Vivemos na época da complexidade e da interdisciplinaridade... porque, felizmente!, compreendemos que a especialização pode ser redutora no que a modelos explicativos e metodologias diz respeito. Este facto implica, por um lado, uma aproximação à realidade e, por outro lado, uma disponibilidade para a emergência da criatividade e do debate. Penso ser esta a razão que me assiste no gosto em, semanalmente, proceder a uma espécie de jogo de "palavras cruzadas" sobre a realidade, a partir do qual, através do olhar dos outros, revejo, de um ou de outro modo, os meus próprios modos de olhar... faço-o aqui, nas "Leituras Cruzadas" que, esta semana, destacam o facto de não poder ser ignorado o facto da tão falada crise estar a negligenciar, a passos largos, a revitalização reformista do sistema em que se reflecte o presente e se configura o futuro da gestão social em cujo contexto deveriam ser perspectivadas as Eleições Europeias (vale a pena ler, sobre este assunto, os textos de JMCorreia Pinto no Politeia). Na verdade, a orgânica social procede de um tal modo que os períodos de mudança social são, no médio prazo, assimilados pela macro-lógica do sistema ainda que essa assimilação tenha um preço (analogicamente, vale a pena ler o texto de Nuno Ramos de Almeida no 5 Dias, sobre a pandemia da gripe em curso)... preço que é, muitas vezes, paradoxal nomeadamente por desencadear problemas paralelos que, contraditoriamente, nos levam a equacionar a racionalidade subjacente à intervenção económico-social e política por parte dos respectivos agentes. Exemplo flagrante do que acabo de evidenciar é a notícia da disposição europeia para um enorme alargamento dos horários de trabalho que, em tempos de tão elevadas taxas de desemprego (leia-se o post de Jorge Assunção no Eleições 2009), não pode deixar de nos surpreender e nos preocupar... ainda a título de matéria para se aprofundar a reflexão sobre o que está em causa, é de ler, a propósito da globalização, o texto de Jorge Bateira nos Ladrões de Bicicletas... particularmente, a propósito das questões relativas ao problema da produtividade em Portugal e da questão da inovação, leiam-se os textos de José Manuel Dias no Cogir... Finalmente, porque é relevante e não negligenciável, vale a pena ler a apreciação dos 100 dias de Obama no texto de JRV no Activismo de Sofá.
Gostava de acrecentar apenas o seguinte: mais do que uma época de interdisciplinaridade vivemos uma época de transdiciplinaridade. Ou seja, não há apenas uma troca entre as diversas disciplinas do conhecimento mas antes um esbater dos limites dos campos de cada uma das áreas do conhecimento. Que lhe parece?
ResponderEliminarA transdisciplinaridade é o que hoje procuramos construir... penso que a atitude e o objectivo são extraordinariamente úteis, interessantes e adequados ao nosso tempo! Contudo, há ainda muito a fazer!... porque, se, como sabemos, a própria interdisciplinaridade ainda se não interiorizou como atitude científica, manifestando a Academia (enquanto instituição)ainda algumas resistências que se demonstram no facto de ainda não estar institucionalizada, em relação à transdisciplinaridade a atitude é muito mais céptica, sob a capa da problematização. Mas, lá chegaremos! Um abraço.
ResponderEliminar