As sociedades democráticas europeias foram um marco histórico, no sentido em que o seu desenvolvimento assinala a cooperação internacional de vários países, com compromissos políticos selados a partir de valores e representações promotoras dos Direitos Humanos, da Igualdade e da Cidadania... e é este o motivo pelo qual, para os trabalhadores e pessoas de todo o mundo, a crise que, há anos, devasta o "velho continente" (cuja economia continua a "desacelerar") se reveste de uma tão trágica dimensão - afinal, de certa forma é mais uma "utopia" perdida ou, pelo menos, (quase) derrotada! Por esta razão (e não apenas pela dimensão mercantil que representa para o mundo da alta finança, das bolsas e dos ratings), vale a pena pensar o problema - nomeadamente porque o modelo permitido pelo Direito Comunitário, reforçados os princípios da subsidiariedade e da solidariedade, garantiria um outro rumo, decorrente de orientações políticas conjuntas que optassem pela revitalização orgânica da sustentabilidade económica dos Estados-membros e, consequentemente, da União Europeia. No fundo, bastava que, garantindo a vigência e o efectivo respeito pelos princípios da não-discriminação, a Europa das Nações optasse pela sustentabilidade das suas Regiões, planeando a produção económica em todas as suas vertentes (da agricultura aos serviços, passando pelo tecido industrial e o comércio). De facto, uma produção europeia concertada concretizaria o pleno emprego, a autonomia alimentar, o combate à pobreza e à exclusão e criaria riqueza capaz de viabilizar um plano de exportações eficaz pois é inegável que, sem desequilíbrios territoriais, uma sólida política de coesão social permitiria contornar o problema da dependência externa de mercados - cuja prioridade, contrária ao interesse público, é o mercado bolsista assente na dinâmica da especulação. O planeamento económico articulado na perspectiva da complementaridade, a par da sua monitorização e de uma constante avaliação para efeitos rectificativos, fomentaria, não só a emergência da iniciativa privada e da criatividade, como também a independência dos Estados, ao mesmo tempo que garantiria a sustentabilidade social que perdemos diariamente, a "passos largos"... deste modo, além de tudo o que foi dito, ficariam salvaguardadas as identidades culturais, as práticas reais da cidadania, da democracia participativa e da sua expressão representativa. Por tudo isto, a actual "crise" poderia e deveria ser um ponto de viragem no sentido do reforço dos valores e do modelo social idealizado para a "comunidade europeia" nos termos do que chegou a ser definido por "Europa Social"... mas se, como tem estado "à vista", assim não acontecer, o problema decorre, exclusivamente!, da ideologia e da (in) cultura cívica e moral das pretensas "elites" políticas contemporâneas e das suas actuais lideranças.
Completamente de acordo. Não se pode levar países à banca rota e depois vir dizer que têm que sair do buraco sozinhos.Abraço
ResponderEliminarHave a SUPER weekend!
ResponderEliminarCaríssima amiga Ana Paula Fitas,
ResponderEliminarSubscrevo inteiramente a sua opinião. Sem renovação democrática da União Europeia não haverá uma Europa Socialmente Coesa que garanta uma estratégia ousada com vista a salvar o "velho do continente" da tragédia em que se vê metida por falta de liderança, de visão e de mobilização de uma real cidadania europeia. Como ouvia, no outro dia, dizer um comentador a preocupação tem sido a de dizer que o "nosso país" está melhor que o vizinho (Portugal está melhor que a Grécia, a Irlanda está melhor que Portugal, a Espanha está melhor que a Irlanda, etc) perdendo-se o sentido comunitário da solidariedade. O novo Tratado da União Europeia que se anuncia que aí vem está apenas preocupado com a questão da coesão monetária através de um critério técnico de controlo orçamental. Mas, como a Ana nos diz com muita clareza e pormenor, é preciso uma visão de fundo que liberte a Europa do abismo através de uma estratégia "multimodal" que bem nos sugere ao longo do texto.
Saudações cordiais e fraternas de amizade, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
Carissimos amigos Luís, Harry e Nuno Sotto Mayor Ferrão :))
ResponderEliminarDesculpem só responder agora mas, há já vários dias que estou com sérias dificuldades em aceder aos comentários que conseguia ler e publicar mas não responder... espero que a questão já esteja resolvida!... Contudo, quero já, antes de mais, agradecer as vossas boas palavras que, aproveito para, naturalmente!, subscrever, com o reconhecimento, a amizade e a consideração de sempre.
Um abraço.