"O Caso Mental Português" é uma espécie de manifesto sociológico da autoria de Fernando Pessoa cuja pertinência e actualidade justificam a sua evocação em contextos diversos... desta vez, a propósito da polémica suscitada pelas mais recentes declarações públicas de Alberto João Jardim. evoco-o num texto que se pode ler AQUI.
Se me é permitido, diria que ainda mais preocupante que essa proposta de Alberto João Jardim foi o alheamento de uma parte substancial do PSD e do Presidente da República Portuguesa enquanto garante da Constituição. O silêncio de Cavaco Silva foi esmagador. O que pensa sobre isto? Nada? Ou está como Rangel e outros sectores do PSD que admitem a discussão num quadro de discussão no campo dos princípios, como se não fosse isso que a Constituição é.
ResponderEliminarParalelamente, quando Alberto João propõe a existência de um Presidente da Região com poder de veto e de convocar referendos, ninguém diz nada porquê?
Muito, muito obrigado pelo seu esclarecedor e contundente comentário... se me permite, faço minhas as suas palavras!... há, efectivamente, silêncios tão ruidosos que prenunciam hecatombes... a propósito, provavelmente por simples associação de ideias!?, ocorreu-me agora o caso do BPN sobre o qual, os protagonistas que refere, têm mantido o mesmo "silêncio esmagador"... será que não têm opinião sobre o significado do envolvimento "nestes negócios" dos dirigentes do PSD, Dias Loureiro e Arlindo Carvalho, ambos Ministros (poderosos ministros! da confiança do seu então Primeiro-Ministro) no Governo de Cavaco Silva e quando, ainda há pouco, o primeiro, Dias Loureiro, persistia no desempenho da figura de Conselheiro de Estado?!
ResponderEliminarSe me permite, eu diria que é um prazer ler o que escreve e poder comentar.
ResponderEliminarSobre a questão dos inoportunos silêncios, tenho para mim que Cavaco Silva tem-se revelado cada vez um mestre nessa arte. Outrora já tivemos direito ao famoso tabu, esse segredo de polichinelo já que todos sabiam que o homem não iria ser candidato a coisa alguma.
Agora, tem-se mostrado muito preocupado e atento (como, aliás, é sua obrigação) em todos os domínios do Estado, só que padecendo de um terrível defeito … só vê para um lado.
No caso da “Portugal Telecom” e a TVI, veio pedir transparência sem que se lhe tivessem vislumbrado iguais incómodos mesmo enquanto cidadão quando Morais Sarmento andou literalmente à caça na RTP, nos tempos de Durão Barroso no Governo e Emídio Rangel na televisão pública. E não se ensaie que na altura não era Presidente da República, pois Cavaco Silva sempre teve palco onde e quando quis!
No caso dos “corninhos” de Manuel Pinho, mostrou-se muito preocupado e agastado com o acinte e a afronta mas, ó paradoxo, esqueceu-se das constantes diatribes de Alberto João Jardim, até quando foi à Madeira e este mandou encerrar a Assembleia Regional ou quando, em S. Bento, uma troca de mimos acabou com um deputado do seu partido de origem a mandar um eleito socialista para aquele sítio!
Ou quando andou a dizer que não falava de política interna quando no estrangeiro e, a propósito da data das eleições, não se coibiu de, na Escócia, se debruçar diligentemente sobre o assunto com uma coincidência espantosa entre as suas declarações e as do PSD!
Tudo, certamente, coincidências e meros acasos pois Cavaco Silva é incapaz de jogos florentinos do poder. Agora que se fica com a sensação que, a partir das eleições europeias, o PSD e, por arrastamento, Cavaco (já que tem Manuela Ferreira Leite na S. Caetano à Lapa) parecem mesmo apostados em alcançar o sonho de Sá Carneiro de ter “um Presidente, um Governo, uma maioria” … ai isso parece!
E já nem vale a pena, de facto, falar no seu espantoso silêncio sobre este outro polvo chamado BPN (o outro é o famigerado “Freeport”) quando se vê que lá estão em bolandas dois ministros e um secretário de Estado seus! Dir-se-á que não tem culpas no cartório, responderei que é bem verdade mas sempre queria ver se fossem pessoas doutro partido a estar na posição daqueles.
Aliás, o PSD, com a boa imprensa de que tem vindo a gozar, contrariamente ao que se queixa, tem conseguido fazer passar um conjunto de enormidades sem que ninguém diga nada.
Na proposta de Alberto João, conforme disse, vejo como mais grave outras questões do que o, digamos assim, “sound byte” da proibição do comunismo. Aliás, quem garante que este não foi lançado como manobra de diversão?
A este propósito da boa imprensa, recordo que quando Guilherme d’ Oliveira Martins tomou posse no Tribunal de Contas logo surgiu a ladainha que era um socialista, que era o polvo do PS … agora, quando dali sai qualquer coisa mais comprometedora que possa ser usada como arma de arremesso contra o Governo, lá estão os mesmos a pregar. No mais recente relatório sobre corrupção, fiquei com a sensação que o mesmo se podia aplicar ao Estado, às Regiões Autónomas e ao Poder Local. Contudo, só vi o PS e Sócrates a serem colados ao mesmo.
Com Nascimento Rodrigues, o Provedor agora substituído a mesma coisa. O homem vociferou que o PS tomava conta de tudo e logo isso foi amplificado. Até se disse que o PS actuava assim por força da maioria. Curiosamente, alguém foi ver o que fez o hegemónico PSD de Cavaco Silva com a questão de dois provedores de Justiça?
Mas, como eu disse, nada disto passa de mera coincidência!
Caro Ferreira-Pinto,
ResponderEliminardesculpe só agora responder mas não me tem sido passar pela blogosfera... obrigado pela generosa simpatia das suas palavras e pelo seu texto com o qual, aliás, estou completamente de acordo. De facto, a aparente mestria do recurso ao silêncio a que tanto têm recorrido, primeiro Cavaco Silva e depois, Manuela Ferreira Leite, começa a dar sinais da sua volatibilidade... talvez porque,se me permite!, sob o "manto diáfano da fantasia" emerge sempre o fantasma económico em que assenta a realidade... para já não falar da factualidade política que o meu amigo tão bem descreve e sisteamtiza... obrigado por este saudável refrescar de memória de tão grande utilidade nos tempos que correm... "Para que não esqueça"... Um abraço.