Conhecidos os resultados eleitorais, começa o trabalho de procura dos detalhes que contribuiram decisivamente para o seu desfecho e que configuram a delimitação de campos reactivos adequados... para surpresa de muitos mas, também de não tantos como seria de esperar, o CDS-PP tornou-se a 3ªforça política nacional com representação parlamentar, assente na única percentagem que viabilizará, por si só, a almejada maioria absoluta ao PS. Com uma maioria sociológica de esquerda, definida, grosso modo, pela correlação entre os cerca de 40% alcançados pela soma percentual de PSD e CDS e os cerca de 53% resultantes das votações no PS, BE e CDU, o país confronta-se agora com o quadro especulativo dos cenários possíveis e necessários à governação... o facto permite-nos equacionar a possibilidade de se vir a perspectivar, no curto prazo, a maioria absoluta que agora "caiu" como instrumento eficaz de decisão, dada a quantidade de impasses que a negociação pode implicar entre forças políticas distintas, determinadas em fazer sentir o respectivo poder... Ao Portugal que somos, triste e empobrecido, a lutar desesperadamente pela sobrevivência nas águas agitadas das dinâmicas económicas contemporâneas, resta esperar que os partidos políticos com assento parlamentar sejam capazes de ultrapassar os interesses sectoriais dos seus "nichos" de mercado e de trabalhar conjuntamente e com afinco na procura de soluções efectivas negociadas de boa-fé e determinadas em ultrapassar exigências que poderão um dia ser ultrapassadas mas que, provavelmente, no presente, necessitarão de ser adiadas de forma a que o país não pare, no lago de águas paradas em que vimos fermentar, por exemplo, o caso da substituição do anterior Provedor de Justiça... a realidade carece de discernimento, acção e celeridade e para se lhe responder adequadamente, exige-se responsabilidade social, cívica e política, ao mosaico partidário nacional... O voto dos portugueses solicita pacificação social negociada e efectiva... seria um sinal claro de maturidade política democrática encará-lo como tal e não como pretexto para o bloqueio... os portugueses estão há muito tempo a pagar muito caro por uma economia em vias de se desenvolver em termos de capacidade produtiva e de se emancipar de duas das suas maiores amarras: endividamento e défice... condená-los a mais tempo de improdutividade e estagnação em nome de tentadoras estratégias político-partidárias de curto e médio prazo, será, de facto, desrespeitar a expressão do Direito de Voto que, enquanto janela do presente que nos permite a expressão sobre o futuro que queremos, é ainda o símbolo maior do exercício democrático.
negativo. A diferença ideológica continua a ser motivo de reflexão..No meu entender, um dos maiores problemas situa-se ao nível do que se entende por "Direito de voto". Ora, enquanto "Direito de voto" for sinónimo de "exercício de poder" não haverá diversidade plural característica da democracia..
ResponderEliminarEsperança! Um abraço.
Cara Ana P.,
ResponderEliminarO meu comentário ficou cortado.. não sei o que se passou..