segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O sentido do voto...


Conhecidos os resultados eleitorais, começa o trabalho de procura dos detalhes que contribuiram decisivamente para o seu desfecho e que configuram a delimitação de campos reactivos adequados... para surpresa de muitos mas, também de não tantos como seria de esperar, o CDS-PP tornou-se a 3ªforça política nacional com representação parlamentar, assente na única percentagem que viabilizará, por si só, a almejada maioria absoluta ao PS. Com uma maioria sociológica de esquerda, definida, grosso modo, pela correlação entre os cerca de 40% alcançados pela soma percentual de PSD e CDS e os cerca de 53% resultantes das votações no PS, BE e CDU, o país confronta-se agora com o quadro especulativo dos cenários possíveis e necessários à governação... o facto permite-nos equacionar a possibilidade de se vir a perspectivar, no curto prazo, a maioria absoluta que agora "caiu" como instrumento eficaz de decisão, dada a quantidade de impasses que a negociação pode implicar entre forças políticas distintas, determinadas em fazer sentir o respectivo poder... Ao Portugal que somos, triste e empobrecido, a lutar desesperadamente pela sobrevivência nas águas agitadas das dinâmicas económicas contemporâneas, resta esperar que os partidos políticos com assento parlamentar sejam capazes de ultrapassar os interesses sectoriais dos seus "nichos" de mercado e de trabalhar conjuntamente e com afinco na procura de soluções efectivas negociadas de boa-fé e determinadas em ultrapassar exigências que poderão um dia ser ultrapassadas mas que, provavelmente, no presente, necessitarão de ser adiadas de forma a que o país não pare, no lago de águas paradas em que vimos fermentar, por exemplo, o caso da substituição do anterior Provedor de Justiça... a realidade carece de discernimento, acção e celeridade e para se lhe responder adequadamente, exige-se responsabilidade social, cívica e política, ao mosaico partidário nacional... O voto dos portugueses solicita pacificação social negociada e efectiva... seria um sinal claro de maturidade política democrática encará-lo como tal e não como pretexto para o bloqueio... os portugueses estão há muito tempo a pagar muito caro por uma economia em vias de se desenvolver em termos de capacidade produtiva e de se emancipar de duas das suas maiores amarras: endividamento e défice... condená-los a mais tempo de improdutividade e estagnação em nome de tentadoras estratégias político-partidárias de curto e médio prazo, será, de facto, desrespeitar a expressão do Direito de Voto que, enquanto janela do presente que nos permite a expressão sobre o futuro que queremos, é ainda o símbolo maior do exercício democrático.

domingo, 27 de setembro de 2009

De novo, a Liberdade!...



Portugal continua a privilegiar a Liberdade!... Estamos todos de Parabéns! Um Grande Abraço a Todos!

sábado, 26 de setembro de 2009

Reflexões Partilhadas...

Houve um tempo, depois de Abril, em que o voto era pensado apenas como arma de protesto... Hoje, mantendo essa dimensão reactiva de expressão contestatária, o voto é, acima de tudo, a manifestação afirmativa das nossas escolhas... e as escolhas, caros Amigos e Leitores, não se resumem nem podem resumir-se à negação do que não queremos, sob pena de ganharmos o que, também, não queremos... porque o contrário de uma coisa não é apenas o seu reverso mas, isso sim, uma variada panóplia de possibilidades, assememlhadas por certo mas, distintas... e, estou certa!, há muita coisa que não desejamos... Não podemos, por isso, trocar a preciosidade de um voto num simples "Não!" dirigido a "isto" ou "aquilo"... porque o voto configura um tempo de vida de 4 anos, demasiado tempo para poder ser perdido entre regressos ao passado ou discussões inférteis entre oposições - que, definitivamente, se não podem entender e cuja aspiração ao exercício do poder se esgota na vaidade de com mais frequência se verem ao espelho da comunicação social... o voto é, se em nós reside a grandeza humana de transcendermos os nossos pequenos interesses e as nossas pequenas contrariedades, a manifestação imensa da nossa universal humanidade porque, com ele, damos voz ao interesse colectivo e ao bem-comum... Por todos nós, integrados e excluídos, mais pobres e menos pobres, homens e mulheres, crianças e idosos, rurais e urbanos, é urgente responder à chamada da nossa comum capacidade decisória para, com altruísmo e confiança, participarmos na construção do presente possível a pensar num futuro melhor!... Sejamos realistas, sejamos justos, sejamos bons... por um país melhor, para todos!... é este o voto sentido e fraterno que hoje aqui faço, com humildade cívica e o sentido da responsabilidade de uma cidadã consciente que em cada pessoa vê toda a Humanidade... Não mataremos a esperança de um país livre, democrático e fraterno, de um país que recusa o cinzentismo triste e obcecado do lucro, de um país vivo, a lutar por si próprio, sensato e solidário, empenhado num mundo melhor, com mais emprego, menos pobreza e sem guerras inúteis! Viva a Vida! Viva a Liberdade! Viva Portugal! Até amanhã...

(Este post foi também publicado no Público-Eleições 2009 e no Simplex)

Outro Mundo...



... porque não podemos desistir da esperança!... por um "Otro Mundo"... de Manu Chao...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Leituras cruzadas...

Entrámos na recta final das eleições legislativas... Já tanto foi dito que o melhor é retomar o caminho da nossa própria reflexão e perceber, entre manipulações e demagogias, a quantidade de armadilhas que a ilusão cria, pela sede de poder... por isso, deixo hoje, aqui, também sem outros comentários, algumas sugestões de leitura que deixam ao leitor o indispensável espaço da liberdade para o elaborar das adequadas conclusões:


Dos Jogos Malabares à Teoria da Conspiração... de Osvaldo Castro

Epifania Eleitoral e Não Votes PS * de Valupi

A Saúde Mental dos Políticos de JM Correia Pinto

Reflexões Finais (1) de Eduardo Graça

D.José Policarpo com algum Humor de João Abel de Freitas

Um Poeta (com o cérebro) Asfixiado de João Magalhães

Por falar em "desprivatização" de João Carvalho

A tensão na campanha de MFL... de Carlos Santos

(* o post "Não Votes PS" da autoria de Valupi foi publicado no Aspirina B às 23.30h)

Razões de Uma Escolha...

Queremos um País Melhor!... Apostado nos grandes desafios do século XXI e capaz de: promover o uso das energias alternativas, limpas e amigas do ambiente; valorizar um Ensino Público de qualidade, igual para todos; consolidar o Serviço Nacional de Saúde e a Segurança Social; combater o desemprego reforçando a auto-estima dos cidadãos e reforçando as suas competências de inserção e integração social; garantir formas de formação e reconversão profissional; oferecer condições para o aparecimento de novas entidades empregadoras através do estímulo ao investimento público, ao investimento externo e à dinamização do mercado interno de forma a que possamos revitalizar o ritmo de aparecimento das PME's; desenvolver uma política de segurança assente na resposta multifacetada dos meios de combate ao crime organizado e da prevenção da exclusão social e da opção por modos de sobrevivência que não revejam na economia paralela as formas mais fáceis de subsistência ou afirmação social; colaborar activamente numa política externa multilateral defensora da coexistência pacífica e da regulação negociada dos conflitos internacionais; facilitar a ascensão social em função do mérito e das competências individuais; defender as liberdades fundamentais dos cidadãos e os Direitos Humanos... Queremos um País Melhor!... um país que não perca mais tempo, retrocedendo socialmente para pontos de partida constantemente repetidos que não alcançam nunca o seu ponto de chegada, isto é, os seus objectivos. Queremos um País Melhor!... um país que prossiga no caminho da paz e da conciliação, que construa as condições indispensáveis para o desenvolvimento sustentado de que pessoas e regiões precisam para poder vencer desvantagens e assimetrias estruturais... Queremos um País com Futuro que se não disperse em reacções estéreis de ressentimento ou vingança que conduzirão à continuidade dos impasses de que tanta dificuldade temos tido em sair... Queremos Viver Melhor!... num país mais justo e fraterno que, em paz, possa vencer a crise e avançar no caminho do progresso consolidado e inequívoco da Democracia!... por isso, sem desvalorizar outras formas de ser e pensar, votamos, convictamente, com a seriedade consciente da partilha de uma responsabilidade social comum, no Partido Socialista, cuja visão do mundo e programa de acção política para gerir o Estado e o País, nos permite sonhar e esboçar um futuro viável... sem demagogias fantasiosas ou omissões equívocas, com transparência e determinação! Por todos nós!
(Este post tem publicação simultânea no Público-Eleições 2009 e no Simplex)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O Som da Esperança...



Thelonius Monk ... Off Minor... de 1963...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Vale a Pena...


Estimular o trabalho, o pensamento e a criação é sempre um acto criador e libertador, gratificante para todos, os que são agraciados com os estímulos e os que, de uma ou de outra forma, os partilham. A Nossa Candeia agradece por isso ao O Valor das Ideias e ao Vermelho Côr de Alface por nos distinguirem com o Prémio "Vale a Pena Ficar de Olho Nesse Blog"... Correndo o risco de repetir blogues que gosto de visitar e ler já anteriormente referenciados por este prémio e deixando muitos outros por referir desta vez (ainda bem que há "mais marés que marinheiros"), penso que vale a pena ficar atento aos seguintes:













sábado, 19 de setembro de 2009

Contra a Asfixia Social...

Hoje, em Coimbra, no comício do Partido Socialista, Manuel Alegre confrontou o país com a demagogia inerente ao artifício demagógico de Manuela Ferreira Leite que se tem insurgido contra uma "asfixia democrática" que o olhar da líder do PSD reconhece em Portugal e não vê na acção de Alberto João Jardim... seria ingénuo pensar que o recente slogan de Manuela Ferreira Leite não resultara de um cálculo político elementar que tomara em consideração a presumida desavença de Manuel Alegre em relação ao PS... porque foi Manuel Alegre quem, num outro contexto e em relação a realidades específicas e datadas, evocara um certo "clima de medo" que só uma estratégia partidária de direita, com débeis fundamentos e paupérrimo gosto, poderia pensar em evocar para sua defesa contra a Esquerda... Por isso, foi importante a intervenção de Manuel Alegre que ergueu, poética e forte, a sua voz poderosa contra a manipulação... De forma clarividente, Manuel Alegre foi a Coimbra dizer que Portugal foi grande quando foi universal e não quando esteve "orgulhosamente só" e explicou, de forma clara e oportuna, que a asfixia democrática é, nada mais nada menos, do que a asfixia social a que conduz a pobreza resultante da aplicação de políticas de direita, valorizadoras do liberalismo e redutoras da acção social do Estado. Por isso e porque "quando se esvazia um direito social, estão a enfraquecer-se os direitos políticos", defendeu que "Portugal precisa de um governo de esquerda e a esquerda possível é o Governo PS" contra "a direita dos interesses", enunciando o desafio que se nos coloca nas eleições que se aproximam: "Recusar um Estado mínimo para os pobres e um Estado máximo para os poderosos"... desta intervenção deveria o PSD retirar uma lição: a de que o plágio, nomeadamente descontextualizado, é abusivo e pode fazer com que "o feitiço se volte contra o feiticeiro" pois só o original sabe defender com lisura as suas deduções porque só ele conhece a intencionalidade da sua enunciação... e é à Esquerda, com o Partido Socialista, que, neste momento, se impede a sujeição dos portugueses à anunciada asfixia democrática que tanta experiência de uso tem já na Ilha da Madeira.

(Este post tem publicação simultânea no Simplex e no Público-Eleições 2009)

Jornalistas...

Uma nota breve a propósito da qualidade do jornalismo mediático em Portugal: apesar do argumento sobre a respectiva precariedade laboral, a qualidade do jornalismo em Portugal tem decrescido substancial e perigosamente nos últimos anos... o suficiente para se pensar que, afinal, o 4º poder é muito mais sombrio do que poderiamos supôr e para se colocar a questão da consciência deontológica de muitos dos que detêm a possibilidade de exercer esta actividade que retira à liberdade de expressão e de imprensa a dignidade que um passado de credibilidade e confiança conferiram a estes princípios. Alinhada político-partidariamente ou mercantilmente, informação e opinião surgem misturadas, sem critério distintivo, manipulando descaradamente a opinião pública que deveriam ajudar a formar de modo desinteressado e altruísta... perde-se informação e fomenta-se a desconfiança numa classe que deveria poder considerar-se guardiã das liberdades. Não vou citar nomes dos episódios que recentemente mais chocaram quem exige seriedade à comunicação social (como um profissional com responsabilidades editorais que muito surpreendeu ao fazer a mais descontextualizada e ridícula defesa da intervenção de Manuela Ferreira Leite no debate com José Sócrates ou do tempo de antena televisivo gasto entre pivots e jornalistas com conversas exploradas até ao absurdo sobre explicações vazias de informação para legitimar erros crassos de uma das partes, criando margem para a construção de graves suspeitas sem sustentação)... mas, vou referir, pela sua quase raridade, as leituras e posturas justas e adequadas de profissionais sérios que tive o prazer de ouvir nos últimos dias... refiro-me a Óscar Mascarenhas, Rui Baptista, Mário Bettencourt Resende e Luís Delgado - cujas intervenções têm sido, ao longo da campanha eleitoral em curso, excepções à mediocridade da regra que nos permitem respirar de alívio por ainda termos, no nosso país, pessoas com autonomia de pensamento, capazes de praticar a crítica, com ética e discernimento. Bem-hajam!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Obama pela Paz... contra os Mísseis na Europa!

O programa de mísseis nucleares para a Europa foi interrompido... era uma luta velha, esta, travada entre cidadãos que combatem o desarmamento nuclear em nome da paz e da dissuasão pelo recurso ao medo e ao terrorismo implacável que a ameaça de morte colectiva implica e os que, por xenofobia, só na escalada da guerra se sentem seguros... Estados Unidos e Europa, aliados contra o desarmamento, eis uma causa que, desde a Guerra Fria à Guerra das Estrelas, juntara milhões... contra os milhões gastos em nome de fantasmas, capazes apenas de reproduzir a lógica do terror... A primeira vitória da Humanidade contra o Armamento pertenceu, no século XX, a Mikhail Gorbatchev... agora, já no século XXI, foi Barack Obama quem venceu o impasse... corajosos, Medevedev na Rússia e diversos líderes europeus, aceitaram o ensejo do Presidente norte-americano que desenvolveu intensissimas e discretas negociações para o efeito... por isso, vale a pena dizer que a política ainda é o espaço das causas nobres... sem expectativas de desumanidades perfeccionistas ou falsos moralismos, progressivamente... "Yes, We Can!"... obrigado, Obama!... por todos nós!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Poder e Corrupção...



Desculpem a reprodução em inglês que não resisto em partilhar por ser o que de melhor me ocorre a propósito da correlação entre poder e corrupção... porque há momentos em que só a arte nos serve de catarse, nomeadamente quando chegam ao conhecimento público casos de algumas práticas político-partidárias que se vão desenvolvendo nos bastidores dos que apregoam a verdade para, independentemente dos meios utilizados e gratuitamente, legitimarem a sua persistência obsessiva e sem escrúpulos, na corrida para o poder... porque garantir votos por 30 euros em bairros sociais (ver a notícia ilustrada com vídeos aqui) é uma atitude inqualificável, por analogia, a memória recordou-me a peça "Ricardo III" de William Shakespeare - de que aqui se pode ver um dos excertos de um filme incomparável que conheci na Cinemateca quando era seu Director João Bénard da Costa... uma memória alegórica é certo mas, que adquire sentido no cerne da mensagem de Shakespeare: a ambição cega tudo legitima...

Democracias...



Leonard Cohen... "Democracy".

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Democracias Ibéricas e Desenvolvimento Peninsular


Antes de mais, a Península Ibérica precisa de 2 países independentes, autónomos, cooperantes e amigos... Geoestrategicamente, a União Europeia, também... E Espanha já tem demasiados problemas regionais para poder interessar-se pelo acumular de um problema político que significaria a anexação portuguesa - ainda mais quando as regras da economia contemporânea lhe permitem usufruir do mercado nacional... Por isso, quando se evoca o interesse nacional, convém lembrar os arautos de um passado que não deixa saudades:
Foi em nome do interesse nacional que, em 25 de Abril de 1974, se levantou a voz da Pátria sob a forma de cravos, a despontar, vermelhos, na ponta das espingardas dos soldados que fizeram Abril... contra a Guerra, o isolacionismo e o nacionalismo provinciano e manipulador de medos: o comunismo, a liberdade e a democracia. A democracia portuguesa serviu de inspiração a muitos... a Espanha, por exemplo... é, por isso, profundamente injusta e descabida a invocação de um velho preconceito xenófobo apenas para se propagandear uma mensagem que serve, apenas conjunturalmente, no contexto do calendário da campanha eleitoral, para servir a defesa de uma ideia inútil - porque não construir o TGV não resolve, de modo algum, os problemas da economia portuguesa. "Orgulhosamente, Sós"? Não, Obrigado!

Obama e o Tibete...




Barack Obama desenvolve esforços no sentido de recuperar a autonomia do Tibete contra a hegemonia da China (ler aqui), comprometendo-se com o apoio ao povo Tibetano na protecção da singularidade da sua herança religiosa, linguística e cultural e com a luta pela garantia do respeito pelos seus direitos humanos e liberdades civis. Seria extraordinário que, com a deslocação a Dharamsala para conferenciar com o XIV Dalai-Lama, Tenzin Gyatso, o seu representante assumisse uma agenda efectivamente capaz de alterar a correlação de posturas diplomáticas entre a China e o Tibete, de modo a que fosse devolvido ao povo do Tecto do Mundo o direito de viver e praticar a sua cultura em liberdade... uma causa antiga e justa, símbolo do direito de todos à sua própria identidade!

Entre o TGV e a Comunicação Social...

Ainda nem foi a votos e já despertou uma crise que pode ter impacto internacional... trata-se de Manuela Ferreira Leite, claro! A líder do PSD, escudada num nacionalismo bacoco que pretende justificar-se com custos e benefícios para o país, decidiu investir contra um acordo de Estados, causando perplexidades e declarações públicas do Ministro do Fomento e das autoridades regionais extremenhas de Espanha que deixaram claro não poder vir a confiar num Estado que rompe unilateralmente com os acordos, a palavra e a cooperação. Como se não bastasse, a artificial polémica sobre o TGV (que o PSD defendeu e de que não prescindiria se fosse Governo) implica, no caso da desistência nacional deste investimento no calendário previsto, uma perda de 333 milhões de euros para Portugal... e assim cai por terra mais um dos argumentos da senhora que insiste em querer liderar o Governo de um país que não tem estrutura económico-social para falhar investimentos desta ordem à conta de "gaffes" e irreponsabilidades cujos efeitos nem do ponto de vista político são acautelados. Envergonhados devem também ficar muitos dos jornalistas da "nossa praça" que se têm empenhado, na campanha eleitoral em curso, em construir de Manuela Ferreira Leite uma imagem em tudo contrária ao que a mais simples observação do senso comum constata... enfim... cada um olha e vê o mundo com a côr das lentes que se lhe assemelha conveniente... o que é inegável é que não se vislumbram, entre parte significativa da comunicação social e no maior partido da oposição, efectivos sinais de preocupação com o interesse nacional. É pena!
(Este post tem publicação simultânea no Público-Eleições 2009 e no Simplex)

Leituras cruzadas...

Como era aquela oportuna quadra de António Aleixo?....


"O mundo vai mal, dizemos
E vai de mal a pior,
Mas afinal nada fazemos
P'ra que ele seja melhor"
(in "Este Livro que Vos Deixo")


Reflexões que, no actual momento político, deixam em revisão os pequenos interesses... será?... por falta de aviso, não, seguramente já que, dados e sinais estão lançados (como, provavelmente, diria, de novo, Sartre)... restam-nos as decisões... a ler, como sugestões denotadoras de que a perfeição é, apenas, um esforço de aproximação e a imperfeição, humana, ficamos, como sempre, por mais que o relativizemos, com o futuro nas mãos das nossas escolhas... porque, de facto, melhor é possível mas, voltar atrás não é, pelo menos neste contexto e neste momento, a melhor forma de o tentar... e a união do diverso é que faz, no concreto, a força... no caso, a força da razão a que subjaz um sentido de altruísmo responsável e desinteressadamente, convicto.

No Margens de Erro, Pedro Magalhães

No Delito de Opinião, Carlos Barbosa de Oliveira, Pedro Correia e Sérgio de Almeida Correia *

No Politeia, JM Correia Pinto *

No Câmara dos Comuns, Carlos Santos

No Activismo de Sofá, JRV

No Vermelho Côr de Alface, T.Mike

No Simplex, Eduardo Graça

No Crónicas do Rochedo, Carlos Barbosa de Oliveira

No Puxa Palavra, Raimundo Narciso

No Duas ou Três Coisas, Francisco Seixas da Costa

(os dois post assinalados com asterisco, da autoria, respectivamente, de Sérgio de Almeida Correia e de JM Correia Pinto foram integrados hoje, dia 14/09, pelas 16h)

sábado, 12 de setembro de 2009

Refrescar a Memória...

Em 2005, as eleições caracterizaram-se pelo debate sobre o défice da economia portuguesa. Equacionados os programas e os candidatos, os portugueses deram a vitória ao Partido Socialista e José Sócrates assumiu a governação. Nessa altura, exigia-se ao Primeiro-Ministro de Portugal que equilibrasse as contas públicas, a título de condição para o desenvolvimento do país. Apesar de difícil, o desafio cuja vitória nunca foi perspectivada pelos próprios eleitores como garantida, foi vencido a meio da legislatura e os cidadãos quase nem acreditavam que, finalmente, uma tão continuada e ingrata luta, fora vencida. O país respirou de alívio e sorriu, numa auto-representação valorizadora da democracia e da esquerda democrática. É bom não o esquecer! Porque a crise económica internacional que sobreveio depois, faz agora praticamente um ano, não é da responsabilidade do Governo português… e a forma, bem sucedida no contexto internacional, com que o Governo de Sócrates a enfrentou, conseguiu que os dois últimos trimestres do ano fossem positivos e que o país saísse da recessão técnica. Nesta vitória, apenas a França e a Alemanha conseguiram o mesmo resultado que Portugal. E se, apesar do efeito dramático da subida do desemprego e das crises de sustentabilidade das empresas, Portugal escapou ao descalabro espanhol que viu o número de desempregados chegar aos 18%, mantendo no limiar dos 10% (que não chegámos a atingir) e se, apesar de tudo o que no actual Código do Trabalho pode ser criticado, o país conseguiu que o regime de contratação precária fosse reduzido e que o lay-off funcionasse devolvendo a potenciais desempregados o seu local de trabalho, ninguém pode dizer que o Governo se não empenhou até ao limite para re-negociar com os patrões das multinacionais, condições de continuidade no país. Nesta breve caracterização do panorama económico nacional há uma garantia de seriedade e transparência de actuação política que não temos o direito de ignorar!... principalmente quando quem elegeu como seu inimigo o Partido Socialista se caracteriza pelo exercício de uma demagogia, no caso do PSD, marcada pela ambiguidade e a omissão que tudo permitirá ou, no caso do BE, pela discursividade radical e sem qualquer utilidade ou sustentação para um país cuja classe média fica muitíssimo mais perto do empobrecimento, da estagnação e do retrocesso social.
(Este post tem publicação simultânea no Público-Eleições 2009 e no Simplex)

O som do tempo...



"Blue Monk" - um tema inesquecível de Thelonius Monk em 1958...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Um Debate Transparente...

O debate entre José Sócrates e Francisco Louçã tornou evidente a demagogia gratuita e confrangedora do programa eleitoral do Bloco de Esquerda que, para além de um diagnóstico conhecido de toda a gente e que tem, aliás, servido de base a todas as intervenções políticas e partidárias (do Governo ao PSD, do CDS ao BE, da CDU ao MEP e por aí adiante) e de uma enumeração de medidas também conhecidas dos portugueses desde o PREC, se caracteriza pela incapacidade de explicar os eixos sobre os quais assenta. Vejamos o que propõe, grosso modo, o programa eleitoral do BE através da sua problematização: a) onde vai o Estado encontrar fontes de financiamento para arrecadar receitas que lhe garantam sucesso na gestão das nacionalizações da banca, dos seguros e das empresas energéticas?; b) onde vai o Estado encontrar dinheiro para, além do referido na alínea anterior, suportar a Segurança Social, o Sistema Nacional de Saúde e o Ensino Público?; c) com que receitas pode o Estado, através da Caixa Geral de Depósitos, suportar a importação de créditos mal-parados de, por exemplo, um BPN?... De facto, o Bloco e o seu líder entusiasmaram-se na redacção de um documento sem viabilidade económica ou financeira que não é, de modo algum, uma alternativa política para o país. Por mérito próprio e pela sustentabilidade do programa eleitoral do Partido Socialista, ficou ontem claro, para os eleitores, que José Sócrates representa, de facto, sem aspirações a perfeições que só existem no imaginário e que apenas devem ter como função ser referenciais de acção, um projecto adequado ao estado da economia e da sociedade portuguesa no actual contexto de crise... o projecto da Esquerda possível no Portugal da 1ª década do século XXI.
(Este post tem publicação simultânea no Público-Eleições 2009 e no Simplex)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Demagogia - A Estaca Zero do Desenvolvimento...

Entre o aparentemente tácito apoio de Manuela Ferreira Leite a muitas das generalidades de Francisco Louçã e as recentes descobertas de Paulo Portas no que respeita às PME's (agora referidas 34 vezes no seu programa contra 0-zero referências no anterior programa) e ao papel do Estado no Serviço Nacional de Saúde ou na Segurança Social, fica clara, perante a opinião pública, a extraordinária natureza plástica da demagogia, capaz de, num mesmo facto ou princípio, o reconhecer com tanta legitimidade como ao seu contrário... felizmente, para os eleitores avisados fica a evidência de que confiar em demagogos é, seguramente, negligenciar o sentido do voto e desperdiçar uma oportunidade para contribuir, de forma racional e positiva, para um projecto de governação do país que não pode, sustentadamente, emergir de ressentimentos que reconduziriam os eixos da governação à estaca zero para reeditar interesses corporativos de má-memória que aguardam, a cada esquina, oportunidade para voltar ao poder.

Leituras cruzadas...

Carlos Barbosa de Oliveira e Pedro Correia no Delito de Opinião

João Abel de Freitas no PuxaPalavra

Carlos Santos no O Valor das Ideias

Valupi no Aspirina B

Leonel Moura no Simplex

JM Correia Pinto no Politeia

JRV no Activismo de Sofá

... conclusões: ao cuidado do leitor :)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Liberdades...

A democracia mede-se pelo grau de respeito pelas liberdades fundamentais que radicam no direito de escolha. Escolher é o contrário de ser forçado. Escolher é poder, perante várias alternativas, decidir qual é a que se adequa aos interesses e valores de cada um. O direito de escolha não limita ninguém. A sua impossibilidade condiciona. A ausência do direito de escolha contraria a liberdade, legitimando ditaduras e discriminações. Os cidadãos têm direito de escolher entre casar ou viver em união de facto; têm direito a decidir, perante a sua consciência, divorciar-se ou sujeitar-se à violência de uma relação insatisfatória; têm direito a escolher a pessoa com quem querem viver e a forma como o querem fazer, sem discriminações em função do sexo, da etnia, da orientação sexual, da deficiência ou da religião; têm direito a decidir se querem ou não ter filhos; têm direito de errar e de não ser condenados a viver ou a condenar outrem a viver os efeitos desse erro. Ajudar os cidadãos a ter a liberdade de escolher (o casamento, a união de facto, o aborto, o divórcio, a transmissão dos bens) é uma das funções mais nobres do Estado Democrático. Não o compreender, não o aceitar e não o defender deixa dúvidas sobre o grau de tolerância e de respeito pela dignidade dos seres humanos.
(Este artigo foi publicado hoje, 7 de Setembro de 2009, no jornal Diário Económico)

A alma da música pela mão do artista...



"Liebestraum" de Franz Lizst... numa interpretação ímpar de Lang Lang...

sábado, 5 de setembro de 2009

Sentido de Estado...

Sentido de Estado!... o debate entre José Sócrates e Jerónimo de Sousa revelou, antes de mais e sem prejuízo da afirmação assumida das respectivas diferenças, sentido de Estado. Registe-se. Faz falta a Portugal a dignidade do debate político. Portugal Primeiro!



(Este post foi publicado no Público-Eleições 2009 e no Simplex)

Recentrar o Debate nos Problemas Reais do País

A mais recente polémica contra o Partido Socialista foi, mais uma vez, levada a cabo através de acusações ao Governo de José Sócrates, sugerindo e explorando a hipotética ingerência do Estado na Administração de uma empresa... seria mais um ataque grosseiro, daqueles que configuram a habitual falta de ética e de ponderação, não fosse tratar-se de uma empresa de comunicação social com dimensão nacional, mais ainda, caracterizada pelo protagonismo de Manuela Moura Guedes que, em nome do jornalismo, promove a divulgação de factos e associações de ideias sem comprovação prévia, assentes em especulações que não atendem sequer ao princípio da presunção de inocência, dando voz à sua opinião num espaço que, em horário nobre, se anuncia e apresenta como espaço informativo. Uma alteração na grelha informativa que anuncia pretender homogeneizar a linha editorial da edição dos serviços informativos da hora de jantar, levou ao afastamento da jornalista que protagonizava o programa que ocupava esse horário às 6ªs feiras. O caso, levado a extremos que nele viram a intervenção ibérica de um poder supra-nacional, a interferência político-partidária dos socialistas luso-espanhóis e, como tentou dizer Mário Crespo a Azeredo Lopes, um reflexo da propalada "asfixia democrática" enunciada pela líder do PSD (sem sucesso, diga-se em abono da verdade, porque Azeredo Lopes se recusou a comentar uma expressão utilizada em campanha por um partido político), talvez se resuma ao que bem sintetizou, com a habitual clarividência, Óscar Mascarenhas, que nele vislumbrou o possível "braço-de-ferro" entre Manuela Moura Guedes e o Conselho de Administração da TVI... porque, como bem lembrou o reputado jornalista e académico, reconhecido pelo seu trabalho sobre ética e deontologia, Óscar Mascarenhas, a jornalista pertencia ao núcleo de confiança dessa Administração e não é suposto vir chamar "estúpidos" aos que a pretendiam retirar do "ecrã" se não existisse um precedente conflitual em que Moura Guedes perdeu um grande aliado, a saber, o seu próprio marido... Não permitir que a dimensão política se reduza a questões domésticas e de gestão empresarial é um sinal de maturidade democrática... importante e urgente, particularmente em períodos pré-eleitorais... por isso, esperemos que os partidos e os comentadores saibam distinguir, com discernimento e distanciamento, o trigo do joio e não se deixem tentar até à exaustão pelo sensacionalismo gratuito e especulativo... em detrimento do debate político nacional.
(Este texto foi também publicado no Público-Eleições 2009 e Simplex)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Infantilismo social...

Quando se pensa na relação entre a ética e a política, surgem, muitas vezes, enredos conceptuais e discursivos que desvirtuam a análise e confundem leitores ou ouvintes... aconteceu há dias com a referência, extemporânea e sem rigor, de Paulo Rangel a Maquiavel... o facto concorre, apesar do recurso à evocação de figuras históricas, para uma ilusória retórica que pretende reflectir seriedade sem, no entanto, ser mais do que o pouco inocente reforço de um injusto equívoco de que a demagogia se serve, manipulando a opinião pública como se o eleitorado se conformasse com uma espécie de infantilismo social... a este propósito, Fernando Cardoso escreveu no Ayappa Express, um texto que vale a pena ler e que se intitula "A Mãe"...