quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Breves sobre a complexidade económica nacional

É o próprio FMI que afirma que, por ora, nada tem previsto no sentido de intervir em Portugal... de qualquer modo, como bem alertou hoje Luciano Amaral no jornal gratuito "Metro", mesmo que viesse, a sua intervenção não teria o efeito salvífico que muitos lhe pretendem atribuir porque um dos seus instrumentos de eleição reside na desvalorização das moedas nacionais - realidade que não pode aplicar-se aos Estados da Zona Euro, por motivos óbvios. Deixemos-nos, por isso, de acenar com fantasmas e pensemos antes como compatibilizar duas realidades anacrónicas e de difícil gestão conjunta cuja necessidade de recurso se nos colocam, em confronto e em paralelo: se, por um lado, a abertura do mercado português às economias em expansão (como é o caso da economia chinesa) pode significar receitas e emprego de curto prazo, tal opção reduz incontestavelmente a capacidade de salvaguardar direitos dos trabalhadores e adia a única sustentabilidade viável para o médio e longo prazo: reforçar e desenvolver o aparelho produtivo nacional... A questão é pertinente e de urgente reflexão e resposta não apenas no plano do puro debate ideológico mas, no plano incontornável da economia enquanto ferramenta vital da sociedade.

8 comentários:

  1. Ou se começam a criar cursos universitários para profissões ligadas à agricultura, pesca e industria, mas atenção de que não estou a falar dos cursos já existentes, tipo engenheiro agrónomo, que esses apenas servem para lançar palavras ao vento!... e além do mais as pessoas com estes cursos não querem ir semear coisa nenhuma, ou então podemos esquecer de vez o aparelho produtivo deste País. Pois cada vez mais só se pensa em formação superior, como comprovam os últimos discursos do primeiro ministro que até referiu os dados da OCDE... e quem tira cursos superiores e paga bom dinheiro pelo canudo não vai decerto dedicar-se nem à agricultura, nem à pesca, nem à industria... por isso pode somar mais este factor do Ensino Superior ao "bolo" das incógnitas da fórmula...
    Os cursos que referi no início são do tipo: Doutor em Plantio Convencional, outro exemplo, Doutor em Agricultura Biológica... sim e dou já o grau de Doutor porque ser apenas Licenciado não serve para nada!!!

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  2. Cara Ana Paula Fitas,

    Tenho medo de falar disso aos economistas... Medo por de seguida, vem uma avalanche de argumentos que, percebo mas não me convencem e, quando vejo videos,como aquele que editei ontem, sinto-me identificado com as soluções que são exactamente o contrário daquilo que, tipo camartelo, me dizem: Corte na despesa, corte no investimento, corte na despesa, corte no investimento, corte na despesa... como sair deste ciclo sem mudança de paradigma? Tudo isto, para concordar consigo: se não se investe na produção não há outra dinamica que não seja a dependencia externa, o aumento do endividamento e a redução do poder de compra...

    Abraço

    PS: se quiser aceder ao video, veja aqui

    http://conversavinagrada.blogspot.com/2010/09/e-tarde-para-aprender-porque-e-que-os.html

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  3. «reforçar e desenvolver
    o aparelho produtivo nacional...»
    _________________________________________________

    Com efeito, é esse o caminho sustentável.
    Que requer estratégia e negociação.
    Definir o quê e para quem.
    Que produtos para que clientes?

    Dir-se-á que tal cumpre
    às empresas, o governo
    assegurando o quadro
    legal securitário.

    Posso concordar.

    Interditará,
    porém, a mera
    escravização
    dos portugueses,
    ou o enfeudamento
    do território
    a lixeira da Europa.

    Definido o régio
    "não vou por aí",
    avante, negocie-se
    e trabalhe-se.

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  4. Ana Paula,

    Fiz link para "A Carta a Garcia".
    Obrigado,
    Abraço,
    OC

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  5. Caro Voz a 0 DB,
    O problema que aqui coloca é uma das vertentes determinantes da questão. De facto, é essencial começar a valorizar as profissões de sectores económicos que se não esgotem nos serviços que, desde os anos 80, passaram a ser consideradas desejáveis por razões decorrentes da rejeição de uma imagem rural do país considerada ultrapassada e pouco moderna. O facto, por estranho que possa parecer, é aliás um sinal do sub-desenvolvimento nacional que se reflecte de duas formas: a) em cidadãos, famílias e jovens que vivem fascinados com tecnologias, alimentando imagens de um mundo artificial cada vez mais afastado da natureza; b) em representações sociais, institucionais que incluem o próprio Estado que valorizam a gestão de serviços e não investem no sector produtivo.
    Obrigado pelas suas palavras.
    Abraço.

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  6. Caro Rogério,
    Obrigado pela partilha do vídeo... e, se me permite, acrescento que, tal como escrevi na resposta ao comentário do Voz a 0 DB, o problema da incorrecta representação social do desenvolvimento faz parte da formação e, consequentemente, da configuração mental dos próprios economistas...
    Abraço.

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  7. Caro VBM,
    Subscrevo na íntegra o enunciado que aqui regista e que, só por si,analisado com seriedade permitiria equacionar os princípios da indispensável reestruturação económica nacional.
    Abraço.

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  8. Caro Osvaldo Castro,
    É sempre uma honra integrar o "A Ler Outras Cartas" do seu excelente "A Carta a Garcia".
    Muito obrigado.
    Um abraço.

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