Por vezes, a "gota de água" faz transbordar... e os efeitos desse excesso terão sempre uma dimensão proporcional ao volume do recipiente... Ora, quando chove, não podemos, com toda a certeza evitar todas as gotas de água, principalmente se caminhamos numa estrada de piso incerto onde os tectos protectores que se vislumbram da estrada, ameaçam ruir... e, face à crise que atravessamos, deveremos perguntar-nos: será que a Europa não está a "meter água" na forma como equaciona a sobrevivência à crise?... Acabei publicar no Eleições 2009, o texto "Uma Ideia de Europa - 3" que aqui transcrevo:
As chamadas "crises de crescimento" da UE têm evoluído ciclicamente, numa lógica acumulativa que, de Tratado em Tratado, se tem preocupado em garantir os pressupostos do mercado, optando por algumas reformas institucionais mas, principalmente, pela política de alargamento do número dos seus Estados-membros. Por resolver, ficaram duas questões essenciais a que, necessariamente, regressaremos por força das circunstâncias, provavelmente bem mais depressa do que seria suposto mas, desta vez, com uma capacidade de intervenção muitissimo menor, perdida que foi a oportunidade de se pensar e decidir atempadamente, de forma preventiva... nessa altura, seremos confrontados com a urgência da resolução dos problemas que apenas nos serão colocados depois de equacionadas as forças de resistência e garantidos os apoios no quadro desta discreta mas insofismável política "do facto consumado". Refiro-me a três problemas, problemáticas a que todos procuram escapar, evitando conflitos potencialmente lesivos do princípio equitativo da proporcionalidade, cuja preservação tem sido o argumento capaz de vencer muitas resistências nacionais mas, que não representam mais do que um adiamento levado o mais possível à proximidade de um "ponto de não-retorno", utilizado estrategicamente como forma de controle de custos do seu impacto: a) a "Europa a Duas Velocidades"; b) a "Europa das Regiões"; c) a "Europa da Flexisegurança"... é caso para dizer: procuram-se políticos realistas e corajosos para pensar e agir sobre a questão europeia... ou então, das duas, uma: conformamos com o "destino" previsto nos bastidores na amálgama dos conformistas e submissos ou "rezamos" para que surja um super-herói, inspirado no lendário "Robin dos Bosques"... "Ser ou Não Ser, eis a questão" - dizia Shakespeare...
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