quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Orçamentar a Austeridade...

Foram hoje conhecidas as linhas de força do Orçamento de Estado que o Governo propõe para 2011. Corajosas, arrojadas e tecnicamente bem pensadas, as medidas anunciadas pelo Primeiro-Ministro, José Sócrates e pelo Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, confirmaram aos portugueses os seus piores receios: a crise não está a acabar, estamos a meio das mais drásticas medidas de austeridade, a vida dos cidadãos vai ser mais difícil e, há que dizê-lo, mais próxima da insustentabilidade que os desempregados e trabalhadores precários sentem arrastar-se e agravar-se de há muito. A verdade porém, é que, mau-grado o nosso comum descontentamento, toda a oposição, da esquerda à direita, reivindicou de uma ou de outra forma, esparsa e não concomitantemente, as medidas agora assumidas pelo Executivo governamental que decorrem de uma situação económico-financeira reconhecida por todos como gravissima. E é, também por isso, que nas receitas escolhidas para o seu combate, deveria ser assumida com humildade e solidariedade a responsabilidade de todos, ainda que pudessem e devessem apresentar alternativas concretas, objectivas e viáveis a estas propostas. Porque o que está em causa, assuma-se de vez!, não é a solução para a economia nacional mas a eficácia imediata de medidas que afastem o cenário de afundamento internacional do país.

20 comentários:

  1. Vergonha de políticos que nos têm desgovernado nos últimos anos.
    E O POVO É QUE PAGA PÁ!

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  2. E mais não digo porque só iria confirmar.
    Um abraço, Ana Paula.

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  3. Não, Ana Paula,hoje não estou de acordo!Nem em condições de comentar.
    Estou gelada. Dói-me o peito.

    Sem vontade mesmo de enfrentar uma luta a que me propus.
    Isto vai ,aliás já desmoralizou muitos.

    Foram longe demais e não vi a "coragem",nem "o tecinamente bem pensado" que fala.
    Vejo sim um povo inquieto,alarmado com o seu futuro...

    Desculpa,não consigo escrever mais...
    Um beijo
    Tina

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  4. Cara Ana Paula Fitas,

    Termina com uma afirmação "Porque o que está em causa, assuma-se de vez!, não é a solução para a economia nacional mas a eficácia imediata de medidas que afastem o cenário de afundamento internacional do país." Tenho a convicção de que se não se actua em simultâneo, a consequente recessão acabará por fazer prolongar (e aprofundar) a crise e o espectro do afundamento que refere... Quanto a coragem politica, tanto que eu gostaria de lha reconhecer, mas não posso. Apenas reconheço nestas medidas a sua reconhecida inevitabilidade face às cedências perante todas as pressões externas...

    Abraço

    PS: Dou hoje uma explicação no meu blogue, sobre a coincidência nos titulos dos nossos posts: "Qualificações, Desenvolvimento e Produtividade"

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  5. Apresentar medidas concretas ? Isso dá imenso trabalho ! Já imaginou as soluções mirabolantes que o BE teria gizar para trancar o acesso do capitalismo luso aos paraisos fiscais ? Ou a barraca que era quando se percebesse que certas despesas consideradas extravagantes ( são isso e também imorais ) depois de redistribuidas não davam para nos pagar uma bica ? Na maioria do comentário de politica económica que por aí se vê o que mais admiro é a capacidade que todos alardeiam para fazer melhor. E lembro-me loo da histório do ovo de Colombo. :)

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  6. Como é que é sr. Manuel Rocha?Mas afinal quem é que tem que apresentar medidas? E contestá-las é crime? Soluções mirabolantes do BE?
    Pois eu também admiro a sua capacidade de alardear para NÃO fazer melhor!!!!
    Ah,já agora eu preferia ver a barraca que era perceber que certas despesas não chegavam para um café, do que a barraca que vai ser quando se chegar conclusão que isto mais não foi do que um reflexo de Pavlov,às conversas de certa gentinha!!!desculpem, gentlemans...

    Desculpe ,Ana Paula, mas tenho direito à minha indignação!
    Tenho situações graves dentro de casa,que se irão agravar drásticamente e como eu tanta gente!!!

    Cada vez nos afundaremos mais ,pois se o pessimismo,já faz parte de nós,agora a depressão vai-nos levar ao fundo.

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  7. Não, Ana Paula, as medidas do Governo apenas vão agravar a situação que não tem nenhuma hipótese de solução por esta via. Mas se os "crentes" estão seguros de que a redução do défice e da dívida em três anos salvará o país, por que não tocou o Governo em quem tem dinheiro e ganha milhões, salvo muito remotamente no aumento do IVA (peanuts para os ditos)?
    É claro que há "ingedientes indígenas" - e muito graves - na crise, mas a origem da crise, com as características e dimensões que tem, é outra.
    Mas como se pode esperar que a social-democracia tome a seu cargo a obrigação de combater este estado de coisas se foi a social-democracia que o institucionalizou? Não vou dizer que foi a social democracia que teorizou e começou a aplicar as doutrinas neoliberais, mas vou afirmar que foi a social democracia que as institucionalizou na União Europeia. Quantos governos "socialistas" havia em Bruxelas no fim da Guerra Fria e até ao fim da década de noventa?

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  8. Concordo com o teu texto, Ana e o impulso da sua escrita. Também acho que toda a oposição andou todo este tempo a clamar por medidas sérias e agora vai clamar o contrário numa parva abjecção de oposição por oposição. Não sei se algum partido apresentará quaisquer sugestões singulares de corte de despesas, mas é possível, e seria interessante ver alguma racionalização na tal plêiade de fundações e institutos... Tlavez o cds diga algo, estou curioso. O perigo, em todo o caso, é o da recessão inverter a actividade económica, agravando o défice e a dívida. Pode ser que a procura externa anime. Vamos ver.

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  9. Não concordo que o PM ou o Min. da Finanças tenham pensado. Estes não pensam. Estes usamnos. A esta opinião junte-se-lhe o comentário à postagem anterior.

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  10. Caro Anónimo,
    De facto, estamos a pagar pelo "desgoverno" de muitos e consecutivos anos e, porque não dizê-lo, décadas... décadas de sub-desenvolvimento e de tentativa de remediar situações estruturais com panaceias conjunturais... o pior é que, de facto, independentemente da diversidade de culpados, são cidadãos quem, sempre, acaba por sentir e "pagar" a factura. Daí a necessidade de exigir políticos e políticas sérias, eficazes e temporalmente consistentes, capazes de responder, construtivamente, a atrasos estruturais e ao acréscimo constante dos custos que o imediatismo produz.

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  11. Obrigado, T.Mike... não estamos em condições de exigir o melhor dos mundos e temos que ser realistas... apesar do que isso nos custa e sem que isso diminua a persistência da vigilância crítica e do combate por uma melhoria que tarda mas de que não podemos desistir de acreditar.
    Abraço :)

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  12. Tina,
    ... eu sei, sabemos todos!... é difícil gerir o acréscimo de dificuldades numa situação que já era sufocante... não podemos, por isso, baixar os braços. Temos é que, isso sim, persistir em resistir... e acreditar que, sendo o mundo uma construção, não desistir de ir colocando a parte da argamassa de que somos feitos é a única forma de evitar que tudo piore... ainda mais!... Força e ânimo, Tina! Força e ânimo! Tanta para si como para mim, acredite! Recusemo-nos a ser derrotadas!
    Um grande beijinho.

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  13. Caro Rogério,
    A coragem a que me refiro é a de tomar decisões e de as assumir publicamente com a plena consciência que não representam o exercício da justiça mas antes, a execução da necessidade que, como o Rogério bem diz, decorre da "sua reconhecida inevitabilidade face às cedências perante todas as pressões externas"...
    - já fui agradecer a gentileza, Rogério :)
    Grande abraço.

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  14. Caro Manuel Rocha,
    Obrigado pelo seu comentário... tem toda a razão, designadamente quando afirma "é a capacidade que todos alardeiam para fazer melhor"... retomando, de carto modo, a sua anterior sugestão de releitura dos pedagogos clássicos era bom que se reflectisse sobre a natureza humana da própria construção social... :)

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  15. Tina,
    Não precisa de pedir desculpa... é difícil equacionar o presente e o futuro quando olhamos em frente e pensamos não ter luzes ao fundo do túnel... é a tranquilidade de alma que nos permitirá percorrer o caminho, habituando os olhos às sombras e descobrindo novas formas de chegar ao ar puro... Como dizia o poeta: "Camñero no hay camino; el camino se hace al andar".
    Força, companheira! Bjs

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  16. Caro JM Correia Pinto,
    Concordo com a leitura de que as medidas agora anunciadas não representam soluções para a sustentabilidade económico-social da sociedade portuguesa (como venho a dar nota em muito do que tenho vindo a escrever)... mas, tal como o meu caro amigo refere, relativamente às teorias neoliberais institucionalizadas na UE, constato que, no quadro do liberalismo económico em que vivemos, estas medidas podem representar o atenuar da pressão internacional e, eventualmente, no curto e médio prazo, atenuar um descalabro que, não sendo, no imediato, reversível, não pode, apesar disso, ser ignorado (o recurso aos fundos de pensões de uma empresa pública são um sinal efectivamente alarmante)... entretanto, podem e devem, isso sim, equacionar com competência técnica, outras medidas (taxar pensões milionárias, por exemplo) para que, no médio prazo, não seja necessário repetir a receita que marca 2010/2011... veremos se haverá coragem para tanto!...
    Abraço.

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  17. Caro VBM,
    Subscrevo na íntegra as tuas palavras.
    Obrigado.
    Um abraço.

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  18. Caro Zéparafuso :)
    A propósito das palavras que aqui deixa, ocorre-me a pergunta: em que momento é que o pensar do poder não significa o recurso ao uso dos cidadãos? :)
    Entretanto, deixe que lhe diga: quando publiquei o seu comentário anterior, pensei que se referia a este post :):)
    Lá irei responder (não sei se ainda hoje ou amanhã)
    Obrigado.
    Abraço.

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  19. Cara Ana Paula Fitas, desculpe a ignorância do macaco, neste caso da tartaruga. Quando digo que o PM ou o Min. das Finanças não pensam é no sentido literal da palavra. Senão vejamos: Ambos são da opinião que a crise ultrapassou as previsões (deles). Ambos são da opinião que há desemprego que não previam. Ambos são da opinião que estamos realmente doentes. Na minha ignorância e pouca instrução ( apenas a antiga 4ª classe ), repito, que se pensassem não tinham trocado de frota automovel agora, (caía bem à Nação mostrar que estavam em contenção ), não tinham anunciado o aumento do IVA para 23%. Não tinham permitido o escandalo das reformas elevadas e dos prémios pagos aos Adm. da EDP. Tinham pura e simplesmente admitido que falharam no governo e tinham-se ido embora. Tapar o Sol com uma peneira, ou atirar-nos com areia para os olhos....já não serve. Ainda me lembro de um Min. vir dizer para a TV, para não nos preocuparmos que a crise não atingia Portugal. Realmente estamos redeados de gente previdente e séria. Com isto tudo só peço uma coisa! Não me tirem do sério, nem me queiram fazer passar por parvo, a mim ou ao Povo. Em 1983, Mário Soares, sobre uma medida de austeridade dizia " Cuidado! Não ponham o Povo na rua". É isto que os nossos governantes pretendem? Esticar a corda para ver no que dá? Olhem para as pessoas que passam fome neste País.

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  20. Caro Zéparafuso,
    Sim, claro que tem razão e eu subscrevo o que afirma, nomeadamente no que se refere às dificuldades sérias que chegam à fome em famílias e no elevado número de pessoas que se aproximam da indigência, da miséria e da condição de sem-abrigo... só não estou certa se, apesar da falta de previsibilidade destes governantes e da efemeridade das suas considerações constantemente reformuláveis, a solução seria o abandono das suas funções, por duas razões: uma, a de que os seus potenciais substitutos (já que estamos em democracia e que, em termos de panorama eleitoral é relativamente prever o que ocorreria num contexto que, como o do nosso país, se caracteriza pela rotatividade bipartidária) não garantem melhores medidas e que, pela experiência que conhecemos da sua teorização económico-social, a radicalização seria mais que provável; a outra razão prende-se com o nosso direito a exigir que os responsáveis pelas medidas assumam a sua responsabilidade e as executem enquanto a sociedade lhes exige adaptações e respostas que devem demonstar ser capazes de construir, sabendo que o horizonte da sua substituição é legítimo e está presente na avaliação que os portugueses farão dessa capacidade de resposta.
    Abraço.

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