Por ser particularmente sensível, crítica e atenta ao discurso dos Técnicos Superiores de Serviço Social (Assistentes Sociais), por quem, regra geral, nutro o maior respeito, na medida em que conheço diversas gerações de licenciados nesta área, com as quais trabalhei e para quem tive a honra de lecionar durante 12 anos, quero partilhar o texto de um profissional que põe o dedo na ferida da contemporaneidade da sociedade portuguesa, com a autoridade moral de quem conhece a realidade onde se vivem os dramas maiores que possamos imaginar e que, também ou essencialmente por isso, legitimam considerações, cuja leitura vos sugiro AQUI. Num momento em que, em Portugal, estranhamente (ou talvez não!?), a ditadura dos mercados é utilizada para justificar a penalização da liberdade de opinião, em que a "confiança política" exige a abdicação do exercício de pensar e de se associar (veja-se o caso extremo das recentes exonerações de Sevinate Pinto e Vitor Martins) e em que a Europa dos Direitos Sociais "verga" aos pés de uma Alemanha economicamente militarizada que exerce, "sem peias", o abuso do poder numa Comissão Europeia transformada em mera gestora de interesses, alheada da sua natureza e dimensão supranacional fundadora (da qual, aliás, suspeitaram, desde a primeira hora!, os mais prudentes e inteligentes académicos da jurisprudência institucional e económica alertando, já no final dos anos 80, para os riscos confirmados agora, quase 30 anos depois), o quotidiano não é mais do que o palco de uma associação estrutural entre pobreza e violência, que se configura em representações sociais e políticas cada vez mais perigosas e mais afastadas do interesse público - a que, também legitimamente, se pode chamar interesse nacional!... Neste contexto, parece agonizante toda a dinâmica democrática porque, como se não bastasse o drama que esta realidade significa para o exercício dos direitos de cidadania e para a sobrevivência e qualidade de vida das pessoas e das famílias, não há oposições políticas credíveis e competentes... de outro modo dito, quiçá porque os políticos são reflexo da sociedade de que emergem e, consequentemente, porque a sua qualidade não contribui para tornar mais coesa e autónoma a sociedade em que se inscrevem, estamos em plena "travessia do deserto", designadamente porque, como diz Adriano Moreira, não dispomos de lideranças, nem estadistas capazes!... E a esta afirmação permitam-me que acrescente: não temos lideranças nem estadistas capazes de compreender, enfrentar e procurar soluções para a sociedade, a economia e interdependência globalizada em que a ambição dos mercados transformou a vida societária, levando a que o provincianismo político, dominante nos Estados-nação, "vendesse" aparelhos produtivos e soberanias, a troco de um pseudo-prestígio de curta duração... num ciclo que, como sempre acontece com culpados que se não assumem como tal!, tende a insistir nos métodos e princípios de que resultou o agravamento e a generalização da pobreza... e da violência!...
Tenho um profundo respeito por seu blog e por seus textos....acredito que voce tem um papel fundamental na divulgação de idéias. Parabéns hoje e sempre.....Abraços Eduardo Marculino
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