domingo, 17 de abril de 2011

Leituras Cruzadas...

Sobre o resultado das eleições na Finlândia, para lamento e reflexão de todos nós pelo que significa e simboliza relativamente ao caminho que a UE escolheu percorrer e para o qual todos somos, de uma ou de outra forma, arrastados (mesmo que contrariados e/ou revoltados) e, mais que isso, acusados de resultados que são alheios à nossa liberdade enquanto cidadãos - porque a democracia representativa não é mais que isso: representativa! - e cabe esclarecer que "representativo" quer dizer que identifica uma parte do eleitorado (sem que isso implique maior saber, maior discernimento ou sequer maior consciência!!!), vale a pena ler o que escreveram Luís Menezes Leitão no Albergue Espanhol, Carlos Manuel Castro no Câmara dos Comuns e Eduardo Pitta no Da Literatura... e, talvez por isso, tenha escolhido hoje, como segunda sugestão de leitura e a título de demonstração de um sinal de sentido contrário - para que se não esqueça a importância que a participação cívica e genuína da capacidade organizativa da expressão que, podendo não ser representativa aos olhos do "regime" pode bem ser, essa sim, identificada com o sentir profundo das pessoas e a sua consciência, os textos de Osvaldo Castro no A Carta a Garcia e de Rui Namorado no O Grande Zoo. Mas porque o estado a que chegou a democracia europeia (não é verdade que Hitler alcançou o poder por via eleitoral?!) é o que, sem paliativos, bem ilustra Raimundo Narciso no PuxaPalavra e bem explica, de forma sucinta mas inequívoca, JMCorreia Pinto no Politeia, a situação em que nós, portugueses, nos encontramos, requer respostas não só rápidas mas, essencialmente, urgentes... e não me refiro apenas ao que já consta de mais um acordo que volta a re-hipotecar-nos o futuro (leia-se o já citado JMCorreia Pinto) mas, também no que à nossa efectiva realidade nacional respeita, a despeito do que interessa à especulação dos mercados que, a tal acordo e com o apoio de uma oposição em que tem particular responsabilidade a direita sedenta de poder (que não podemos deixar de perspectivar num contexto europeu de que a Finlândia é apenas mais um exemplo), através de um profundo exercício de reflexão, debate e intervenção concertada para a qual contribuem chamadas de atenção incontornáveis como as que, corajosamente, faz Vital Moreira no Causa Nossa mas, também, os já citados Osvaldo Castro, Correia Pinto e Eduardo Pitta... porque nos encontramos perante o mais absurdo (leiam os textos de Miguel Abrantes no Câmara Corporativa, de Sérgio de Almeida Correia no Bacteriófago e no Delito de Opinião ou ainda o já citado Luís Menezes Leitão) do que poderiamos imaginar em vésperas de uma celebração do 25 de Abril que a todos acordou, reergueu e uniu! ... como se não nos bastasse integrar uma aliança sem capacidade de diálogo e sem estratégia num mundo que se requer de conhecimento inteligente (leia-se Eduardo Maia Costa no Sine Die) e o estado comatoso do planeta (leia-se Manuela Araújo no Sustentabilidade é Acção)!... e pronto!... por hoje chega!... mas, para efeitos de uma catarse indispensável nos dias que correm, deixo ainda uma memória evocada pelo Poet'Anarquista e o "Poema em Linha Recta" que, em boa hora, nos devolve Rodrigo Henriques no Folha Seca.

8 comentários:

  1. FALTAM CIDADÂOS AUTÊNTICOS

    "Quando dizemos que é um resultado importante o viver em democracia, dizemos também que é um resultado mínimo, porque a partir daí começa a crescer o que verdadeiramente falta, que é a capacidade de intervenção do cidadão em todas as circunstâncias da vida pública. Ou seja, fazer de cada cidadão um político. A liberdade de imprensa, a liberdade de organização política é o mínimo que podemos ter, porque a partir daí começa a riqueza espiritual e cívica do cidadão autêntico."
    In José Saramago, nas Suas Palavras

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  2. Excelente e oportuna citação, Rogério!
    Obrigado!
    Subscrevo cada palavra de Saramago, em maiúsculas e a bold...
    Abraço.

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  3. Cara Ana Paula Fitas
    Obrigado pela referência e por ajudar a divulgar um poema de Fernado Pessoa, quanto a mim tão actual.
    Abraço

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  4. Prezada Ana Paula:
    O meu irmão (jornalista) esteve recentemnte à turismo, na Finlândia e me trouxe de lá um "gnominho", ele simplesmente AMOU o país, ele disse que foi o melhor atendimento que ele já teve (em termos de educação). Passou aqui na tv num programa de turismo (cada programa é um país) a Finlândia, eles são um grande exemplo de vida em harmonia, ecologia, etc, com baixa densidade populacional, eles amam a comunicação pelo celular.
    Bem...eu realmente não sei oque significa a direita ter ganho ou continuar lá, mas só peço que seja uma "direita" mais comprometida com valores éticos e sociais...o que eu sei deles é que lêem muito e são muitíssimo instruídos, isso é um dado importante, não são burros, ou seja, foi um voto CONSCIENTE... Penso se vc me permite, que o crescimento da "direita" NA Europa se deve muito à xenofobia, ao ódio dos europeus, ou parte deles, aos estrangeiros, e à crescente crise de empregos que na verdade, se arrasta pelo planeta!As pessoas estão querendo garantir um mínimo para elas e investir num governo que pegue pesado na defesa de valores nacionalistas, essa é a tendência, nenhuma novidade...
    Gozado que estou agora numa cidade (em temporada extensa, sem previsão para saída ou partida), uma cidade de 12 mil habitantes perto de Brasília, chamada Abadiânia (GO) onde convivem numa boa brasileiros com um número enorme de estrangeiros, hoje mesmo um português falou do meu cachorrinho, e a convivência é pacífica!
    Há muitos americanos, ontem estávamos de repente um italiano (da mesma pousada que eu), uma americana de Nova Jersey e uma russa de Moscou convesando. Mais tarde estávamos tirando fotos: eu, uma nicaraguense, um francês (o fotógrafo) e outra brasileira.
    É possível sim.
    SE todos nós sobrevivermos ao neoliberalismo (rs). Resta saber isso, se sobreviveremos.

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  5. Obrigado Ana Paula pelas citações.
    Nos tempos de gravíssima crise que se aproximam é bom nunca esquecer que somente nós podemos defender os nossos direitos. Não adianta apelar aos que os violam e querem destruir para os respeitar!
    Grande Abraço ...dos tempos difíceis

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  6. Cara Ana Paula

    A realidade que nos cerca ao perto e ao longe está muito feia, muito corrompida. Precisamos urgentemente de ânimo e optimismo para lutar por construir algo de positivo, nem que seja um pouquinho. Muito obrigada pela referência ao Sustentabilidade é Acção.
    Beijinhos e uma boa semana :)

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  7. Olá meu querido Pirilampo Mágico! :)
    De volta, mas desta vez apenas para deixar AQUI uma estaladinha de luva branca, do nosso embaixador em França, aos nossos queridos amigos finlandeses. Quanto ao resto, prefiro ficar caladinha...é que já foi tudo dito. Isso é que é trabalhar!...
    Um beijinho e uma boa Páscoa... para descansar! :)

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  8. Paula :))

    Permite-me acrescentar a esta encruzilhada,
    Fábula de Esopo “O Leão e o Rato”, para as gentes do Norte, Sul, Este e Oeste.

    Andava o Leão, rei da selva, em passeio primaveril quando encontrou um Ratinho. Num movimento brusco e ágil o Leão agarrou as orelhas do Ratinho e rugiu: Vou-te comer de uma só dentada, meu lindo Ratinho!
    O Ratinho implorou que o não comesse e argumentou: Não me coma amigo Leão! Por favor! Quem sabe se um dia não o poderei ajudar!... e enfim retribuir a sua bondade.
    O Leão soltou um enorme rugido, rindo do ridículo da ideia. Mas soltou o Ratinho.
    Pouco tempo depois o Leão ficou preso numa armadilha. Preso e amarrado ás cordas, o Leão não se podia mexer e dava rugidos de desespero.
    O Ratinho ao ouvir os rugidos, reconheceu a voz do Leão e aproximando-se começou a roer as cordas que o prendiam . Com muito esforço roeu, roeu até conseguir libertar o Leão. E disse o Ratinho: O senhor Leão riu-se da ideia de um dia precisar da minha ajuda, mas agora sabe que mesmo um pequeno Ratinho é capaz de retribuir um favor a um poderoso Leão.

    Abraço em retribuição de tua atenção
    M.José

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