A democracia mede-se pelo grau de respeito pelas liberdades fundamentais que radicam no direito de escolha. Escolher é o contrário de ser forçado. Escolher é poder, perante várias alternativas, decidir qual é a que se adequa aos interesses e valores de cada um. O direito de escolha não limita ninguém. A sua impossibilidade condiciona. A ausência do direito de escolha contraria a liberdade, legitimando ditaduras e discriminações. Os cidadãos têm direito de escolher entre casar ou viver em união de facto; têm direito a decidir, perante a sua consciência, divorciar-se ou sujeitar-se à violência de uma relação insatisfatória; têm direito a escolher a pessoa com quem querem viver e a forma como o querem fazer, sem discriminações em função do sexo, da etnia, da orientação sexual, da deficiência ou da religião; têm direito a decidir se querem ou não ter filhos; têm direito de errar e de não ser condenados a viver ou a condenar outrem a viver os efeitos desse erro. Ajudar os cidadãos a ter a liberdade de escolher (o casamento, a união de facto, o aborto, o divórcio, a transmissão dos bens) é uma das funções mais nobres do Estado Democrático. Não o compreender, não o aceitar e não o defender deixa dúvidas sobre o grau de tolerância e de respeito pela dignidade dos seres humanos.
(Este artigo foi publicado hoje, 7 de Setembro de 2009, no jornal Diário Económico)
...e não é que ao ler o seu texto me recordei do "É URGENTE O AMOR..." do Eugénio de Andrade ?
ResponderEliminarMais um abraço.
Bravo!
ResponderEliminarNão é só um bom texto. É um grito fundamental que muitos parecem fazer de conta que não é importante.
Só assim se justifica que a lider do maior partido da oposição, com pretensões a governar este país, assuma com naturalidade que ninguém espere que algum dis concorde com estas posições (defendidas por Louçã no debate com a senhora).
A liberdade de escolha, ou seja o caminho da democracia está de facto em questão em Portugal.
Apelar à defesa desse amadurecimento da democracia, do caminho da sua afirmação e reforço merece que prima as minhas teclas para a felicitar. A si e a todos os que ousam defender a liberdade como direito de 1ª geração. É que a seguir já se falou da 2ª, da 3ª, e até há quem defenda uma 4ª geração de direitos e principios... E ainda os líderes demonstram não ter assimilado os da 1ª geração. Só lhes podemos recomendar as novas oportunidades, mas não me refiro à de voltarem a governar o país.
Caro Anónimo,
ResponderEliminarFoi gratificante ler o seu comentário!... muito obrigado! ... e ... volte sempre! Um abraço :)
T. Mike,
ResponderEliminarÉ uma honra saber que este texto lhe trouxe à memória o "É URGENTE O AMOR" de Eugénio de Andrade... uma honra que devo à sua generosidade e à sua cultura. Obrigado, T. Mike.
De novo, um grande abraço amigo, :)