A extrema-direita é hoje uma realidade política inquestionável (ler AQUI, AQUI, AQUI, AQUI e AQUI) e apesar da crescente evidência dos seus sinais (ler AQUI, AQUI, AQUI, AQUI e AQUI), continuamos a tentar pensar que, enquanto regime político e apesar da gravidade da situação socio-económica contemporânea, a democracia prossegue, sem sobressaltos de relevo, o ritmo próprio a que nos habituou e que podemos designar como "estabilidade em alternância"... Contudo, a UE com que agora contamos, caracteriza-se pelo facto dos pequenos países que a integram, estarem todos sob uma vigilância financeira legitimada por essa dimensão supranacional de que tanto se falou nos respetivos períodos de adesão ao espaço comum europeu e que, atualmente, parece já não ser fonte de preocupações nem sequer de problematização... Porém, o impacto desta realidade na geopolítica do continente europeu complexificou e alterou de tal modo a dinâmica das relações entre os países que, provavelmente, a nossa forma de apreensão, ainda não interpretou, com propriedade, a multidimensionalidade destas alterações e, consequentemente, não nos permite, por ora, ter uma noção aproximada dos seus efeitos (por remota analogia, pensemos na alegação dos EUA lamentando não ter previsto a crise na Crimeia!). O facto é que o estilhaçar das frágeis economias nacionais perante uma globalização dominadora em que as regras do lucro e o princípio da competição se sobrepõem, inquestionavelmente, a todos os interesses sociais (depois de Jacques Delors, quantas mais vezes se assumiu no discurso político da União Europeia, o interesse coletivo e o princípio da solidariedade em que assentaram as ideias da Europa Social e da Europa dos Cidadãos?), acabou por demonstrar o que mais se temia e que era, exatamente, o "re-despertar" dos fantasmas de uma ideologia que hoje é parte incontornável do nosso quotidiano. Não, a História não se repete... mas, ensina-nos que nada está erradicado nem garantido. Para o bem e para o mal. E hoje, dia 8 de março, quando se celebra o início da luta pelos Direitos das Mulheres, o simbolismo deste combate deve alargar-se a todas as frentes, contra todas as discriminações, em nome da solidariedade por uma sociedade mais justa, num tempo em que a regressão social dos direitos fundamentais e o desemprego nos aproximam do abismo económico... e do pesadelo cívico e político.
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