Quando se pensa na relação entre a ética e a política, surgem, muitas vezes, enredos conceptuais e discursivos que desvirtuam a análise e confundem leitores ou ouvintes... aconteceu há dias com a referência, extemporânea e sem rigor, de Paulo Rangel a Maquiavel... o facto concorre, apesar do recurso à evocação de figuras históricas, para uma ilusória retórica que pretende reflectir seriedade sem, no entanto, ser mais do que o pouco inocente reforço de um injusto equívoco de que a demagogia se serve, manipulando a opinião pública como se o eleitorado se conformasse com uma espécie de infantilismo social... a este propósito, Fernando Cardoso escreveu no Ayappa Express, um texto que vale a pena ler e que se intitula "A Mãe"...
Cara Ana P.,
ResponderEliminarA palavra "ética" deveria surgir como primeiro motivo de reflexão. Mas, como é óbvio, Paulo Rangel estava demasiado ocupado em demonstrar o seu aparente culto intelectual… Mal por mal que dê a ler o livro V da Ética a Nicómaco (Aristóteles pensa a que respeito da justiça política, há duas maneiras de a distinguir: a natural e a convencional. A primeira (natural), tem a mesma validade em toda a parte e ninguém a pode aceitar ou rejeitar. A segunda (convencional), é indiferente se no princípio admite vários modos de formulação. Uma vez estabelecida o seu conteúdo não é indiferente. Mas, claro, Maquiavel valida muito mais o pensamento de Rangel "os fins justificam os meios"… um abraço.
Jeune Dame,
ResponderEliminarNão pude deixar de sorrir perante a sugestão que dirige a Paulo Rangel ("Mal por mal dê a ler o livro V da Ética a Nicómaco"), que subscrevo apesar de ter algumas dúvidas sobre se já terá ouvido falar de tal... Um abraço :)