sábado, 30 de abril de 2011

... Quem Precisa de Inimigos???




Quero hoje, antes de mais, agradecer os calorosos, amigos e fraternos comentários à celebração do 25 de Abril feita no A Nossa Candeia e a que ainda não pude responder condignamente por dificuldade de conciliação de afazeres que regressarão ao ritmo normal a partir do dia 1 de Maio... no entanto, se não estou em erro (já que mal tenho acompanhado as notícias dos últimos dias!), para além da expectativa que rodeia a divulgação dos resultados do trabalho que tem estado a ser desenvolvido ao nível da troika, pouco há a destacar para além, infelizmente!, da constatação de uma fortissima falta de sentido de Estado que os protagonistas, sedentos de mediatização, revelam e que mereceu, entre outras, a justa classificação de "imoralidade" feita por parte de Carvalho da Silva a propósito de sugestões inqualificáveis como a que se refere à penalização das potenciais reformas dos cidadãos que usufruiram de prestações sociais como é o caso do subsídio de desemprego!... E se muitas considerações têm sido tecidas sobre esta proposta apresentada com um sorriso cínico por um conjunto de voluntários consultores tecnocratas do PSD, é interessante reparar como, perante a reacção pública à despudorada e cruel "medida", o próprio PSD vem assumir um aproveitamento político do facto, afirmando que o seu programa será "mais leve" do que, subentende-se!, poderia ser - tal como o comprovam as ideias desses neoliberais inconscientes e irresponsáveis (ler aqui)!!! Apesar desta construção programática milimétrica como resposta ao que se percebe ser desejável dizer para agradar à opinião pública, seduzindo-a sob as mais elementares formas de manipulação e demagogia, é grave que, no actual contexto político-económico, o principal partido da oposição mais não tenha para oferecer aos portugueses do que uma estratégia imatura e infantil incompatível com o desempenho sério das funções do Estado que, ao invés, de procurar soluções e atenuar danos, contribui para a criação de condições para o seu agravamento (ler aqui) . Como se nos não bastasse a incompetência política criadora de estímulos efectivos ao desenvolvimento do aparelho produtivo nacional (condição indispensável para a nossa sobrevivência colectiva como país independente e como solução incontornável para evitar a fome, a exclusão e a miséria), contrariando até as informações insuspeitas e os alertas a que, entre outros (ler aqui e aqui), a Direcção da Caritas de Setúbal, tem dado voz (ler aqui), há movimentos de "notáveis"(??) a defender formas de gestão redutoras dos direitos mínimos dos cidadãos, em nome de uma aritmética de gabinete desumanizada e irrealista (ler aqui)... se tivessem o mínimo de sentido de responsabilidade social, diriam, como o disse Isabel Monteiro, dirigente da Caritas-Setúbal, que a troika tem que ter em atenção, acima de tudo, o grau de pobreza e empobrecimento, de exclusão e risco de exclusão de uma parte muito significativa da população portuguesa... E se essa não for, de facto, uma prioridade na definição das medidas que constarão no programa de "ajuda" a Portugal e se os contributos dos irreflectidos neoliberais forem tomados em consideração, é caso para dizer: "com amigos destes, quem precisa de inimigos?"... Ora, uma coisa é certa: ninguém quer ser governado pelo inimigo!

10 comentários:

  1. Para construir uma amizade são precisos muitos dias de dedicação e bons trabalhos, mas para destruí-la bastam uns segundos com uma frase mal feita e mal pensada - pior ainda dita -

    Os nossos políticos não prestam. São pessoas egoístas e vazias de bons princípios e de moralidade baixa e suja.

    Agora até os sindicalistas entraram na mesma carruagem.
    E que mais nos irá acontecer..????

    ResponderEliminar
  2. Cara Ana Paula Fitas
    Parece-me que esta é uma das campanhas mais pobre de ideias a que assistimos nos ultimos anos. Apesar dos muitos fogachos a que vamos assistindo.
    Abraço
    Rodrigo

    PS: A propósito de um arranjo musical que publiquei, fiz-lhe uma referência

    ResponderEliminar
  3. Luís,
    ... eu gostava de poder, de forma substantiva, alimentar a esperança mas, habituaram-nos de tal modo a sucessivos procedimentos ineficazes e lesivos do interesse colectivo, a estratégias tão mesquinhas e personalizadas de promover a demagogia e o corporativismo que apenas possa deixar o apontamento de que não devemos generalizar os juízos e avaliações -apesar de se aplicarem à maioria!- deixando espaço para honrosas excepções que são, de facto, cada vez mais são raras e, como tal, dignas de um reconhecimento que os distancie dessa massa de decisores e influenciadores... e, caro Luís, quando pergunta o que mais nos irá acontecer, fico sem resposta a não ser: esperemos para ver!... sem perder nunca a nossa capacidade crítica e a liberdade de pensamento e de expressão que, sem alterar na essência, o rumo das opções que tomam, pode tornar público o nosso descontentamento e retirar-nos da condição de cúmplices a que o silêncio, interpretável como anuência, nos pode condenar...
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  4. Caro Rodrigo,
    Subscrevo na íntegra a sua avaliação da campanha em curso e direi que, apesar de tudo!, conseguem ainda surpreender-me pela total ausência de um debate sério e de uma construção argumentativa sustentável... de tal modo, que somos levados a pensar que, na verdade, não sabem fazer melhor e, pior que isso, não querem fazer melhor!... como se lhes bastasse agir assim para enfrentar o adversário!!!... e é extraordinário como têm coragem para enfrentar assim um povo inteiro e uma sociedade de seres pensantes, alimentando os media com tanta mediocridade... é, não só confrangedor mas, acima de tudo, assustador!...
    Agradecendo antecipadamente a referência e apesar de já hoje ter visitado o Folha Seca, vou, de imediato, procurar o arranjo musical que refere :))
    Um grande abraço.

    ResponderEliminar
  5. Oláminha amiga! espero que estejas um pouco mais descansada e aliviada de trabalho... :)
    Isto que se passa no panorama político português é um VEXAME! não consigo encontrar outras palavras! É de morrer de vergonha. Este Bloco Central mostra o lado mais miserável dos portugueses... Essa escória que nos desgoverna devia estar na cadeia! melhor, deviam ser varridos a metralhadora e ponto final!
    Grandes males, grandes remédios... ora agora é que o Otelo e as suas FUP 25, davam um jeitaço!
    Desculpa o azedume, mas sempre disse o que me vai na alma.

    Beijinho e tudo de bom. :)

    ResponderEliminar
  6. Do lado de fora daquilo que tenho vindo a teorizar como o paradigma da inevitabilidade do resgate pois, como julgo que saberá, defendo a reestruturação da divida e a ruptura das negociações (que entendo falsas, embora admita que a trika esteja a tratar o caso Português com "pinças")conduzidas de forma a esfaziaar toda a democraticidade das próximas eleições (ccomo muito bem salienta o The New York Times), não posso deixar, apesar de tudo, de encontrar no seu texto preocupações legitimas e até justeza em alguns dos seus comentários. Contráriamente ao que pensa (e também o nosso amigo Rodrigo) muito se irá discutir entre caminhos alternativos. Isto é, entre o resgate (com medidas mais ou menos duras e penalizadoras) e a renegociação da dívida (resgate). Se tal não acontecer (pois os media pois anular qualquer hipótese de tal acontecer) essa discussão acontecerá fora de Portugal, com Portugal na "berlinda". Já está a acontecer... entre os economistas não "encartados". As debilidades e contradições das lideranças europeias irão acelerar esse processo. Pena se ficarmos na discussão doméstica do paradigma da inevitabilidade do resgate. Será, no minimo, um tremendo disparate...

    ResponderEliminar
  7. Querida Ana Paula

    Subscrevo tudo o que escreves e deixo-te um VIVA O 1ºDE MAIO,com um enorme beijo de amizade.

    Tina

    ResponderEliminar
  8. Querida Fada do Bosque :))
    ... que saudades eu tinha desta lisura de expressão... deste partilhar do que nos vai na alma!
    Obrigado... e se mais não digo é porque o cansaço e a "correria" dos dias pouco espaço me deixam... mas, estou certa que pouco importa já que estou certa do teu sentido e certeiro entendimento :)
    Beijinho com um cheiro de Alentejo que trago na alma em cenário de fundo :))

    ResponderEliminar
  9. Rogério :)
    O excelente contributo que aqui partilha merece mais atenção do que o que neste simples agradecimento fica expresso... mas, o importante é estar aqui e poder ser lido por todos quantos por aqui passam... tem, absolutamente!, toda a razão! Muito, muito obrigado!
    Um grande abraço.

    ResponderEliminar
  10. Querida Tina :)
    ... passaste aqui antes de eu chegar do Alentejo e ter dado lugar à voz do Zeca que sei que te toca fundo e que, por isso, te ofereço :))
    Um grande beijinho e... VIVA O 1º DE MAIO! :)

    ResponderEliminar