Houve um tempo, depois de Abril, em que o voto era pensado apenas como arma de protesto... Hoje, mantendo essa dimensão reactiva de expressão contestatária, o voto é, acima de tudo, a manifestação afirmativa das nossas escolhas... e as escolhas, caros Amigos e Leitores, não se resumem nem podem resumir-se à negação do que não queremos, sob pena de ganharmos o que, também, não queremos... porque o contrário de uma coisa não é apenas o seu reverso mas, isso sim, uma variada panóplia de possibilidades, assememlhadas por certo mas, distintas... e, estou certa!, há muita coisa que não desejamos... Não podemos, por isso, trocar a preciosidade de um voto num simples "Não!" dirigido a "isto" ou "aquilo"... porque o voto configura um tempo de vida de 4 anos, demasiado tempo para poder ser perdido entre regressos ao passado ou discussões inférteis entre oposições - que, definitivamente, se não podem entender e cuja aspiração ao exercício do poder se esgota na vaidade de com mais frequência se verem ao espelho da comunicação social... o voto é, se em nós reside a grandeza humana de transcendermos os nossos pequenos interesses e as nossas pequenas contrariedades, a manifestação imensa da nossa universal humanidade porque, com ele, damos voz ao interesse colectivo e ao bem-comum... Por todos nós, integrados e excluídos, mais pobres e menos pobres, homens e mulheres, crianças e idosos, rurais e urbanos, é urgente responder à chamada da nossa comum capacidade decisória para, com altruísmo e confiança, participarmos na construção do presente possível a pensar num futuro melhor!... Sejamos realistas, sejamos justos, sejamos bons... por um país melhor, para todos!... é este o voto sentido e fraterno que hoje aqui faço, com humildade cívica e o sentido da responsabilidade de uma cidadã consciente que em cada pessoa vê toda a Humanidade... Não mataremos a esperança de um país livre, democrático e fraterno, de um país que recusa o cinzentismo triste e obcecado do lucro, de um país vivo, a lutar por si próprio, sensato e solidário, empenhado num mundo melhor, com mais emprego, menos pobreza e sem guerras inúteis! Viva a Vida! Viva a Liberdade! Viva Portugal! Até amanhã...
(Este post foi também publicado no Público-Eleições 2009 e no Simplex)
Ana Paula,
ResponderEliminarpermita-me a ousadia, de transcrever, em apoio do seu post, algo que ,nos idos da REVOLUÇÃO DE 74, tive a oportunidade de escrever.
É muito desta essência que ponho no meu voto de amanhã, é por este amar a liberdade que o meu voto está destinado:
7. (...e enquanto uns de mãos cheias gozavam a prerrogativa de um horizonte aberto
outros sobreviviam em cada minuto vivido .)
O grito retumbou como um rasgão de denúncia.
Correram todos à rua levando
a única arma que os distinguia
o cheiro a sal a cimento a aço
a terra apodrecida
o olhar vítreo no horizonte limitado
mas firma no horizonte sempre reinventado.
Era a Liberdade
a revolução exangue
a espada paladina desembainhada
por sobre as cabeças gritando
que para sempre se haviam fundido
as grades os grilhões e as cadeias
não seriam mais colmeias de gente desesperada.
Era a Liberdade
de se ser homem
ser livre no pensamento
olhar o pão e dizer MEU
porque ganho sem opressão.
Era a Liberdade
de dizer suas as suas mãos
e no delinear de um gesto
um símbolo supremo e simples
ficasse suspenso e dissesse
FUTURO.
Era a Liberdade
de provocar na memória o esquecimento
e de mãos em concha receber
e molhar os olhos de água pura
de um poço subterrâneo de novo aberto.
Era Liberdade
de poder correr ao campo sozinho
e gritar a opressão e a chacina
sem olhar de soslaio as árvores e as plantas
sem desconfiar do próprio ribeiro limpo.
Era a Liberdade
de poder escrever e denunciar
os versos de dor tão idealizados
sem recorrer ao laboratório da mente
e escolher palavras cobertas.
Era a Liberdade
de poder dizer País e Pátria amada
de ser livre e dar aos outros
à luz do dia e da razão
a mão tão franca
outras vezes dissimulada.
Era a Liberdade
e o fim de todas as cadeias
de toda a opressão
de todas as ideias
impostas sobrepostas.
Era a Liberdade !
E na rua
de mãos nuas
o Povo gritava
" Água pura ! Água pura ! "
Obrigado, e as habituais saudações muito cordiais.
Ana Paula o seu "apelo" é comovente mas está a falar para um país que não existe. Portugal está numa espécie de Terra do Nunca que, atrevo-me a dizer, ignora os valores que subjazem a este seu belo texto. Estou profundamente consigo na palavra de ordem VIVA A VIDA.
ResponderEliminarOlá Ana Paula
ResponderEliminarDepois destas fatídicas eleições, só me resta perguntar, quando será a próxima cimeira nas Lages! É sobre isso, que os portugueses devem refletir... no contexto mundial...
A mim dá-me a impressão, que o Irão já está na peugada... e tenho um "feeling" muito real.
Aquecimento global?! Não... o interesse nesse aspecto é relegado para 2º plano!...
E realmente VIVA a VIDA e a PAZ! :)
Beijinho e felicidades.
Ana Paula Fitas
ResponderEliminarCom um obrigada por ter um excelente blogue e por participar no blogue Sustentabilidade É Acção, fique com o selo Amizade Internauta. Um abraço.
Caro T.Mike!... Estive no Alentejo e estou agora de volta a casa! Obrigado, meu amigo pelo lindissimo presente que aqui deixou... foi, de facto, um Bom Augúrio!... Um grande, grande Abraço!
ResponderEliminarCaro Fernando Cardoso,
ResponderEliminarObrigado pelo tocante sentir do seu comentário! Foi bom também para gerir as emoções de hoje... sabe? ... depois de se conhecer a Índia aprende-se muito sobre a Liberdade, a Tolerância e o Respeito por Todos os Seres Vivos!... repito, consigo, a grande palavra de ordem: Viva a Vida, Fernando!... Um grande abraço :)
Fada do Bosque,
ResponderEliminarEnquanto houver Liberdade lutaremos contra as Cimeiras das Lages e juntaremos esforços para um Mundo melhor, mais justo e mais solidário... unidos chegaremos ao desígnio universal da Paz! Pela negociação diplomática e pela coexistência pacífica, Viva a Vida e a Liberdade!
Um beijinho :)
Manuela,
ResponderEliminarOBrigado, minha querida Amiga... sinceramente, muito, muito obrigado! Viva a Vida, a Liberdade, a Responsabilidade e a Sustentatibilidade! Por todos nós!
Um grande, grande abraço :)