Antes de mais, "Refundar o Estado" é uma expressão ridícula!... O Estado não precisa de "refundações" e os neologismos dispensam tão gratuita "criatividade", principalmente quando não servem para absolutamente mais nada do que legitimar demagogias, disfarçadas de inovações com sentido. O Estado é uma estrutura de controle da vida da Polis que o Tempo, a História e a Consciência Social identificaram com as noções de Bem-Estar dos Cidadãos, pelo reconhecimento da justeza racional do conceito de Igualdade. Por esta razão, sumária mas incontestável, ao Estado foi associada a ideia de garante do Bem-Comum, pela responsabilidade política assumida da distribuição equitativa do direito ao acesso dos serviços mínimos indispensáveis à coexistência social: Educação, Saúde, Justiça, Segurança Social - apenas para citar os mais óbvios. Contudo, dada a persistência dos conflitos de interesses entre os destituídos do poder económico e os protagonistas deste poder, designadamente, políticos, a conquista da consagração da vigência dos Direitos Humanos nas sociedades (e estamos a falar nas chamadas sociedades ocidentais "democráticas"), foi um processo lento e difícil, materializado como reacção colectiva perante a trágica lição da II Grande Guerra Mundial e a necessidade de congregação de esforços contra o mais cruel dos ditadores e contra a mais desumana das ideologias liderada por Hitler em nome de um "nacional-socialismo" de má-memória e infeliz designação. Hoje, 67 anos depois da vitória sobre o "Holocausto", experimentada que foi "à exaustão" a economia delirante dos que não deixaram de defender a inutilidade do planeamento económico-social, invocando a capacidade de auto-gestão da lei da oferta e da procura para conduzir a Humanidade à ilusão doentia do "sonho americano" a qualquer preço e sem qualquer consideração por esse "a priori" incontornável que são os condicionalismos humanos inerentes à gestão do poder, vêm agora entidades criadas ao abrigo da multiplicação dos mecanismos de salvaguarda dos mercados, absolutamente indiferentes ao valor da vida humana que sustenta a existência social, invocar pretensas necessidades de "refundação" do Estado!? Tétrica e terrível forma de assegurar que a política, a economia e as finanças decidiram, definitivamente, assumir pública e internacionalmente um posicionamento ideológico bárbaro e medieval, defensor dos anónimos grupos financeiros que mantêm a concentração da riqueza planetária, indiferente a essas outras estruturas (países, povos, sociedades e culturas) que consideram "menores" e que tratam como "subalternos" que é preciso ajudar a sobreviver na exclusiva e exacta medida da necessidade da sua subserviência para efeitos de mão-de-obra e consumismo. "Refundar o Estado"? ... a expressão é um insulto à inteligência das pessoas e uma manipulação descarada da dignidade humana que, a troco de procedimentos político-financeiros, hipoteca a vida das famílias e dos cidadãos em nome do cumprimento de um estratagema ignóbil para se aparentar uma desresponsabilização política sobre os efeitos sociais que as opções daí decorrentes, arrastarão... como disse Alfredo Bruto da Costa, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, pedir apoio ao FMI para reduzir a despesa do Estado "é completamente vergonhoso"!...
Subescrevo !
ResponderEliminarSaudades, Ana Paula.
:))
ResponderEliminarSaudades, Miguel.
Obrigada!
Viva Ana Paula:
ResponderEliminarContinua a escrever-se e intervir-se muito bem por aqui, e isso é preciso. Tem toda a razão: isto é um insulto. Sentimo-nos insultados, maltratados, ainda por cima por gente burra o que torna tudo mais penoso. É degradante porque estamos seguramente num dos períodos mais dramáticos da nossa história recente com uma das castas mais ignóbeis que tivemos na política e é isso que revolta. O momento que temos vivido, está a conseguir centrifugar-me politicamente e a única proteção que tenho é a minha tolerância, mas ela está a valer pouco face à evidência de ver um programa canalha em execução. Receio bem que os povos da Europa consigam evitar a sua implementação se não morderem a faca com os dentes e partirem de mãos livres para a sua defesa. Vêm aí tempos muito complicados, mas temos que ir à luta Ana Paula!
Um abraço
Viva João:
ResponderEliminarObrigado pelas sempre lúcidas e muito oportunas palavras que aqui partilha e que eu, sem reservas, subscrevo na íntegra.
Vêm aí tempos muito difíceis, João, tem toda a razão... e, apesar de tudo, a sociedade não está, de facto, preparada para o impacto das medidas políticas que a ideologia dominante vai adoptar... Toda a nossa energia é, por isso, indispensável para continuar e reforçar a Luta pelos Direitos Fundamentais em fase de acelerada regressão e por essa dimensão mais alargada que são os Direitos Humanos que, cada vez mais, sentimos ameaçados!
Vamos dar corpo e voz ao combate e à solidariedade, João!
Um abraço.
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ResponderEliminar... nas fábulas os lobos continuam comendo os rebanhos...
ResponderEliminarM.José
... e as fábulas são rigorosos espelhos da realidade...
EliminarObrigada minha amiga.