terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Da Emigração à Ausência de Políticas Credíveis

No ano que agora termina, saíram de Portugal 100.000 cidadãos em busca de melhores meios de sobrevivência e a emigração, de mera possibilidade, passou a cenário de uma realidade sombria que paira, de facto!, sobre o país (ler aqui), apesar dos evidentes prejuízos que o facto arrasta para a economia e a sustentabilidade social portuguesa!... é por isso completamente absurda, inusitada e despropositada a condescendência (para não dizer, incentivo!) à emigração que muitos dos escolhidos pelos eleitores para o exercício governamental, têm vindo a fazer, trocando a política por um senso-comum que revela, não só pouca sensatez, mas, também, o contrariar da prioridade que a escolha democrática supostamente implicaria, a saber: um eficaz empenhamento na criação e apresentação de soluções capazes de promover o crescimento endógeno nacional... e se é verdade que, também em 2006, emigraram 100 mil pessoas deste pequeno território que é o nosso, podemos dizer que a ostracização dos cidadãos é o que a política económica nacional entende por sustentabilidade do tecido social e política demográfica!... Qualquer que seja a justificação e a interpretação dos dados, a verdade é que o esvaziamento do país, tem custos de que a História dificilmente recupera (veja-se, para se não ir mais longe, o caso do Alentejo)... É, por isso, importante relembrar a urgência da seriedade nas propostas e no entendimento do momento que atravessamos e que requer, antes de mais, sentido de responsabilidade social - até porque, não sei se repararam! mas, de soluções fáceis, "está o inferno cheio"!!! 

6 comentários:

  1. «O CABO DOS TRABALHOS»

    Tu tem calma, Zé do povinho...
    Até dois mil e treze aguentas,
    Depois afogas-te devagarinho
    Lá p'ró Cabo das Tormentas!

    Não bastou emigrar os professores…
    Agora também me vai calhar a mim?
    Nada de bom auguro... só coisa ruim,
    Quem serão os próximos desertores??

    POETA

    ResponderEliminar
  2. É bem verdade! Um país que não alimenta os seus filhos.

    ResponderEliminar
  3. Quer se queira quer não, há coerência nas politicas... Se o aparelho produtivo foi destruído que fica cá a fazer um povo inteiro ao qual já se vaticinou um (ainda maior) empobrecimento? Não, não é ironia minha. É a ironia sádica de quem está no poder. Pode crer...

    ResponderEliminar
  4. Olá, Ana,
    Não sou “nacionalista” (territorial) e bem sei que não é esse o sentido do que escreveu…! No que diz respeito à crescente emigração de portugueses(as) para Angola e Brasil, só posso concluir um aspecto: os/as “portugueses”(as) não estão minimamente preparados sequer para o panorama europeu…há um abismo cultural enorme – e ninguém refere isso! Porquê!? E como se poderá falar de crescimento endógeno nacional se depende, em grande parte, dos arranjos institucionais…!?!
    Um grande abraço e boas entradas em 2012!

    ResponderEliminar
  5. Cara Ana Paula Fitas,

    Fiz link do seu excelente texto.
    Boas Entradas...temos de vencer o Ano Negro...!
    Abraço Amigo,
    Osvaldo Castro

    ResponderEliminar
  6. O pequeno lavrador,foi pagar a «décima»,
    e querendo com alguém desabafar,
    dizia que a vida está péssima,
    e não há quem queira trabalhar.

    Agora toda agente está na emigração,
    continuava êle para se lamentar,
    já não há quem queira cavar,
    e eu já sou velho para tal função.

    -Então os seus filhos não o téem ajudado?
    Perguntava alguém de entre a gente,
    e o pequeno lavrador talvez imprudente,
    disse que os filhos tinham emigrado.

    Mas você tem terras,tem rendimento,
    e há trabalhadores que não téem nada,
    que vão p'rà França p'ra fugir à enxada,
    buscando um futuro com menos tormento.

    Em tempos,disse alguém com desamor,
    que os trabalhadores deviam estar na prisão,
    e quando dêles precisasse qualquer patrão,
    requisitava-os ao concelhio Administrador.

    Nas classes sociais,a inevitável luta,
    faz vir à tona a humana pulhice,
    e o mais refinado na canalhice,
    é que consegue ganhar a disputa.

    O emigrante,filho do pequeno lavrador,
    com Marcos e Francos,sente-se burguês,
    ao regressar à terra,compra um tractor,
    e encara os outros com maior altivez.

    Até mesmo o assalariado trabalhador,
    que conseguíu amealhar uns tostões,
    na sua terra,quando das Eleições,
    vota no Partido do Comendador.

    Pois êle pensa que presentemente,
    já não pertence à classe da pobreza,
    de que se envergonha,e de certeza,
    procura alinhar com a fina gente.

    Nunca peças a quem pediu,
    diz o velho e popular Ditado,
    nem sirvas a quem serviu,
    se não queres ficar codilhado.

    ResponderEliminar