As taxas de desemprego no sul da Europa variam, neste momento, entre os 17 e os 26% com 5 milhões de pessoas sem trabalho na vizinha Espanha, um assustador número de 20.000 pessoas a viver sem abrigo na Grécia (das quais 1 em cada 5 tem habilitações académicas de nível universitário) e Portugal a apresentar a 3ª maior taxa de desemprego da OCDE... se a estas calamidades socio-económicas, somarmos as dificuldades em crescendo na Bélgica, na Itália, na França, na Alemanha e na ex-designada Europa de Leste que se tem mantido mantido mais ou menos silenciosa face aos dramas do Sul (entre a ansiedade e a esperança de um mundo perfeito pós-soviético), a evidência assume contornos globais que se revelam já, por exemplo, na Polónia (onde a discriminação etária no acesso ao trabalho é um dos mais ameaçadores rostos do desemprego) e na Hungria (onde as manifestações estudantis abrem caminho à latente explosão de uma revolta pública que não pode, durante muito mais tempo, continuar contida)... O ritmo a que o pensamento político-económico (não) progride nas instâncias internacionais e nas instituições europeias legitima o medo face a um imobilismo político aberrante que, na paralisante tradição de "esperar para ver" e daí retirar dividendos, contribui para a rápida emergência de condições que podem ser fatais para a credibilidade democrática... porque a História tem demonstrado os desastres humanos que costumam suceder-se a estes cenários - independentemente do marketing interno e externo com que se tentam dissimular sob formas que chegam a ser surpreendentes como é o caso da atribuição do (descredibilizado) Prémio Nobel da paz à UE!... pois... mas, brincar com o fogo é, de facto, muito, muito perigoso!...
Não era difícil ver isso. Quando nos juntamos ao resto da Europa e aceitamos destruir todo o aparelho produtivo, ficando apenas como colónia de ferias este desfecho era previsível. Bastava uma crise para os Europeus do norte deixarem a colónia e esta iria desmoronar-se. Os políticos que nos colocaram nesta situação, são os mesmos que hoje nos guiam o caminho, ora esta bem de ver que não tem soluções viáveis, nunca tiveram. O drama é que todos nós, os que concordaram com a forma como nos submetemos e os que não concordaram, é que vão pagar com isso. A agravar tudo isto está um erro ainda maior, a nossa geração não passou aos filhos valores estruturais. estão na vida para ganhar a todo o custo, doa a quem doer. O importante é comprar o Ipod ou os ténis da moda. Não sabem, não querem e não foram ensinados a olhar para o seu semelhante. Não tem valores de cidadania (claro que há excepções, mas a maioria esta nesta). E nós (os que não são profissionais da politica) continuamos a olhar para os partidos como se de um clube de futebol se tratasse, nunca mudamos o voto, é sagrado. Por mais barbaridades que o “nosso” partido tenha feito anteriormente! O ridículo é que esta forma precária de viver tem solução e é simples, bastava blefar, como no poker, e o jogo estava ganho. Os países do Sul, que consumiram durante décadas produtos Franceses e Alemães em excesso, ajudando assim a Alemanha a sair da bancarrota na década de 90 e a França a recuperar a sua posição de força perante a Inglaterra, so teriam hoje de fazer de conta que ia sair da moeda única e caia o Carmo e a trindade, os banqueiros alemães teriam ataques de pânico, pois é lá que estão as nossas dividas, e os políticos dessas grandes potencias resolveriam de imediato o problema dos défices e acabariam com a pouca vergonha de fazer os países pedirem dinheiro aos bancos comerciais como todos nos, e negociariam directamente com o banco europeus, fazendo baixar os juros escabrosos que agora são pagos para os de 0,1 que dão ao BCP e aos outros. As empresas erguiam-se, os empregos apareciam, as pessoas deixavam de viver nas ruas e as crianças deixavam de passar fome. Tudo iria correr melhor. Mas não, esta solução não é dos políticos que estão no activo, esta medida só Seria tomada por nós que passamos mal todos os dias.
ResponderEliminarO futuro avizinha-se difícil e o meu medo é que apareça um maluco no qual acreditemos. A historia esta cheia destes exemplos.
Lurdes
Penso que os líderes europeus são assumidos incendiários a dizimar milhões, não se contentando apenas em 'brincar com o fogo'.
ResponderEliminarTodavia, registe-se que se trata de um excelente 'post'. Na tradição humanista a que Ana Paula Fitas nos habituou.
Um abraço de amizade,
Carlos Fonseca