A História - coexistência e sucessão de estórias...
Um alerta... retratos, testemunhos, ideias, imagens e práticas... para construir o reconhecimento da realidade e perceber os valores a que a História nos conduz...
Cara Ana Paula Ao ver estas imagens - e no actual contexto de radicalização política (de que o simplex é o melhor e, na minha opinião, o mais triste exemplo), interrogo-me acerca das razões profundas que levam toda a direita e certa "esquerda" a achar que é um disparate defender a saída de Portugal da OTAN. É interessante ver como o PS, o PSD e restante direita são unânimes nesta matéria. Que pragmatismo é esse que justifica o despesismo militar e o envio dos nossos soldados para a morte em terras distantes? Defender o Ocidente no Afeganistão? É uma guerra para defender a nossa civilização e o nosso modo de vida do perigo que representam os talibans? Mas quem acha que este objectivo e os meios em acção no terreno evidenciam algum pragmatismo? Algum realismo? Alguma sensatez? É muito giro dizer mal das despesas de armamento quando se trata dos submarinos dum governo de direita e bater palmas ao Afeganistão e aos contratos de fornecimento de equipamento que asseguram a presença nacional nesses cenários, mantendo inquestionável os propósitos e a razão de ser da NATO (mesmo depois dessa vergonha europeia que foi o bombardeamento massivo da ex-Jugoslávia e da conversão da máfia albanesa do Kosovo - traficantes de carne branca e de heroína - em "defensores da liberdade"). É para não ficarmos mal junto dos nossos "aliados"? Para sermos iguais aos outros e mostrarmos que também somos capazes de satisfazer a necessidade (?) de modernizar a instituição militar? Temos de andar sempre a reboque dos interesses dos outros? Ou teremos alguns ganhos? Parte do saque? Sacamos o ópio e puxamos ao empreendedorismo e mandamos plantar tomate? Exportaremos o "magalhães" para Cabul? Pois!... Deve ser este também o famoso pragmatismo desta "esquerda" que apoia (que conveniente) a continuidade de Durão Barroso - o homem da cimeira dos Açores que, junto com Bush, Blair e Aznar, nunca terá a sorte de Milosevic... Uns são criminosos de guerra, mas aos outros mandamos os nossos governantes darem o seu beneplácito. Como viver no meio de tanta injustiça e de tanta hipocrisia? Os portugueses têm medo de ser diferentes, originais e de se afirmar positivamente no concerto das nações. Portugal, aliás, nem sequer existe... A última fronteira da soberania - o conhecimento - também já foi vergada pela teologia do mercado. A mediocridade desta esquerda não permite mais do que o salamaleque "socialista" a Durão Barroso e à parolice europeia que ele representa. E nós, que vemos ouvimos e lemos? Manifestamo-nos contra a guerra, contra as bombas e contra o ódio, mas depois somos "pragmáticos"? Fazemos concessões? A resposta é sempre SIMplex. Temos de sobreviver, por isso abdicamos de ser quem somos, abdicamos do paradoxo e procuramos disciplinar as nossas opções conforme aos modelos disponíveis nas máquinas de propaganda instituídas... E vamos vivendo uma vida sonhada, entre os escolhos da verdade e da mentira (a propósito: nunca ninguém viu a Joana Amaral Dias nem o Louçã com nariz de Pinóquio...), mais ou menos confortáveis com o nosso pragmatismo, os nossos paradoxos... Que seria de Pessoa sem o láudano? E do Afeganistão sem o ópio? E do povo sem o PS? Abraço
Caro Francisco, obrigado pelo seu texto onde coloca, com lisura, uma série de problemas que, de facto, justificam a nossa melhor atenção. Gostei particularmente da sua observação: "A última fronteira da soberania -o conhecimento- também já foi vergada pela teologia do mercado" onde se reflecte o doloroso paradoxo do nosso tempo. O contágio,pandémico, da desconsideração do saber em nome do pragmatismo do exercício do poder não se esgota no Ocidente... infelizmente! Por isso, terá que concretizar-se no quadro das relações internacionais, o investimento negocial de que depende a sobrevivência das populações de todo o mundo... cá e lá... com uma inteligência estratégica concordante com a consciência da urgência da paz e do combate à fome... e se o fundamentalismo é comum a ambas as margens deste rio em que todos continuaremos a nadar, temos que encontrar o barco capaz de atravessar as águas, de ir e voltar repetida e continuamente, na materialização de uma solidariedade cada vez mais indispensável... porque - não o podemos esquecer!- as crises alimentar, da água e da energia afectarão cada vez mais o planeta e não nos podemos dar ao luxo de trocar o essencial pelo acessório... não estamos no século XIX e a globalização responsabiliza-nos e envolve-nos a todos nos caminhos que escolhermos... por isso, de ambos os lados, terão que emergir as competências humanas e políticas que viabilizam um diálogo de boa-fé. O ódio é sempre, sempre!, o pior caminho!... como a violência... ou o medo!... e eu, Francisco, acredito sinceramente que as populações, os povos e as culturas optam pela guerra e por valores dogmáticos porque manipulados nos termos de chantagens económico-emocionais de dimensão trágica... não, não são simples as respostas como não são lineares os problemas ou sequer a perspectiva pela qual os abordamos... sim, temos muito a fazer!... não me detenho nas questões "domésticas" em que não há partes inocentes e que me fazem apenas lamentar a falta de sentido de responsabilidade colectiva que nos deveria unir... entristece-me a alma assistir a esta gratuitidade de protagonismos e acusações... sem o láudano, Pessoa encontraria outro estímulo à sua produção poética; sem ópio, o Afeganistão seria um país agrícola e comercial e sem PS o povo ficaria com menos um instrumento de resistência a projectos perigosos para todos, como é o caso do projecto de revisão constitucional que os Jardins envenenados se propõem impôr a um país distraído com "miudezas" pseudo-qualquer-coisa... os meus votos vão no sentido de que as pessoas encontrem na mais desinteressada forma de estar, as razões para se ultrapassarem a si próprias e aos seus interesses corporativos, de modo a podermos continuar a tocar na orquestra multiétnica e multicultural com que sabemos ser indispensável gerir o presente para garantir o futuro. Um grande abraço amigo.
Cara Ana Paula
ResponderEliminarAo ver estas imagens - e no actual contexto de radicalização política (de que o simplex é o melhor e, na minha opinião, o mais triste exemplo), interrogo-me acerca das razões profundas que levam toda a direita e certa "esquerda" a achar que é um disparate defender a saída de Portugal da OTAN. É interessante ver como o PS, o PSD e restante direita são unânimes nesta matéria. Que pragmatismo é esse que justifica o despesismo militar e o envio dos nossos soldados para a morte em terras distantes? Defender o Ocidente no Afeganistão? É uma guerra para defender a nossa civilização e o nosso modo de vida do perigo que representam os talibans? Mas quem acha que este objectivo e os meios em acção no terreno evidenciam algum pragmatismo? Algum realismo? Alguma sensatez? É muito giro dizer mal das despesas de armamento quando se trata dos submarinos dum governo de direita e bater palmas ao Afeganistão e aos contratos de fornecimento de equipamento que asseguram a presença nacional nesses cenários, mantendo inquestionável os propósitos e a razão de ser da NATO (mesmo depois dessa vergonha europeia que foi o bombardeamento massivo da ex-Jugoslávia e da conversão da máfia albanesa do Kosovo - traficantes de carne branca e de heroína - em "defensores da liberdade"). É para não ficarmos mal junto dos nossos "aliados"? Para sermos iguais aos outros e mostrarmos que também somos capazes de satisfazer a necessidade (?) de modernizar a instituição militar? Temos de andar sempre a reboque dos interesses dos outros? Ou teremos alguns ganhos? Parte do saque? Sacamos o ópio e puxamos ao empreendedorismo e mandamos plantar tomate? Exportaremos o "magalhães" para Cabul? Pois!... Deve ser este também o famoso pragmatismo desta "esquerda" que apoia (que conveniente) a continuidade de Durão Barroso - o homem da cimeira dos Açores que, junto com Bush, Blair e Aznar, nunca terá a sorte de Milosevic... Uns são criminosos de guerra, mas aos outros mandamos os nossos governantes darem o seu beneplácito. Como viver no meio de tanta injustiça e de tanta hipocrisia?
Os portugueses têm medo de ser diferentes, originais e de se afirmar positivamente no concerto das nações. Portugal, aliás, nem sequer existe... A última fronteira da soberania - o conhecimento - também já foi vergada pela teologia do mercado. A mediocridade desta esquerda não permite mais do que o salamaleque "socialista" a Durão Barroso e à parolice europeia que ele representa.
E nós, que vemos ouvimos e lemos?
Manifestamo-nos contra a guerra, contra as bombas e contra o ódio, mas depois somos "pragmáticos"? Fazemos concessões?
A resposta é sempre SIMplex. Temos de sobreviver, por isso abdicamos de ser quem somos, abdicamos do paradoxo e procuramos disciplinar as nossas opções conforme aos modelos disponíveis nas máquinas de propaganda instituídas...
E vamos vivendo uma vida sonhada, entre os escolhos da verdade e da mentira (a propósito: nunca ninguém viu a Joana Amaral Dias nem o Louçã com nariz de Pinóquio...), mais ou menos confortáveis com o nosso pragmatismo, os nossos paradoxos...
Que seria de Pessoa sem o láudano? E do Afeganistão sem o ópio? E do povo sem o PS?
Abraço
Francisco Oneto
Obrigado, Francisco... amanhã escreverei mais... porque o seu comentário merece... como sempre!
ResponderEliminarUm grande abraço
Caro Francisco, obrigado pelo seu texto onde coloca, com lisura, uma série de problemas que, de facto, justificam a nossa melhor atenção. Gostei particularmente da sua observação: "A última fronteira da soberania -o conhecimento- também já foi vergada pela teologia do mercado" onde se reflecte o doloroso paradoxo do nosso tempo. O contágio,pandémico, da desconsideração do saber em nome do pragmatismo do exercício do poder não se esgota no Ocidente... infelizmente! Por isso, terá que concretizar-se no quadro das relações internacionais, o investimento negocial de que depende a sobrevivência das populações de todo o mundo... cá e lá... com uma inteligência estratégica concordante com a consciência da urgência da paz e do combate à fome... e se o fundamentalismo é comum a ambas as margens deste rio em que todos continuaremos a nadar, temos que encontrar o barco capaz de atravessar as águas, de ir e voltar repetida e continuamente, na materialização de uma solidariedade cada vez mais indispensável... porque - não o podemos esquecer!- as crises alimentar, da água e da energia afectarão cada vez mais o planeta e não nos podemos dar ao luxo de trocar o essencial pelo acessório... não estamos no século XIX e a globalização responsabiliza-nos e envolve-nos a todos nos caminhos que escolhermos... por isso, de ambos os lados, terão que emergir as competências humanas e políticas que viabilizam um diálogo de boa-fé. O ódio é sempre, sempre!, o pior caminho!... como a violência... ou o medo!... e eu, Francisco, acredito sinceramente que as populações, os povos e as culturas optam pela guerra e por valores dogmáticos porque manipulados nos termos de chantagens económico-emocionais de dimensão trágica... não, não são simples as respostas como não são lineares os problemas ou sequer a perspectiva pela qual os abordamos... sim, temos muito a fazer!... não me detenho nas questões "domésticas" em que não há partes inocentes e que me fazem apenas lamentar a falta de sentido de responsabilidade colectiva que nos deveria unir... entristece-me a alma assistir a esta gratuitidade de protagonismos e acusações... sem o láudano, Pessoa encontraria outro estímulo à sua produção poética; sem ópio, o Afeganistão seria um país agrícola e comercial e sem PS o povo ficaria com menos um instrumento de resistência a projectos perigosos para todos, como é o caso do projecto de revisão constitucional que os Jardins envenenados se propõem impôr a um país distraído com "miudezas" pseudo-qualquer-coisa... os meus votos vão no sentido de que as pessoas encontrem na mais desinteressada forma de estar, as razões para se ultrapassarem a si próprias e aos seus interesses corporativos, de modo a podermos continuar a tocar na orquestra multiétnica e multicultural com que sabemos ser indispensável gerir o presente para garantir o futuro.
ResponderEliminarUm grande abraço amigo.