quarta-feira, 22 de abril de 2009

Liberdade e Informação...


Este texto não pretende esgotar-se no caso emblemático que refere... pretende contudo, quando nos aproximamos da celebração do 25 de Abril, alertar-nos para a dupla dimensão ilusória que participa na formatação das mentalidades e no uso dos meios da sociedade contemporânea. O DN traz hoje uma notícia que merece a atenção da sociedade portuguesa que, ao longo dos últimos meses, tem sido avassaladoramente bombardeada com suspeições, intrigas, omissões e pressupostos a propósito do designado Caso Freeport que agora tem novos desenvolvimentos, relevantes, no contexto do ambiente misteriosamente conspirativo com que a comunicação social portuguesa tem apresentado este "caso". A este propósito refira-se ainda que, ontem, na entrevista à RTP1, José Sócrates transmitiu uma imagem de determinação, clareza e segurança política apesar do teor das análises dos "comentadores de serviço" das diversas estações televisivas - que, naturalmente, legitimam a nossa perplexidade... na verdade, mais uma vez, trabalhando contra si próprios na ânsia de protagonismo e audição, qualificaram o que viram e ouviram (será que viram e ouviram?) de um tal modo que vale a pena lembrar o velho ditado "mais cego é aquele que não quer ver"... depois de tantos "tiros no pé", seria não só gratificante mas, acima de tudo, dignificante, se, um destes dias, a comunicação social portuguesa recusasse ser um contributo pró-activo da manipulação da opinião pública e voltasse a trabalhar com o profissionalismo responsável que todos os cidadãos merecem e dela têm o direito de esperar... porque os cidadãos querem e precisam de ser informados com objectividade e lisura... é isso que compete ao exercício democrático sério e livre... o tempo do boato, da intriga e da suspeição participa de uma organização social retrógada que em nada coincide com a sociedade do conhecimento e com o sentido de responsabilidade cívica inerente à dimensão de fenómenos como a globalização... o boato e a suspeição podem ser notícia, assumida que seja a sua condição de origem; contudo, nesses termos, não deveriam ocupar as agendas de modo a forçar à indução da culpa ou da interpretação de hipóteses especulativas como verdades. A Liberdade que o 25 de Abril de 1974 proporcionou à sociedade portuguesa, celebra, no próximo sábado, 35 anos... lembremo-nos que a suspeição infundada, o medo, o alarmismo, a manipulação e o boato dos fascismos (cuja polícia política também se designou "polícia de informação") foi uma arma política que pode assumir a forma de liberdade de imprensa ou de expressão se os seus protagonistas não mantiverem sempre presente, na formação e na acção, a ética democrática do direito à verdade e à justiça. Viva o 25 de Abril!

6 comentários:

  1. excelente. mais palavras para quê? tá tudo dito, aqui.
    xico ribeiro

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  2. Era tão bom que um pensamento semelhante fosse partilhado pela grande maioria dos portugueses.
    Mas, há sempre um mas.
    Por mim, já entradote,estou consigo e adorei o seu texto.

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  3. É realmente vergonhosa a forma como a tvi fomenta o boato,qualquer dia não precisamos de tribunais,chamamos a TVI que ela julga.
    Morgas

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  4. Caros Xico Ribeiro, T.Mike e Morgas,
    Obrigado pelos vossos comentários a que só agora me foi possível responder... afinal, estamos todos menos sózinhos do que a mediatização faz parecer... fico feliz por isso. Voltem sempre!

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  5. Compreendo o que aqui diz. Mas discordo.
    Mas mais que tudo, deixa-me triste a dualidade com que estamos a analisar este assunto. Ou somos assim, ou somos assado.
    Nem deveríamos gastar energia neste assunto.
    E o nosso PM está-se a prestar a este papel.
    E o que fez nos minutos finais da entrevista foi vergonhos.
    jfd

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  6. Obrigado pelo seu comentário, jfd... na verdade, também compreendo o que nele diz, designadamente quando se refere à dualidade em que nos não esgotamos e a que somos conduzidos pelo ritmo cego da concorrência noticiosa que minimiza de forma quase desrespeitosa os próprios normativos constitucionais que justificam a sua afirmação de que nem deveria gastar-se energia neste assunto... o problema é a interactividade causa-efeito de estímulos cujo teor desperta, pela sua caprichosa insistência, reacções de indignação.
    Volte sempre, jfd.

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