
Quero hoje, antes de mais, agradecer os calorosos, amigos e fraternos comentários à celebração do 25 de Abril feita no A Nossa Candeia e a que ainda não pude responder condignamente por dificuldade de conciliação de afazeres que regressarão ao ritmo normal a partir do dia 1 de Maio... no entanto, se não estou em erro (já que mal tenho acompanhado as notícias dos últimos dias!), para além da expectativa que rodeia a divulgação dos resultados do trabalho que tem estado a ser desenvolvido ao nível da troika, pouco há a destacar para além, infelizmente!, da constatação de uma fortissima falta de sentido de Estado que os protagonistas, sedentos de mediatização, revelam e que mereceu, entre outras, a justa classificação de "imoralidade" feita por parte de Carvalho da Silva a propósito de sugestões inqualificáveis como a que se refere à penalização das potenciais reformas dos cidadãos que usufruiram de prestações sociais como é o caso do subsídio de desemprego!... E se muitas considerações têm sido tecidas sobre esta proposta apresentada com um sorriso cínico por um conjunto de voluntários consultores tecnocratas do PSD, é interessante reparar como, perante a reacção pública à despudorada e cruel "medida", o próprio PSD vem assumir um aproveitamento político do facto, afirmando que o seu programa será "mais leve" do que, subentende-se!, poderia ser - tal como o comprovam as ideias desses neoliberais inconscientes e irresponsáveis (ler aqui)!!! Apesar desta construção programática milimétrica como resposta ao que se percebe ser desejável dizer para agradar à opinião pública, seduzindo-a sob as mais elementares formas de manipulação e demagogia, é grave que, no actual contexto político-económico, o principal partido da oposição mais não tenha para oferecer aos portugueses do que uma estratégia imatura e infantil incompatível com o desempenho sério das funções do Estado que, ao invés, de procurar soluções e atenuar danos, contribui para a criação de condições para o seu agravamento (ler aqui) . Como se nos não bastasse a incompetência política criadora de estímulos efectivos ao desenvolvimento do aparelho produtivo nacional (condição indispensável para a nossa sobrevivência colectiva como país independente e como solução incontornável para evitar a fome, a exclusão e a miséria), contrariando até as informações insuspeitas e os alertas a que, entre outros (ler aqui e aqui), a Direcção da Caritas de Setúbal, tem dado voz (ler aqui), há movimentos de "notáveis"(??) a defender formas de gestão redutoras dos direitos mínimos dos cidadãos, em nome de uma aritmética de gabinete desumanizada e irrealista (ler aqui)... se tivessem o mínimo de sentido de responsabilidade social, diriam, como o disse Isabel Monteiro, dirigente da Caritas-Setúbal, que a troika tem que ter em atenção, acima de tudo, o grau de pobreza e empobrecimento, de exclusão e risco de exclusão de uma parte muito significativa da população portuguesa... E se essa não for, de facto, uma prioridade na definição das medidas que constarão no programa de "ajuda" a Portugal e se os contributos dos irreflectidos neoliberais forem tomados em consideração, é caso para dizer: "com amigos destes, quem precisa de inimigos?"... Ora, uma coisa é certa: ninguém quer ser governado pelo inimigo!