Hoje é dia de "Leituras Cruzadas"... muitas, que os textos merecem e, acima de tudo, os temas e as perspectivas justificam. No momento em que, no Parlamento Europeu, foi eleito para seu Presidente um político polaco e em que o grupo de eurodeputados de extrema-direita atinge pela primeira vez um número que já não podemos ignorar (35), é interessante e requer a nossa maior atenção o facto de, por exemplo, na Itália populista e demagógica de Berlusconi, essa Itália fabulosa de Fellini, Visconti, Gramsci, Da Vinci mas também, de Mussolini, Chicciolina e Alexandra Mussolini, ser possível a afirmação assustadora de que, no Água Lisa, João Tunes nos deu conta, ele que também anotou com clarividente discernimento o que a demagogia inquisitorial propaga no nosso país onde, a reboque do fundamentalismo clerical se vai, paulatinamente, atentando contra os princípios essenciais das sociedades democráticas, como Manuel Correia bem reflectiu no PuxaPalavra. Felizmente, vão surgindo outras vozes que nos permitem ver nesta concertada intentona contra a transparência da difícil construção da Liberdade e da Igualdade, caminhos alternativos assentes na crítica e na objectividade analítica que não opta pelo facilitismo bacoco do reaccionarismo conservador. É o caso das lúcidas chamadas de atenção sobre algumas polémicas e candentes situações internacionais que, a propósito das posturas institucionais sobre as Honduras e o Afeganistão, JMCorreia Pinto aborda no Politeia ou, no que à situação política nacional se refere, Osvaldo de Castro explicita no Praça Stephens, João Rodrigues enuncia no Ladrões de Bicicletas e Miguel Vale de Almeida exemplifica em Os Tempos que Correm... da realidade dos dias, da perenidade dos factos e da gravidade das opções do presente que comprometem, sempre, o futuro, ficará o devido registo na História que, apesar de todas as leituras e justificações possíveis, não poderá ocultar os traços de profunda aberração com que, com excessiva ligeireza negligente e gratuita, vamos viabilizando políticas, legitimando demagogias e alimentando dogmatismos - como bem explica, a propósito de Auschwitz e da escravatura, A.C.Valera no Irrealidade Prodigiosa.
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