domingo, 26 de setembro de 2010

Leituras Cruzadas...

Enquanto a economia mundial continua a sua saga de impasses e dificuldades, enredada na opaca discursividade institucional que, felizmente, alguns economistas persistem em desnudar (leia-se o texto de Nuno Teles no Ladrões de Bicicletas cuja versão integral connosco partilha João Rodrigues no Arrastão), as notícias sobre o futuro económico português continuam a suscitar sérias interrogações (leia-se o texto de Jorge Fliscorno no Aventar) numa sociedade em que o panorama político, marcado pela guerrilha retórica (a que bem alude M.Ferrer no Homem ao Mar e que é magistralmente exemplificada no post de Paulo Guinote no A Educação do Meu Umbigo), relativiza a discussão filosófico-ideológica da dinâmica socio-política (leia-se o texto de Nuno Ramos de Almeida no Cinco Dias) e o sentido de responsabilidade cívica e humana que deveria caracterizar os representantes partidários em quem os portugueses depositam o que lhes resta da confiança e/ou da teimosia em defender projectos de construção social que consideram, uns e outros, por múltiplas razões e motivações, adequados a Portugal (leia-se ou melhor, ouça-se, o que Jose Carlos Molina selecciona no seu Hacia un Mundo Nuevo).... tudo isto, apesar das amargamente tristes experiências que a demagogia tem deixado registadas na história (de que é exemplo, no nosso país, o que Joana Lopes refere no seu Entre as Brumas da Memória) e que muitos persistem em propagandear, confundindo conceitos e escrevendo assertivamente pseudo-juízos sob a capa de informação/opinião (leia-se o texto de Helena Matos no Blasfémias) ou afirmando tudo e o seu contrário numa insólita negligência intelectual que mais parece a a desorientação insegura de quem se habituou a pedir, sem grandes critérios, patrocínios por todo o lado (leia-se o texto de T.Mike no Vermelho Cor de Alface). Felizmente, ainda há, no mundo, povos e cidadãos que não desistem de reiterar a esperança e as convicções em projectos sociais capazes de não minimizar os desafios da pobreza, da violência e da tradicional assimetria económica que recai sempre, com todos os custos, sobre quem trabalha e assim continua a sobreviver, empobrecendo (leia-se o texto de Osvaldo Castro no A Carta a Garcia)... é por isso que, para além da discussão economicista e financeira a que tentam reduzir-nos a realidade, vale a pena continuar a chamar a atenção para o que, apesar de menos visível, é, de facto, essencial e determinante para a coesão solidária do futuro (leia-se o post de Eduardo Graça no Absorto) e para a arte com que temos de continuar a olhar o presente e o futuro (a propósito de arte, leia-se e veja-se o post de Rogério Pereira no Conversa Avinagrada)...

4 comentários:

  1. A blogosfera ainda não é entre nós, mas tende a ser, um espaço de efectiva permuta de ideias e afectos com a abertura que cada um deverá ter em aceitar o outro. Este seu "Leituras Cruzadas" é um contributo importante para estabelecer pontes e dar a conhecer pessoas independentemente da postura que cada uma delas assume perante os outros... É uma das minhas leituras obrigatórias, como sabe.

    Abraço

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  2. Rogério,
    Seremos a ponte, o barco e o caminho para a permuta das ideias, das solidariedades, do debate, da troca de opiniões e dos afectos com que acreditamos contribuir para fazer do mundo um espaço melhor para todos... é por isso que aqui estamos, não é? Na luz de uma candeia, numa conversa mais ou menos avinagrada, aventando dias, cartas, cores, pensamentos e memórias ou arrastando bicicletas, sonhos, heresias para educarmos sempre, mais e melhor, o que somos e a Polis em que vivemos :)
    Abraço, meu bom amigo.

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  3. Ana Paula,

    Obrigado pela S/ amável referência, que no fundo reflecte o desejo de que o Brasil eleja,pela 1ªvez, uma mulher para presidente da República.
    Assim seja, Dilma Roussef vai cumprir essa ambição brasileira.
    Abraço,
    OC

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  4. O prazer é meu, caro Osvaldo... e não vejo a hora de escrever a celebrar essa simbólica vitória :)
    Grande abraço.

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