifica-se pensar esta tripla realidade (o crescimento da criança
enquanto tal, o papel dos agentes educativos que nele intervêm e a relação
estabelecida entre crianças e agentes educativos) como um processo em “continuum” e em simultâneo que, numa
perspetiva didáctico-pedagógica, se pode caracterizar como “arte”, no caso, a arte de aprender a
pensar e de ajudar a pensar.
Na perspetiva de fator
endógeno do desenvolvimento, pelo papel que desempenha na formação da “personalidade cultural” dos indivíduos e
das populações, a educação é, muito além do processo formativo que nela também
se configura, uma dimensão em que convergem enculturação e socialização, uma
vez que se não esgota no processo de instrução formal que a escolarização
protagoniza. (...) Esta chamada de atenção é
particularmente interessante porque fundamenta a importância do reconhecimento
de uma ainda relativamente nova área do conhecimento designada “etnopediatria” (...) [que] enquanto
área inter e transdisciplinar, cruza conhecimentos retirados da antropologia,
da sociologia, da psicologia, da biologia e da medicina, definindo-se a partir
da premissa de que as diretrizes relativas à educação são construções culturais
mais ou menos adequadas às necessidades biológicas das crianças. Neste contexto, vale a pena
pensar no que justifica a minha escolha desta abordagem como contributo para o
II Encontro “Pensar com Arte” e que consiste, concretamente, no conceito de “criança” na perspetiva da etnopediatria.
Porquê? Porque, no âmbito etnopediátrico, considera-se que o modelo da infância
(...) deve considerar que, a partir do 1º ano de idade, a criança deve
passar a ser encarada como “criança
respeitável” (ou seja, como um ser digno de respeito), uma vez que o seu
desenvolvimento passa a uma fase de progressiva aquisição de autonomia e de
independência – a qual requer adequações educativas no sentido de atender,
competentemente, ao desenvolvimento das competências que essa dimensão implica. (...)
Esta consciência é de um significado profundíssimo e incontornável no que se refere às considerações sobre os modelos educativos e as estratégias metodológicas de ensino-aprendizagem contemporâneas, em que a padronização dos sistemas formais de instrução tende a sub-valorizar as dimensões da problemática educativa que é preciso retomar – se pretendemos que a função social da educação promova, de facto, o desenvolvimento de competências capazes de garantir aos mais novos, a aquisição de representações sociais e de um funcionamento cognitivo dotado de capacidades de adaptação, indispensáveis ao mundo “de incerteza” em que vivemos, cujo paradigma se opõe ao da “estabilidade” que marcou decisivamente a normatividade subjacente às cosmovisões que a mudança social reconfigurou, particularmente, com o desenvolvimento das dinâmicas socio-culturais e económico-políticas das últimas décadas.
Esta consciência é de um significado profundíssimo e incontornável no que se refere às considerações sobre os modelos educativos e as estratégias metodológicas de ensino-aprendizagem contemporâneas, em que a padronização dos sistemas formais de instrução tende a sub-valorizar as dimensões da problemática educativa que é preciso retomar – se pretendemos que a função social da educação promova, de facto, o desenvolvimento de competências capazes de garantir aos mais novos, a aquisição de representações sociais e de um funcionamento cognitivo dotado de capacidades de adaptação, indispensáveis ao mundo “de incerteza” em que vivemos, cujo paradigma se opõe ao da “estabilidade” que marcou decisivamente a normatividade subjacente às cosmovisões que a mudança social reconfigurou, particularmente, com o desenvolvimento das dinâmicas socio-culturais e económico-políticas das últimas décadas.
Eis o essencial da mensagem
que quero trazer, como contributo, para a reflexão e o diálogo que este II
Encontro “Pensar com Arte” deve suscitar: é preciso pensar com arte a própria
educação e é preciso ensinar as crianças a pensar com arte! É preciso pensar com arte a
educação porque o vertiginoso ritmo da mudança social impõe aos agentes
educativos, a responsabilidade de adaptarem os modelos educativos às dinâmicas
socio-culturais, numa atitude sem dogmas, essencialmente assente na permanente
análise dos sistemas de representação e de crenças da sociedade local envolvente
e na sua articulação com os padrões normativos da sociedade global que, cada
vez mais, nos fica mais próxima, de uma forma harmoniosa e sem ruturas que
provoquem condições facilitadoras da (des)inserção social local e global. E é preciso ensinar as crianças
a pensar com arte porque o mundo contemporâneo vai requerer, de cada uma delas,
uma capacidade adaptativa cada vez maior, que devem estar preparadas para
praticar sem traumas e sem resistências gravosas no que se refere ao cômputo
das hipóteses de resiliência e sucesso que a vida em sociedade lhes vai exigir.
Deste ponto de vista, a
filosofia para crianças constitui-se como um instrumento didáctico-pedagógico
de interesse fundamental que é preciso desenvolver e implementar; por outro
lado, é necessário que as entidades institucionais concelhias e os equipamentos
culturais locais tenham a preocupação permanente de dimensionar e planificar as
suas atividades, orientando-as sempre, mais ou menos diretamente, para o
cumprimento deste objetivo que é aprender e ensinar a pensar… No caso do Alandroal é,
também, o que esperamos vir a poder fazer com o trabalho a desenvolver no
âmbito do Centro de Estudos do Endovélico… e, para isso, contamos com a vossa
colaboração e apoio.
Muito obrigado.
Ana
Paula FitasLisboa, 08 de Novembro de 2012"
...sinfonia quase perfeita!!
ResponderEliminarMuito Obrigada,particularmente aos meninos e meninas do 2º e 3º ano. Todos, eles e elas cinco estrelas:))
Beijos e Abraço de Esperança
Zézinha
:))
ResponderEliminar...e para ti em especial...
http://youtu.be/Mltn9RR6y8E
Um Abraço
Zézinha