sábado, 19 de setembro de 2009

Jornalistas...

Uma nota breve a propósito da qualidade do jornalismo mediático em Portugal: apesar do argumento sobre a respectiva precariedade laboral, a qualidade do jornalismo em Portugal tem decrescido substancial e perigosamente nos últimos anos... o suficiente para se pensar que, afinal, o 4º poder é muito mais sombrio do que poderiamos supôr e para se colocar a questão da consciência deontológica de muitos dos que detêm a possibilidade de exercer esta actividade que retira à liberdade de expressão e de imprensa a dignidade que um passado de credibilidade e confiança conferiram a estes princípios. Alinhada político-partidariamente ou mercantilmente, informação e opinião surgem misturadas, sem critério distintivo, manipulando descaradamente a opinião pública que deveriam ajudar a formar de modo desinteressado e altruísta... perde-se informação e fomenta-se a desconfiança numa classe que deveria poder considerar-se guardiã das liberdades. Não vou citar nomes dos episódios que recentemente mais chocaram quem exige seriedade à comunicação social (como um profissional com responsabilidades editorais que muito surpreendeu ao fazer a mais descontextualizada e ridícula defesa da intervenção de Manuela Ferreira Leite no debate com José Sócrates ou do tempo de antena televisivo gasto entre pivots e jornalistas com conversas exploradas até ao absurdo sobre explicações vazias de informação para legitimar erros crassos de uma das partes, criando margem para a construção de graves suspeitas sem sustentação)... mas, vou referir, pela sua quase raridade, as leituras e posturas justas e adequadas de profissionais sérios que tive o prazer de ouvir nos últimos dias... refiro-me a Óscar Mascarenhas, Rui Baptista, Mário Bettencourt Resende e Luís Delgado - cujas intervenções têm sido, ao longo da campanha eleitoral em curso, excepções à mediocridade da regra que nos permitem respirar de alívio por ainda termos, no nosso país, pessoas com autonomia de pensamento, capazes de praticar a crítica, com ética e discernimento. Bem-hajam!

2 comentários:

  1. Completamente de acordo.
    Até o Luís Delgado me espantou pelo equilíbrio as suas posições desapaixonadas.
    Um belíssimo post até pela clareza e simplicidade da linguagem.Só não
    entende quem não quiser entender.
    As habituais saudações.

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  2. Obrigado, T.Mike... faço minhas as suas palavras sobre o "equilíbrio" e as "posições desapaixonadas" de Luís Delgad. Um grande abraço :)

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